“Os caçadores irão se tornar os caçados”
Em 1997 foi lançado um filme despretensioso e muito divertido de horror apresentando como destaque uma cobra gigantesca atacando uma expedição científica na selva amazônica e devorando seus integrantes. Com o nome de “Anaconda” e elenco liderado pelo experiente Jon Voight ao lado dos hoje conhecidos Owen Wilson, Ice Cube e Jennifer Lopez (todos em início de carreira e agora atores bastante requisitados), o filme é uma típica produção “B” que fez um grande sucesso nos cinemas. Essa boa receptividade do público motivou a produção de uma continuação sete anos depois, com efeitos especiais melhores, mais sofisticados e realistas, porém com atores desconhecidos e apenas comuns.
“Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid) entrou em cartaz no Brasil em 17/09/04 e é claramente uma produção daquelas que são lançadas diretamente no mercado de vídeo, sendo que sua exibição nos cinemas é um fato curioso, pois o filme não possui um apelo comercial tão forte para justificar sua distribuição na tela grande. E depois de assisti-lo, a conclusão é que deveria realmente ser lançado apenas em vídeo, pois não possui um nível de qualidade que o indicasse para os cinemas (se bem que os executivos, que somente pensam nos lucros, costumam distribuir nas telonas cada tranqueira inacreditável, como por exemplo o completamente dispensável “Mulher-Gato”).
O roteiro até que possui um argumento básico interessante, onde uma expedição é formada rumo às selvas tropicais de Bornéo, na Indonésia, com o objetivo de encontrar e recolher espécimes de uma orquídea rara que floresce durante seis meses e somente a cada longos sete anos. A flor é conhecida como “orquídea sangrenta” (daí o subtítulo do filme), e possui uma composição que permitira uma revolução científica na área farmacêutica, com a produção de um soro que poderia teoricamente prolongar a vida, ou como diz um dos personagens, algo como a descoberta da “fonte da juventude”.
Pensando nos enormes lucros caso os testes com humanos dessem um resultado positivo, uma poderosa empresa farmacêutica de New York financia um grupo de especialistas para coletar a planta nas matas selvagens da ilha de Bornéo, porém um dos fatores contrários era o tempo, restando apenas duas semanas para o término do florescimento das orquídeas. A expedição é formada às pressas por seis jovens, o líder Dr. Jack Byron (Matthew Marsden), sua assistente Sam Rogers (KaDee Strickland), seu sócio Gordon Mitchell (Morris Chestnut), o especialista em computadores Cole Burris (Eugene Byrd), o médico Dr. Ben Douglas (Nicholas Gonzalez), e a cientista Gail Stern (Salli Richardson-Whitfield), representante da empresa financiadora do projeto. Juntam-se a eles ainda o dono de um barco que os levaria rio acima até o local das orquídeas, Bill Johnson (Johnny Messner), um ex-soldado do exército americano, e seu ajudante Tran (Karl Yune), natural da região e conhecedor das florestas e rios que compõe sua perigosa geografia. Eles eram os únicos disponíveis para a missão devido às péssimas condições climáticas com muitas chuvas, somente aceitando levar o grupo em troca de muito dinheiro para recompensar os riscos.
Porém, antes de completarem “a caçada pela orquídea sangrenta”, eles enfrentam uma série de obstáculos trágicos como o naufrágio do barco na queda de uma cachoeira, o ataque de aranhas venenosas e sanguessugas, e principalmente a fúria de um grupo de anacondas famintas por suas carnes e que estavam se reunindo para a época do acasalamento. Os tamanhos imensos dessas cobras aquáticas eram resultado dos crescimentos contínuos graças ao prolongamento de suas vidas ao ingerirem as orquídeas, e a partir daí invertem-se os papéis dos integrantes da expedição, passando de caçadores para caçados, conforme diz a tagline promocional reproduzida no início desse texto.
A única relação com o filme original de 1997 é a presença das cobras gigantes, mais ameaçadoras com a ajuda dos efeitos especiais, porém a maior decepção é justamente elas aparecerem muito pouco, quando poderiam ser melhor exploradas em cenas com mais tensão e elementos de horror. Além de aparecerem raramente, o roteiro centraliza as ações em torno do grupo que está à procura das orquídeas no meio da selva, sendo que esses personagens são tão irritantes, especialmente o medroso Cole (que grita histericamente o tempo todo), que acabamos torcendo para servirem de comida para as cobras o quanto antes. Todos eles são arquétipos mostrando jovens sem escrúpulos, gananciosos, egocêntricos e com uma ambição exagerada por dinheiro e sucesso em suas carreiras, com direito a cantadas ridículas nas moças e exemplos forçados de valentia e coragem (como a cena da luta do “herói” com um crocodilo enorme), além das várias tentativas de piadas desnecessárias e o desfecho previsível e óbvio demais.
Com as filmagens realizadas na Ilha de Fiji, os poucos destaques a serem registrados são uma cena envolvendo a queda do barco numa cachoeira, numa sequência muito bem filmada; a presença divertida de um pequeno macaco, que atua com expressões faciais às vezes até melhores que a dos próprios atores); e principalmente as poderosas anacondas devoradoras de homens, que são o ápice da produção nas poucas vezes quando entraram em ação. No mais, é apenas outro filme comum cujo divertimento logo se esquece.
“Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid, 2004) # 271 – data: 19/09/04 – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 27/01/06)
“Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid / Anaconda 2: The Black Orchid, Estados Unidos, 2004). Columbia / Screen Gems. Duração: 96 minutos. Direção de Dwight Little. Roteiro de John Claflin, Daniel Zelman, Michael Miner e Ed Neumeier, baseados em história de Hans Bauer, Jim Cash e Jack Epps Jr.. Produção de Verna Harrah. Produção Executiva de Jacob Rose. Fotografia de Stephen F. Windon. Música de Nerida Tyson-Chew. Edição de Marcus D´Arcy. Desenho de Produção de Bryce Perrin. Direção de Arte de Brian Edmonds. Elenco: Johnny Messner (Bill Johnson), KaDee Strickland (Samantha Rogers), Matthew Marsden (Dr. Jack Byron), Nicholas Gonzalez (Dr. Ben Douglas), Eugene Byrd (Cole Burris), Karl Yune (Tran), Salli Richardson-Whitfield (Gail Stern), Morris Chestnut (Gordon Mitchell).
Em 1997 foi lançado um filme despretensioso e muito divertido de horror apresentando como destaque uma cobra gigantesca atacando uma expedição científica na selva amazônica e devorando seus integrantes. Com o nome de “Anaconda” e elenco liderado pelo experiente Jon Voight ao lado dos hoje conhecidos Owen Wilson, Ice Cube e Jennifer Lopez (todos em início de carreira e agora atores bastante requisitados), o filme é uma típica produção “B” que fez um grande sucesso nos cinemas. Essa boa receptividade do público motivou a produção de uma continuação sete anos depois, com efeitos especiais melhores, mais sofisticados e realistas, porém com atores desconhecidos e apenas comuns.
“Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid) entrou em cartaz no Brasil em 17/09/04 e é claramente uma produção daquelas que são lançadas diretamente no mercado de vídeo, sendo que sua exibição nos cinemas é um fato curioso, pois o filme não possui um apelo comercial tão forte para justificar sua distribuição na tela grande. E depois de assisti-lo, a conclusão é que deveria realmente ser lançado apenas em vídeo, pois não possui um nível de qualidade que o indicasse para os cinemas (se bem que os executivos, que somente pensam nos lucros, costumam distribuir nas telonas cada tranqueira inacreditável, como por exemplo o completamente dispensável “Mulher-Gato”).
O roteiro até que possui um argumento básico interessante, onde uma expedição é formada rumo às selvas tropicais de Bornéo, na Indonésia, com o objetivo de encontrar e recolher espécimes de uma orquídea rara que floresce durante seis meses e somente a cada longos sete anos. A flor é conhecida como “orquídea sangrenta” (daí o subtítulo do filme), e possui uma composição que permitira uma revolução científica na área farmacêutica, com a produção de um soro que poderia teoricamente prolongar a vida, ou como diz um dos personagens, algo como a descoberta da “fonte da juventude”.
Pensando nos enormes lucros caso os testes com humanos dessem um resultado positivo, uma poderosa empresa farmacêutica de New York financia um grupo de especialistas para coletar a planta nas matas selvagens da ilha de Bornéo, porém um dos fatores contrários era o tempo, restando apenas duas semanas para o término do florescimento das orquídeas. A expedição é formada às pressas por seis jovens, o líder Dr. Jack Byron (Matthew Marsden), sua assistente Sam Rogers (KaDee Strickland), seu sócio Gordon Mitchell (Morris Chestnut), o especialista em computadores Cole Burris (Eugene Byrd), o médico Dr. Ben Douglas (Nicholas Gonzalez), e a cientista Gail Stern (Salli Richardson-Whitfield), representante da empresa financiadora do projeto. Juntam-se a eles ainda o dono de um barco que os levaria rio acima até o local das orquídeas, Bill Johnson (Johnny Messner), um ex-soldado do exército americano, e seu ajudante Tran (Karl Yune), natural da região e conhecedor das florestas e rios que compõe sua perigosa geografia. Eles eram os únicos disponíveis para a missão devido às péssimas condições climáticas com muitas chuvas, somente aceitando levar o grupo em troca de muito dinheiro para recompensar os riscos.
Porém, antes de completarem “a caçada pela orquídea sangrenta”, eles enfrentam uma série de obstáculos trágicos como o naufrágio do barco na queda de uma cachoeira, o ataque de aranhas venenosas e sanguessugas, e principalmente a fúria de um grupo de anacondas famintas por suas carnes e que estavam se reunindo para a época do acasalamento. Os tamanhos imensos dessas cobras aquáticas eram resultado dos crescimentos contínuos graças ao prolongamento de suas vidas ao ingerirem as orquídeas, e a partir daí invertem-se os papéis dos integrantes da expedição, passando de caçadores para caçados, conforme diz a tagline promocional reproduzida no início desse texto.
A única relação com o filme original de 1997 é a presença das cobras gigantes, mais ameaçadoras com a ajuda dos efeitos especiais, porém a maior decepção é justamente elas aparecerem muito pouco, quando poderiam ser melhor exploradas em cenas com mais tensão e elementos de horror. Além de aparecerem raramente, o roteiro centraliza as ações em torno do grupo que está à procura das orquídeas no meio da selva, sendo que esses personagens são tão irritantes, especialmente o medroso Cole (que grita histericamente o tempo todo), que acabamos torcendo para servirem de comida para as cobras o quanto antes. Todos eles são arquétipos mostrando jovens sem escrúpulos, gananciosos, egocêntricos e com uma ambição exagerada por dinheiro e sucesso em suas carreiras, com direito a cantadas ridículas nas moças e exemplos forçados de valentia e coragem (como a cena da luta do “herói” com um crocodilo enorme), além das várias tentativas de piadas desnecessárias e o desfecho previsível e óbvio demais.
Com as filmagens realizadas na Ilha de Fiji, os poucos destaques a serem registrados são uma cena envolvendo a queda do barco numa cachoeira, numa sequência muito bem filmada; a presença divertida de um pequeno macaco, que atua com expressões faciais às vezes até melhores que a dos próprios atores); e principalmente as poderosas anacondas devoradoras de homens, que são o ápice da produção nas poucas vezes quando entraram em ação. No mais, é apenas outro filme comum cujo divertimento logo se esquece.
“Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid, 2004) # 271 – data: 19/09/04 – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 27/01/06)
“Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta” (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid / Anaconda 2: The Black Orchid, Estados Unidos, 2004). Columbia / Screen Gems. Duração: 96 minutos. Direção de Dwight Little. Roteiro de John Claflin, Daniel Zelman, Michael Miner e Ed Neumeier, baseados em história de Hans Bauer, Jim Cash e Jack Epps Jr.. Produção de Verna Harrah. Produção Executiva de Jacob Rose. Fotografia de Stephen F. Windon. Música de Nerida Tyson-Chew. Edição de Marcus D´Arcy. Desenho de Produção de Bryce Perrin. Direção de Arte de Brian Edmonds. Elenco: Johnny Messner (Bill Johnson), KaDee Strickland (Samantha Rogers), Matthew Marsden (Dr. Jack Byron), Nicholas Gonzalez (Dr. Ben Douglas), Eugene Byrd (Cole Burris), Karl Yune (Tran), Salli Richardson-Whitfield (Gail Stern), Morris Chestnut (Gordon Mitchell).