Comentários de Cinema - Parte 13 (24/03 a 27/04/14)

Filmes abordados:

Cabana do Inferno 2 (Cabin Fever 2: Spring Fever, EUA, 2009)
Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, EUA, 2014)
Deadgirl (EUA, 2008)
Demônios da Noite, Os (Tales From the Cripty: Demon Knight, EUA, 1995)
Divergente (Divergent, EUA, 2014)
Ghost Image (EUA, 2007)
Inatividade Paranormal 2 (A Haunted House 2, EUA, 2014)
Maldição da Sétima Lua, A (Seventh Moon, EUA, 2008)
Mercenários, Os (The Expendables, EUA, 2010)
Morte Negra (Black Death, Inglaterra / Alemanha, 2010)
Noé (Noah, EUA, 2014)
Silent Hill: Revelação (Silent Hill: Revelation, França / EUA / Canadá, 2012)




* Cabana do Inferno 2 (2009) – Sequência de um filme divertido de 2002 dirigido por Eli Roth (de “O Albergue”), sobre um vírus que se alimenta de carne e ataca um grupo de jovens numa cabana na floresta. Dessa vez, na parte 2, produzida em 2009 e dirigida por Ti West, o vírus entra em contato com a água engarrafada comercialmente numa pequena cidade americana e que é consumida numa festa de formatura de jovens acéfalos. A contaminação se espalha rapidamente e a escola é isolada pelo exército para tentar conter a epidemia. Existem continuações que honram os filmes originais, mas nesse caso aqui temos a típica sequência que não deveria ter sido filmada, de tão ruim e descartável. Até tem sangue e carne podre em doses elevadas, mas a história é totalmente desinteressante e banal, e os personagens são tão patéticos que torcemos para que sejam eliminados rapidamente. E curiosamente ainda foi lançada outra continuação em 2014, com o título de “Cabin Fever: Patient Zero”. (RR – 24/03/14)

* Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) – Sequência de “Capitão América: O Primeiro Vingador” (2011), entrando em cartaz nos cinemas em 10/04/14 com a opção de exibição em 3D. Dessa vez, o típico herói americano criado pelos quadrinhos da “Marvel” (Chris Evans), se une à belíssima e perigosa “Viúva Negra” Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) e ao amigo soldado “Falcão” Sam Wilson (Anthony Mackie), para defender os interesses da S.H.I.E.L.D., organização internacional de espionagem e defesa da lei, dirigida por Nick Fury (Samuel L. Jackson). O vilão e inimigo dessa vez é o Soldado Invernal (Sebastian Stan), um agente soviético altamente treinado na arte de matar. São cerca de duas horas e vinte minutos de diversão pura, com tudo que se espera de clichês num filme de ação e espionagem com elementos de fantasia e ficcção científica: pancadarias, tiroteios, perseguições, explosões, combates, algumas frases carregadas de humor sarcástico, traição para todos os lados, interesses econômicos, tirania, luta por liberdade, efeitos especiais mirabolantes, máquinas voadoras impressionantes, etc. Vale a pena ficar atento para uma importante cena pós-créditos que mantém o vínculo dentro de um complexo universo ficcional com vários filmes interligados. (nesse caso, a referência é para “Os Vingadores 2 – A Era de Ultron”). (RR – 14/04/14)

* Deadgirl (2008) – Dois estudantes adolescentes fúteis, Rickie (Shiloh Fernandez) e JT (Noah Segan), decidem não assistir a aula e saem da escola à procura de diversão. O destino é um hospital psiquiátrico abandonado, e lá eles encontram uma mulher misteriosa (Jenny Spain) amarrada numa cama e isolada num quarto, descobrindo mais tarde que ela está morta e é um zumbi. A partir daí, eles a transformam numa escrava sexual e não conseguem guardar segredo, com a notícia chegando para outros colegas da escola. É mais um filme situado dentro da temática largamente explorada sobre mortos-vivos, com uma diferença interessante ao abordar em sua história uma alteração no foco indicando que na verdade os monstros verdadeiros são os adolescentes acéfalos, ao manterem aprisionada a garota morta e fazerem dela uma escrava sexual. Fora isso, não tem muito a acrescentar para o gênero, com os conhecidos clichês e furos de roteiro, como por exemplo a falta de uma investigação policial. (RR – 25/03/14)

* Demônios da Noite, Os (1995) – Filme inspirado pela série de TV “Contos da Cripta”, que teve sete temporadas entre 1989 e 1996, com episódios de meia hora de duração, que por sua vez é baseada nas cultuadas revistas americanas de histórias em quadrinhos de horror dos anos 40 e 50 do século passado, produzidas pela “EC Comics”, de William Gaines. Foi seguido ainda por mais dois filmes, “O Bordel de Sangue” (1996) e “Ritual” (2002). A história é apresentada por uma caveira, “Crypt Keeper” (engraçadíssima voz de John Kassir) e mostra um homem, Brayker (William Sadler), em desespero ao ser perseguido por um demônio disfarçado de humano conhecido como “The Collector” (Billy Zane). Ele está interessado num objeto antigo, uma espécie de chave mística que carrega o sangue de Cristo, o qual nas mãos do demônio permitiria que ele liberasse as forças do mal no Universo. Brayker é encurralado num hotel de uma pequena cidade do interior, junto com um grupo de outros hóspedes, policiais e moradores, que precisam lutar por suas vidas ao serem atacados por criaturas do inferno. Com direção de Ernest Dickerson e carregado de elementos de humor, o filme é uma grande homenagem aos antigos quadrinhos de horror, com aquelas histórias exageradas em fantasia e bobagens sem compromissos com lógica, apenas diversão pura. Tem vários momentos de violência, sem o uso dos artificiais efeitos de computação gráfica, apostando mais em maquiagem, sangue falso e bonecos animatrônicos. (RR – 24/04/14)

* Divergente (2014) – Filme de aventura e ação com elementos de ficção científica, baseado em livro de Veronica Roth, que estreou nos cinemas brasileiros em 17/04/14, apresentando uma distopia futurística ambientada na cidade americana de Chicago após uma guerra que causou grande destruição. Foi então construída uma cerca imensa ao redor da cidade e os habitantes foram distribuídos em cinco facções baseadas em virtudes: erudição, audácia, abnegação, amizade e sinceridade. A história gira em torno da jovem Tris (Shailene Woodley), nascida no grupo Abnegação e que após um teste obrigatório numa máquina mental que orienta a escolha de sua facção, ela descobre ser uma divergente, ou seja, com habilidades especiais e tendências para várias facções simultaneamente. Sua escolha é para o grupo de audaciosos, recebendo forte treinamento para lutas e conflitos armados, e depois de descobrir que os divergentes não são bem vindos para os planos de conspiração e poder dos líderes da sociedade, ela passa a lutar por sua vida, com a ajuda do misterioso Quatro (Theo James), seu instrutor na facção Audácia. Longo, com duas horas e vinte minutos, o filme prende a atenção o tempo todo misturando cenas dramáticas onde a bela jovem protagonista Tris tem que lidar com sua escolha se afastando da família (“facção antes do sangue”), com momentos tensos de ação com conflitos, tiroteios e perseguições. Se a raça humana não se destruir com uma guerra fatal, sua natureza repleta de fraquezas se encarregará do extermínio, com a imensa dificuldade de viver numa sociedade pacífica, eternamente ameaçada pelo desejo de poder e tirania. (RR - 18/04/14)

* Ghost Image (2007) – Típico thriller da popular sessão “Super Cine” das noites de Sábado da TV Globo, apenas mediano e facilmente esquecível. A vida de um jovem casal formado por Wade (Waylon Payne) e Jennifer Zellan (Elisabeth Röhm), é repentinamente abalada e interrompida após a morte do rapaz num acidente de carro. Após investigação policial e a revelação de que o acidente foi provocado intencionalmente, a ideia de assassinato causa tormento e instabilidade para a moça, principalmente depois dela também ser alvo de perseguição por alguém misterioso, interessado em seu desparecimento. Para tentar auxiliar em sua defesa, o fantasma do namorado morto passa a se comunicar através da edição de um vídeo gravado momentos antes do acidente. Com uma história sem grandes atrativos e suspense apenas mediano, trata-se somente de mais um filme pedido numa infinidade de produções similares que são lançadas para todos os lados e o tempo todo. Não passa de mais uma simples diversão passageira, sendo rapidamente destinada ao limbo. (RR - 19/04/14)

* Inatividade Paranormal 2 (2014) – Comédia satirizando filmes de horror, dando sequência para uma produção de 2013, novamente dirigida por Michael Tiddes e estreando em nossos cinemas em 24/04/14. Dessa vez, Malcolm (Marlon Wayans), após exorcizar sua esposa Kisha (Essence Atkins) no filme anterior, inicia um novo relacionamento com Megan (Jaime Pressly), que já tem dois filhos adolescentes. Porém, novamente eles são atormentados por eventos bizarros e paranormais. O foco agora é satirizar principalmente os filmes "Invocação do Mal", "Sobrenatural: Capítulo 2" e "Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal", mas a história é completamente sem graça, sendo quase impossível rir de alguma coisa. Aliás, é tanta gritaria e tentativas mal sucedidas de piadas, que o resultado dá sono ao espectador, que infelizmente perdeu dinheiro no cinema. Consegue ser pior ainda que o primeiro filme, e não vale nem o preço de um DVD genérico. O maior mistério de tudo é tentar encontrar uma razão para uma produção dessas ainda conseguir distribuição comercial nas telonas. (RR - 27/04/14)

* Maldição da Sétima Lua, A (2008) – “Na lua cheia do sétimo mês lunar, os portões do inferno se abrem e os espíritos dos mortos ficam livres para circular entre os vivos.” – Mito chinês. Com essa introdução e premissa básica, tem início esse filme lançado em DVD no Brasil, escrito e dirigido pelo cubano Eduardo Sánchez, de “A Bruxa de Blair” (1999) e “Aterrorizados” (2006). Dois turistas recém casados, a americana Melissa (Amy Smart) e o chinês Yul (Tim Chiou), estão passeando pela China e são deixados misteriosamente por seu guia, num vilarejo afastado no meio do mato. A partir daí, tem início uma interminável noite de horror para eles, lutando freneticamente por suas vidas contra o ataque de sombrias criaturas fantasmagóricas. O filme proporciona alguma diversão rápida, com bons momentos de perseguições noturnas tensas e um clima de mistério envolvendo uma antiga lenda chinesa, mas sem fugir muito dos clichês e situações previsíveis de costume. (RR – 29/03/14)

* Mercenários, Os (2010) – Filme de ação dirigido por Sylvester Stallone, que teve a ideia de reunir os mais destacados atores dentro desse popular sub-gênero do cinema de entretenimento, como Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger (numa divertida ponta não creditada), além de Eric Robers, Mickey Rourke e outros. Foi criada uma franquia e nos filmes seguintes foram convidados Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme, Mel Gibson, Harrison Ford, Antonio Banderas e Wesley Snipes, num time de super astros das pancadarias e tiroteios. Com esse grupo dá para imaginar as imensas perseguições e correrias desenfreadas com muita ação, barulho e explosões. Nesse filme de origem da série, um grupo de mercenários liderado por Barney Ross (Stallone), é contratado para intervir nas ações de um ditador numa ilha fictícia da América Central, tomada por tirania e controlada também por um empresário inescrupuloso americano (Erik Roberts), renegado ex-agente da CIA que tem interesses econômicos com a produção de cocaína na região. Diversão totalmente sem compromisso, numa história de puro clichê com todos os elementos que são esperados num filme de ação, além dos tradicionais diálogos recheados de piadas no meio das confusões. É só desligar o cérebro e entrar no clima da barulheira. Em 2012 tivemos a parte 2, dirigida por Simon West e com Chuck Norris (em poucos momentos, mas impagáveis, numa grande homenagem de Stallone para esse veterano ator já aposentado das telas) ajudando o líder Barney em situações bem oportunas. Além do belga Jean-Claude Van Damme, que interpreta o líder dos vilões. E em 2014 veio a parte 3, com direção de Patrick Hughes e as novas presenças divertidas de Harrison Ford, como um velho agente do governo e ainda bem ativo em combate, além de Antonio Banderas e Wesley Snipes, que passam a integrar a equipe de mercenários de Barney, e Mel Gibson como o vilão a ser combatido. (RR – 07/04/14 e 23/02/15)

* Morte Negra (2010) – Lançado no mercado brasileiro de DVD, é um filme interessante ambientado na Inglaterra medieval do século XIV, durante a epidemia de peste bubônica que devastava parte significativa da humanidade. Um grupo de guerreiros cristãos, liderado por Ulrich (Sean Bean, o Boromir de “O Senhor dos Anéis”), tinha a missão religiosa de encontrar um pequeno vilarejo, onde rumores indicavam que a “morte negra” ainda não havia chegado e que os aldeões eram liderados por um necromante, que negava Deus e tinha o suposto poder de reviver os mortos. Para guiá-los em seu destino, foi recrutado um jovem monge, Osmund (Eddie Redmayne), que queria sair do mosteiro para tentar encontrar a namorada que fugia para algum lugar mais seguro e distante da doença que criava pilhas de cadáveres. O ser humano, em toda a sua história, sempre procurou motivos para a guerra, que nesse caso foram questões religiosas, com conflitos entre os cristãos fanáticos, confusos com a doença que os dizimava cruelmente, e os pagãos, que negavam os símbolos do cristianismo e tentavam viver livres de qualquer tipo de opressão. Todos utilizando a violência selvagem para defender suas crenças. E, como sempre, todos perdem, tendo apenas a morte como vitoriosa, soberana e imponente. (RR – 29/03/14)

* Noé (2014) – Estreou nos cinemas em 03/04/14, com opção de exibição em 3D, com direção de Darren Aronofsky (de “Cisne Negro”) e estrelado por um elenco experiente liderado por Russell Crowe, de inúmeros outros filmes memoráveis como “Gladiador” (2000), e que está muito bem no papel principal ao lado de Jennifer Connelly e do veterano Anthony Hopkins. A história é baseada no largamente explorado tema bíblico sobre a “Arca de Noé”, uma embarcação gigante de madeira construída por Noé (Crowe), cuja missão seria carregar animais e sua família, salvando-os de um dilúvio colossal causado pela ira do Criador, aniquilando a vida no planeta. A humanidade decadente, mergulhada em violência e maldade, seria destruída para um novo recomeço. Deixando de lado as questões religiosas e analisando exclusivamente pelo lado do cinema de entretenimento, podemos dizer que as quase duas horas e meia de filme podem até divertir, principalmente pelos grandiosos efeitos especiais. Mas, houve uma excessiva liberdade de criação artística tipicamente “hollywoodiana”, que soou meio estranho e deslocado, com o acréscimo de alguns significativos elementos de fantasia, como as criaturas gigantes formadas por pedras e conhecidas como “guardiões”. Foi a forma encontrada pelos roteiristas para explicar como foi construído o imenso barco e como Noé e sua família foram protegidos da fúria das outras pessoas curiosas com sua misteriosa tarefa e ávidos por também se salvarem no início da tragédia com a inundação global. (RR – 06/04/14)

* Silent Hill: Revelação (2012) – Inspirado num videogame, sequência de “Terror em Silent Hill” (2006), e lançado em 3D nos cinemas brasileiros em 11/10/13 com roteiro e direção de Michael J. Bassett. A jovem Heather Mason (Adelaide Clemens) sofre constantemente com pesadelos sombrios ambientados numa cidade amaldiçoada. Depois que seu pai Harry (Sean Bean) desaparece misteriosamente, ela mergulha numa realidade alternativa para tentar encontrá-lo, enfrentando criaturas grotescas e um grupo secreto de pessoas que estão em seu encalço. Independente de análises sobre a fidelidade com a fonte inspiradora (um videogame) ou comparações com o filme original, e focando “Silent Hill: Revelação” apenas como mais um filme de horror, o resultado final é mediano e sem maiores interesses. Graças à história exagerada em fantasia e por vezes confusa, que dispersa a atenção. Apesar da presença de bons atores em partricipações rápidas como o veterano Malcolm McDowell e os experientes Sean Bean e Carrie-Anne Moss, o filme não consegue destaque e se mistura com uma infinidade de produções similares fadadas ao limbo. (RR – 31/03/14)