Os Adolescentes do Espaço (Teenagers From Outer Space, 1959)


O filme é de 1959, com fotografia em preto e branco, além de direção, roteiro e produção de Tom Graeff (que também atuou como um repórter investigativo). Trata-se da bagaceira “Os Adolescentes do Espaço” (Teenagers From Outer Space), lançado em DVD no Brasil pela extinta “Works” na “Sci-Fi Collection”, num mesmo disco trazendo o ultra trash “Papai Noel Conquista os Marcianos” (Santa Claus Conquers the Martians, 1964), de Nicholas Webster.
Um disco voador chega à Terra com uma expedição de alienígenas parecidos com humanos. Sua missão é testar as condições climáticas de nosso planeta para validar a criação de “gargons”, animais similares a lagostas, que crescem em tamanhos descomunais e servem de alimento para os extraterrestres. A equipe é formada pelo capitão (Robert King Moody) e outros tripulantes jovens adolescentes como Derek (David Love), Thor (Bryan Grant), Moreal (Ralph Lowe) e Saul (Bill DeLand). Eles vêm de um planeta com um governo totalitário e militar, e procuram um local adequado para a criação de seu “gado”, independente das conseqüências destrutivas causadas pelos “gargons”.
Derek não concorda com o plano maquiavélico contra a Terra e decide se rebelar fugindo dos companheiros e sendo perseguido por Thor. O jovem alienígena entra em contato com a bela Betty Morgan (Dawn Anderson), que o recebe em sua casa, surgindo um inevitável romance entre eles. Porém, além de Derek ter que lutar contra a ameaça de Thor, armado com uma pistola com um poderoso raio invisível capaz de transformar suas vítimas em esqueletos, ele terá também que impedir seus semelhantes de invadir a Terra com os terríveis monstros parecidos com lagostas gigantes.
A história é inacreditavelmente ingênua, com diálogos superficiais e eventos convenientes demais para facilitar o trabalho de roteiro. Os atores são péssimos e amadores ao extremo (as expressões faciais são sempre as mesmas, ou quando mudam, são de uma artificialidade exagerada). A tentativa de apresentar o monstro ameaçando uma cidade é hilária de tão pobre e ridícula (nada mais do que uma sombra tentando simular uma criatura gigante).
Mas, essas são exatamente as características de um filme “trash” genuíno e autêntico. E um fato evidente que se pode observar é a honestidade dos envolvidos na produção em tentar fazer um filme sério de ficção científica com elementos de suspense e horror, mas cujo resultado final é ruim, por causa da falta de recursos e principalmente pela incompetência total da equipe, desde atores até os responsáveis pelas funções técnicas.
Então, é justamente por tudo isso, pela história absurda e produção tosca, que filmes como esse “Os Adolescentes do Espaço” despertam o interesse pelo cinema fantástico bagaceiro, instigando a curiosidade dos fãs de tranqueiras antigas, e garantindo um leve e rápido entretenimento descompromissado, além de servir como registro do cinema “trash” oriundo do nostálgico período entre os anos 50 e 60 do século passado.

Nós somos a raça suprema. Nós temos as armas supremas.” - Capitão

“Os Adolescentes do Espaço” (Teenagers From Outer Space, Estados Unidos, 1959) # 514 – data: 26/12/08
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O Planeta Pré-Histórico (Voyage to the Prehistoric Planet, 1965)


O Planeta Pré-Histórico” é uma tosqueira a cores produzida em 1965. Foi lançada em DVD no Brasil pela extinta “Works” na “Sci-Fi Collection”, num mesmo disco com “Viagem ao Planeta das Mulheres Selvagens” (Voyage to the Planet of Prehistoric Women, 1967).
Com direção e roteiro de Curtis Harrington, o filme tem a curiosidade de ter em seu elenco nomes como Basil Rathbone (astro de inúmeros filmes de horror) e Faith Domergue (do clássico "Guerra Entre Planetas", 1955), apesar que em papéis pequenos: Rathbone é o cientista Prof. Hartman, que lidera uma expedição com destino ao planeta Vênus (e que não sai do centro de comando, de onde dá suas ordens e orientações), e Domergue é a cientista e astronauta Marsha Evans, que também não sai de seu foguete, nunca se expondo ao perigo.
Ambientado em 2020, após a exploração da lua, a Terra inicia uma conquista maior do espaço com uma expedição que é formada por dois grupos de astronautas viajando em naves diferentes. De um lado (Sirius), temos os astronautas Brendan Lockhart (Vladimir Yemelyanov), Andre Ferneau (Gennadi Vernov) e Hans Walters (Georgi Zhzhyonov), e em outra nave (Vega), temos Allen Sherman (Yuri Sarantsev) e Kern (Georgi Tejkh), acompanhados por um robô chamado John (John Bix), desajeitado e pesado. Esses últimos descem à superfície do planeta Vênus para uma missão de exploração e perdem o contato com o centro de comando. Para tentar resgatá-los, a nave Sirius vai ao seu encontro, e seus tripulantes enfrentam uma série de situações tensas num ambiente desconhecido e hostil com ataques de animais pré-históricos e revolta da natureza com uma erupção vulcânica.
Diversão discreta num filme de baixo orçamento produzido há quase meio século atrás, e que curiosamente teve várias cenas aproveitadas do filme russo “Planeta das Tempestades” (Planeta Bur, 1962), de Pavel Klushantsev. Aliás, “O Planeta Pré-Histórico” recebeu uma espécie de refilmagem dois anos depois, com o acréscimo de outros eventos na história tendo como resultado o filme “Viagem ao Planeta das Mulheres Selvagens”, dirigido por Peter Bogdanovich (de “Na Mira da Morte”, 1968, com Boris Karloff) e com a musa Mamie Van Doren liderando uma tribo de belas mulheres loiras habitantes de Vênus, que se comunicam telepaticamente e planejam vingança contra os astronautas humanos que chegaram em seu planeta numa missão de exploração e matam um pássaro pré-histórico num confronto, o qual era considerado um deus para as nativas. O filme consegue ser mais tosco que seu antecessor, uma vez que a inclusão forçada e fora do contexto de mulheres semi nuas na história deixou o roteiro ainda mais bagaceiro.

“O Planeta Pré-Histórico” (Voyage to the Prehistoric Planet, Estados Unidos, 1965) # 513 – data: 28/11/08
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Morte Súbita (Rogue, Estados Unidos / Austrália, 2007)


Outro exemplo de filme dentro da temática “vingança da natureza”, sendo dessa vez novamente com a presença de um crocodilo imenso atacando os invasores de seu território. “Morte Súbita” entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 24/10/08 com direção e roteiro de Greg Mclean (do ótimo “Wolf Creek – Viagem ao Inferno”, 2005).
A história é simples: Kate Ryan (Rhada Mitchell) é a proprietária de um barco que faz turismo pelos rios de um território selvagem belíssimo na Austrália, cuja principal característica atrativa é a presença de crocodilos que podem ser observados pelos visitantes. Numa expedição rotineira estão em seu barco diversos turistas comuns e entre eles o jornalista americano Pete McKell (Michael Vartan), enviado para escrever uma matéria sobre a região. Os problemas começam a surgir quando o barco de passeio decide averiguar um pedido de socorro alertado por um sinalizador lançado ao céu, desviando-se de seu percurso normal e sendo surpreendido pelo ataque de um gigantesco crocodilo que quer estocar carne humana em seu covil, furioso pela invasão de seu território.
A bela atriz australiana Rhada Mitchell tem aparecido em vários filmes de horror como “Eclipse Mortal” (2000), “Visitors” (2003) e “Terror em Silent Hill” (2006). E as imagens da fascinante paisagem selvagem que serve de atração turística é um verdadeiro colírio para os olhos num show de beleza da natureza. Porém, parece que os pontos positivos param por aí, pois a história do crocodilo em busca de vingança é exagerada demais na exploração de clichês cansativos. Pouco sangue, pouca violência, poucas cenas de tensão, muita previsibilidade, inverossimilhança e falta de ousadia, com um desfecho óbvio e improvável. É lamentável constatar que mais um outro cineasta talentoso como o australiano Greg Mclean (assim como o francês Alexandre Aja em “Espelhos do Medo”, e os irmãos orientais Oxide Pang Chun e Danny Pang em “Os Mensageiros”, entre outros exemplos), tenha também se submetido ao cinema comercial americano e feito apenas mais um filme comum.
“Morte Súbita” (Rogue, Estados Unidos / Austrália, 2007) # 512 – data: 07/11/08
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James West (The Wild Wild West, Estados Unidos, 1965 / 1969)


James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Spanish Curse” – episódio 14, temporada 4 (1969). O agente secreto do governo americano James West (Robert Conrad), sempre com respaldo do Presidente General Ulysses S. Grant, é enviado até a fronteira com o México para investigar misteriosos assaltos e roubos de banco efetuados por homens vestindo armaduras sob o comando do lendário tirano espanhol Cortez (interpretado por Thayer David), conhecido pela fama de conquistador violento de terras no passado da América. Auxiliado pelo comparsa Artemus Gordon (o polonês Ross Martin), especialista em disfarces, eles se aventuram no interior de uma montanha que abriga um vulcão adormecido para tentarem descobrir a tal “maldição espanhola” do título, que impõe medo a um pequeno povoado localizado próximo. Divertido episódio onde não falta a tradicional premissa de “mistério” que permeia toda a série e os famosos “brinquedinhos” que os detetives tanto utilizam em suas missões, como pequenas bombas de grande poder de destruição e armas pouco convencionais dos mais variados tipos e funções, num toque meio futurista para uma ambientação no oeste selvagem americano do século XIX.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Sabatini Death” – episódio 17, temporada 4 (1969). James West é convocado para um encontro com um famoso criminoso doente e à beira da morte (O Sabatini do título, interpretado por Ted de Corsia), que lhe propõe uma troca de favores: ele forneceria informações para o agente secreto do governo americano poder capturar um bandido procurado há muito tempo e em troca quer que James West proteja uma moça, Sylvia Nolan (Jill Townsend). Ele aceita a proposta e parte para uma cidade que esconde um misterioso segredo sobre uma fortuna em dinheiro roubado, procurado por muitas pessoas. Artemus Gordon não participa dessa vez, pois estava afastado da produção por causa de um ataque cardíaco (e sua ausência inevitavelmente diminui o interesse pela história), dando seu lugar para um outro agente, Ned Brown (Alan Hale), que fez sua única participação na série. Esse episódio apresenta uma história típica de detetive, com todos os elementos característicos desse gênero, com James West investigando um misterioso caso envolvendo o criminoso Sabatini e uma grande soma em dinheiro roubado, cuidadosamente escondida.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Janus” – episódio 18, temporada 4 (1969). Um agente secreto do governo numa missão de investigação sobre a fabricação de dinheiro duplicado, é assassinado por um traidor e James West é convocado para descobrir o que aconteceu. A única pista que consegue é uma partitura musical que teria uma mensagem a ser codificada. Com o auxílio de Jeremy Pike (Charles Aidman), também mestre em disfarces, eles investigam a casa da moeda, local fortemente protegido e que fica num complexo onde também existem salas para o treinamento de agentes do governo. Outra divertida história de detetive, onde o roteiro tentar manipular o espectador durante todo o tempo, incitando-nos a descobrir a identidade do criminoso entre uma lista de suspeitos. Curiosamente, Artemus Gordon não participa desse episódio, sendo substituído por Jeremy Pike, outro agente que participou em 4 episódios da série fazendo o papel de companheiro de investigação de James West. Aqui também temos a presença de Anthony Eisley, um rosto conhecido em várias séries de TV da época como “Os Invasores” e filmes bagaceiros de FC como “Os Monstros da Noite” (The Navy Vs. The Night Monsters, 1966).

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Diva” – episódio 20, temporada 4 (1969). A famosa cantora italiana de ópera Rosa Montebello (Patrice Munsel), sobrinha do Ministro da Itália e jovem bela, porém arrogante ao extremo, sempre reclamando de tudo e todos, está realizando uma turnê pelos Estados Unidos, e o Presidente Grant solicitou para Artemus Gordon acompanhá-la, obrigando-o a ouvir suas lamúrias e críticas. Depois de uma tentativa de seqüestro da cantora em uma de suas apresentações, o agente secreto do governo americano James West é também convocado para investigar o ocorrido, encontrando relações misteriosas entre a tentativa de seqüestro e o desaparecimento de outras cantoras de ópera no mesmo local. Nesse episódio temos o retorno de Artemus Gordon, após a licença de Ross Martin por três meses devido a problemas de saúde. E ele retorna com seus disfarces sensacionais, fazendo aqui um nobre arrogante de um fictício país do leste europeu. Mantendo a característica da série, “The Night of the Diva” é outra história de detetive com a dupla de agentes secretos tentando desvendar o mistério que envolve um teatro de ópera em New Orleans.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Pistoleros” – episódio 19, temporada 4 (1969). Um grupo de criminosos mexicanos (conhecidos como “Os Pistoleiros”) está aterrorizando a fronteira com os Estados Unidos, intimidando uma equipe do exército americano sitiada num forte próximo, liderada pelo Coronel Roper (Edward Binns) e seu subalterno o Tenente Murray (Robert Pine). Eles estão querendo provocar uma guerra com objetivos políticos para um misterioso líder revolucionário mexicano. Os agentes federais James West e Artemus Gordon são então convocados pelo Presidente Grant para intervir e controlar a situação tensa. Episódio com temática de conspiração política, com muita ação, tiroteios, assassinatos e que apresenta duas curiosidades interessantes: a presença de Robert Pine, ainda jovem, e que depois seria um rosto conhecido por sua participação na série televisiva “CHiPs” (1977-83), sobre o cotidiano de policiais rodoviários, como o Sargento Joseph Getraer, e exaustivamente exibida no Brasil, além da incursão de um elemento fantástico na trama (aliás, algo sempre presente em toda a série, e motivo de torná-la tão especial), que seria as ações de um cientista cirurgião, Dr. Winterich (William O´Connell), com habilidades incomuns para a criação de sósias.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Cossacks” – episódio 22, temporada 4 (1969). A família real de um país fictício europeu, Karovnia, está visitando os Estados Unidos, com destino à cidade de New Petersburg, onde um rico compatriota, Petrovsky (Oscar Beregi Jr.), possui uma fazenda nos arredores. Formada pelo Príncipe Gregor (Guy Stockwell), sua irmã Princesa Linna (Jennifer Douglas) e sua tia Duquesa Sophia (Nina Foch), eles estão visitando a América com o suposto propósito de um safári com os búfalos locais, mas o objetivo mesmo é o de recuperarem uma antiga e sagrada estátua, deixada numa igreja no passado por imigrantes de seu país, a qual seria utilizada como instrumento para reunir novamente o povo e instaurar a paz em Karovnia, que está enfrentando uma guerra civil após o assassinato de seu líder pelo Conde Balkovitch (John Van Dreelen), que também veio aos EUA junto de seus comparsas à procura da estátua. James West e Artemus Gordon são enviados pelo governo anfitrião para escoltar e proteger a família real estrangeira e acabam interferindo também na disputa de poder entre eles. Novamente um episódio divertido de conspiração política envolvendo um país fictício europeu, ambientado no oeste selvagem americano, e ainda bem que o destemido e sempre presente agente secreto James West está por perto para trazer soluções para os momentos de crise...

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Deadly Bubble” – episódio 22, temporada 2 (1967). Um cientista, Prof. McClennon (Nelson Welch), envia uma mensagem para o governo solicitando a presença de James West e Artemus Gordon, indicando ser um assunto de segurança nacional. Ele menciona algo envolvendo a misteriosa ação das marés que causam inundações nas cidades litorâneas, porém é assassinado antes de revelar o resultado de seus estudos. A dupla de agentes secretos passa então a investigar o caso, entrando em contato com a cientista Abigail J. Pringle (Judy Lang), colaboradora do Prof. McClennon, e com um homem rico e excêntrico, Capitão Horatio Philo (Alfred Ryder), que mora num castelo no alto de um penhasco à beira do mar, e que revela ser um admirador dos oceanos e de tudo que eles representam. Episódio com foco numa divertida história de “cientista louco”, onde o abnegado homem da ciência não mede esforços para colocar em prática um plano maquiavélico de vingança contra a humanidade por causa da destruição e poluição crescente dos mares, com direito a todos os elementos típicos desse subgênero como um laboratório subterrâneo repleto de máquinas e equipamentos científicos, um ajudante manco e corcunda, Felix (Lou Krugman), e todos aqueles discursos com palavras bem escolhidas para justiçar suas ações. Alfred Ryder é um rosto conhecido por diversas participações em séries de TV dos anos 60 como “Os Invasores”, “Viagem ao Fundo do Mar” e “Missão: Impossível”, geralmente fazendo o papel de vilão.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Brain” – episódio 21, temporada 2 (1967). James West e Artemus Gordon estão recebendo jornais com informações prévias sobre a morte de amigos como o mágico Americ (Phil Arnold) e o Coronel Royce Arnett (John Warburton), descobrindo que na verdade estão sendo manipulados como marionetes por um homem excêntrico e inteligente estrategista, Braine (Edward Andrews, em ótima e exagerada interpretação), que utiliza uma sofisticada engenhoca como cadeira motorizada e que tem o objetivo de substituir os principais líderes do mundo por pessoas de sua confiança utilizando máscaras perfeitas, criadas pela bela Voulee (Brioni Farrell). Outro episódio de “cientista louco”, com Braine sendo um maluco que quer dominar o mundo com o pretexto clichê de eliminar as guerras e violência urbana que tem instaurado o caos na humanidade, não hesitando em usar a força para isso. Ele tem grande interesse em James West, para convencê-lo a participar de sua causa liderando sua equipe, e também obter algumas informações secretas sobre a segurança da Casa Branca, e mais especificamente a sala de conferências onde os governantes da Espanha, Inglaterra, França e Rússia, juntamente com o Presidente americano Grant, discutem os rumos políticos do planeta. Mais uma diversão garantida, desde que desconsideremos os absurdos habituais do roteiro, como a existência de uma caverna cheia de túneis, ao lado da subterrânea sala de conferências da Casa Branca, onde Braine se instalou para executar seu plano maquiavélico.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Tartar” – episódio 19, temporada 2 (1967). O Presidente Grant envia uma carta para a dupla de agentes James West e Artemus Gordon informando sua nova missão: escoltar um prisioneiro russo, Feodor Rimsky (Andre Phillippe), numa viagem de navio até Vladivostok (Rússia), para trocá-lo por um prisioneiro americano, o diplomata Millard Boyer (Martin Blaine), que está mantido preso pelo Conde Nikolai Sazanov (John Astin) e seu ajudante Kuprin (Malachi Throne). Porém, as negociações são ofuscadas por um mistério envolvendo o desaparecimento de cinco milhões de dólares. Episódio abordando o tema de conspiração internacional, de interesse menor, principalmente pela ausência de elementos fantásticos, que são realmente o grande charme da série. Porém, em contrapartida, o episódio tem a curiosidade da presença de dois atores muito conhecidos pelos fãs da telinha: John Astin foi o patriarca Gomez Addams na divertida série de humor negro “A Família Addams” (1964/66), e Malachi Throne foi coadjuvante com participação regular em muitas séries na década de 1960 como “Star Trek”, “Perdidos no Espaço”, “O Túnel do Tempo”, “Viagem ao Fundo do Mar” e “Terra de Gigantes”, entre outras.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Bogus Bandits” – episódio 28, temporada 2 (1967). Uma quadrilha de assaltantes de banco está atuando com sucesso em várias cidades, sempre utilizando métodos diferenciados e inteligentes nas ações, despertando a atenção da dupla de agentes do governo James West e Artemus Gordon, que seguem a única pista que encontram, ou seja, duas notas queimadas de cem dólares. A investigação os leva até o Prof. Miguelito Loveless (Michael Dunn), um anão de inteligência incomum que montou um centro de treinamento de bandidos e que pretende colocar em prática um tipo de revolução que lhe daria poder para governar os Estados Unidos. Miguelito Loveless é um dos vilões que mais apareceram na série, participando de um total de 10 episódios, sempre arquitetando planos maquiavélicos para conquistar poder, sempre confrontando James West como seu principal inimigo, e sempre conseguindo a façanha de escapar de seus perseguidores para continuar sua carreira criminosa. Todos os episódios envolvendo esse personagem são muito divertidos e memoráveis, onde não faltam aqueles diálogos cheios aristocráticos repletos de ironia e jogos psicológicos com suas vítimas. O anão Michael Dunn faleceu em 1973, aos 39 anos de idade, e pouco antes de morrer participou do filme de horror “Estranhas Mutações” (The Mutations, 1974), de Jack Cardiff e com Donald Pleasence, numa história situada nos divertidos subgêneros “cientista louco” e “homem transformado em monstro”.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Firebrand” – episódio 02, temporada 3 (1967). James West recebe a missão de investigar as ações de um perigoso bandido, Sean O´Reilley (Pernell Roberts), que invadiu um forte do exército e lidera um grupo de contrabandistas de armas para apoiar uma revolução no Canadá, planejada pelo vilão Andre Durain (Paul Lambert) e seu comparsa caolho Briscoe (Russ McCubbin). O agente do governo americano recebe o auxílio do companheiro Artemus Gordon, devidamente infiltrado e disfarçado, e juntos eles tentam impedir o golpe armado e recuperar o armamento para o forte antes de ser atacado pelos índios selvagens da região. Pernell Roberts teve participação fixa na longa série de TV de western “Bonanza” (1959/1973) como Adam, o irmão mais velho da família Cartwright. Como uma característica sempre presente na série é a introdução de uma bela mulher na história, dessa vez o papel ficou para Lana Wood, que interpretou Sheila O´Shaugnessy, uma jovem e imatura estudante com ideais libertários, sobrinha de um senador americano que se juntou à O´Reilley por uma suposta causa revolucionária.

James West (The Wild Wild West, EUA, 1965/69) – “The Night of the Wolf” – episódio 27, temporada 2 (1967). O Rei Stephan IX (John Marley) é o herdeiro do trono de um país fictício europeu, após o assassinato de seu irmão. Ele vive como um camponês exilado nos Estados Unidos, depois de ser deserdado pela família real, mas agora terá que ser coroado líder de seu país, e sua filha Leandra Novokolik (Lorri Scott), deverá ser a princesa. Porém, um vilão opositor, Talamantes (Joseph Campanella), que utiliza um estranho e misterioso soro capaz de controlar pessoas e animais como lobos selvagens, quer assumir o poder manipulando seu novo líder. A dupla de agentes James West e Artemus Gordon, enviados pelo Presidente Grant, tem a missão de intervir e garantir a posse do reino sem a interferência de Talamantes. Outro episódio tendo como tema do roteiro a disputa política pelo poder de um país fictício na Europa, um assunto recorrente na série. Tem também a curiosidade de abordar a licantropia, utilizando como elemento fantástico o controle hipnótico do vilão em suas vítimas, tanto animais como pessoas, que estariam submetidas a sua vontade, como escravos manipulados. Tem interessantes filmagens noturnas em meio à escuridão fantasmagórica da floresta e aos uivos ameaçadores de lobos, dando uma atmosfera de horror à história. Joseph Campanella e John Marley são atores lembrados por várias participações em séries de TV do passado.

“James West” (The Wild Wild West, Estados Unidos, 1965 / 1969) # 512 – data: 27/08/08
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Mundos Que Se Chocam (Killers From Space, EUA, 1954)



“Mundos Que Se Chocam” (Killers From Space, 1954) é outra tranqueira de ficção científica dos anos 50 do século passado, lançada em DVD pela extinta “Works” junto com “Fantasma do Espaço” (1953). Em comum com esse filme, temos os mesmos diretor W. Lee Wilder, roteirista William Raynor e autor da história, Myles Wilder. Também com fotografia em preto e branco e um pouco menos bagaceiro num contexto geral, que seu antecessor.
Um cientista e piloto de avião, Dr. Douglas Martin (Peter Graves), participa de um teste de lançamento de uma bomba atômica, mas seu avião sofre um misterioso acidente e o companheiro de vôo morre na queda. Ele, porém, após dado como desaparecido, surge de forma estranha e com um lapso de memória. Uma vez hipnotizado, ele revela que foi retirado dos escombros por alienígenas que fizeram uma cirurgia em seu coração e que tinham como objetivo manipulá-lo para obter informações secretas dos testes de bombas para auxiliá-los num plano maquiavélico de invasão do planeta, utilizando insetos mutantes gigantescos e carnívoros para devastar a humanidade (seu planeta natal estava morrendo e eles precisavam de um outro mundo para viver). Cabe a sua bela esposa Ellen (Barbara Bestar), ao Coronel Banks (James Seay), ao agente do FBI Briggs (Steve Pendleton) e ao cientista Dr. Curt Kruger (Frank Gerstel), a função de entender o que está acontecendo e tentar ajudá-lo, evitando o sucesso do plano dos alienígenas hostis.
Peter Graves (aqui ainda jovem) é mais conhecido por sua participação fixa na série de TV “Missão: Impossível” (1967/73). O roteiro investe numa analogia da paranóia de invasão comunista, tema muito recorrente na época da guerra fria, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Os alienígenas poderiam servir como uma referência de espionagem nos Estados Unidos e uma ameaça incômoda na ideia de uma invasão. Os efeitos são toscos e hilários, tendo seu ápice nos alienígenas de olhos esbugalhados (literalmente duas bolas de ping-pong colocadas nas órbitas), nas imagens de suas cidades (maquetes bagaceiras), no laboratório no interior de uma caverna, e nos insetos gigantes criados para atacar a Terra.

Mundos Que Se Chocam” (Killers From Space, Estados Unidos, 1954) # 511 – data: 26/08/08
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Fantasma do Espaço (Phantom From Space, EUA, 1953)



“Fantasma do Espaço” (Phantom From Space, 1953) é uma bagaceira de ficção científica em preto em branco produzida na nostálgica década de 1950. Lançada em DVD por aqui pela extinta “Works” em sua “Sci-Fi Collection”, num mesmo disco com “Mundos Que Se Chocam” (Killers From Space, 1954). O filme foi dirigido por W. Lee Wilder, irmão do conhecido cineasta Billy Wilder, com roteiro de William Raynor inspirado numa história de Myles Wilder, filho do diretor, e tem um elenco inexpressivo, com nomes como Harry Landers e Noreen Nash.
Um O.V.N.I. é perseguido pelos militares americanos e cai em Santa Monica. Seu ocupante sobrevive (Dick Sands) e vestindo uma roupa inusitada, um traje espacial com um capacete parecido com um escafandro de mergulho, ele anda sem rumo deixando um rastro de mortos pelo caminho, sendo perseguido pela polícia e chamado de “fantasma” por causa de sua invisibilidade, segundo a descrição de testemunhas que indicaram não ver ninguém por trás do capacete com antenas. Um policial, Tenente Bowers (Harry Landers), se encarrega das investigações, tendo que proteger também a mocinha Barbara Randall (Noreen Nash), que conseguiu contato com o alienígena e é auxiliar do cientista Dr. Wyatt (Rudolph Anders).
Filme “Z”, curto (só 73 minutos), com história óbvia e interpretações fuleiras. A pobreza de recursos é tamanha que nem um simples disco voador tosco foi mostrado, com os produtores preferindo utilizar um efeito medíocre de luz. A presença de um narrador parece estranha e desnecessária, e o capacete espacial do alienígena, de importância fundamental para sua respiração, é no mínimo incomum. Curiosamente, o ator alemão Rudolph Anders participou de outras bagaceiras de horror e FC como “The Snow Creature” (54), “She Demons” (58), e “Frankenstein 1970” (58). O filme até diverte um pouco justamente pela ruindade em geral e não proposital, mas não significa nada e sua lembrança é descartada logo após a indicação do fim da projeção.

Fantasma do Espaço” (Phantom From Space, Estados Unidos, 1953) # 510 – data: 25/08/08
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Star Wars: The Clone Wars (EUA, 2008)


Animação que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 15/08/08, ambientada no universo ficcional da cultuada franquia “Star Wars”, narrando eventos acontecidos no período de tempo entre os filmes “Ataque dos Clones” e “A Vingança dos Sith”, ou seja, com Anakin Skywalker (voz de Matt Lanter) sendo um Cavalheiro Jedi ainda lutando a favor da República contra os separatistas do Império, antes de se converter para o lado negro da força e se transformar no temível Darth Vader. Ele recebe a orientação de treinar a jovem padawan Ahsoka Tano (voz de Ashley Eckstein), e juntos partem numa missão de localizar o filho sequestrado do perigoso gangster Jabba the Hutt, cujo resgate com sucesso teria importante conotação estratégica para os rumos da guerra, numa aliança política com o criminoso que controla rotas importantes de navegação. Participam também da história os mestres Jedi Mace Windu (voz de Samuel L. Jackson), Yoda (voz de Tom Kane) e Obi-Wan Kenobi (voz de James Arnold Taylor), a diplomata e senadora da República Padmé Amidala (voz de Catherine Taber), além dos vilões Conde Dooku (voz do veterano Christopher Lee) e Asajj Ventress (voz de Nika Futterman). Diversão garantida com muita ação, cenas de batalhas entre clones da República e andróides do Império, tiroteios, perseguições, lutas com sabres de luz e todos os elementos característicos e sempre presentes na saga “Star Wars”.
“Star Wars: The Clone Wars” (Estados Unidos, 2008) # 509 – data: 16/08/08
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Encarnação do Demônio (Brasil, 2008)


Terceiro filme da trilogia do personagem “Zé do Caixão”, de José Mojica Marins, filmado 40 anos depois de “Esta Noite Encarnarei em Teu Cadáver” (1968), seqüência de “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1963). Zé do Caixão está preso e finalmente é libertado. Uma vez nas ruas, ele continua seu projeto obsessivo em busca de uma mulher ideal para gerar o filho perfeito que continuaria seu sangue e existência. Porém, em seu caminho ele encontra desafetos e perseguidores que recebem as piores torturas e mortes violentas. Filmaço nacional, ousado e repleto de cenas de extremo horror, com direito a baratas, ratos e aranhas verdadeiras, banhos de sangue, ganchos rasgando a carne, boca costurada, pele arrancada, dilacerações, necrofilia, canibalismo, etc. É o retorno do personagem maldito “Zé do Caixão” em grande estilo. Curiosamente, fui o único espectador numa sessão exclusiva no dia 11/08/08 às 17:55 horas no Cinemark do Shopping SP Market. Por um lado, foi uma honra para mim ter a enorme sala ao meu dispor assistindo “Encarnação do Demônio”, por outro lado é um fato lamentável o público não prestigiar tal significativo evento: um filme nacional de alto nível para atormentar o mundo e divulgar o Brasil no cenário internacional do cinema de horror.
“Encarnação do Demônio” (Brasil, 2008) # 508 – data: 11/08/08
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Nightmares and Dreamscapes: From the Stories of Stephen King (EUA / Austrália, 2006)


Battleground (episódio 1 / 60 min.)
Mini série de TV baseada em histórias de Stephen King. O episódio “Battleground” tem roteiro de Richard Christian Matheson, filho do grande Richard Matheson, veterano especialista em contos de horror e FC. O conceituado ator William Hurt é o assassino profissional Jason Renshaw, que após matar um bem sucedido fabricante de misteriosos brinquedos, recebe um pacote em seu apartamento contendo uma equipe do exército em miniatura, com soldados, armas e helicópteros. O aparentemente inofensivo brinquedo torna-se um instrumento de vingança numa batalha sangrenta no apartamento do assassino. Ótima história, efeitos especiais caprichados e atuação marcante de William Hurt, que não diz uma única palavra. Uma hora de diversão garantida.

Crouch End (episódio 2 / 60 min.)
Um jovem casal americano recém casado, Lonnie Freeman (Eion Bailey) e Doris (Claire Forlani), viajam em lua de mel para Londres, Inglaterra. Uma vez lá, o homem, um advogado bem sucedido, recebe um convite para um jantar de negócios. Ao se dirigirem ao destino, ele e sua esposa vão parar num subúrbio misterioso e obscuro chamado “Crouch End”, onde dimensões paralelas habitadas por criaturas bizarras se misturam o tempo todo, causando grande confusão. Nesse episódio da mini série de TV “Nightmares and Dreamscapes: From the Stories of Stephen King”, percebe-se claramente a influência e homenagem de King ao mestre igualmente cultuado H. P. Lovecraft, o criador dos “Mitos de Cthulhu” e de toda uma horda de seres indizíveis e imemoriais.

Umney´s Last Case (episódio 3 / 60 min.)
Um detetive particular nas Los Angeles de 1938 (William H. Macy) é um homem sedutor, admirado pelas mulheres e bem sucedido nos casos em que é contratado para a investigação. Porém, repentinamente, ele acorda um dia e as coisas a sua volta estão alteradas, principalmente depois que encontra um misterioso escritor parecido com ele fisicamente e que informa que sua vida é apenas uma ficção. O escritor busca uma fuga de sua realidade, após a morte trágica e prematura de seu filho pequeno e a conseqüente crise no relacionamento com a esposa. Esse é um episódio menos interessante e o destaque fica por conta da ótima interpretação dupla de William H. Macy, outro ator renomado que contribuiu para a série com seu talento.

The End of the Whole Mess (episódio 4 / 60 min.)
Um cineasta, Howard Fornoy (Ron Livingston), está fazendo um último e derradeiro documentário, onde conta a história de seu irmão Robert (Henry Thomas, eternamente lembrado como o garotinho Elliott de “ET – O Extraterrestre”, 1982), que sempre teve uma inteligência muito acima da média. Porém, numa das invenções dele, com o objetivo de eliminar a violência cada vez mais crescente no mundo, não imaginou um efeito colateral com conseqüências apocalípticas. Outro episódio de interesse menor, principalmente por causa do tema clichê (a disseminação de uma epidemia sem controle) e algumas situações exageradas (como a forma escolhida para colocar em prática a invenção que eliminaria a violência urbana e daria um fim às guerras).

The Road Virus Heads North (episódio 5 / 60 min.)
Richard Kinnell (Tom Berenger) é um famoso escritor de livros de horror, que após participar de uma convenção e fazer um exame médico preliminar, descobre a possibilidade de um problema sério no resultado. Abalado com a notícia, as coisas pioram progressivamente depois que ele compra um misterioso quadro com uma pintura bizarra, de autoria de um homem que se suicidou. A partir daí, o escritor passa a ser atormentado por visões de um assassino, enquanto não consegue se livrar do quadro, cuja ilustração muda-se constantemente. Tom Berenger é um grande ator, mas não foi capaz de conseguir despertar o interesse nessa história fraca de Stephen King, resultando em outro episódio comum e esquecível da série.
“Nightmares and Dreamscapes: From the Stories of Stephen King” (Estados Unidos / Austrália, 2006) # 507 – data: 02/08/08
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Devil´s Den (EUA, 2006)


Depois da seqüência do bar dos vampiros, com uma carnificina de grandes proporções, em “Um Drink no Inferno” (From Dusk Till Dawn, 1996), de Robert Rodriguez, vários filmes posteriores se utilizaram dessa idéia, como por exemplo “Devil´s Den” (2006), que tem como única curiosidade que merece citação a presença de Ken Foree, eternamente lembrado por “Despertar dos Mortos” (1978), de George Romero. No mais, é uma grande besteira e perda de tempo, onde um grupo formado por uma assassina profissional (Kelly Hu), um estranho caçador de monstros (Foree) e um babaca que distribui pílulas alucinógenas em festas (Devon Sawa), tenta sobreviver lutando contra uma horda de dançarinas canibais deformadas, após entrarem numa boate no meio do nada.
“Devil´s Den” (Estados Unidos, 2006) # 506 – data: 01/08/08
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Km 31 (México / Espanha, 2006)


Outro filme sobre fantasmas perturbados, uma temática muita utilizada principalmente pelo cinema oriental. “Km 31” é uma co-produção entre México e Espanha, baseada em fatos reais. No Km 31 de uma estrada, acidentes e supostos atropelamentos sempre acontecem de forma misteriosa, envolvendo a aparição sinistra de um menino. Depois que uma moça se envolve violentamente num acidente e é hospitalizada em coma, sua irmã gêmea que tem uma ligação psíquica com ela, passa a sentir seu desespero na procura de uma solução para um mistério histórico. Tem um clima pesado de suspense que procura prender a atenção do espectador, porém a história exagera na fantasia, investindo em situações inverossímeis que desviam boa parte do interesse.
“Km 31” (México / Espanha, 2006) # 505 – data: 31/07/08
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Cativeiro (Captivity, EUA / Rússia, 2007)


Com direção do inglês Roland Joffé, “Cativeiro” (Captivity) é apenas mais um thriller comum e com ausência de ousadia. Uma bela modelo é seqüestrada e acorda num cativeiro, onde encontra um homem aparentemente em situação similar. Ambos são mantidos e observados por um homem misterioso. As condições adversas aproximam o casal para um envolvimento amoroso, culminado numa reviravolta no desfecho. Filme passageiro e facilmente esquecível.
“Cativeiro” (Captivity, Estados Unidos / Rússia, 2007) # 504 – data: 30/07/08
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Morra ou Diga Sim (Say Yes / Sae-yi Yaeseu, Coréia do Sul, 2001)

Mais um bom exemplo do cinema de horror oriental. Um psicopata urbano decide perseguir um jovem casal em férias numa cidade à beira do mar. O filme faz questão de apresentar o casal de forma a criar uma inevitável identificação e empatia com o espectador, fazendo-nos sentir o tormento enfrentado por eles. Os momentos finais são perturbadores e memoráveis. Recomendável.
“Morra ou Diga Sim” (Say Yes / Sae-yi Yaeseu, Coréia do Sul, 2001) # 503 – data: 29/07/08
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Por Trás da Máscara - O Surgimento de Leslie Vernon (Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon, EUA, 2006)


Outro filme que brinca com os clichês e convenções já banalizadas do cinema “slasher”, servindo às vezes de paródia do gênero e às vezes como uma espécie de homenagem. Uma equipe de TV filma os bastidores das ações, estratégias e planejamentos de um psicopata mascarado em ascensão. Curiosamente, tem as participações de Robert Englund (o eterno “Freddy Krueger” da franquia “A Hora do Pesadelo”) e Zelda Rubinstein (a sensitiva baixinha de “Poltergeist”).
“Por Trás da Máscara - O Surgimento de Leslie Vernon” (Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon, Estados Unidos, 2006) # 502 – data: 28/07/08
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Halloween (Halloween, EUA, 2007)


O novo “Halloween”, de Rob Zombie, é um filme totalmente diferente do original de John Carpenter (1978), que investia mais no clima de suspense. Nessa nova versão, tem mais mortes e mais violentas, e ao especular sobre a infância de Michael Myers ele deixou de ser aquele psicopata filho da puta que matava por instinto e sem explicações sobre seu passado. Acho que Rob Zombie banalizou o personagem... As únicas coisas memoráveis e dignas de nota são: a presença da bela esposa do diretor (Sheri Moon Zombie) no papel da Sra. Myers, o excesso de palavras de baixo calão e cenas de putaria, numa ousadia bem vinda do diretor (fazia tempo que não ouvia tantas vezes a palavra “fuck” num filme), e o elenco repleto de atores veteranos e com participação importante no cinema fantástico como Malcolm McDowell, Brad Dourif, Udo Kier, William Forsythe, Danny Trejo, Ken Foree e Dee Wallace Stone.
“Halloween” (Estados Unidos, 2007) # 501 – data: 13/07/08
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Viagem ao Centro da Terra – O Filme (Journey to the Center of the Earth, EUA, 2008)


Viagem ao Centro da Terra” (versão 2008) não correspondeu às expectativas nem metade do que esperava. O filme tinha que ter uma duração maior e não apenas a metragem tradicional de uma hora e meia. O clássico de 1959, de Henry Levin e com James Mason, com mais de 2 horas, é muito mais divertido, mesmo sem efeitos especiais modernos. E por que a “PlayArte” (que é especialista na escolha de péssimos títulos nacionais) colocou o subtítulo “O Filme”? A resposta é simples: Incompetência.
“Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth, Estados Unidos, 2008) # 500 – data: 12/07/08
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Corvos (Kaw, EUA, 2007)


Apenas mais um filme comum de diversão questionável e passageira, abordando a temática da “revolta da natureza contra a humanidade”, a qual teve seu ápice com o clássico de Alfred Hitchcock “Os Pássaros” (The Birds, 1963). Em “Corvos”, uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos é invadida por uma revoada de corvos que se unem e agem de forma inteligente para atacar violentamente as pessoas. O xerife local, Wayne (Sean Patrick Flanery), está à frente de um grupo de habitantes que tentam sobreviver ao ataque dos pássaros. Curiosamente, o agora veterano Rod Taylor, do clássico “A Máquina do Tempo” (1960), e que também foi o protagonista de “Os Pássaros”, foi convidado a sair da aposentadoria e participou de “Corvos” fazendo o papel coadjuvante de um médico.
“Corvos” (Kaw, Estados Unidos, 2007) # 499 – data: 07/07/08
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A Fera Assassina (Big Bad Wolf, EUA, 2006)


Filme de lobisomem que homenageia claramente o clássico “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981), de John Landis, e que tenta inserir novas situações à mitologia tradicional da licantropia no cinema, com resultados questionáveis e reações diferentes entre os apreciadores do estilo. Particularmente, não gostei das piadas idiotas, dos adolescentes fúteis (ainda bem que morreram de forma dolorosa) e do fato do monstro falar com suas vítimas, apesar do uso constante de ironias e deboche contra suas presas vulneráveis. Mas, por outro lado, vale ressaltar a ousadia do diretor Lance W. Dreesen nas cenas fortes de violência, com sangue em demasia, tripas, desmembramentos, castração e diversas atrocidades exibidas à vontade. O filme preferiu explorar mais o lado humano (com as piadas e falas do predador) do que o lado animal na condição de uma fera irracional na mutação entre o homem e o lobo, e essa escolha pode influenciar na apreciação final do espectador. Em resumo, para mim esse fato foi negativo, mas houve a compensação com a enxurrada de sangue e vísceras. O final, convencional e óbvio, permite um gancho para continuação.
Lançado em DVD no Brasil como “A Fera Assassina”.
“Big Bad Wolf” (Estados Unidos, 2006) # 498 – data: 15/06/08
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Fim dos Tempos (The Happening, EUA / Índia, 2008)


Estreando nos cinemas brasileiros em 13/06/08, o cineasta indiano radicado nos Estados Unidos M. Night Shyamalan (especialista em filmes do gênero fantástico) nos brinda novamente com uma história intrigante. Estrelado por Mark Wahlberg (que é apenas um ator esforçado, mas nitidamente deficiente no ofício), acompanhado da bela morena de olhos azuis Zooey Deschanel, o filme mostra como um fenômeno natural pode levar a humanidade a pensar no “fim dos tempos”, como sugere o título nacional. E mostra também o poder da natureza em revolta contra a raça predominante do planeta, que progressivamente tem causado a sua destruição. O mais interessante é justamente acompanhar o drama dos protagonistas tentando sobreviver contra a ameaça de algo completamente estranho e misterioso, não sabendo como agir e nem para onde ir, num desconforto realmente perturbador.
“Fim dos Tempos” (The Happening, Estados Unidos / Índia, 2008) # 497 – data: 14/06/08
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O Orfanato (El Orfanato, Espanha / México, 2007)



Ótimo filme sobre fantasmas perturbados, com ambientação num casarão antigo, que serviu de orfanato no passado e que guarda um terrível e misterioso segredo oculto há décadas. Remete-nos diretamente para um outro excelente filme de casa assombrada, “Os Outros” (The Others, 2001), com a bela Nicole Kidman. Sem a exposição de sangue, e apenas explorando um horror psicológico, o filme é envolvente e prende a atenção do espectador à espera angustiante do desfecho.
“O Orfanato” (El Orfanato, Espanha / México, 2007) # 496 – data: 14/06/08
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Carver (Carver, 2008)


O cineasta Franklin Guerrero Jr. tem apenas dois trabalhos no currículo (onde faz de tudo, direção, produção e roteiro), e ambos são filmes de horror extremamente violentos, levando-nos a imaginar que sua intenção é se especializar em cinema com mortes sangrentas. Em 2006 ele lançou “The 8th Plague”, filme ensangüentado de possessões demoníacas, e em 2008 foi a vez de “Carver”, uma história banal sobre assassinatos brutais de jovens numa floresta, porém caprichada no quesito violência, com exposição de grande variedade de atrocidades na tela, indo de castração com alicate, pregos na testa, passando por pauladas na cabeça, crânio explodido por marreta, até serrote no pescoço, braço dilacerado por porta...
Quatro jovens estão a caminho de uma floresta para acampar. São eles: Pete (Matt Carmody), seu irmão Bryan (Neil Kubath), e o casal de namorados Zack (Jonathan Rockett) e Rachel (Kristyn Green). No local do acampamento eles encontram uma outra garota, Kate (Ursula Taherian), que se junta a eles. Após aceitarem a oferta de um pequeno serviço para o dono de um bar local, Billy Hall Carver (David G. Holland), eles chegam até uma cabana no meio da floresta onde encontram rolos de filmes amadores com assassinatos tão chocantes que pareciam reais. Porém, os problemas iriam se tornar muito piores quando um psicopata escroto, Bobby Shaw Carver (Erik Fones), começa a persegui-los para aumentar a coleção de filmes.
Apresentado ao público como inspirado em fatos reais, a única coisa que parece mesmo ser real é a intenção em apenas mostrar violência e sangue em profusão, pois a história é tão ridícula como a de centenas de outros filmes similares. Toda a premissa básica se resume a um grupo de jovens idiotas que acampam na floresta em busca de diversão e encontram a morte dolorosa nas mãos de um psicopata. O resto é exposição de atrocidades. Tem até uma brincadeira do roteiro com um dos velhos clichês do gênero, quando uma loira acéfala, vestindo apenas lingerie, sai sozinha à noite pela floresta em busca do namorado, com o desfecho óbvio que todos os conhecedores de filmes “slasher” já sabem. “Carver” é uma salada vermelha com elementos de filmes como “O Massacre da Serra Elétrica”, “O Albergue”, “Viagem Maldita” e a série “Jogos Mortais”, que serve como entretenimento rápido pelas cenas de violência, não deixando de ser apenas mais um filme de horror trivial, ousado no sangue, mas limitado no resto.

“Carver” (Estados Unidos, 2008) # 495 – data: 25/05/08
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Dia dos Mortos (Day of the Dead, 2008)


George Romero é um cineasta consagrado, principalmente por seus filmes de zumbis. Ele dirigiu “A Noite dos Mortos-Vivos” (Night of the Living Dead, 1968), “Despertar dos Mortos” (Dawn of the Dead, 1978), “Dia dos Mortos” (Day of the Dead, 1985), e “Terra dos Mortos” (Land of the Dead, 2005), todos com roteiros carregados de ultra violência e interessantes críticas sociais. Seus filmes inspiraram novas versões, algumas boas e outras péssimas.
Em 1990, o primeiro filme de Romero serviu de base para uma refilmagem de Tom Savini, que honrou a saga. Em 2004, foi a vez do segundo filme inspirar a produção de “Madrugada dos Mortos” (Dawn of the Dead), de Zack Snyder, que trouxe a novidade em tornar os zumbis velocistas e mais predadores e ferozes que de costume (esse filme não foi uma unanimidade positiva entre os fãs, mas eu pessoalmente gostei). Em 2005, os oportunistas e incompetentes Ana Clavell e James Glenn Dudelson dirigiram uma bomba chamada “Dia dos Mortos 2: O Contágio” (Day of the Dead 2: Contagium), uma tranqueira que usou o título do filme de Romero, mas que não é uma continuação. E em 2008 chegou a vez da refilmagem “Dia dos Mortos” (Day of the Dead), de Steve Miner, uma produção da “Nu Image”, conhecida pelos péssimos filmes de seu catálogo.
O fato de ter a direção de um cineasta habituado ao horror como Steve Miner (“Sexta-Feira 13” partes 2 e 3, “A Casa do Espanto”, “Warlock – O Demônio”, “Halloween H-20”, “Pânico no Lago”) não trouxe credibilidade ao projeto, pois o filme é um lixo dispensável que não acrescenta nada à mitologia dos zumbis nem aos filmes de George Romero. A melhor palavra que o define é “clichê”, com um elenco amador, e um roteiro assinado por Jeffrey Reddick que é uma ofensa à inteligência do público, com piadas idiotas e personagens fúteis e descartáveis. Tem muito sangue, violência, corpos putrefatos, gosmas escorrendo para todos os lados. Porém, isso é absolutamente inexpressivo sem uma história com um mínimo de interesse. Fazer filmes violentos e repletos de mortos vivos devoradores de carne humana já é algo comum demais. A violência no cinema está se tornando banal, sendo necessário criar e oferecer algo adicional, mesmo que pequeno. Mas, definitivamente, o que menos o cinema americano tem para oferecer é criatividade. Como dinheiro fácil é o mais importante no pensamento dos produtores mercenários, a idéia é apostar em refilmagens descartáveis (outro exemplo é a onda de lançamentos de filmes americanos baseados nas boas produções orientais, a maioria com fantasmas perturbados).
Filmado na Bulgária, e com uma equipe imensa de produtores (característica da “Nu Image”), entre eles os picaretas Boaz Davidson, Avi Lerner e o já citado James Glenn Dudelson, a versão de 2008 de “Dia dos Mortos” é tão ruim que não merece mais do que poucas linhas para contar a história medíocre: uma dupla de soldados, Sarah Bowman (Mena Suvari), e o idiota Salazar (Nick Cannon, autor de piadas constrangedoras obrigando-nos a torcer por sua morte o mais dolorosa possível), se juntam a um casal de jovens fúteis, Trevor (Michael Welch), irmão de Sarah, e sua namorada Nina (AnnaLynne McCord), que demonstraram uma improvável habilidade com armas de fogo. O grupo tenta sobreviver a um ataque de mortos-vivos super ágeis (aqui a idéia tradicional de zumbis lentos também foi abandonada), infectados por uma doença desconhecida.
Existe a tentativa sem sucesso de apresentar alguns dos mesmos personagens do filme original de 1985, como Sarah, Salazar, o cientista Dr. Logan (papel agora de Matt Rippy), Capitão Rhodes (Ving Rhames, em péssima atuação), e até o zumbi Bub, que se transformou numa espécie de mascote desse sub-gênero do horror, mas que foi totalmente ridicularizado na refilmagem, interpretado por Stark Sands, um soldado mordido por um infectado. De uma maneira geral, o novo “Dia dos Mortos” tem pouquíssimas relações com o filme original de 1985, apresentando uma história excessivamente diferente e sem interesse, abusando da liberdade de criação artística (e nesse caso, de “destruição artística”, com uma história ridícula). Exagerando nos clichês, na gritaria e correrias desenfreadas, nos tiroteios ensurdecedores, convidando o espectador ao sono. Não consegue prestar nenhuma homenagem, não acrescenta nada e ainda desonra o universo ficcional dos mortos-vivos de George Romero. Já encheu o saco assistir filmes com infectados podres perseguindo os vivos, com exceção notável dos dois ótimos filmes da franquia “Extermínio”, da dupla de ingleses Danny Boyle e Alex Garland.

Obs.: Como o assunto desse texto também é o diretor George Romero, o “pai dos mortos-vivos”, vale registrar que em 2007 ele lançou um quinto filme dentro do sub-gênero em que é especialista. Trata-se de “Diary of the Dead”, utilizando a moda de histórias filmadas com câmeras de mão em primeira pessoa. E existe o projeto de uma seqüência em 2009.

“Dia dos Mortos” (Day of the Dead, Estados Unidos, 2008) # 494 – data: 22/05/08
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O Nevoeiro (The Mist, 2007)


A filmografia baseada na obra literária de Stephen King é muito grande e normalmente considerada de qualidade duvidosa, com algumas exceções. Mas, o ano de 2007 revelou dois filmes especialmente relevantes que foram dignos das histórias de King: “1408” e “O Nevoeiro” (The Mist), onde este último entrou em cartaz nos cinemas brasileiros somente no final do primeiro semestre de 2008, baseado na novela homônima do famoso autor, e que foi publicada em 1985 na coletânea “Tripulação de Esqueletos” (Skeleton Crew). O roteiro e direção são de Frank Darabont, o mesmo de outras duas ótimas adaptações de King, “Um Sonho de Liberdade” (The Shawshank Redemption, 1994), com Morgan Freeman, e “À Espera de Um Milagre” (The Green Mile, 1999), com Tom Hanks.

David Drayton (Thomas Jane) é um artista que faz ilustrações para posters de filmes (curiosamente, em sua galeria aparece o cartaz de “O Enigma de Outro Mundo”, filme de 1982 dirigido por John Carpenter). Ele vive nos arredores de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos e quando vai com o filho pequeno, Billy (Nathan Gamble), até o supermercado fazer compras de mantimentos após uma severa tempestade que derrubou árvores em sua propriedade, ele é surpreendido por um misterioso fenômeno, um nevoeiro colossal. Uma vez refugiado no interior da loja, juntamente com várias outras pessoas, entre elas a professora Amanda Dumfries (a bela Laurie Holden), a fanática religiosa Sra. Carmody (Marcia Gay Harden), e seu vizinho encrenqueiro e cético Brent Norton (Andre Braugher), David descobre que o nevoeiro esconde criaturas horrendas de todos os tipos, desde monstros enormes com tentáculos até insetos alados menores, além de aranhas e outros seres similares. Agora, seu desafio é tentar entender o que aconteceu, defender a vida de seu filho e sobreviver tanto ao ataque dos monstros repulsivos ocultos na névoa quanto dos conflitos da própria raça humana, gerados no interior do supermercado nos momentos de adversidade.

Um ótimo filme de horror, com final perturbador e a presença de criaturas indizíveis e grotescas que parecem vindas diretamente da literatura macabra de outro escritor famoso, H. P. Lovecraft, que talvez tenha servido de influência para Stephen King criar sua história. Temos também a tradicional “conspiração militar”, com o Exército sempre envolvido em projetos secretos, escondendo da opinião pública suas atividades obscuras, além da exploração bem arquitetada das conseqüências equivocadas do fanatismo religioso e os conflitos pessoais da espécie humana, onde os relacionamentos tensos passam também a tornarem-se uma preocupação para a sobrevivência, quando um grupo de pessoas está acuado num lugar fechado e isolado, sob a ameaça de algo desconhecido.

“O Nevoeiro” (The Mist, Estados Unidos, 2007) # 493 – data: 21/05/08
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A Dama na Água (Lady in the Water, 2006)


O cineasta indiano radicado nos Estados Unidos M. Night Shyamalan tornou-se famoso de forma instantânea em 1999 com “O Sexto Sentido” (The Sixth Sense). A partir daí, ele lançou outros filmes que não conseguiram igualar o mesmo resultado, mas que o rotularam como um diretor comercial associado ao gênero fantástico, sempre apresentando histórias interessantes (onde também é o autor dos roteiros). Foram assim com “Corpo Fechado” (Unbreakable, 2000), “Sinais” (Signs, 2002) e “A Vila” (The Village, 2004). É um cineasta comercial, pois seu nome já desperta um interesse especial como marketing para a indústria de cinema, também reforçado por trabalhar com atores renomados como Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Mel Gibson, Joaquin Phoenix, Adrien Brody, William Hurt, Sigourney Weaver e Paul Giamatti. Seu perfil está definitivamente ligado ao fantástico, pois todos os seus filmes mais importantes investem na utilização de situações sugestivas (ao invés de violência e sangue) e sempre possuindo fortes elementos de horror, suspense, ficção científica e fantasia. Aliás, esse último sub-gênero é o foco principal de “A Dama na Água” (Lady in the Water, 2006), que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 01/09/06.

Um zelador de um condomínio de prédios, Cleveland Heep (Paul Giamatti), que vive atormentado por um passado marcado por violência, encontra uma bela mulher, Story (Bryce Dallas Howard), que surgiu da piscina. Ele descobre que ela é uma “narf”, uma criatura aquática que veio para tentar ajudar a humanidade. Porém, ela é ameaçada por uma fera similar a um lobo, com pelagem verde e extremamente agressiva, que a impede de retornar ao seu mundo. Cabe ao zelador descobrir todos os elementos que envolvem literalmente esse “conto de fadas” para tentar salvar a vida de Story e ajuda-la a retornar para casa.

Shyamalan baseou-se numa história poética e sensível que criou para contar aos seus filhos, transformando-a em filme. Aliás, um filme com ritmo mais cadenciado, investindo mais num drama com elementos fantásticos, apresentando uma mitologia com seres retirados tipicamente de uma “história de ninar”. Apesar da narrativa excessivamente pausada, da falta de situações mais tensas, da existência de alguns personagens patéticos e sem importância, além do desfecho previsível e convencional (fugindo totalmente das reviravoltas e finais surpresas de seus filmes anteriores), “A Dama na Água” tem seus bons momentos de entretenimento, principalmente nas cenas entre Cleveland e Story, com ótimas interpretações de Paul Giamatti (que atuou sob forte maquiagem na versão de 2001 de “Planeta dos Macacos”) e da jovem Bryce Dallas Howard (que também esteve em “A Vila”).

“A Dama na Água” (Lady in the Water, Estados Unidos, 2006) # 492 – data: 07/04/08
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O Exército do Extermínio (The Crazies, 1973)



Um avião cai próximo a Evan´s City, uma pequena cidade no Estado americano da Pennsylvania. Porém, ele estava transportando uma carga perigosa, um tipo de arma bacteriológica, num projeto secreto chamado “Trixie”. O vírus contagioso de uma vacina experimental criada em laboratório atinge a reserva de água local e chega até os habitantes da cidade, que foram contaminados e passaram a demonstrar sinais de loucura, com comportamentos violentos. O exército logo interfere, invadindo a cidade para tentar conter a epidemia, instaurando um estado de quarentena, sob o comando do Major Ryder (Harry Spillman) e do Coronel Peckem (Lloyd Hollar), que recebem o auxílio do cientista Dr. Watts (Richard France), que estuda o vírus para descobrir um antídoto, a possibilidade de alguém imune à doença e uma forma de controlar o contágio. No meio da imensa confusão e caos que se abateu sobre a cidade dominada pelo exército, um grupo de habitantes tenta entender a situação e escapar, formado pelos bombeiros Clank (Harold Wayne Jones) e David (W. G. McMillan), a namorada grávida de David, a enfermeira Judy (Lane Carroll), além de um pai de família, Artie (Richard Liberty), e sua filha Kathy (Lynn Lowry).

O Exército do Extermínio” (The Crazies) é uma produção de 1973 com direção do especialista George Romero, o pai dos zumbis no cinema, que lançou cinco anos antes o clássico “A Noite dos Mortos-Vivos” (Night of the Living Dead). O tema pode ser considerado hoje como algo comum e largamente explorado, mas para o início dos anos 70 do século passado, a ideia despertava bastante interesse, ao mostrar uma cidade sitiada pelo exército para tentar conter uma epidemia catastrófica, transformando as pessoas em assassinas enlouquecidas, por causa dos efeitos descontroláveis de um vírus experimental de guerra. Os militares tratam o assunto como um problema que deve ser solucionado de forma lógica, ou seja, utilizando de violência e extermínio se necessário, para evitar conseqüências piores, como uma disseminação em larga escala para outras cidades. Por isso, não faltam tiroteios, desespero, loucura, assassinatos frios, mortes violentas, de ambos os lados, tanto dos soldados do exército invasor, como dos habitantes que tentam resistir e fugir do caos. É um dos filmes da carreira de Romero que é sempre lembrado por seus fãs, e também como uma referência da temática de epidemia e forma violenta de tentar mantê-la sob controle.
O filme foi lançado em DVD por aqui pela “Cult Classic” em 2010 com o nome “Exército de Extermínio”. E curiosamente, aumentando as estatísticas de refilmagens (e confirmando a falta de criatividade dos roteiristas), o filme também ganhou a sua versão mais atualizada, lançada em 20/08/10 nos cinemas brasileiros como “A Epidemia”, com direção de Breck Eisner..

O Exército do Extermínio” (The Crazies, Estados Unidos, 1973) # 491 – data: 27/03/08
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O Sótão (The Attic, 2008)


O Sótão” (The Attic, 2008) é um daqueles filmes apenas comuns que são produzidos em grande escala nos Estados Unidos. Para nós, brasileiros, podemos usar como referência para defini-lo, a associação com a tradicional sessão “Supercine”, dos sábados noturnos da TV Globo, onde são exibidos frequentemente aqueles filmes de suspense mornos e sem atrativos significativos.
As únicas curiosidades que se podem notar é a direção de Mary Lambert, mais conhecida por “O Cemitério Maldito” (Pet Sematary, 1989), inspirado em livro de Stephen King, e também pela continuação lançada três anos depois, além da presença do veterano ator John Savage, um rosto conhecido por uma infinidade de filmes menores (seu currículo conta com quase 150 filmes).

Uma jovem, Emma Callan (Elisabeth Moss) muda-se com sua família para um casarão que tem um sótão misterioso. Sentindo-se incomodada pela presença de alguém que alega ser sua irmã gêmea desaparecida, ela entra num processo de depressão e não sai de casa de forma alguma, apesar das tentativas dos pais Graham (John Savage) e Kim (Catherine Mary Stewart), e do irmão meio retardado Frankie (Tom Malloy, que além de ator, escreveu a história do filme e foi um dos produtores). Emma recebe o auxílio do psiquiatra Dr. Perry (Thomas Jay Ryan) em várias sessões de análise sem resultados, e tem um amigo, John Trevor (Jason Lewis), um paramédico que também faz pequenos trabalhos de detetive, e que tenta ajuda-la na investigação de seu passado obscuro e da irmã. Juntos, eles tentam descobrir o mistério do sótão e das sinistras aparições.

Fraco e sem graça, o filme é sonolento e óbvio demais, misturando elementos de uma fórmula desgastada ao extremo, com uma história de alucinações, passado misterioso e loucura. Tudo é muito previsível e o final é o mesmo de centenas de outros filmes similares. É curioso observar como existem profissionais do cinema que ainda insistem com filmes tão insignificantes, ainda mais uma diretora que ficou relativamente conhecida pelo interessante “O Cemitério Maldito”.

“O Sótão” (The Attic, Estados Unidos, 2008) # 490 – data: 19/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 20/03/08)

O Olho do Mal (The Eye, 2008)


Depois que os americanos descobriram que na Ásia (Japão, China / Hong Kong, Tailândia e Coréia do Sul) existe uma produção de qualidade de filmes de horror, muitos deles explorando com maestria o tema de fantasmas perturbados, eles iniciaram uma moda de refilmagens desses filmes de sucesso orientais. “O Chamado”, “O Grito” e “Shutter” são apenas alguns exemplos. Agora, chegou a vez do chinês “The Eye – A Herança” (Gin Gwai / The Eye, 2002) ganhar a sua versão americana, “O Olho do Mal” (The Eye, 2008), dirigido pelos franceses David Moreau e Xavier Palud, criadores do excelente “Eles” (Ils / Them, 2006). Com estréia nos cinemas brasileiros em 14/03/08, o filme é estrelado pela estonteante Jessica Alba.

Uma violinista talentosa, Sydney Wells (Jessica Alba), perdeu a visão num acidente de infância. Depois de muitos anos cega, ela se submete a um transplante de córneas e volta a enxergar, com a visão retornando gradativamente num processo lento. Porém, além de ter que aprender a identificar novamente cores e formas ao seu redor, ela também precisa compreender a ocorrência de estranhas imagens de vultos e fantasmas relacionados às mortes que ela tem presenciado ou previsto. Sydney recebe a ajuda do Dr. Paul Faulkner (Alessandro Nivola), um terapeuta especialista na adaptação de cegos que retornam a enxergar depois de muito tempo, e juntos eles precisam descobrir quem foi o doador das córneas, e tentarem desvendar o mistério por trás das aparições sinistras.

“O Olho do Mal” é um título nacional péssimo e apelativo, pois poderia ser simplesmente a tradução literal para “O Olho”. Aliás, os títulos nacionais são tão mal escolhidos que geram uma enorme bagunça com os nomes. Esse filme é uma refilmagem de um original chinês que aqui recebeu o nome de “The Eye – A Herança”. Ainda foram produzidas outras duas seqüências da franquia, com histórias independentes, “Visões” (Gin Gwai 2 / The Eye 2, 2004) e “Visões 2 – A Vingança dos Fantasmas” (Gin Gwai 10 / The Eye 10, 2005). Todos os três filmes foram dirigidos pelos irmãos Oxide e Danny Pang.
A refilmagem americana é desnecessária, e só demonstra a falta de vontade e criatividade da mais rica e poderosa indústria de cinema do mundo. Os americanos são tão arrogantes que precisam refilmar as histórias de sucesso de outros países. O público de lá não gosta mesmo de ler legendas e precisam ter seus próprios filmes. “O Olho do Mal” é apenas um filme comum, com alguns sustos previsíveis e a aparição de fantasmas raivosos, mostrando uma história que já foi contada pelo filme dos irmãos Pang, e talvez possa agradar quem ainda não conhece sua fonte de inspiração. Porém, para quem já conhece a história, a produção americana não acrescenta nada, nem para a franquia, nem para o cinema de horror em geral.

“O Olho do Mal” (The Eye, Estados Unidos, 2008) # 489 – data: 16/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/03/08)

A Invasora (À L´intérieur, França, 2007)


A França já nos presenteou com o sangrento “Alta Tensão” (Haute Tension / High Tension, 2003), de Alexandre Aja, o mesmo cineasta da refilmagem “Viagem Maldita”. Agora, novamente de lá vem uma outra produção extremamente perturbadora e sanguinolenta, com doses excessivas de ultra violência: “A Invasora” (À L´intérieur / Inside, 2007), dirigida por Alexandre Bustillo e Julien Maury (responsáveis pela refilmagem de “Hellraiser”). Foi lançado no mercado nacional de DVD pela “California Filmes” no final de 2007 e é um daqueles filmes diferenciados, longe da grande maioria de histórias convencionais que são produzidas aos montes em todos os cantos do planeta. Aqui, a violência é crua e o sangue jorra em profusão, manchando a tela de vermelho.

A história é simples, mas eficiente. Uma mulher, Sarah (Alysson Paradis), está grávida e angustiada pela morte brutal do marido numa colisão frontal do carro em que dirigia. Por sorte ela sobreviveu ao acidente, assim como o bebê que carrega no ventre, e agora está esperando seu nascimento. Porém, na noite que precede o Natal, ela recebe a visita inesperada de uma misteriosa mulher (Béatrice Dalle), que logo demonstra ser uma grande ameaça para sua vida, invadindo sua casa e instaurando o caos, desespero e horror no ambiente. Quem será ela e quais seus objetivos?

O filme não economiza no derramamento de sangue e na violência das várias mortes que acontecem. O clima de tensão é constante e intenso, deixando o espectador incomodado e totalmente concentrado nas ações e evolução do roteiro, ávido por saber o desfecho e descobrir respostas para algumas perguntas. As cenas em que aparece o bebê na barriga de Sarah são todas pertinentes e de fundamental importância, mostrando suas reações ao sentir o desespero da mãe na luta pela sobrevivência e na defesa da vida do filho ainda por nascer. A violência contra o ventre da mulher grávida é especialmente perturbadora e pode ser considerado o destaque na aclamada ousadia dos cineastas ao fazerem seu filme. “A Invasora” é altamente recomendável para quem quer ver um filme não convencional, sem fantasias sobrenaturais, fantasmas ou monstros disformes, mas com violência excessiva causada pela pior e mais perigosa criatura: o próprio ser humano.

“A Invasora” (À L´intérieur / Inside, França, 2007) # 488 – data: 15/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 15/03/08)

Palhaço Assassino (Clownhouse, 1989)


Nenhum homem pode se esconder de seus medos. Eles fazem parte dele. Eles sempre saberão onde ele está escondido

Três irmãos adolescentes, o caçula Casey Collins (Nathan Forrest Winters), Geoffrey (Brian McHugh) e o mais velho Randy (Sam Rockwell), passam a noite sozinhos numa grande casa (o pai está ausente por causa do trabalho e a mãe está fora visitando parentes). Paralelamente, três doentes mentais perigosos escapam de uma clínica psiquiátrica e vão até um circo instalado na região. Eles matam os palhaços que acabaram de fazer uma apresentação e tomam suas fantasias, pintando os rostos e transformando-se nos lunáticos Cheezo (Michael Jerome West), Bippo (Byron Weible) e Dippo (David C. Reinecker), que decidem aterrorizar os jovens, especialmente o coulrofóbico Casey.

Quando o assunto é filme de horror com palhaços, um dos mais lembrados é “Palhaço Assassino” (Clownhouse, 1989), escrito e dirigido por Victor Salva, cineasta mais conhecido por “Olhos Famintos” (Jeepers Creepers, 2001) e a seqüência de 2003. O título nacional é bem ruim e apelativo e quase se confunde com “Palhaços Assassinos”, uma bagaceira cultuada misturando horror e ficção científica, com alienígenas parecidos com palhaços chegando ao nosso planeta e se alimentando dos humanos, cujo título original é o sonoro “Killer Clowns From Outer Space”.
“Clownhouse” aborda intencionalmente a coulrofobia, ou seja, o medo de palhaços, um tema também visto em outros filmes como “It – A Obra Prima do Medo” (It, 1990), baseado em texto de Stephen King. Ele lembra um pouco “Sozinho no Escuro” (Alone in the Dark, 1982), que também tem um grupo de quatro maníacos (com Jack Palance e Martin Landau entre eles) fugindo de um hospício e aterrorizando um grupo de pessoas isoladas numa casa (com Donald Pleasence à frente).
Mas “Palhaço Assassino” não apresenta nada de especial, limitando-se a explorar a fobia por palhaços com um grupo de jovens sendo perseguidos e lutando por suas vidas. Temos algumas boas doses de suspense e as correrias de praxe. Mas, no final, tudo é comum e sem grandes atrativos. Vale conhecer o filme pela curiosidade do tema e por Victor Salva, que ganhou certa notoriedade pela franquia “Olhos Famintos”.

“Palhaço Assassino” (Estados Unidos, 1989) # 487 – data: 13/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 14/03/08)

Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959 / 64) - série de TV


Esta porta se abre com a chave da imaginação. Atrás dela existe outra dimensão. Uma dimensão de sonho. Uma dimensão de imagens. Uma dimensão mental. Vocês estão entrando num mundo cheio de sombras e substância, de coisas e idéias. Pois vocês passaram para Além da Imaginação

A série de TV “Além da Imaginação” (The Twilight Zone), ou “A Zona do Crepúsculo”, numa tradução literal do original em inglês, criada e apresentada pelo genial Rod Serling (1924 / 1975), dispensa maiores comentários, pois é uma das mais conhecidas e cultuadas séries da telinha apresentando episódios com histórias ambientadas num universo fantástico, alternando ou mesclando elementos de horror, ficção científica e fantasia. Ela teve no total 138 episódios de 25 minutos de duração e mais 18 episódios de 50 minutos, em 5 temporadas entre o final dos anos 50 e meados da década de 60 do século passado. Produzida em preto e branco e filmada com baixo orçamento, os efeitos especiais são extremamente modestos (mesmo para a época de cerca de 50 anos atrás), e sua maior qualidade está no alto nível das histórias.
Entre 1985 / 1989 e depois entre 2002 / 2003, tivemos novas versões da série, mas ambas (e principalmente a mais nova, narrada pelo ator Forest Whitaker) não conseguiram igualar o nível das histórias e especialmente o “charme” único do original.
Já escrevi anteriormente dois artigos detalhados sobre a série em geral e enfocando mais especificamente os episódios “O Túmulo Submerso” (The Thirty-Fathom Grave) e “Os Invasores” (The Invaders), que estão disponíveis no blog “Juvenatrix”. Seguem os endereços:
http://juvenatrix.blogspot.com/2005/12/alm-da-imaginao-o-tmulo-submerso.html
http://juvenatrix.blogspot.com/2005/12/alm-da-imaginao-os-invasores-195964.html
Dessa forma, o objetivo desse texto é somente registrar mais algumas informações e opiniões rápidas sobre outros 29 episódios que tive acesso, gravados no formato DVD.
Atenção: nos comentários dos episódios podem existir alguns eventuais “spoilers”.
* “O Julgamento” (Judgement Night), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por John Brahm e escrito por Rod Serling.
Um homem está confuso e aparece misteriosamente “além da imaginação” à bordo de um navio que está cruzando o Oceano Atlântico, saído da Inglaterra rumo aos Estados Unidos, em plena época da Segunda Guerra Mundial, com o mar infestado de submarinos alemães. Ele é Carl Lanser (o israelense Nehemiah Persoff, outro rosto conhecido por inúmeras séries de TV da mesma época), e está bastante reflexivo, tentando lembrar de seu passado e entender porque estaria no navio. Ao ser convidado para jantar com o Capitão Wilbur (Ben Wright), ele fica nervoso e acaba revelando informações que surgem em “flashes” rápidos em sua mente, como o fato de ser alemão e ter conhecimentos de submarinos. A partir daí, uma sucessão de eventos tensos tornariam a vida de Lanser literalmente um inferno em chamas.
Novamente o grande Serling nos presenteia com uma história de horror, assombração e vingança no melhor estilo da série. Curiosamente, o ator James Franciscus, aqui ainda jovem, faz uma ponta com o Tenente alemão Mueller. Ele estrelou os filmes de ficção científica “De Volta ao Planeta dos Macacos” e “Escravos da Noite” (ambos de 1970).

* “Tempo Suficiente” (Time Enough at Last), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por John Brahm e escrito por Rod Serling, baseado em história de Lynn Venable.
Um bancário chamado Henry Bemis (Burgess Meredith), que usa um óculos de lentes grossas e é completamente obcecado por leitura (jornais, livros, revistas, periódicos, rótulos, tudo), não encontra tempo suficiente para ler, sendo pressionado pelo presidente do banco, Sr. Carsville (Vaughn Taylor), que exige que o funcionário se dedique mais ao trabalho ao invés de ficar lendo ao mesmo tempo em que atende os clientes no caixa, e também em casa onde sua esposa Helen (Jacqueline de Wit) o impede de realizar suas leituras, sempre reclamando da ausência do marido. Quando Henry decide se esconder no cofre do banco durante a hora do almoço para poder ler em paz, uma bomba de alto poder de destruição “além da imaginação” explode e arrasa a cidade. Ele, porém, se salva da destruição protegido pelas paredes do cofre e passa a vagar solitariamente pelas ruínas. Desesperado por ser o único sobrevivente do hecatombe nuclear, descobre uma biblioteca pública com centenas de livros em boas condições e agora com tempo suficiente, ele se prepara para fazer o que mais gosta na vida, sem a interferência de ninguém.
“Tempo Suficiente” é também um dos episódios mais conhecidos pelos fãs. Curto, produzido na primeira temporada e com um roteiro muito interessante explorando novamente o caos e destruição de uma guerra. Tem Burgess Meredith (que também esteve no episódio “O Emissário do Inferno”), e um desfecho marcante e memorável, daqueles que sempre lembramos quando o assunto é a série.

* “Terceiro Planeta do Sol” (Third From the Sun), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Richard L. Bare e escrito por Rod Serling, baseado em história de Richard Matheson.
O cientista especialista em armamentos de hidrogênio William Sturka (Fritz Weaver) trabalha para o governo num projeto militar voltado para a construção de bombas atômicas. Uma vez sabendo da turbulência política entre duas nações inimigas que entrarão em guerra muito brevemente, ele informa sua esposa Eve (Lori March) e filha adolescente Jody (Denise Alexander) que terão que fugir do planeta antes da explosão nuclear que devastará tudo, num plano secreto de fuga juntamente com o piloto Jerry Riden (Joe Maross) e sua esposa Ann (Jeanne Evans). Eles pretendem utilizar uma nave espacial experimental “além da imaginação” que pode viajar pelas estrelas, fugindo para um outro mundo onde acreditam existir vida similar. Porém, um agente do governo, Carling (Edward Andrews), desconfia da conspiração e tentará impedi-los.
Outro excelente episódio explorando a temática do fim do mundo com uma catástrofe nuclear, aproveitando a paranóia da época com a guerra fria entre Estados Unidos e a antiga União Soviética, instaurando o medo do holocausto na humanidade. É baseado em conto de Richard Matheson e tem Fritz Weaver no elenco, um ator com muitas participações em séries de TV dos anos 60 e 70. A nave espacial é o mesmo “disco voador” que apareceu no clássico “Planeta Proibido” (1956) e em outros episódios da mesma série de Rod Serling como “A Nave da Morte” e “Os Invasores”, ambos igualmente inspirados em histórias de Matheson. Não falta também a tradicional surpresa final.

* “O Seu Mundo Particular” (A World of His Own), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Ralph Nelson e escrito por Richard Matheson.
Gregory West (Keenan Wynn) é um escritor de peças teatrais e em “seu mundo particular” ele cria personagens ao ditar e registrar suas características num gravador, os quais transformam-se em reais, podendo depois desaparecerem ao destruir os rolos gravados das fitas. Dessa forma, ele cria Mary (Mary La Roche), uma bela e jovem mulher, para fazer-lhe companhia nos momentos de solidão enquanto trabalha nos roteiros. Porém, quando surge no escritório sua também bela esposa Victoria (Phyllis Kirk), que encontra Mary, o escritor decide explicar a sua inusitada capacidade de criar personagens vivos.
Curiosamente esse episódio curto é o primeiro em que Rod Serling aparece no final. Normalmente, ele apenas participava como narrador, e depois desse episódio ele voltou a aparecer várias outras vezes nas demais temporadas. Em “O Seu Mundo Particular” também é a primeira e única vez em que Serling interage com os personagens na história, dando aquele toque final característico “além da imaginação”, e inserindo elementos de bom humor e fantasia à história de Richard Matheson. O ator Keenan Wynn (1916 / 1986) esteve no clássico de Stanley Kubrick “Dr. Fantástico” (1964). E Phyllis Kirk estrelou “Museu de Cera” (1953), ao lado de Vincent Price.

* “Fuga Para a Morte” (Escape Clause), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Mitchell Leisen e escrito por Rod Serling.
Um homem hipocondríaco, arrogante e egocêntrico, Walter Bedecker (David Wayne), ignora o laudo de seu médico (Raymond Bailey) e continua intolerante e com doenças imaginárias. Ele é casado com a dedicada Ethel (Virginia Christine), que está cansada e fraca de cuidar do marido depressivo. Em certo momento, Walter recebe a visita do diabo, utilizando o nome de Sr. Cadwallader (Thomas Gomez), que lhe propõe um acordo “além da imaginação”: sua alma pela imortalidade. O homem com mania de doença e medo de morrer aceita o trato, mas logo se convence que fez mau negócio por sua vida se transformar em algo tedioso e sem emoção, e passa a pensar numa cláusula do contrato, onde poderia solicitar “uma fuga para a morte”.
Outro dos vários episódios da série com temática de pactos com o demônio, utilizando o tradicional clichê sobre receber algo em troca da alma. Como o assunto já é um pouco cansativo de tanto ser explorado, o episódio perde ligeiramente sua carga de intensidade e interesse, mas ainda assim diverte. David Wayne esteve no clássico “O Enigma de Andrômeda” (1971), de Robert Wise (cineasta especialista no gênero fantástico, com “O Túmulo Vazio”, 1945, “O Dia Em Que a Terra Parou”, 1951, e “Desafio ao Além”, 1963). Thomas Gomez esteve também no episódio “O Pó Mágico” (Dust).

* “O Grande Desejo” (The Big Tall Wish), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Ron Winston e escrito por Rod Serling.
Um boxeador veterano, Bolie Jackson (Ivan Dixon), está velho para as lutas e com muitas cicatrizes no rosto, que revelam a trajetória de uma vida sofrida. Seu melhor amigo é um garoto, Henry (Steven Perry), filho de uma vizinha, Frances (Kim Hamilton), que o idolatra e fala sobre uma mágica onde depois de muita concentração e fé, ele consegue realizar “grandes desejos”. Depois de machucar seriamente sua mão direita, se irritar com o empresário Thomas (Henry Scott), que não acredita mais nele, sentir-se sozinho tendo poucos ao seu lado, e entre eles o massagista Joe Mizell (Walter Burke), e enfrentar uma difícil luta contra um oponente mais jovem, Joey Consiglio (Charles Horvath), sendo brutalmente nocauteado, as coisas repentinamente invertem de situação, graças a um “grande desejo” de Henry, que somente acontece “além da imaginação”.
Rod Serling novamente apresenta aqui um episódio menos sombrio, investindo numa fábula que mostra a importância da fé de uma criança, que acreditando em grandes desejos mágicos consegue realizar coisas inexplicáveis. Porém, por outro lado, temos também um boxeador experiente, que alerta para a necessidade de encararmos a realidade da vida sem fantasias, e que diz algo como “Depois que alguém pressiona sua cabeça contra a sarjeta, você percebe que o mundo é feito de concreto e a vida não é somente um desejo”. O ator negro Ivan Dixon esteve também no episódio “Eu Sou a Noite”, da quinta fase da série.

* “Um Homem Só” (The Lonely), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Jack Smight e escrito por Rod Serling.
No futuro, James A. Corry (Jack Warden) é um homem condenado por assassinato que foi enviado para cumprir uma pena de 50 anos sozinho num asteróide. Ele recebe a visita de outros homens apenas a cada três meses, para receber provisões, sempre entregues pelo Capitão Allenby (John Dehner), acompanhado dos policiais Adams (Ted Knight) e Carstairs (James Turley). Acreditando que Corry matou em legítima defesa e sensibilizado pela solidão avassaladora em que foi submetido, tendo como companhia apenas o imenso e desolador deserto do asteróide, o Capitão Allenby deixa um presente para o prisioneiro: um robô com aparência de uma bela mulher, Alicia (Jean Marsh), programado para sentir emoções. A princípio relutante em aceitar a máquina, Corry depois encontra em Alicia a salvação para sua solidão angustiante.
“Um Homem Só” é um episódio com fortes elementos de ficção científica, abordando com eficiência e interesse o tema da solidão e de robôs humanizados, com um final marcante, como já de costume nas histórias brilhantes de Rod Serling. Jack Warden e John Dehner são atores conhecidos por participações em diversas séries de TV da época. A atriz inglesa Jean Marsh esteve na fantasia “Willow” (1988), como a Rainha Bavmorda. Jack Smight dirigiu a bagaceira de FC “Herança Nuclear” (Damnation Alley, 1977).

* “A Beleza Está Apenas Em Quem Olha” (The Eye of the Beholder), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Douglas Heyes e escrito por Rod Serling.
Janet Tyler (interpretada com o rosto coberto por Maxine Stuart, e com o rosto revelado por Donna Douglas), é uma mulher que está hospitalizada e com o rosto coberto por bandagens. Ela está sob os cuidados de um médico (William D. Gordon) que tenta recuperar sua face com tratamentos de remédios agressivos e injeções, pois ela é vítima de uma deformação que a impede de viver numa sociedade “além da imaginação”, utópica e autoritária, que não aceita diferenças entre os indivíduos, e cujo líder (George Keymas) faz constantes discursos em prol da igualdade. Após várias tentativas de reverter a deformidade, ela agora tem a última chance de se curar, aguardando apenas a remoção das bandagens para saber o resultado.
Esse episódio também é muito lembrado pelos fãs, numa interessante história de crítica social e política, explorando a idéia de igualdades e diferenças entre as pessoas sob o ponto de vista do título nacional. O desfecho surpresa segue uma das características tradicionais da série. Curiosamente, o episódio também é conhecido pelo título original “The Private World of Darkness”.

* “A Odisséia do Vôo 33” (The Odyssey of Flight 33), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Justus Addiss e escrito por Rod Serling.
Um avião está viajando tranquilamente saindo de Londres com destino à Nova Iorque. O piloto é o Capitão Farver (John Anderson, o mesmo do episódio “O Velho da Caverna”), que é acompanhado por outros membros da tripulação como os oficiais Craig (Paul Comi), Wyatt (Wayne Heffley), o engenheiro Purcell (Harp McGuire) e o navegador Hatch (Sandy Kenyon). Porém, a aeronave misteriosamente começa a viajar numa velocidade extremamente alta e em aceleração constante, fora do controle da tripulação, causando turbulências e desconfortos para os passageiros, e devido a esse estranho fenômeno “além da imaginação”, eles atravessam um portal temporal e se perdem no passado tentando reencontrar o ponto de origem novamente.
Episódio abordando viagens no tempo, novamente numa criação da mente imaginativa de Rod Serling, lançando interessantes especulações sobre os misteriosos desaparecimentos de aviões em pleno vôo (será que eles estão perdidos tentando achar o caminho de casa?).

* “A Mente e o Problema” (The Mind and the Matter), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Buzz Kulik e escrito por Rod Serling.
Archibald Beechcroft (Shelley Berman) trabalha numa agência de seguros. Anti-social ao extremo, ele detesta a obrigação de ter que conviver com pessoas, seja no metrô, nas ruas, ou no trabalho. Seu maior sonho é eliminar o barulho e as pessoas de sua vida. Depois de ganhar um livro de auto-ajuda de um colega de trabalho, Henry (Jack Grinnage), cujo conteúdo ensina o leitor a utilizar a concentração da mente para obter qualquer coisa, Archibald consegue sucesso nesse poder de concentração “além da imaginação” e elimina todas as pessoas do mundo, passando a viver solitariamente. Porém, o excesso de solidão trouxe também um inevitável tédio, obrigando-o a repensar seus conceitos.
Aqui, a abordagem do episódio é sobre o “stress” da vida moderna e seus efeitos sobre a rotina de vida de um homem comum e anti-social, especulando se talvez a solidão seja a solução para seus problemas. Interessante notar como a história ainda é ambientada nos longínquos anos 60, onde o visionário Serling já demonstrava preocupação com a agitação exagerada das grandes cidades, porém acho que nem ele imaginaria o caos urbano em que o mundo se transformou apenas meio século depois. Curiosamente, tem uma cena passada num elevador, onde Archibald se concentrou utilizando o poder de sua mente para que todas as pessoas fossem iguais a ele, e percebe-se claramente a péssima maquiagem do rosto dos figurantes, que utilizavam máscaras toscas que deveriam se parecer com a face de Archibald, apesar de que esse fato é compreensível, uma vez que a série foi produzida com pouco dinheiro e seu diferencial é justamente a apresentação de boas histórias.

* “O Pó Mágico” (Dust), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Douglas Heyes e escrito por Rod Serling.
Numa pequena e quente cidade do velho oeste americano, um vendedor ambulante ganancioso e charlatão, comerciante de todo tipo de tranqueiras, Sykes (Thomas Gomez), fica zombando de um jovem condenado à morte por enforcamento, Luis Gallegos (John Alonso). Ele está preso na cadeia do xerife Koch (John Larch) e aguardando a execução, por causa do atropelamento e morte de uma garotinha, num momento onde estava embriagado para tentar se esquecer da vida miserável e de fome em que vive com a família. Seu pai (interpretado por Vladimir Sokoloff) suplica perdão em vão aos pais da menina morta, Sr. Canfield (Paul Genge) e esposa (Dorothy Adams), que assim como os demais habitantes da cidade, querem externar suas raivas e frustrações com vingança cega. Nesse momento, Sykes vê a oportunidade de ludibriar o velho e vende um suposto pó mágico “além da imaginação” que espalharia o amor aos que querem a execução do filho, tentando salvá-lo da corda no pescoço na última hora.
Novamente um episódio ambientado no velho oeste americano, “O Pó Mágico” é uma daquelas histórias simples que somente apresenta o elemento fantástico no desfecho. E dessa vez, investindo numa mensagem otimista, tentando alertar para a necessidade de sensibilizar o coração da humanidade, normalmente sedenta de sangue e ódio.

* “O Sol da Meia-Noite” (The Midnight Sun), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Anton Leader e escrito por Rod Serling.
A Terra saiu de sua órbita normal por algum motivo “além da imaginação” e passou muito rapidamente a se aproximar do Sol. Com isso, não existe mais noite e a temperatura está aumentando, obrigando as pessoas a fugirem para locais mais frescos, abandonando suas casas. As ruas ficaram desertas, a energia escassa (para manter geladeiras, ventiladores e condicionadores de ar ligados) e a água potável tornou-se item raro e extremamente valioso. Entre as poucas pessoas que decidiram ficar em suas casas estão a pintora de quadros Norma (Lois Nettleton), que passa o tempo reproduzindo nas telas o imenso Sol sobre a cidade, na visão que tem da janela de seu apartamento, e sua vizinha Sra. Bronson (Betty Garde). Ambas lutam para sobreviver em meio ao caos gerado pelo calor excessivo, ouvindo as orientações das autoridades pelo rádio e tentando manter a sanidade. Para complicar as coisas, surge um homem intruso e ameaçador (Tom Reese), que está desesperado à procura de água, enquanto as notícias tornam-se progressivamente piores por causa do super aquecimento do mundo e a aproximação cada vez maior do Sol.
Mais um ótimo episódio enfocando o apocalipse e a destruição do planeta, dessa vez não por uma guerra, mas por um fenômeno da natureza que levou o mundo de encontro ao Sol. Também não falta o elemento surpresa no final, característico da série. Curiosamente, o roteiro original de Serling incluía dois personagens adicionais que foram cancelados depois: um oficial da polícia (que seria interpretado por John McLiam) e um mecânico de geladeira (Ned Glass).

* “Sapatos de Outro Mundo” (Dead Man´s Shoes), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Montgomery Pittman e escrito por Charles Beaumont e Oceo Ritch (não creditado).
Um homem sem teto, morador das ruas, Nathan Edward Bledsoe (Warren Stevens), está dormindo num beco escuro quando é despertado pelo ruído de um carro que pára próximo e desova um cadáver. O homem morto está usando um atraente par de sapatos “além da imaginação”, que despertam a atenção do mendigo. Nathan decide roubá-los e ao colocá-los nos pés, seu corpo é possuído pelo homem morto, que nessa nova condição, caminha até seu apartamento, encontra a bela namorada Wilma (Joan Marshall), que obviamente fica confusa com a situação, e passa a se preparar para uma vingança pessoal contra um gangster poderoso, Dagget (Richard Devon), que foi responsável por seu assassinato.
Warren Stevens foi o Tenente “Doc” Ostrow no clássico de Ficção Científica “O Planeta Proibido” (1956), e um rosto conhecido por inúmeras participações em séries de TV dos anos 60 como “Rota 66”, “Gunsmoke”, “Paladino do Oeste”, “Quinta Dimensão”, “Combate”, “Daniel Boone”, “Bonanza”, “Chaparral”, “Laramie”, “Missão Impossível”, “Jornada nas Estrelas”, “O Túnel do Tempo”, “Viagem ao Fundo do Mar”, “Terra de Gigantes”, entre outras.

* “Solidão Absoluta” (One More Pallbearer), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Lamont Johnson e escrito por Rod Serling.
Um rico, egocêntrico e arrogante milionário, Paul Radin (Joseph Wiseman), constrói um abrigo seguro contra uma guerra nuclear, localizado muito abaixo da superfície. Ele prepara um cenário onde efeitos especiais e mensagens falsas de rádio indicariam a ocorrência do holocausto, e convida três pessoas que tiveram influências em sua vida tumultuada (uma professora, um padre e um militar), para ficarem com ele no abrigo e se salvarem. Em troca, ele apenas quer as desculpas dos convidados pelos ressentimentos causados por eles no passado. A professora, Sra. Langford (Katherine Squire), o reprovou e humilhou na escola por ter colado em uma prova. O padre, Sr. Hughes (Gage Clark), o denunciou pelo suicídio de uma moça causado por ele. E o Coronel Hawthorne (Trevor Bardette) o havia mandado para a corte marcial por não executar uma ordem no campo de batalha, a qual resultou numa chacina de soldados. Porém, os três convidados recusaram a solicitação de Radin alegando que a honra é mais importante que a própria vida.
Outro excepcional episódio escrito por Serling, novamente usando a paranóia da guerra nuclear e a ameaça destruidora da bomba de hidrogênio, aproveitando para explorar a loucura da mente humana. Paul Radin é um homem rico, mas infeliz e amargurado com o passado. Como o próprio Serling diz, ele é um “fabricante de fantasias que vive numa solidão incomensurável e num funeral que ele mesmo providenciou numa região Além da Imaginação”. Em “Solidão Absoluta” não falta a tradicional reviravolta e surpresa final, fechando com “chave de ouro” mais uma história memorável.

* “Duelo Com Rance McGrew” (Showdown With Rance McGrew), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Christian Nyby e escrito por Rod Serling, a partir de uma idéia de Frederic Louis Fox.
Um astro das séries de TV de western, Rance McGrew (Larry Blyden), é um típico “almofadinha”, sujeito egocêntrico, arrogante, chato e que não sabe nada sobre seus personagens, pois não cavalga, não bebe whiskey, não atira, não luta, e sempre é substituído por um dublê (Jim Turley) nas cenas de ação. Porém, as coisas mudam quando misteriosamente e “além da imaginação”, ele é transportado no tempo numa cena em que está atuando, indo parar no real velho oeste americano, tendo que encarar de frente o temido e histórico pistoleiro “Jesse James” (Arch Johnson), que está insatisfeito com a forma como é retratada sua vida e de amigos igualmente famosos como “Billy the Kid”, nas filmagens com roteiros equivocados.
Episódio ambientado no velho oeste e utilizando uma mistura de fantasia e humor (em excesso), fugindo da característica tradicional da série com elementos mais sombrios e pessimistas. Talvez por isso mesmo, a história passa uma idéia menos atraente e que logo se esquece, constituindo-se apenas num episódio menor e de diversão rápida e passageira, apesar da crítica pertinente do roteiro contra os excessos e situações distorcidas apresentadas nas séries de TV sobre western, obrigando os reais personagens da história do velho oeste americano a intervir e colocar “ordem na casa”. Curiosamente, o diretor Christian Nyby estreou na profissão com o clássico da FC “O Monstro do Ártico” (The Thing, 1951).

* “Um Piano em Casa” (A Piano in the House), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por David Greene e escrito por Earl Hammer, Jr..
Fitzgerald Fortune (Barry Morse) é um crítico de teatro cínico. Para presentear sua esposa Esther (Joan Hackett) em seu aniversário, ele procura um piano numa loja de antiguidades e consegue comprar um instrumento antigo e especial, que toca sozinho um repertório de músicas “além da imaginação”. Ao levar para casa e colocar o aparelho em funcionamento, ele percebe uma mudança drástica no comportamento mais simpático do mordomo Marvin (Cyril Delevanti), normalmente um homem velho e excessivamente calado e mal humorado, descobrindo a capacidade sobrenatural da música em trazer à tona os sentimentos reprimidos das pessoas que a ouvem, expondo suas faces escondidas. Fitzgerald então decide brincar com a esposa e os convidados de sua festa de aniversário, utilizando o piano para desvendar momentos verdadeiros de suas personalidades, e que permaneciam resguardados, espalhando constrangimentos em amigos como o escritor de peças teatrais Gregory Walker (Don Durant) e a obesa e reprimida Marge Moore (Muriel Landers).
Aqui a história apresenta um paralelo com o episódio posterior “As Máscaras”, da quinta temporada, onde ambos tratam de um tema comum e interessante: a verdadeira e escondida face das pessoas. No caso de “Um Piano em Casa”, foi o instrumento musical que conseguia revelar a personalidade oculta de seus ouvintes, evidenciando a fragilidade emocional do protagonista Fitzgerald Fortune, um homem amargurado que gostava de humilhar os outros e que em sua “procura por pessoas escondidas, achou a si mesmo”, nas palavras da narração de Rod Serling. O ator Barry Morse fez parte do elenco fixo da série “O Fugitivo”, interpretando o policial Philip Gerard.

* “Os Sobreviventes” (Two), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido e escrito por Montgomery Pittman.
Um lugar “além da imaginação”. Uma cidade devastada pela guerra, onde nenhum ser humano havia pisado nos últimos cinco longos anos. E entre as ruínas surgem dois sobreviventes, uma mulher (Elizabeth Montgomery) e um homem (Charles Bronson), usando fardas diferentes e inimigas. Ambos estão à procura de comida e paz, conforme diz o soldado, “não existem mais fronteiras, governos, nem causas nobres, portanto não existem mais motivos para lutar”. Após uma série de desentendimentos iniciais, desde a dificuldade de comunicação até a desconfiança, eles decidem que a guerra já acabou.
Outra história enfocando os efeitos do pós-guerra, num encontro de um homem e uma mulher numa cidade destruída no futuro. Inicialmente de lados opostos no conflito, e que solitários, acabam se aproximando amigavelmente. “Os Sobreviventes” é um daqueles episódios simples, com apenas dois personagens e dessa vez sem a tradicional presença de elementos sobrenaturais na trama, ou seja, apenas enfocando a insanidade de uma batalha apocalíptica e suas conseqüências. A bela Elizabeth Montgomery foi a simpática bruxa Samantha Stephens na cultuada série de TV “A Feiticeira” (Bewitched, 1964 / 1972). Já Charles Bronson dispensa apresentações, tornando-se um grande astro do cinema, principalmente pelos filmes de western e ação, onde destaca-se a franquia “Desejo de Matar” (Death Wish), com cinco filmes, interpretando o vigilante Paul Kersey.

* “O Vale Imóvel” (Still Valley), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por James Sheldon e escrito por Rod Serling, a partir do conto “The Valley Was Still”, de Manly Wade Wellman.
Em 1863, próximo ao final da guerra civil americana entre o Norte (União) e Sul (Confederação), que se proclamavam duas nações distintas e opostas, dois soldados sulistas estão numa missão de reconhecimento de um posto avançado inimigo “além da imaginação”, numa pequena cidade do Estado da Virginia. Eles são o Sargento Joseph Paradine (Gary Merrill) e Dauger (Ben Cooper). Paradine vai então até a cidade e encontra um grupo de soldados ianques totalmente imóveis, resultado de um encantamento de feitiçaria feito por um velho bruxo à beira da morte, Teague (Vaughn Taylor), que quer repassar seu livro de magia negra para os confederados vencerem a guerra com a ajuda do diabo.
Mais um episódio enfocando o passado da história americana, mais especificamente a guerra civil que dizimou milhares de soldados, apresentando elementos de horror através do uso de bruxaria. Vaughn Taylor esteve também em outros quatro episódios da série e interpretou George Lowery, o chefe de Marion Crane (Janet Leigh) no clássico “Psicose” (1960), de Alfred Hitchcock.

* “Vovó Melhor Que a Encomenda” (I Sing the Body Electric), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por James Sheldon e William F. Claxton, e escrito por Ray Bradbury, a partir de sua própria história homônima.
O viúvo Sr. Rogers (David White), perdeu a esposa há um ano e sente que precisa de ajuda para criar os três filhos pequenos, Anne (Veronica Cartwright), de 11 anos, Tom (Charles Herbert), de 12 anos, e Karen (Dana Dillaway), de 10 anos. A solução que ele encontrou estava num anúncio de jornal, onde poderia comprar uma empregada e babá ao mesmo tempo (interpretada por Josephine Hutchinson), através do vendedor (Vaughn Taylor) de uma empresa de alta tecnologia. Porém, o detalhe “além da imaginação” é que a nova “vovó melhor que a encomenda” é um robô, que tem que enfrentar a resistência de aceitação por parte de uma das crianças, a garota Anne, que não quer alguém substituindo a mãe falecida.
Fábula futurista escrita pelo cultuado Ray Bradbury (sua história também virou filme em 1982 com “The Electric Grandmother”). Fugindo um pouco da característica da série, o episódio deixa de lado os elementos mais sombrios e pessimistas e o desfecho surpresa, para investir numa história mais familiar de FC e fantasia. A atriz inglesa Veronica Cartwright esteve em “Invasores de Corpos” (1978) e “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979), além de ser a irmã mais velha de Angela Cartwright, a Penny Robinson da série “Perdidos no Espaço”. David White fez parte do elenco fixo da série “A Feiticeira”, interpretando Larry Tate, um executivo dono de uma agência de publicidade.

* “Os Transeuntes” (The Passersby), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Elliot Silverstein e escrito por Rod Serling.
Em 1865, no final da guerra civil americana, uma mulher, Lavinia Godwin (Joanne Linville), está sentada na varanda de sua casa observando uma estrada onde passam centenas de soldados e civis (“os transeuntes”), que caminham cabisbaixos e lentamente sem parar rumo ao final da “estrada suja com resíduos de batalhas perdidas e sonhos destruídos”, conforme diz o narrador Rod Serling. Entre os que caminham está um sargento da confederação (Sul), interpretado por James Gregory, que pára na casa da mulher para beber água. Ambos conversam sobre as tristezas da guerra, onde Lavinia lamenta a morte do marido, Capitão Jud (Warren Kemmerling). Enquanto observam a estrada repleta de pessoas e cavalos caminhando, o sargento vê um tenente da União (Norte), interpretado por David Garcia, que o havia auxiliado no tratamento de um ferimento de guerra, e a mulher vê um soldado sulista que pensava estar morto com um tiro na cabeça, Charlie (Rex Holman). Qual o mistério dessa estrada?
Outra ótima história de Serling sobre a guerra civil dos Estados Unidos, evidenciando o quanto devastadora é uma guerra, onde existem apenas derrotados e tendo apenas a morte como vencedora e soberana triunfante. O enfoque central na “estrada que não se encontra nos mapas e que leva para além da imaginação” tem um efeito sombrio e reflexivo, onde no final todos caminham para o mesmo destino. O pequeno discurso final do Presidente Abraham Lincoln (Austin Green) sobre o medo da morte é um destaque memorável do episódio. O ator James Gregory esteve no western “Os Filhos de Katie Elder” (1965), ao lado de John Wayne e participou também do episódio piloto da série, “Onde Estão Todos?”, como o general da força aérea americana.

* “O Emissário do Inferno” (Printer´s Devil), episódio da quarta temporada (1963), dirigido por Ralph Senensky e escrito por Charles Beaumont, a partir de sua história “The Devil, You Say?”.
O editor do jornal “The Dansbury Courier”, Douglas Winter (Robert Sterling), está enfrentando uma crise séria por causa do sucesso do concorrente “A Gazeta”, comandado pelo Sr. Franklyn (Ray Teal). Próximo da falência e decidido a cometer suicídio, ele encontra um homem misterioso, Sr. Smith (Burgess Meredith), e é persuadido por ele a tentar levantar novamente o jornal. O Sr. Smith empresta o dinheiro suficiente para pagar as dívidas e fornece suas habilidades especiais como repórter e operador da máquina que imprime as notícias. Alegando ter um faro especial para as informações “além da imaginação”, ele consegue a façanha incomum de disponibilizar as edições do jornal pouco tempo depois de acontecimentos importantes e trágicos ocorrerem na cidade, gerando uma desconfiança na bela secretária Jackie Benson (Patricia Crowley), que é apaixonada por Douglas. As vendas sobem e o jornal se recupera rapidamente, mas o preço por isso é alto demais e inimaginável.
Esse episódio faz parte da safra produzida com 50 minutos de duração e sua história aborda o tradicional tema do diabo interferindo na Terra, em busca de almas desesperadas. Como curiosidades, Robert Sterling foi o Capitão Lee Crane no filme “Viagem ao Fundo Mar” (1961), que inspirou a cultuada série homônima, e o ator Burgess Meredith (1907 / 1997) é bastante conhecido pelos fãs de séries de TV, com muitas participações na telinha, e fazendo o papel do vilão Pingüim em “Batman” (1966 / 68). Ele também esteve em “A Sentinela dos Malditos” (77), “Um Passe de Mágica” (78) e vários filmes da franquia “Rocky”, com Sylvester Stallone.

* “Figuras de Cera” (The New Exhibit), episódio da quarta temporada (1963), dirigido por John Brahm e escrito por Jerry Sohl, a partir de uma história dele em parceria com Charles Beaumont.
Um museu de cera, de propriedade do Sr. Ferguson (Will Kuluva), tem uma interessante ala com figuras de assassinos famosos como Jack, o Estripador, Albert W. Hicks e os ladrões de cadáveres Burke e Hare. Essa ala é administrada por mais de 30 anos pelo zelador Martin Lombard Senescu (Martin Balsam, de “Psicose” e “Sentinela dos Malditos”). Porém, como o museu perdeu muito o interesse popular com a diminuição das visitações, o dono foi obrigado a vender o prédio para as instalações de um supermercado no local. Inconformado com a situação, Martin não aceita o descarte das figuras de cera dos assassinos, com as quais criou ao longo dos anos uma estreita e incomum relação de afetividade “além da imaginação”, e fica com as estátuas de tamanho natural no porão de sua casa, tendo que enfrentar a oposição de sua esposa Emma (Maggie Mahoney). Com o desaparecimento misterioso de pessoas que entraram no porão, atraindo a atenção da polícia, a suspeita recai sobre Martin (ou seriam as figuras de cera?)
O destaque desse episódio (que tem 50 minutos de duração) é a presença do veterano ator Martin Balsam (de “Psicose”, 1960, e do drama de guerra “Tora! Tora! Tora!”, 1970), numa ótima performance como um zelador intimamente ligado às estátuas de cera de assassinos históricos, com as quais conviveu por dezenas de anos, num interessante jogo psicológico de questionamentos sobre sanidade e loucura.

* “Qual o Programa de Hoje?” (What´s in the Box), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Richard L. Bare e escrito por Martin M. Goldsmith.
O taxista Joe Britt (William Demarest), é viciado em assistir programas de televisão e está em crise no casamento com a esposa Phyllis (Joan Blondell), que desconfia de infidelidade do marido. Quando o aparelho de TV apresenta defeito e ele chama um misterioso técnico para consertar, de forma inexplicável e “além da imaginação” ele consegue sintonizar um canal que exibe cenas futuras com sua participação e de conseqüências trágicas.
A série sempre foi notável por sua regularidade em ótimas e envolventes histórias, porém esse episódio é apenas comum e não desperta um interesse especial, apesar da temática surreal e desfecho pessimista.

* “As Máscaras” (The Masks), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Ida Lupino e escrito por Rod Serling.
Um milionário velho e doente terminal, Jason Foster (Robert Keith), convoca a família gananciosa para acompanhar seus últimos dias de vida. Comparecem à mansão o filho Wilfred Harper (Milton Seltzer) com a esposa Emily (Virginia Gregg), além de dois sobrinhos do velho, Wilfred Jr. (Alan Sues) e Paula (Brooke Hayward). Como uma espécie de brincadeira e exigência do patriarca à beira da morte, para que todos pudessem ter acesso ao testamento e desfrutassem das riquezas herdadas, eles teriam que usar máscaras horrendas por algumas horas até a meia-noite. Mesmo contrariados, eles aceitam o pedido, sem imaginar a surpresa “além da imaginação” que teriam no final das doze badaladas do relógio
Esse é um dos grandes e memoráveis episódios de toda a série, num roteiro excepcional de Serling, que conseguiu em apenas cerca de 25 minutos contar um história de horror evidenciando a fraqueza da raça humana como uma espécie interesseira e repleta de defeitos, expondo a verdadeira face das pessoas. Curiosamente, o ator Robert Keith morreu em 1966 e esse episódio de “Além da Imaginação” foi seu último trabalho em vida (numa coincidência sinistra com o personagem que interpretou).

* “Pesadelo nas Alturas” (Nightmare at 20.000 Feet), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Richard Donner (de “A Profecia”, 1976) e escrito por Richard Matheson.
Um homem com problemas psicológicos e medo de viajar de avião, Bob Wilson (William Shatner, o eterno Capitão Kirk de “Star Trek”), é liberado por seu médico após seis meses de repouso por causa de uma crise nervosa. Ele está acompanhado de sua esposa Ruth (Christine White), que o levará de volta para casa de avião. Porém, seus problemas retornam rapidamente quando somente ele consegue ver, “além da imaginação”, um gremlin (Nick Cravat) andando tranquilamente do lado de fora, sobre a asa do avião, tentando retirar uma parte da fuselagem que comprometeria a segurança da nave.
Outro dos inesquecíveis e mais famosos episódios da série, escrito pelo talentoso Richard Matheson (autor de “Eu Sou a Lenda”, livro que inspirou vários filmes cultuados). Shatner, aqui ainda jovem, é carismático e excelente ator, conseguindo passar para seu personagem um perturbador sentimento de agonia, desespero e impotência por ser o único passageiro a enxergar uma criatura tentando danificar o avião do lado de fora, dificultando ainda mais a credibilidade por ser um doente com fobia de aviões, e que as visões poderiam ser fruto de sua imaginação (Será?). Curiosamente, esse episódio foi refilmado como a quarta história (dirigida por George Miller) do filme “No Limite da Realidade” (The Twilight Zone: The Movie, 1983). O ator John Lithgow fez o papel do homem atormentado pelas visões da criatura atacando o avião.

* “O Velho da Caverna” (The Old Man in the Cave), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Alan Crosland Jr. e escrito por Rod Serling, baseado na história “The Old Man”, de Henry Slesar.
O mundo foi abatido por uma guerra nuclear e sobraram apenas pequenos grupos isolados de sobreviventes, que tentam se manterem vivos, apesar dos efeitos nocivos da radiação, mesmo passados dez anos da explosão da bomba. Um desses grupos é liderado por Sr. Goldsmith (John Anderson, um rosto conhecido por participações em várias séries de TV dos anos 50 e 60), que consegue manter sua comunidade relativamente coesa graças às instruções que recebe “além da imaginação” do misterioso “Velho na Caverna”. Porém, as coisas se complicam quando surge o Major French (James Coburn, outro famoso das telas, conhecido principalmente por seus papéis de vilão em westerns), um forasteiro militar arrogante que junto de seus homens, quer se apossar do lugar e comandar as pessoas, incitando-as a questionar as decisões e orientações do Sr. Goldsmith e do tal velho recluso na caverna, que ninguém jamais viu.
Mais uma excelente história apocalíptica, explorando os efeitos destrutivos de uma guerra atômica para a humanidade, que tenta sobreviver ao período pós-bomba. Também aborda a disputa de poder entre um homem que defende a sabedoria e um soldado que acredita apenas na força, além dos questionamentos de falta de fé que pode desunir um grupo de pessoas em situação adversa e levá-las à ruína.

* “A Longa Viagem” (The Long Morrow), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido pelo francês Robert Florey e escrito por Rod Serling.
Em 1987 (futuro avançado para a época de produção, e curiosamente já um passado também avançado para nós), no início das missões espaciais tripuladas para os confins do espaço sideral, o Comandante Douglas Stansfield (Robert Lansing, de “Quarta Dimensão”, 1959), é selecionado para embarcar sozinho numa longa viagem de exploração espacial “além da imaginação”. Porém, ele conhece momentos antes do embarque uma bela mulher, Sandra Horn (Mariette Hartley), e ambos se apaixonam à primeira vista. O astronauta parte em sua missão que demoraria dezenas de anos, porém não deveria envelhecer por causa do congelamento à bordo da nave, esperando reencontrar Sandra no retorno à Terra. Ela, por sua vez, também entrou em estado de criogenia para não envelhecer. O homem do espaço retorna numa época de tecnologia bem mais avançada e viagens espaciais mais corriqueiras, mas algo errado acontece no encontro com a paixão do passado.
“A Longa Viagem” é outra excelente história de ficção científica de Rod Serling, narrando eventos e situações imaginadas num futuro onde a humanidade estaria engajada na exploração espacial (e que já é passado para nós, e continuamos desconhecendo os mistérios do universo que nos cerca), mostrando o poder de uma relação de amor entre duas pessoas, distantes dezenas de anos, com a tradicional reviravolta de forte impacto na seqüência final. Curiosamente, o cineasta Robert Florey dirigiu “Murders in the Rue Morgue” (1932), com Bela Lugosi.

* “Ressurreição dos Mortos” (Mr. Garrity and the Graves), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Ted Post e escrito por Rod Serling, baseado numa história de Mike Korologos.
No velho oeste americano, em 1890, um homem, Jared Garrity (John Dehner), chega com sua carroça à pequena e agora pacata cidade de “Felicidade” (Happiness), no Arizona. Anteriormente violenta, a cidade tornou-se pacífica com as ações do xerife Gilchrist (Norman Leavitt). Entre as lembranças do passado turbulento, existem 128 pessoas enterradas no cemitério local, a grande maioria vítima de tiroteios. O Sr. Garrity se apresenta aos habitantes, especialmente o bêbado Gooberman (J. Pat O´Malley), o dono do bar Jensen (Stanley Adams) e Lapham (Percy Helton), informando que tem o poder de ressuscitar os mortos. Ele propõe então que irá trazer de volta à vida os parentes deles, porém surgem dois questionamentos: Será que o Sr.Garrity consegue mesmo essa façanha? E será que os moradores de “Felicidade” querem mesmo seus parentes e amigos de volta?
Esse episódio é mais voltando ao humor, fato que fica evidente pela premissa da história de ressuscitar os mortos e a forma como isso é encarado pelos habitantes da pequena cidade do velho oeste americano. E quando pensamos que o desfecho seria algo trivial, novamente somos presenteados por um elemento surpresa. Curiosamente o cineasta Ted Post dirigiu “De Volta ao Planeta dos Macacos” em 1970, e o ator John Dehner é um rosto conhecido em várias séries de TV dos anos 60 e 70. Ele esteve também no episódio “Um Homem Só” (The Lonely), como o Capitão Allenby.

* “Eu Sou a Noite” (I Am the Night – Color Me Black), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Abner Biberman e escrito por Rod Serling.
“É importante estar com a maioria, não é, Reverendo? – Jagger (um homem à beira da forca)
“A maioria é tudo que há. A minoria morreu numa cruz há dois mil anos atrás” – Reverendo Anderson
Jagger (Terry Becker) é um homem condenado à morte por enforcamento numa pequena cidade, por causa do assassinato de um outro homem, racista e intolerante. Porém, no dia da execução, às 9:30 horas da manhã, misteriosamente o sol foi substituído pela escuridão de uma noite opressora, sem motivos científicos para o fenômeno, deixando confusos os moradores ávidos por testemunharem a morte do condenado e gerando reflexões de consciência no xerife Charlie Koch (Michael Constantine), no editor de jornal Colbey (Paul Fix) e no Reverendo negro Anderson (Ivan Dixon). Em outros locais do mundo, sombras também surgem para ofuscar a luz do dia.
Esse episódio tem uma história excelente de Rod Serling com uma crítica social explorando a selvageria histórica da humanidade com a satisfação das pessoas comuns em testemunhar execuções públicas violentas como os enforcamentos de condenados à morte, evidenciando o poder destrutivo do ódio, escurecendo a luz do dia. Como curiosidade, temos a participação de três nomes muito conhecidos pelos fãs da telinha: Michael Constantine, Paul Fix e Terry Becker, onde este último fez parte do elenco fixo da série dos anos 1960 “Viagem ao Fundo do Mar”, como o Chefe Francis Ethelbert Sharkey.

Você está viajando por uma outra dimensão. Uma dimensão não apenas de visão e som, mas da mente. Uma jornada para uma terra maravilhosa, cujas fronteiras são aquelas da fantasia. Sua próxima parada: uma região Além da Imaginação

“Além da Imaginação” (The Twilight Zone, Estados Unidos, 1959 / 1964) # 484 – datas: 09/03/08 e 06/05/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 13/03/08 e 06/05/08)