Comentários de Cinema - Parte 29


Filmes abordados:

984 – Prisioneiro do Futuro (984: Prisoner of the Future / The Tomorrow Man, Canadá, 1982)
Fuga do Terror, A (Blood Bath, EUA, 1976)
Bárbaros Invadem a Terra, Os (The Mysterians, Japão, 1957)
Pânico no Lago: O Capítulo Final (Lake Placid: The Final Chapter, EUA, 2012)
Reencarnados, Os / Morta Viva, A (The Undead, EUA, 1957, PB)
Vale Proibido, O (The Valley of Gwangi, EUA, 1969)

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* 984 – Prisioneiro do Futuro (1982)
O cineasta húngaro Tibor Takacs, que foi o responsável pelo cultuado “O Portão” (The Gate, 1987) e outras tranqueiras divertidas, teve como um de seus primeiros trabalhos a ficção científica distópica “984 – O Prisioneiro do Futuro”, produzido em 1979 e lançado em 1982, e que também tem o título original alternativo “The Tomorrow Man”.
“Algum dia no futuro existirá uma prisão de segurança máxima em algum lugar na América do Norte, mantendo prisioneiro de um novo regime.”
Essa introdução já permite visualizar a ideia central do filme: um futuro distópico, com o surgimento de um novo modelo político autoritário, que pune com rigor e violência seus oponentes, sem oportunidade de defesa ou comprovação de culpa.
Um executivo bem sucedido, Tom Weston (Stephen Markle) é levado para uma prisão de segurança máxima controlada por guardas robôs e administrada por um diretor sádico (Don Francks). Acusado de fazer parte de um grupo de empresários ricos e conspiradores que querem derrubar o governo liderado pelo Dr. Braxton Fontaine (Andrew Foot), que instaurou um “mundo novo” com o regime político chamado “O Movimento”. Sem chance de se defender, ele logo recebe a identificação numérica “984” (do título do filme), e torna-se um prisioneiro que sofre interrogatórios com lavagem cerebral e espancamentos (através do guarda Jeffries, interpretado por Stan Wilson) para admitir seu suposto crime contra a humanidade. E também para servir de diversão e alívio do tédio do diretor do presídio, que vigia tudo num sistema de monitoramento com câmeras e insinua um mistério perturbador sobre o mundo exterior.
O filme é claramente datado, onde percebemos características que nos remetem ao final dos anos 70 e década de 80 do século passado. A produção é paupérrima e os robôs futuristas com os olhos vermelhos que controlam o presídio são hilariantes de tão precários, se movimentando com rodinhas nos pés. As ações se concentram no ambiente sinistro e claustrofóbico da penitenciária, com uma atmosfera sufocante imposta pelas imensas paredes de concreto, alternando para alguns momentos no mundo exterior em flashbacks do personagem Tom Weston com sua família, no trabalho e em reuniões conspiratórias.
A história básica é interessante, mesmo sendo um clichê já muito explorado, e a intenção dos realizadores era apresentar o filme como piloto para uma série de TV cujo projeto foi cancelado. Curiosamente, ele não consegue se sustentar como longa metragem, com a sensação de repetição causando um incômodo inevitável, e ainda temos um roteiro confuso com informações soltas provavelmente de forma proposital para serem melhor exploradas caso se transformasse numa série televisiva. O ideal seria a exibição num formato menor, apenas como um episódio único de cerca de meia hora de alguma outra série de TV com histórias envolvendo elementos fantásticos..
Apesar dos problemas, “984 – Prisioneiro do Futuro” é um filme obscuro com uma atmosfera sombria e que garante alguns bons momentos de entretenimento para os apreciadores do cinema bagaceiro, principalmente nas cenas com os robôs toscos e no desfecho desolador e depressivo.    
(RR – 13/11/16)
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* Os Bárbaros Invadem a Terra (1957)
Um cientista descobre um pequeno planeta localizado entre Marte e Saturno e o batiza de “Mysteroid”. Em seguida, a Terra é surpreendida pelo ataque de um robô gigante acionado por controle remoto, que pertence a uma raça alienígena vinda desse planeta. Chamados de “Mysterians” (do título original em inglês), eles ocupam uma pequena área próxima ao famoso Monte Fuji, no Japão, com uma nave gigantesca parecendo uma redoma. Eles são humanoides e solicitam para que os terráqueos forneçam mulheres para miscigenação e continuidade de sua espécie em decadência, uma vez que destruíram seu planeta com um holocausto nuclear e os poucos sobreviventes se refugiaram em Marte, com seus bebês nascendo deformados por causa dos efeitos radioativos do apocalipse.
Desconfiados das reais intenções dos extraterrestres, o governo japonês, representando a humanidade, convoca o auxílio de outros países como os Estados Unidos e a antiga União Soviética, e juntos decidem atacar os invasores com canhões, mísseis, bombas, aviões e tanques de guerra, numa luta desigual com os alienígenas possuindo uma tecnologia superior e armas potentes com raios de calor.
Com um sonoro título nacional, “Os Bárbaros Invadem a Terra” foi dirigido pelo especialista Ishiro Honda (1911 / 1993), de inúmeros outros filmes preciosos do cinema fantástico bagaceiro como “Godzilla” (1954), “O Monstro da Bomba H” (1958) e “Matango, a Ilha da Morte” (1963). É uma divertida ficção científica lançada na nostálgica e produtiva década de 50 do século passado, um período extremamente representativo com uma infinidade de filmes de horror e FC de todos os temas, especialmente abordando questões relacionadas com a tensão permanente da guerra fria e os efeitos de uma catástrofe atômica global.
É um filme que se situa dentro do tema que aborda invasões alienígenas, apresentando batalhas com miniaturas e um robô gigante chamado “Moguera” destruindo cenários de uma cidade, simulando terremotos e incêndios, com efeitos especiais expressivos e impressionantes para a época, difíceis de serem produzidos. Um tempo no passado onde não existiam os efeitos de computação gráfica que seriam comuns dezenas de anos depois, muitas vezes tornando tudo muito artificial. O monstro mecânico gigante é hilário de tão tosco, com antenas e um nariz pontudo, além de soltar raios mortais de calor pelos olhos. O foguete dos humanos também é divertido de tão bagaceiro, num esforço militar da Terra para tentar combater os invasores do espaço sideral. A aparência dos alienígenas é patética, eles são humanoides usando capacetes de motocicletas e vestindo capas coloridas e luvas.
Podemos perceber a tentativa de uma mensagem de advertência para a humanidade, no sentido de diminuir a tensão perturbadora da guerra fria daquele período entre as principais potências do mundo, alertando para que não seja cometido o mesmo erro dos Mysterians, que quase exterminaram por completo sua raça numa guerra nuclear. E convocando países rivais como EUA e URSS para unirem forças no combate ao inimigo comum, alienígenas invadindo nosso planeta.
Curiosamente, foram produzidas duas continuações, a primeira em 1959 com o nome “Mundos em Guerra” (Battle in Outer Space), também dirigido por Ishiro Honda. E a outra em 1977, “The War in Space”, também produção japonesa com direção de Jun Fukuda. 
 (RR – 01/12/16)

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* A Fuga do Terror (1976)
Lançado no Brasil na época dos saudosos vídeos VHS pela “América Vídeo”, “A Fuga do Terror” (mais um péssimo título nacional) é uma obscura antologia de contos de horror, amarrados por uma história central. A produção é bagaceira ao extremo, com um roteiro pouco inspirado, num trabalho do diretor Joel M. Reed. Ele que também foi o responsável por outras tranqueiras como “O Incrível Show de Torturas” (1976), influenciado pelos filmes “gore” de H. G. Lewis, e “Night of the Zombies” (1981).
O elenco e equipe de produção de baixo orçamento de filmes de horror discute num jantar sobre histórias assustadoras, e cada um deles apresenta um conto do gênero. São quatro histórias independentes e outra de fundo envolvendo um mistério sobrenatural com o cineasta da produtora.
Na primeira história, temos o caso de um assassino de aluguel bem sucedido que utiliza técnicas eficazes em sua profissão, mas que é surpreendido pelo próprio artefato que estava utilizando para cumprir um dos trabalhos em que foi contratado. Em seguida, um marido descontente com a esposa decide eliminá-la, mas não imaginava as consequências trágicas para obter seu intento ao se envolver com magia negra e uma moeda que permite viajar para o passado. A próxima história é sobre um agiota que se aproveita do desespero de seus clientes endividados, porém ele acidentalmente é trancado num cofre e recebe a visita do fantasma de um homem lesado por seus negócios obscuros. O último conto mostra um lutador de artes marciais que estudou no Oriente, mas não gosta de seguir os mandamentos de disciplina que foram ensinados, e utiliza meios desonestos para administrar sua academia de lutas nos Estados Unidos. Após ser confrontado por um antigo mestre do templo onde foi doutrinado, envolvendo técnicas mágicas de luta, ele encontra um desfecho perturbador.
Apesar das ideias básicas das histórias até apresentarem algum potencial razoável para serem desenvolvidas, como a produção é extremamente tosca de uma forma geral, com efeitos paupérrimos e interpretações sofríveis do elenco, além da previsibilidade do roteiro e do pouco sangue em cena, o resultado final afastou as tentativas de estabelecer uma empatia com o espectador, tornando esta antologia de contos em algo pouco inspirado e destinado ao limbo dos esquecidos.
 (RR – 10/11/16)
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* Pânico no Lago: O Capítulo Final (2012)
Assim como os tubarões, os crocodilos também são maltratados pelo cinema fantástico bagaceiro, com muitos filmes ruins que contribuem para denegrir a imagem desses répteis.
É curioso mencionar como os realizadores da indústria de cinema são oportunistas e preguiçosos, pois existem várias franquias completamente desnecessárias, com muitos filmes todos iguais e com uma ideia central clichê tão explorada que não tem mais potencial para manter o assunto. Filmes interessantes e com bons elencos como “Anaconda” (1997) “Pânico na Floresta” (Wrong Turn, 2003) e “Pânico no Lago” (Lake Placid, 1999), estes últimos com seus péssimos títulos nacionais com a palavra “pânico” (graças à preguiça e falta de criatividade das distribuidoras brasileiras), não deveriam ter sequências. Pois todas as suas infindáveis continuações não passaram de pequenas variações da mesma história, e agregaram pouco ou quase nada aos respectivos universos ficcionais.
Sendo assim, é inevitável que o interesse do espectador se perca no meio de tanta porcaria, ficando muito difícil acompanhar as enormes franquias com filmes tranqueiras, até mesmo para os apreciadores do cinema fantástico bagaceiro.
O quarto episódio de “Pânico no Lago”, agora com o subtítulo “O Capítulo Final”, lançado em 2012 com direção de Don Michael Paul, copia a mesma ideia de “Sexta-Feira 13 – Parte 4” (1984) ao utilizar o mesmo subtítulo. Sendo que ambas as intermináveis franquias também não pararam por aí como anunciavam no título.
O roteiro de David Reed (que também escreveu a parte 3) não inova e mantém todos os mesmos clichês. O lago onde vivem os imensos crocodilos assassinos comedores de gente está agora isolado por uma cerca elétrica construída por um engenheiro do exército, Loflin (Paul Nicholls). Os imensos répteis são únicos e raros e ao invés de serem eliminados, eles são preservados para estudos, mesmo que isso signifique o risco de mais mortes acidentais com humanos incautos. Os problemas novamente surgem depois que um ônibus com estudantes adolescentes e integrantes da equipe escolar de natação, entra por engano num dos portões da cerca elétrica, levando os jovens ao seu destino como comida para os crocodilos.
Para combater os monstros e tentar resgatar os estudantes, temos a xerife local, Giove (a bela alemã Elisabeth Röhm), auxiliada pela caçadora e agente do governo Reba (Yancy Butler), uma mulher metida à Rambo e sobrevivente do filme anterior, que adora portar uma arma, atirar em crocodilos e fazer piadas idiotas. Entre os adolescentes acéfalos destinados a fornecer suas carnes para a dieta dos répteis, estão a apreciadora de livros e filha da xerife, Cloe (Poppy Lee Friar), sua amiga Elaine (Caroline Ford), e o amigo e interesse romântico Drew (Daniel Black). Além de Max (Benedict Smith), filho do engenheiro responsável pela cerca e que trabalha como vigia do portão. E para complicar as ações de resgate temos um caçador inescrupuloso, Jim Bickerman (o veterano Robert Englund, eternamente associado ao vilão Freddy Krueger, da série “A Hora do Pesadelo”). Ele tem interesse no DNA dos crocodilos como forma de obter dinheiro ilegal e possui relações com a família que vivia no lago e iniciou toda a história com esses répteis carnívoros.
Nessa parte 4 de “Pânico no Lago” temos muitas mortes sangrentas, com pessoas sendo rasgadas pelos dentes afiados e fornecendo suas carnes e ossos para serem devorados pelos crocodilos famintos. Mas, os efeitos de CGI tornam tudo muito artificial, diminuindo o impacto de violência nas cenas de ataques. Os personagens são todos patéticos e o elenco é inexpressivo, exceto talvez pelo carismático Robert Englund no papel do vilão e que deve ter aceitado participar para ajudar a pagar as contas, ou talvez para se divertir um pouco em seu final de carreira. E boa parte de nossa tolerância com a sua participação se deve aos bons e nostálgicos tempos de Freddy Krueger.
Apenas como curiosidade catalográfica, a série “Pânico no Lago” tem 5 filmes. O original foi lançado em 1999 e tem um elenco expressivo com Bill Pullman, Bridget Fonda, Oliver Platt e Brendan Gleeson. Depois foram lançadas as continuações em 2007 (parte 2), 2010 (parte 3) e 2015 (parte 5), sendo que esta foi chamada de “Pânico no Lago: Projeto Anaconda” (Lake Placid vs. Anaconda), com o crossover entre o crocodilo gigante com a cobra de tamanho descomunal da série “Anaconda”. Só comprovando que os realizadores oportunistas não estão interessados em boas histórias e sim apenas em tentar obter algum lucro, mesmo que pequeno, utilizando nomes que de alguma forma já fazem parte da cultura popular.  
(RR – 15/11/16)
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* Os Reencarnados / A Morta Viva (1957)
“Olhem para mim, todos sabem quem sou. Esta é a história do meu trabalho eterno em todas as épocas, as obscuras e esquecidas, e aquelas que ainda virão. Admirem o sutil funcionamento dos meus talentos, e rezem para que eu nunca volte o meu interesse para vocês!”
Essa introdução do próprio diabo (interpretado por Richard Devon), com uma gargalhada de deboche no final, dá início ao filme bagaceiro de horror com elementos de fantasia “Os Reencarnados” / “A Morta Viva” (The Undead, 1957), produzido e dirigido por Roger Corman em início de carreira, através de sua produtora “American International Pictures” (AIP). Ele, que é conhecido pela carreira imensa com centenas de filmes, principalmente do gênero fantástico, cujas maiores características são os orçamentos reduzidos.
Com fotografia em preto e branco, curto com apenas 71 minutos de duração e filmado em apenas 6 dias, “The Undead” conta a história de um psiquiatra pesquisador, Quintus Ratcliff (Val Dufour), que desafia seu antigo professor Ulbrecht Olinger (Maurice Manson), com uma experiência arriscada de hipnose com regressão. Ele utiliza como cobaia uma bela jovem chamada Diana Love (Pamela Duncan), que encontra desocupada pelas ruas, oferecendo dinheiro para se submeter ao experimento.
Uma vez aceitando o dinheiro fácil, a garota é hipnotizada e sua mente a faz retornar no tempo em uma vida anterior durante a Idade Média, na pele de Helene (novamente Pamela Duncan), uma jovem acusada injustamente de bruxaria e condenada à morte por decapitação. Porém, ocorre uma interferência mental da moça do futuro e ela consegue fugir da prisão, iniciando uma série de ocorrências imprevistas que poderiam afetar a existência de todas as suas vidas no futuro. Através de uma trama envolvendo seu par romântico, Pendragon (Richard Garland) e a bela bruxa Livia (Allison Hayes), que tem interesse amoroso por ele e quer a morte de Helene para sair de seu caminho. Além do coveiro atrapalhado Smolkin (Mel Welles), que se diz enfeitiçado por bruxaria, fica cantando bobagens o tempo todo e alega ser meio maluco, e da bruxa velha e deformada Meg Maud (Dorothy Neumann), que quer ajudar Helene a se salvar de seus perseguidores.
Em paralelo, Satã está apenas assistindo toda a confusão como um espectador que tentará interferir no momento certo para conquistar mais almas para seu reino de caos. E o psiquiatra Quintus decide também ser hipnotizado para retornar ao passado e tentar consertar as coisas, oferecendo a solução para Helene através da escolha em aceitar a decapitação e permitir suas vidas futuras ajustando novamente a linha temporal, ou decidir fugir da condenação e viver em seu tempo, e com isso impedir a existências de suas próximas vidas.
“Você está em transe, esta é a sua escolha: a morte agora, vida depois. Ou vida agora, e morte pata todo o sempre.”
O roteiro explora o tema da reencarnação, aproveitando o lançamento do livro “The Search For Bridey Murphy”, de Morey Bernstein. A autoria é de Charles B. Griffith, que foi o responsável por outras bagaceiras da época também dirigidas por Roger Corman como “It Conquered the World”, “Not of This Earth” e “Attack of the Crab Monsters”, entre outros. A história é uma confusão completa, cheia de furos e situações absurdas, onde o resultado acaba convidando o espectador a não se importar com qualquer lógica ou coerência, e apenas aceitar os fatos na tentativa de diversão. Pois, o que realmente interessa no filme são os elementos de horror de uma época medieval onde havia muita conspiração e suposta feitiçaria, com constantes execuções violentas em público. Com uma atmosfera sinistra de um período sangrento da humanidade, em cenas filmadas simulando florestas fantasmagóricas envoltas com névoa constante.
A produção é paupérrima, com cenários toscos e efeitos tão bagaceiros que se tornam hilários, como as transformações da bruxa Livia em morcego ou uma gata preta, além da participação de um anão (Billy Barty) como um diabrete, que é uma pequena criatura sobrenatural pertencente à bruxa. Tem até uma cena de dança macabra num cemitério que é inacreditável de tão patética. Vale apenas pela curiosidade de ser um dos primeiros trabalhos do “Rei dos Filmes B” Roger Corman.
A bela atriz Allison Hayes é uma musa conhecida dos filmes bagaceiros do cinema fantástico do período, aparecendo em tranqueiras divertidas como “O Extraordinário” (The Unearthly, 1957), com o “cientista louco” John Carradine, “Os Zumbis de Mora Tau” (1957) e o cultuado “A Mulher de 15 Metros” (1958).
“Príncipe da escuridão, criador do mal, arquiinimigo do céu. Satã, seja bem vindo ao sabá das feiticeiras.”
.(RR – 23/10/16)
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* O Vale Proibido (1969)
Numa época sem CGI, os efeitos dos monstros eram obtidos pela trabalhosa técnica “stop motion”, que teve no especialista Ray Harryhausen (1920 / 2013) o grande e eterno mestre. “O Vale Proibido” (The Valley of Gwangi, 1969), dirigido por James O´Connolly, é um daqueles típicos filmes da nostálgica “Sessão da Tarde” da TV Globo, uma aventura misturando elementos de western, fantasia, horror e ficção científica. A história é ambientada na virada do século 19 para 20, num vale proibido no México, onde dinossauros esquecidos pelo tempo viviam tranquilamente, até que os homens descobrissem essa região perdida e decidissem capturar um tiranossauro para exibição num circo.
“Gwangi” (do título original) é uma palavra nativa americana que significa “lagarto”, e tem referência ao vale onde ainda vivem animais pré-históricos, e que não deveriam ser importunados para não despertar uma maldição, conforme as palavras ameaçadoras de uma velha cigana cega, Tia Zorina (Freda Jackson). O vale, cercado por montanhas em círculo, picos gigantes e abismos profundos, ainda esconde monstros de uma época remota e que estariam supostamente extintos. E, depois que um cavalo anão, apelidado de “El Diablo”, é raptado dessa região inóspita com a intenção de ser apresentado como atração bizarra de um circo, a supersticiosa cigana organiza uma ação para devolvê-lo ao local de origem.
Em paralelo, a bela T. J.  (a polonesa Gila Golan), que lidera uma equipe de artistas circenses, ao lado de Champ (Richard Carlson) e de seu par romântico, o cowboy galã Tuck Kirby (James Franciscus), reúne um grupo para tentar capturar novamente o pequeno cavalo pré-histórico, e acabam encontrando o vale. O grupo também tem a companhia de um cientista paleontólogo, o Prof. Horace Bromley (Laurence Naismith), cujo interesse é estudar os animais de 50 milhões de anos atrás. Uma vez no vale proibido, eles enfrentam os ataques mortais de um réptil voador (pteranodonte), e de um temível tiranossauro, que está faminto por suas carnes. Porém, ele é capturado como atração de circo. Sem estrutura adequada para mantê-lo preso, o monstro foge e espalha o caos, causando grande confusão na cidade e experimentando a carne humana em sua dieta.
Diversão garantida, principalmente pelos efeitos especiais de Ray Harryhausen, dando vida aos impressionantes animais do mundo perdido de um vale onde o tempo parou, com direito até a um confronto mortal entre o tiranossauro e um elefante de nossos tempos.
“O Vale Proibido” é uma refilmagem de “The Beast of Hollow Mountain” (1956) e sua história tem elementos que nos remetem a outros filmes com ideias e temáticas similares. Como “O Mundo Perdido” (nas versões de 1925 e 1960), baseado em livro de Arthur Conan Doyle e que mostra uma região perdida no Amazonas que abrigava animais pré-históricos. E também “King Kong” (1933, e que teve versões mais modernas em 1976 e 2005), utilizando a ideia de capturar o monstro para uma exibição pública, terminando inevitavelmente em tragédia.  
O ator James Franciscus é lembrado por seu papel do astronauta Brent em “De Volta ao Planeta dos Macacos” (1970), Richard Carlson é um rosto conhecido pelos divertidos filmes bagaceiros do cinema fantástico como “The Magnetic Monster” (1953), “Veio do Espaço” (1953) e “O Monstro da Lagoa Negra” (1954). Já o inglês Laurence Naismith esteve em “A Aldeia dos Amaldiçoados” (1960) e “Jasão e o Velo de Ouro” (1963), outro clássico memorável de Ray Harryhausen.
(RR – 01/11/16)

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Comentários de Cinema - Parte 28


Filmes abordados:

Besta do Milhão de Olhos, A (The Best With a Million Eyes, EUA, 1955, PB)
Dia dos Independentes / Ultimato, O (Independents´ Day, EUA, 2016)
El Grito de la Muerte (The Living Coffin, México, 1959)
Monstro de Pedras Brancas, O (The Monster of Piedras Blancas, EUA, 1959, PB)
The Hollow (EUA, 2015)

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* Besta do Milhão de Olhos, A (1955)
O “Rei dos Filmes B” Roger Corman, cultuado produtor e diretor americano do cinema bagaceiro de horror e ficção científica, começou sua carreira no início dos anos 1950, a década de ouro das tranqueiras divertidas do gênero fantástico com histórias absurdas e efeitos toscos (monstros de borracha e naves espaciais hilárias). Um de seus primeiros filmes como produtor (nesse caso, executivo) e direção (porém, ambos não creditados), recebeu o nome por aqui de “A Besta do Milhão de Olhos” (1955), com fotografia em preto e branco e metragem curta com apenas 78 minutos. Trazendo um título sonoro, cartazes e taglines promocionais exagerados e uma introdução sensacionalista narrada por um líder alienígena tirano e conquistador (voz de Bruce Whitmore), cujo propósito evidente era chamar a atenção dos espectadores.
“Eu preciso da Terra. De milhões de anos-luz eu me aproximo de seu planeta. Logo, minha espaçonave aterrissará na Terra. Eu preciso de seu mundo. Eu me alimento do medo, vivo do ódio humano. Eu, uma mente poderosa sem carne e sangue, quero seu mundo. Primeiro, o impensável, os pássaros do ar, os animais da floresta, então o mais fraco dos homens estará sob meu comando. Eles serão meus ouvidos, meus olhos, até que seu mundo me pertença. E porque posso ver seus atos mais íntimos, vocês me conhecerão como A Besta do Milhão de Olhos.”
Allan Kelley (Paul Birch, de “Rebelião dos Planetas”, 1958, entre outras tranqueiras) é um ex-combatente que participou da Segunda Guerra Mundial e agora tenta administrar uma fazenda decadente localizada no meio de um deserto impiedoso da Califórnia, nos Estados Unidos. Sua esposa Carol (Lorna Thayer) está infeliz com a rotina local e eles têm uma filha adolescente, Sandy (Dona Cole), que é namorada do assistente de xerife Larry Brewster (Dick Sargent, um rosto conhecido pela popular série de TV “A Feiticeira”). Tem também um sinistro ajudante de serviços gerais que é mudo e deficiente mental, que apenas é chamado de “ele” (Leonard Tarver). Os negócios do rancho não vão muito bem, e as coisas pioram depois que um objeto voador não identificado (que eles acham inicialmente ser um avião a jato) atravessa o céu muito baixo e com um zumbido tão agudo que quebrou janelas e copos de vidro.
A partir daí, os pássaros da floresta, as pacíficas galinhas, a vaca leiteira do vizinho Ben Webber (o comediante veterano Chester Conklin) e o cachorro dócil da família (Duke), começam a ter comportamentos bizarros e agressivos, com suas mentes controladas para atacar as pessoas. Preocupado com a segurança da família, o fazendeiro decide investigar a relação dos acontecimentos estranhos com um objeto voador metálico pousado numa cratera no deserto, descobrindo uma terrível e mortal ameaça de outro mundo.
“A Besta do Milhão de Olhos” foi dirigido por David Kramarsky (seu único trabalho nesse ofício e que também participou da produção do filme) a partir do roteiro de Tom Filer. Tem uma produção paupérrima e história ingênua típica do cinema fantástico bagaceiro de baixo orçamento de meados do século passado. O filme é repleto de erros de continuidade e com uma narrativa lenta, sendo interessante mesmo o desfecho, apesar de previsível. No confronto de Allan Kelley, que lidera as ações, contra o monstro espacial invasor, uma criatura extremamente tosca com olhos esbugalhados (criada pelo especialista Paul Blaisdell), dentro de uma nave esquisita, que mais parece um artefato militar de espionagem como uma sonda ou satélite. De resto, a história é cansativa e exagerada nos clichês, furos de roteiro e previsibilidade. Mas, é um dos primeiros trabalhos com a participação de Roger Corman (na direção de algumas cenas e produção executiva, ambos não creditados). Ele que é um dos nomes mais importantes e significativos do cinema fantástico, principalmente de orçamentos reduzidos, de todos os tempos, com mais de 400 filmes no currículo, e isso já é motivo suficiente para conhecer mais essa bagaceira. 
Curiosamente, o filme foi distribuído pela ARC (American Releasing Corporation), da conhecida dupla Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson, que depois virou a cultuada AIP (American International Pictures), responsável pela distribuição de uma infinidade de pérolas do cinema fantástico com produções modestas.
(RR – 25/09/16)
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* Dia dos Independentes (2016)
A produtora “The Asylum” costuma lançar cópias porcarias de filmes feitos com orçamentos milionários nos cinemas, sendo o destino o mercado de televisão e vídeo. São os chamados “mockbusters”, filmes apenas oportunistas e muito ruins, principalmente os elencos e roteiros.
Em resposta a “Independence Day – O Ressurgimento”, continuação do filme de 1996 sobre invasão alienígena, a produtora lançou “Dia dos Independentes” (que também recebeu o nome por aqui de “O Ultimato” quando exibido pelo canal de TV a cabo “SyFy”). A direção inexpressiva é de Laura Beth Love, mais conhecida pela fotografia de uma infinidade de tranqueiras modernas como as partes 3 e 4 da franquia “Sharknado”, onde tubarões se locomovem através de tornados e atacam as grandes cidades americanas.
A história é tão ruim que nem merece uma sinopse detalhada, e sim apenas uma abordagem bem superficial. O filme já começa com imensas naves espaciais surgindo em vários locais do mundo. Não sabendo se as intenções dos visitantes são pacíficas ou não, o exército americano tenta uma comunicação através de uma equipe liderada pela vice-presidente Raney (Fay Gauthier). Ela é auxiliada pelo General Roundtree (Sal Landi, creditado como Salvatore Garriola), o Capitão Goddard (Johnny Rey Diaz, creditado como Jonathan Ortiz), o Senador Randall Rayne (Jon Edwin Wright, creditado como Jon Wright), que é o marido da presidente, e pelo agente Taylor (Jude Lanston).
Eles tentam negociar com os alienígenas invasores, que querem a evacuação do planeta oferecendo de forma suspeita naves de transporte para a retirada da humanidade. Porém, uma milícia armada chamada “Terra Primeiro” oferece uma resistência gerando um confronto sangrento com os invasores do espaço.
Pela falta de criatividade onde o que interessa é copiar, temos aqui a já conhecida cena da Casa Branca sendo destruída pelos alienígenas, matando o presidente americano, obrigando a vice a assumir o cargo. E temos também aquelas frases banais e ridículas que só depreciam ainda mais o filme, como “é hora de explodir mais alguns ET´s, a gente vai resistir até a morte” e “esses desgraçados de alienígenas mexeram com o planeta errado”. Nada mais patético do que evidenciar o heroísmo americano como salvador da Terra e a única esperança da humanidade.
O elenco é desconhecido e é difícil imaginar como os atores encontram algum tipo de motivação para participar da realização de algo tão inexpressivo. O filho da presidente, Bobby (Mathew Poalillo), é um personagem extremamente irritante e chorão, e o ator medíocre ainda consegue tornar as coisas ainda piores. Sabemos que os efeitos de CGI são necessários em filmes de invasão alienígena, com naves rasgando o céu e tiroteios para todos os lados, e então podemos até tolerar essa questão em “Dia dos Independentes”, mas o grande problema mesmo é a história reciclada e totalmente previsível, que não desperta interesse.
Os filmes bagaceiros dos anos 50 do século passado, com suas histórias absurdas e muitas delas ingênuas, são eternamente mais divertidos justamente pelas características toscas de um cinema produzido dezenas de anos atrás. Mas, esses filmes do início do novo século produzidos pela “The Asylum” são difíceis de digerir até mesmo para os apreciadores do cinema fantástico bagaceiro, principalmente pelos roteiros de péssima qualidade. Se essas porcarias um dia se tornarão cultuadas só o tempo dirá, mas o que é certo é que o espectador precisa ter muita tolerância para conseguir assistir um filme desses até o fim, sabendo antecipadamente que será um desperdício de tempo.
Imediatamente após seu lançamento, o filme já faz parte do limbo dos esquecidos e dispensáveis, e está no cemitério das tranqueiras que não agregam nada ao gênero. Passe longe ou tente assistir apenas para conhecer as bagaceiras da produtora “The Asylum”. 
(RR – 19/09/16)
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* El Grito de la Muerte (1959)
A lenda da “Maldição da Chorona”, sobre uma mulher fantasma que assombra com seus gritos desesperados de angústia por causa da morte de seus dois filhos soterrados na areia movediça de um pântano, é a ideia básica do filme “El Grito de la Muerte” (1959), produção colorida mexicana com direção de Fernando Méndez (1908 / 1966), que tem no currículo outras tranqueiras do período como “O Morcego” (1957), “Ladrón de Cadáveres” (1957), “O Ataúde do Vampiro” (1958) e “Misterios de Ultratumba” (1959).
Essa mesma famosa lenda mexicana também foi explorada no posterior “A Maldição da Chorona” (La Maldición de la Llorona / The Curse of the Crying Woman, 1963), produção em preto e branco escrita e dirigida por Rafael Baledón, sendo um excelente filme de horror gótico, com todas as características desse fascinante estilo e rivalizando com os melhores exemplos da cultuada produtora inglesa “Hammer”.
O cowboy detetive Gastón (Gastón Santos), acompanhado de seu parceiro “Coiote Louco” (Pedro de Aguillón), investiga o rancho da jovem e bela Maria Elena Garcia (Maria Duval) e sua severa tia Dona Maria (Hortensia Santoveña). Elas tentam administrar o local em decadência, com a morte trágica de Clotilde (Carolina Barret), após seus filhos morrerem no pântano que cerca a fazenda. As coisas complicam com a ocorrência de mortes misteriosas creditadas pelos supersticiosos como relacionadas à maldição de uma mulher chorona que abandonou a tumba em busca de vingança.    
Em “El Grito de la Muerte” (“The Living Coffin” nos Estados Unidos), temos uma mistura de gêneros com elementos de western, horror gótico e comédia pastelão, cujo resultado final não funcionou. A presença de um cowboy herói, perseguições a cavalo, tiroteios e brigas de bar nos remetem para um filme comum de western, sem apresentar nenhum diferencial e se perdendo na infinidade de produções similares. Os elementos de comédia, mesmo que em pequena quantidade em cenas num estilo pastelão, não combinam em nenhum momento com o argumento central de horror com as várias mortes misteriosas e a especulação da maldição da chorona. Essas cenas fora de contexto ficaram a cargo do personagem “Coiote Louco”, que está sempre desesperado para encontrar um local para dormir, e seus momentos hilários são acompanhados por sons cômicos. Além de enfatizar o cavalo do mocinho herói com habilidades improváveis como atirar com um revólver, salvar seu dono de uma areia movediça e descobrir uma passagem secreta no casarão com grande importância para a solução do mistério que assombra o local.
Dessa salada de estilos, o que realmente se destaca e salva o filme do limbo são os elementos de horror gótico, com as mortes violentas causadas supostamente por uma mulher atormentada que retornou do mundo dos mortos em busca de vingança e alívio para seu eterno desespero pela morte trágica dos filhos. O vilarejo decrépito e deserto, os gritos sombrios pela casa, a atmosfera sinistra de ambientes escuros, corredores mal iluminados e criptas geladas, a especulação de lendas e maldições familiares, e o clima desconfortável de mistério e assassinatos, garantem bons momentos de diversão para os apreciadores do estilo.
Apesar disso, infelizmente, “El Grito de la Muerte” perdeu uma grande oportunidade de se destacar no cinema de horror que explora fantasmas assassinos vingativos, por causa da história com mistura de gêneros, principalmente o humor deslocado, além de reviravoltas na trama também mal sucedidas. O filme é curto com apenas 71 minutos de duração, e vale conhecer por curiosidade devido ao tema da lenda da “maldição da chorona”, e pelos bons momentos de horror gótico.
(RR – 12/10/16)
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* Monstro de Pedras Brancas, O (1959)
Sturges (John Harmon) é um homem viúvo que administra o funcionamento de um farol instalado numa construção à beira do mar, com o objetivo de alertar as diversas embarcações durante a noite sobre o perigo de acidentes contra os rochedos, responsáveis por muitos naufrágios. Ele tem uma jovem e bela filha, Lucille (Jeanne Carmen), que trabalha de garçonete num restaurante da pequena vila próxima, e é a namorada do jovem bioquímico Fred (Don Sullivan, das bagaceiras “O Gigante Monstro Gila” e “Teenage Zombies”). Quando assassinatos misteriosos e violentos começam a ocorrer na região, com vítimas degoladas e sem sangue, os moradores do vilarejo, especialmente o dono de um açougue, Kochek (Frank Arvidson), ficam assustados e creditam a responsabilidade das mortes para um lendário monstro que habita as cavernas nos penhascos logo abaixo do farol. Como Sturges parece esconder um terrível segredo, ele não é bem visto pelos habitantes, enfrentando problemas de relacionamento.
Mais mortes estranhas acontecem e o xerife George Matson (Forrest Lewis) está liderando as investigações, sempre fumando seu charuto e bastante intrigado pelas cabeças cortadas com precisão e a ausência de sangue nos cadáveres. Ele é auxiliado pelas perícias e análises do médico Dr. Sam Jorgenson (o inglês Les Tremayne, visto em outras bagaceiras divertidas do período como “Rastros do Espaço” e “Viagem ao Planeta Proibido”, além do clássico “A Guerra dos Mundos”). Devido ao crescente perigo ameaçando os moradores da pequena vila, e para interromper os assassinatos violentos, eles organizam um grupo para caçar o monstro. 
Dirigido por Irvin Berwick, com fotografia em preto e branco e curto (apenas 71 minutos), “O Monstro de Pedras Brancas” é mais um daqueles típicos filmes bagaceiros indispensáveis dos saudosos anos 50 do século passado, com seu roteiro simples e cheio de clichês, onde basicamente uma pequena cidade próxima do mar é atacada por um monstro carnívoro. E para os apreciadores dessas tranqueiras, a diversão está garantida justamente por esse tipo de história e pelos efeitos toscos de maquiagem com mortes violentas para a época, com um ator alto vestindo uma fantasia de borracha para interpretar o monstro assassino. Nesse caso, o trabalho é do ator Pete Dunn, que interpreta também outro personagem no filme, Eddie, um ajudante do açougue. Aliás, a concepção do monstro foi inspirada na criatura do clássico “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature From the Black Lagoon, 1954), onde percebemos muitas similaridades. Isso pode ser explicado pelo fato do técnico em efeitos de maquiagem Jack Kevan, ter trabalhado na equipe que criou o famoso monstro que vivia nas águas escuras de uma região remota na Amazônia, e ele é o produtor de “O Monstro de Pedras Brancas”. Por curiosidade o nome do filme refere-se às rochas abaixo do farol, que pareciam brancas pela grande quantidade de gaivotas desorientadas que se lançavam para a morte à noite contra as pedras.
O monstro é uma mutação da família dos diplovertebrons, uma raça pré-histórica anfíbia extinta, e de tão tosco consegue despertar aquele bem vindo sentimento de nostalgia dos incontáveis filmes de baixo orçamento que eram produzidos com histórias parecidas, e que divertiam pelas características bagaceiras. E não falta a tradicional cena onde o monstro caminha carregando em seus braços a mocinha indefesa e desacordada.
Numa época que não existia computação gráfica, os efeitos eram toscos pela falta de recursos técnicos e indisponibilidade de investimentos para resultados com mais qualidade, mas ainda assim eram infinitamente mais divertidos. Até mesmo pela ingenuidade das histórias absurdas, quando em comparação com o cinema fantástico bagaceiro do início do século 21 com efeitos em CGI que não despertam o mesmo interesse pelo excesso de artificialidade, e que facilitam o trabalho preguiçoso dos realizadores em tentar contar uma história melhor.
Em 2005 foi lançado “The Naked Monster”, que é uma homenagem aos filmes “B” da década de 1950, com a participação de muitos atores veteranos, os quais tornaram possíveis e imortalizadas aquelas tranqueiras divertidas do passado. Com uma ideia de comédia de ficção científica e horror, o filme homenageia “O Monstro de Pedras Brancas” numa cena passada num farol, com os atores originais John Harmon e Jeanne Carmen. Curiosamente, um dos diretores dessa paródia é Wayne Berwick (filho de Irvin Berwick), que também esteve no filme de 1959, num papel menor interpretando o garoto Jimmy, que era manco de uma perna e corria aos gritos avisando para todos que o monstro tinha assassinado outra vítima.   
Também por curiosidade, vale citar que antigamente eu visitava os sebos do centro de São Paulo à procura de raridades sobre cinema fantástico, e comprei um poster gigante (70 x 90 cm) nacional e da época de lançamento do filme, com uma arte desenhada destacando o rosto do monstro. “O Terror Invade a Praia... Surge das Profundezas... O Monstro de Pedras Brancas”.
(RR – 07/09/16)

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* The Hollow (2015)
É uma pena que existam tantos filmes que desqualificam o tão fascinante cinema de horror, com roteiros exageradamente ruins, desfile de clichês, previsibilidade e um monstro criado por CGI tão patético que inevitavelmente arremessa o resultado final no limbo das produções que merecem ser esquecidas. É o caso da tranqueira “The Hollow” (2015), com direção do canadense Sheldon Wilson e história dele em parceria com Rick Suvalle. A dupla já havia trabalhado junto em outra porcaria similar, o anterior “Espantalho Assassino” (Scarecrow, 2013).
Três irmãs adolescentes, Sarah (Stephanie Hunt), Marley (Sarah Dugdale) e a caçula Emma (Alisha Newton) vão visitar sua tia Cora (Deborah Kara Unger) numa pequena cidade que fica numa ilha, na época do Halloween. Elas enfrentaram uma tragédia familiar com a morte dos pais num acidente de carro.  Porém, ao chegarem ao local, se deparam com um cenário deserto de mortes e mistérios envolvendo uma lenda de uma criatura sobrenatural da floresta, formada por fogo, ossos e terra, que está em busca de sangue e vingança.
“The Hollow” pode ser resumido rapidamente como uma história banal com ideia central já vista incontáveis vezes, sem absolutamente nada que já não tenha sido explorado à exaustão anteriormente, com os mesmo velhos e muitas vezes entediantes clichês do gênero. As três irmãs ficam o tempo todo correndo de um lado a outro, em encontros e desencontros, perseguições, tiroteios, gritarias e confrontos com um monstro de computação gráfica que não desperta qualquer interesse. Elas eventualmente encontram outros personagens tão patéticos quanto elas, que surgem apenas para serem vítimas da criatura. É o típico filme que nasceu para ser esquecido, premiando com isso a falta de criatividade e preguiça dos realizadores em tentar fazer algo melhor 
(RR – 14/10/16)

Comentários de Cinema - Parte 27


Filmes abordados:

Lago dos Tubarões, O (Shark Lake, EUA, 2015)
Maldição de Ghor, A (Dark Echoes, Iugoslávia / EUA, 1977)
Perigo Vem do Lago, O (Beneath, EUA, 2013)
Terror Tropical (Dragon Wasps, EUA, 2012)
Tubarões de Gelo (Ice Sharks, EUA, 2016)

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* Lago dos Tubarões, O (2015)
Os tubarões são os animais mais maltratados pelos roteiristas no cinema. São tantos os filmes ruins abordando essas feras do mar que uma missão de catalogação é bem difícil. Esses animais foram transformados em fantasmas, zumbis, demônios, monstros geneticamente modificados, criaturas pré-históricas, assassinos que habitam lagos e rios, criaturas que se locomovem através de tornados e avalanches, surgem debaixo da areia, e inúmeras outras coisas absurdas. Quase em sua totalidade, os filmes são patéticos ao extremo, e em alguns poucos e raros casos até proporcionam alguma diversão discreta justamente por suas características bagaceiras.
Não é o caso de “O Lago dos Tubarões” (Shark Lake, 2015), dirigido por Jerry Dugan. Aqui, a regra se mantém como um filme sem atrativos e totalmente descartável, tendo como único diferencial a presença no elenco do ator sueco Dolph Lundgren (das franquias “O Soldado Universal” e “Os Mercenários”), que aparece no cartaz apelativo estampando seu rosto para tentar chamar a atenção dos fãs. Ele que é um ator conhecido pelos filmes de ação com tiroteios, porradas, perseguições e explosões para todos os lados, mas que pertence a um escalão menor, ficando o topo desse gênero do cinema para astros lendários como Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Uma vez precisando de trabalho, Lundgren obviamente aceitou o papel, independente da história ruim e precariedade geral da produção, e teve como resultado apenas mais um filme que não agrega nada em sua carreira.
Ele é o viúvo Clint Gray, que passou cinco anos preso por fazer parte de um esquema de tráfico de animais, deixando sua filha pequena Carly (Lily Brooks O´Briant) para ser cuidada pela policial Meredith Hernandez (Sara Lane), xerife de uma pequena cidade americana no Estado de Nevada. As coisas começam a se complicar quando ocorrem mortes sangrentas misteriosas num lago, creditadas inicialmente e de forma equivocada para um urso. Porém, com a investigação de um professor de oceanografia, Peter Mayes (Michael Aaron Miligan), descobre-se logo que a autoria dos assassinatos brutais no lago é de uma família de tubarões (nem é “spoiler”, pois o título do filme já entrega a revelação). Resta ao herói Clint salvar a cidade da ameaça das feras aquáticas.
A história é carregada de clichês que não despertam interesse. As cenas de mortes não impressionam. Os efeitos em CGI vagabundo não convencem e só contribuem para tornar a produção ainda mais descartável. Tudo é muito óbvio e sem graça, num convite ao sono. Dolph Lundgren nem é o protagonista, ele aparece pouco e sua participação resume-se ao velho clichê de um personagem canastrão metido a durão, e que luta com os tubarões de borracha numa cena tão patética que dá pena. “O Lago dos Tubarões” certamente está entre os piores de todos os filmes ruins com tubarões, mesmo sem exagerar nas ideias absurdas que normalmente o cinema utiliza para ridicularizar essas feras das águas. Mas, a história é tão desinteressante que o resultado foi apenas mais um filme destinado ao limbo dos esquecidos.
(RR – 26/07/16)

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* Maldição de Ghor, A (1977)
Um exemplar tosco e bagaceiro do cinema fantástico de meados dos anos 1970, numa co-produção entre a antiga Iugoslávia e Estados Unidos, dirigido e escrito pelo americano George Robotham (1921 / 2007), em seu único trabalho nesse ofício, uma vez que sua carreira foi como ator de séries de TV e principalmente dublê. Estamos falando de “A Maldição de Ghor” (Dark Echoes), lançado no Brasil em VHS, com a típica história de uma pequena cidade no meio das montanhas amaldiçoada por um fantasma zumbi vingativo.
Em 1874 um navio com cerca de oitenta pessoas afundou num lago próximo de uma cidadezinha na Áustria. A culpa pelo naufrágio recaiu para o capitão Manfred Ghor (Norman Marshall), que voltou do mundo dos mortos para se vingar dos moradores da cidade, especialmente os descendentes dos promotores responsáveis por sua condenação. Quando mortes violentas começam a acontecer, aterrorizando a cidade e dando-lhe a fama de assombrada, um detetive da polícia, Inspetor Woelke (Wolfgang Brook), coordena as investigações e chama para ajudá-lo seu amigo americano Bill Cross (Joel Fabiani), que tem poderes mediúnicos. Juntamente com uma jornalista, Lisa Bruekner (Karin Dor), eles investigam os assassinatos, entrevistam os moradores como a misteriosa Sra. Ziemler (a atriz húngara Hanna Hertelendy), que tem um corvo de estimação e lidera um estranho culto secreto de feitiçaria, e tentam localizar o fantasma do capitão Ghor.
A história é um grande clichê, sem novidades e previsível do início ao fim, principalmente no desfecho. Mas, independente disso, o filme até diverte justamente pelas características bagaceiras da produção, somadas às atuações inexpressivas do elenco e dos efeitos toscos do monstro assassino, com um trabalho risível de maquiagem, numa época sem computação gráfica. Tem também boas cenas com mortes violentas como uma decapitação sangrenta. A condução da investigação policial não empolga e é até bem sonolenta, mas o filme tenta passar um clima sinistro no interior de cavernas e nas ruínas de um castelo de uma pequena cidade atormentada por um fantasma em busca de vingança contra seus algozes. Além de interessantes sequências aquáticas quando um grupo de mergulhadores investiga o barco naufragado no fundo do lago e é surpreendido pelo capitão Ghor apodrecido e ansioso para aumentar sua coleção de vítimas.
As primeiras cenas de ataques do fantasma zumbi até conseguem estabelecer um atmosfera sombria onde o assassino sobrenatural não é visto, aparecendo apenas sua sombra e ouvindo seus grunhidos nos últimos momentos que antecedem a morte das vítimas. E depois que ele é mostrado, com uma maquiagem tosca de cadáver podre, suas aparições tornam-se os destaques do filme, justamente pelas características bagaceiras. Vale conhecer o obscuro “A Maldição de Ghor” por curiosidade e para comprovar como os efeitos toscos são bem mais divertidos que o CGI vagabundo do cinema tranqueira do século XXI.
(RR – 10/08/16)

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* Perigo Vem do Lago, O (2013)
Exibido pelo canal de TV a cabo “SyFy”, “O Perigo Vem do Lago” (Beneath) parece tratar-se num primeiro momento de apenas mais um filme bagaceiro com tubarões. É até compreensível a comparação, pois ao invés de um tubarão assassino temos um imenso peixe carnívoro que ataca um grupo de jovens num barco à deriva num lago. Porém, a história traz elementos interessantes, ao contrário das incontáveis tranqueiras com roteiros completamente desprovidos de conteúdo. Nesse filme dirigido por Larry Fessenden (que também é ator e produtor com muitos trabalhos no currículo), o foco é evidenciar a fragilidade da amizade entre os jovens, que em situações perigosas com ameaças reais de morte, permite que venha à tona a verdadeira face da natureza humana. Outro diferencial é a troca dos efeitos vagabundos de CGI que tornam tudo muito artificial por um monstro mecânico de borracha que devora suas vítimas, lembrando aquelas preciosas bagaceiras dos anos 1950 que faziam do cinema fantástico de baixo orçamento uma grande opção de diversão sem compromisso.
Em “O Perigo Vem do Lago”, seis estudantes que acabaram de se formar decidem se reunir pela última vez para comemorar a amizade da escola, antes de cada um deles tomar seus próprios rumos em novos desafios. O grupo é formado por quatro homens e duas mulheres. Eles decidem passear de barco num lago localizado numa região rural próxima à propriedade do avô de Johnny (Daniel Zovatto), e que parece esconder um segredo mortal em suas águas. O grupo de amigos é ainda formado pelo nerd Zeke (Griffin Newman), que gosta de filmar tudo que acontece, além da morena Deb (Mackenzie Rosman), os irmãos Matt (Chris Conroy) e Simon (Jonny Orsini), e a loira Kitty (Bonnie Dennison), que é a namorada de Matt, o líder do grupo.
A diversão com direito a nadar no lago e beber cerveja logo é interrompida quando um enorme peixe com dentes pontiagudos ataca o grupo e começa a colecionar vítimas, degustando o sangue e carne humanos. A partir daí, sem remos e com rachaduras no casco do barco, eles não conseguem voltar para a segurança da margem do lago, E precisam lutar por suas vidas combatendo o monstro e também uns aos outros, depois que os laços de amizade que pareciam fortes se rompem facilmente com conflitos. Onde cada um deles passa a defender seus próprios interesses, não hesitando em colocar em prática e hipocrisia da raça humana com traição e exposição do rancor que todos carregam dentro de si.
No final das contas, o filme é simples e não tem nada de especial, utilizando uma ideia básica com clichês já muito explorados. Mas, o fato dos realizadores optarem em não utilizar ridículos efeitos de computação gráfica para o monstro aquático e contar uma história destacando o conflito entre os personagens num ambiente ameaçador de morte com desfecho pessimista, já o torna diferente da infinidade de produções do mesmo tema, as quais priorizam CGI vagabundo com histórias fúteis e dispensáveis.
(RR – 05/08/16)

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* Terror Tropical (2012)
Dirigido por Joe Knee, “Terror Tropical” é outra bagaceira moderna com elementos de horror e ficção científica que o canal de TV a cabo “SyFy” gosta de exibir em sua programação. Faz parte daquela manjada equação que pode ser representada como “roteiro desinteressante” + “elenco inexpressivo” + “CGI vagabundo” = tranqueira dispensável.
O cientista entomologista Dr. Humphries (David Stasko), especialista em engenharia biogenética, está trabalhando para uma empresa misteriosa chamada “Transgen Tech” e se perde numa floresta tropical na América Central. Sua filha Gina (a polonesa Dominika Juillet) e a amiga Rhonda Guiterrez (Nikolette Noel) partem em sua procura, unindo-se com um grupo do exército americano que patrulha a floresta combatendo terroristas e traficantes, liderado por John Hammond (Corin Nemec) e entre os soldados, Willy Meyers (Benjamin Easterday). Ao investigarem a mata fechada, são obrigados a enfrentar dois grandes problemas, sendo um deles um grupo de guerrilheiros fortemente armados e supersticiosos, sob o comando de Jaguar (Gildon Roland), um líder violento que acredita em magia e na proteção de espíritos da floresta. O outro, bem pior, é enfrentar um inesperado ataque de vespas gigantes mutantes que cospem fogo.
O desfile de clichês é enorme. Tem o imperialismo americano num país “que não consegue cuidar de suas fronteiras”, o militar metido a herói, as piadas banais, o “cientista louco” (que nesse caso não tem quase importância na história, deixando o protagonismo para sua filha), os tiroteios óbvios na floresta, e os ataques dos insetos modificados geneticamente. De um filme apresentando vespas dragões incendiárias (daí o título) logicamente já se espera um roteiro absurdo e carregado de clichês, perdido numa avalanche de produções com temática similar. Talvez um dia num futuro distante, essas porcarias até possam se tornar cultuadas dentro de um estilo de cinema fantástico bagaceiro produzido exaustivamente nesse início de século XXI, de forma parecida com o que aconteceu com os nostálgicos filmes dos anos 1950. Porém, pelo menos por enquanto, filmes como esse “Terror Tropical” ainda são extremamente ruins e difíceis de assistir, com uma história patética e insetos gigantes não convincentes, criados por efeitos artificiais de computação gráfica.
Curiosamente, as filmagens ocorreram em Belize, na América Central. E Corin Nemec, o ator que interpretou o soldado durão e herói, também foi um dos produtores do filme. Seu nome está envolvido em inúmeras outras tranqueiras como “Tubarões Assassinos” (Raging Sharks, 2005), “Mosquito Man” (2005), “Tubarões da Areia” (Sand Sharks, 2012), “Dracano” (2013), “Robocroc” (2013) e “Pânico no Lago: Projeto Anaconda” (Lake Placid vs. Anaconda, 2015).
(RR – 06/07/16)

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* Tubarões de Gelo (2016)
Como a moda é lançar filmes ridículos com ataques de tubarões, numa espécie de sub-gênero do cinema fantástico bagaceiro do início do século XXI, a parceria entre a produtora “The Asylum” e o canal de TV a cabo “SyFy”, conhecidos pelos filmes ruins, resultou em outra tranqueira chamada “Tubarões de Gelo” (Ice Sharks, 2016). A direção e o roteiro são de Emile Edwin Smith, que têm muitos trabalhos na área de efeitos visuais (como na franquia “Sharknado”), e dirigiu a tranqueira “Mega Shark vs. Mecha Shark” (2014).
As histórias são sempre as mesmas, e o objetivo é encontrar um meio de colocar tubarões atacando as pessoas, não importando como, onde ou os motivos. No Ártico, uma pequena estação de pesquisas chamada “Oásis” está trabalhando para identificar as razões do derretimento do gelo na região. Entre os técnicos e pesquisadores temos o casal David (Edward DeRuiter) e Tracy (Jenna Parker). Ao investigarem o misterioso desaparecimento de vários caçadores, eles descobrem que tubarões vindos da Groenlândia evoluíram e tornaram-se mais ágeis e violentos, atacando animais e pessoas rompendo facilmente as finas camadas de gelo enfraquecidas pelo derretimento. Os animais conseguem isolar a estação de pesquisas, que primeiramente flutua à deriva no mar, e depois afunda sem controle, obrigando seus ocupantes a lutarem pela vida combatendo os tubarões ávidos por suas carnes, enquanto esperam a possibilidade de resgate por um navio quebra gelo.
Trata-se de apenas mais um filme com história ruim e elenco inexpressivo, utilizando tubarões em efeitos vagabundos de computação gráfica. Tem algumas mortes sangrentas bem artificiais e cenas que tentam passar sem sucesso a tensão e claustrofobia de um ambiente fechado atacado pelas criaturas aquáticas assassinas. Mas, até os tubarões, que obviamente são os elementos principais da trama, aparecem pouco quando em comparação com outros filmes similares, e então temos menos cenas ridículas do que o habitual visto nas dezenas de produções genéricas do tema. O filme tenta ser sério, sem apelar para o tradicional “pastelão” que vemos na maioria dos filmes de tubarão, mas ainda assim não funcionou. Percebemos que o diretor preferiu investir mais num suspense com a luta dos pesquisadores para sobreviver ao ataque dos tubarões, mas o convite ao tédio é inevitável. O espectador, mesmo com muito esforço, não consegue estabelecer qualquer tipo de empatia com os personagens, não se importando com suas mortes. Se, até eles próprios não demonstram nenhuma reação convincente em relação à perda violenta dos amigos, é praticamente impossível para quem está assistindo também se importar com eles.
Seria ótimo se os realizadores parassem de explorar esses animais e os deixassem em paz nos oceanos.  
(RR – 01/08/16)

Comentários de Cinema - Parte 26

Filmes abordados:

Dracano (Dracano / Dragon Apocalypse, EUA / Canadá, 2013)
Incrível Homem Que Encolheu, O (The Incredible Shrinking Man, EUA, 1957, PB)
Monstro de Mil Olhos, O (Return of the Fly, EUA, 1959, PB)
Mosca da Cabeça Branca, A (The Fly, EUA, 1958)

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* Dracano (2013)
“Dracano” ou “Dragon Apocalypse” é mais um daqueles típicos filmes ruins exibidos no canal de TV a cabo “SyFy”, com um roteiro péssimo, elenco inexpressivo e efeitos especiais em CGI vagabundo, que são as características principais do que costumo chamar de “cinema fantástico bagaceiro do século XXI”.
Na história, um casal de cientistas, Simon Lowell (Corin Nemec) e a namorada Carla Simms (Victoria Pratt), trabalham juntos numa faculdade com um projeto intitulado “Kronos”, estudando as atividades de vulcões com uma tecnologia experimental instalada no Monte Baker, no Estado americano de Washington. Entre os objetivos estão a detecção prévia de erupções, minimizando a ação de desastres, e a conversão da lava vulcânica em energia limpa. Ainda tem a adolescente Heather Lowell (Mia Faith), filha do cientista, que está sempre acompanhando o trabalho do pai. Porém, um acidente faz com que a faculdade cancele o apoio e os cientistas tornam-se alvos de perseguição, tentando provar que o projeto não tem responsabilidade numa erupção que dizimou muitas pessoas. Em paralelo, ficamos sabendo que os vulcões escondem por séculos casulos em seu interior que abrigam criaturas aladas carnívoras, um fato que já é de conhecimento do governo americano há muito tempo e que tem sido mantido oculto da população, numa típica conspiração, por não saberem como combater a ameaça. Depois que uma infestação de dragões invade os céus em busca de alimento, com os humanos no cardápio, o exército, com as ações lideradas pelo austero General Hodges (Troy Evans), auxiliado pelo Coronel Maxwell (Robert Newman), localiza o cientista Lowell para tentarem utilizar seus conhecimentos como especialista em vulcanologia e o projeto “Kronos” e impedir o apocalipse dos dragões.
  O mais importante em qualquer filme é contar uma boa história. Se o roteiro for interessante, a diversão já é garantida, e o restante, como efeitos especiais e a produção em geral, tornam-se apenas complementos de importância menor. Mas, se a história é ruim, cheia de clichês e absurdos, é muito difícil criar uma empatia, por menor que seja, com o filme.
Em “Dracano”, dirigido por Kevin O´Neill (cujo currículo é maior na área de efeitos especiais), a história é patética, com personagens fúteis, piadas ridículas, monstros artificiais em péssima computação gráfica que não convence, e um desfecho previsível e extremamente banal. Tem o cientista injustiçado que salva o mundo, a adolescente acéfala que torcemos inutilmente para virar comida dos monstros, e os militares calculistas metidos a heróis e que acham que a solução é destruir o inimigo com violência não se importando em explodir a ameaça com uma bomba nuclear.
A única pergunta que fica é como os produtores e toda a equipe envolvida, de técnicos aos atores, conseguem encontrar um mínimo de motivação para fazerem um filme tão descartável e que cujo lugar é o inevitável limbo eterno das produções esquecidas. 
(RR – 15/03/16)

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* Incrível Homem Que Encolheu, O (1957)
Produção da “Universal” de 1957 com fotografia em preto e branco, “O Incrível Homem Que Encolheu” tem direção de Jack Arnold e história de Richard Matheson, dois especialistas no gênero fantástico. Arnold (1916 / 1992) tem no currículo preciosidades como “Veio do Espaço” (1953), “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), “A Revanche do Monstro” (1955), “Tarântula!” (1955), “Mensagem do Planeta Desconhecido” (1958) e “O Monstro Sanguinário” (1958). E o escritor Matheson (1926 / 2013) escreveu vários episódios da série de TV “Além da Imaginação” e roteiros de filmes produzidos por Roger Corman e inspirados em Edgar Allan Poe como “O Solar Maldito” (1960), “O Poço e o Pêndulo” (1961), “Muralhas do Pavor” (1962) e “O Corvo” (1963). Também escreveu os roteiros de “Farsa Trágica” (1964), “As Bodas de Satã” (1968), da “Hammer” e “Encurralado” (1971), de Steven Spielberg, e parte de seus livros foram adaptados para o cinema em filmes como “Mortos Que Matam” (1964) e “A Casa da Noite Eterna” (1973).

“Minha prisão. Uma área perigosa e solitária no espaço e no tempo. Pensei que assim como o homem tinha dominado o seu mundo, eu dominaria o meu.” – Scott Carey, analisando o porão de sua casa.

Scott Carey (Grant Williams) está passeando com sua esposa Louise (Randy Stuart) num barco no mar, descansando e tomando um banho de sol. Porém, uma misteriosa nuvem radioativa surge no caminho e apenas ele entra em contato com a estranha neblina. Passados alguns meses e depois que ele também entra em contato aleatório com uma névoa de inseticida, percebe que suas roupas estão ficando folgadas no corpo. Analisando melhor o mistério, descobre que está incrivelmente encolhendo e exames médicos indicaram uma reorganização da estrutura molecular das células de seu corpo, provocada pela exposição à radiação misturada com o inseticida. Com o encolhimento crescente e desenfreado de seus órgãos, Scott Carey tornou-se vítima da imprensa sensacionalista e se isolou do convívio social. Diminuiu tanto de tamanho que passou a morar numa casa de bonecas, lutando por sua vida contra a ameaça de seu gato de estimação. Com o encolhimento progressivo e depois de um acidente num confronto com o imenso gato, ele cai no porão e mora numa caixa de fósforos. Na nova condição repleta de perigos e dificuldades para a sobrevivência, ele terá que lutar o tempo todo por sua vida, encolhendo sem parar, enfrentando desde uma inundação com um vazamento de água de um cano até a batalha mortal com uma aranha enorme que vive no porão e quer manter seu domínio no local.

“Meu inimigo parecia imortal. Mais que uma aranha, ele representava todos os medos desconhecidos do mundo. Todos eles, juntos num medonho horror negro.” – Scott Carey, sobre a guerra contra a aranha colossal.

“O Incrível Homem Que Encolheu” é uma pérola do cinema fantástico dos anos 50 do século passado, geralmente considerado pelos apreciadores do gênero como um dos mais importantes filmes de todos os tempos. Ambientado numa época onde a guerra fria entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética pela supremacia do mundo, gerava um clima desconfortável de constante instabilidade e medo de um apocalipse nuclear, com a especulação dos efeitos destrutivos do uso indevido da radiação. A espetacular história mantém o interesse contínuo fazendo o espectador torcer pelo sucesso do protagonista, entendendo seu drama incomum e criando uma empatia por sua grave situação de homem encolhido que luta pela vida num ambiente onde tudo se transforma em perigoso e potencialmente mortal. Sem contar o imenso esforço psicológico para suportar a nova condição e não enlouquecer ou entrar num estado de depressão sem volta, perante o completo cenário pessimista ao seu redor. É difícil até imaginar como seriam nossas ações se tivéssemos que enfrentar uma situação similar, num mundo novo de desafios e perigos, onde o ápice do caos está no confronto com uma aranha que se transformou num monstro gigante pela perspectiva do homem encolhido.
Apesar de uma produção de baixo orçamento, os efeitos especiais são excelentes, principalmente pela época e pelos recursos disponíveis, num período sem a facilidade e artificialidade da computação gráfica, utilizando a construção de mobílias e objetos gigantes para simular a condição diminutiva do personagem. Além de efeitos eficientes de trucagem em cenas como a perseguição do gato de estimação, que de dócil tornou-se um monstro carnívoro ameaçador.
O desfecho, carregado de comentários filosóficos do protagonista, refletindo sobre questões existenciais, é memorável e se destaca na história do cinema de Ficção Científica, ao lado de outros marcantes como “O Homem dos Olhos de Raio-X” (1963) e “O Planeta dos Macacos” (1968).

“Mas, de repente entendi que eram dois extremos de um mesmo conceito. O incrivelmente pequeno e o vasto acabaram se encontrando, como se um grande círculo se fechasse. Olhei para o céu como se de algum modo pudesse compreender, o céu, o universo, os mundos infinitos, a tapeçaria prateada de Deus que cobre a noite. Eu ainda existo.” – Scott Carey, refletindo sobre sua nova condição como “o incrível homem que encolheu”, e que continua encolhendo de forma infinitesimal.

Curiosamente, o escritor Richard Matheson criou uma história para possível sequência onde Louise Carey, a esposa do homem encolhido, também teria que enfrentar o mesmo drama, porém o projeto foi cancelado pelos produtores. E um erro atribuído ao filme é que a aranha utilizada é uma tarântula, porém esses aracnídeos não vivem em teias como mostrado, e sim em tocas e buracos.
(RR – 19/02/16)

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* Monstro de Mil Olhos, O (1959)
O sucesso de “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958) inevitavelmente despertou a atenção dos produtores para o lançamento de uma continuação. Então, no ano seguinte, só que com fotografia em preto e branco para reduzir os custos, foi lançado “O Monstro de Mil Olhos”, escrito e dirigido por Edward L. Bernds (1905 / 2000), um cineasta mais conhecido por seus filmes de comédia, mas que dirigiu algumas preciosidades do cinema fantástico bagaceiro como “Vinte Milhões de Léguas a Marte” (1956), “Rebelião dos Planetas” (1958) e “Valley of the Dragons” (1961).
Após quinze anos da experiência com teletransporte do “cientista louco” do filme original, cujos resultados catastróficos transformaram-no num monstro misto de homem e mosca, seu filho Philippe Delambre (Brett Halsey) tenta seguir os passos do pai., depois da morte da mãe, deprimida com a tragédia do passado. Ele convence com muito custo o tio François (Vincent Price) para patrocinar a aquisição de novos equipamentos para montar um novo laboratório e retomar o projeto de desintegração e reintegração de matéria, transmitindo estruturas moleculares e explorando terras selvagens do conhecimento científico. Ele tem um parceiro, Alan Hinds (David Frankham), que possui interesses obscuros ao fazer parte do projeto, roubando as ideias com o intuito de vendê-las para magnatas da indústria eletrônica. Ele é aliado de Max Barthold (Dan Seymour), um criminoso interceptador de objetos roubados. Num confronto entre eles, o jovem cientista Philippe torna-se vítima do mesmo acidente que ocorreu com seu pai. Virando um monstro com cabeça, braço esquerdo e perna direita de mosca, fugindo desorientado do laboratório e despertando a atenção da polícia, através das investigações do Inspetor Beecham (John Sutton), que já tinha enfrentado situação similar ao auxiliar o Inspetor Charas no filme anterior.  
Essa continuação é uma produção com orçamento bem modesto e duração curta, com apenas 77 minutos. Foi claramente lançada numa jogada oportunista dos produtores para tentar lucrar com a boa receptividade do filme original. Tanto que a história é muito similar, contando apenas com o acréscimo de outros personagens coadjuvantes e o fato do “homem transformado em monstro” sair do laboratório e percorrer as ruas em busca de vingança, com algumas mortes dos oponentes que causaram sua tragédia. Os efeitos são extremamente bagaceiros, principalmente a representação de um porquinho da índia com mãos humanas, depois que o bicho se misturou com um policial que investigava os crimes de Alan Hinds, e foi colocado na máquina de teletransporte, se transformando numa criatura bizarra com as patas do animal. Mas em compensação, o cientista com uma cabeça enorme de mosca ficou mais interessante que no filme original, onde a cabeça de mosca do cientista transformado era bem menor e menos assustadora. Outro detalhe desabonador é o desfecho comum e previsível, com resultados improváveis. 
A questão é que “O Monstro de Mil Olhos” é na verdade apenas mais um filme bagaceiro de horror com elementos de ficção científica, igual a centenas de outros com características parecidas. E o diferencial que o tornou mais conhecido é apenas o fato de ser uma continuação do clássico “A Mosca da Cabeça Branca”, além também por ter o privilégio da presença de Vincent Price no elenco. Se não fosse por isso, provavelmente o filme se perderia na imensidão de produções similares.  
“O Monstro de Mil Olhos” foi seguido por “A Maldição da Mosca” (1965), que concluiu a trilogia. Depois, em 1986, a história de George Langelaan foi novamente adaptada para o cinema em “A Mosca”, de David Cronenberg, apostando em cenas sangrentas, que por sua vez inspirou a sequência “A Mosca II” (1989), de Chris Wallas.
(RR – 28/02/16)

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* Mosca da Cabeça Branca, A (1958)
“A Mosca” é um conto de Ficção Científica com elementos de Horror escrito pelo francês George Langelaan e publicado na edição de Junho de 1957 da revista americana “Playboy”. No ano seguinte, a ótima história com grande potencial para o cinema, transformou-se no filme “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly), produzido e dirigido pelo alemão Kurt Neumann (1908 / 1958), de “Da Terra à Lua” (1950) e “Kronos, o Monstro do Espaço” (1957). No elenco, temos o ícone Vincent Price num papel coadjuvante, e David Hedison como o protagonista, ele que esteve em “O Mundo Perdido” (1960) e seu rosto é mais conhecido pelo papel do Capitão Lee Crane da série de TV “Viagem ao Fundo do Mar” (1964 / 1968).

“Quanto mais eu sei, mais eu tenho certeza que sei tão pouco. O eterno paradoxo.” – frase do “cientista louco” Andre Delambre num momento de reflexão sobre seus avanços científicos 

A história é ambientada na cidade canadense de Montreal, onde o cientista Andre Delambre (David Hedison) faz experiências com teletransporte de matéria. Casado com a bela Helene (a canadense Patricia Owens) e pai do pequeno Phillipe (Charles Herbert), ele também é sócio de seu irmão François (Vincent Price) numa bem sucedida empresa de eletrônica. Obcecado por seu trabalho na pesquisa científica para o bem da humanidade, ele não mede esforços para conseguir seus objetivos. Fazendo testes de desintegração de objetos e cobaias vivas (sua gata de estimação e um porquinho da índia) numa cabine especial, com seus átomos viajando na velocidade da luz pelo tempo e espaço até se reintegrarem novamente em outro local. Porém, após a ocorrência de um acidente onde ele próprio decidiu ser a cobaia da experiência, seu corpo misturou-se ao de uma mosca intrusa na câmara de teletransporte. Como resultado desastroso, o cientista transformou-se num monstro onde sua cabeça e braço esquerdo eram de uma mosca, e o inseto fugiu com cabeça e braço humanos. Para tentar reverter o processo, ele pede para sua esposa e filho tentarem capturar a “mosca da cabeça branca”, antes que ele pudesse perder a sanidade e o resto de sua humanidade pela influência da mosca em seu corpo. Paralelamente, a polícia, sob a liderança do Inspetor Charas (o inglês Herbert Marshall), investiga os mistérios e eventos sinistros envolvendo o cientista e seu trabalho pioneiro de teletransporte.

O filme é um clássico dos saudosos anos 50 do século passado abordando as temáticas de “cientista louco” e “homem transformado em monstro”. Faz parte de um período fértil com centenas de filmes divertidos do cinema fantástico, muitos deles produzidos com orçamentos baixos e roteiros exagerados na fantasia, com características bagaceiras que justamente despertam o interesse dos apreciadores do estilo. O laboratório do “cientista louco” possui todos aqueles aparelhos sofisticados da época, repletos de luzes piscando, botões e mostradores analógicos, num período turbulento onde a humanidade convivia com a paranoia nuclear da guerra fria, com a preocupação e medo da destruição do planeta e das consequências de atos equivocados com o avanço da tecnologia, dos aparelhos eletrônicos, foguetes, satélites espaciais e vôos supersônicos.

Foi criada uma franquia dentro desse interessante universo ficcional, inicialmente com uma trilogia composta pelo original de 1958 e outras duas sequências com fotografia em preto e branco, “O Monstro de Mil Olhos” (Return of the Fly, 1959), e “A Maldição da Mosca” (Curse of the Fly, 1965). Cerca de vinte anos depois, o cineasta David Cronenberg retomou o assunto e lançou a refilmagem “A Mosca” (The Fly, 1986), com horror gráfico e mortes sangrentas em ótimos efeitos especiais, e que foi seguido por “A Mosca II” (The Fly II, 1989), de qualidade bem inferior. “A Mosca da Cabeça Branca” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fox”, com a opção de exibição do filme com a dublagem em português da época em que foi exibido na televisão. Na parte de materiais extras, temos apenas os trailers sem legendas do próprio filme e também da refilmagem de 1986, sua continuação de 1989, e do clássico de FC “Viagem Fantástica” (Fantastic Voyage, 1966).
(RR – 22/02/16)

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