Paisagens, Pesadelos e Paranóias (Brasil, Ilópolis/RS, 2007)


O gaúcho André Bozzetto Junior é um daqueles idealistas que fazem parte de um grupo seleto. Ele escreve artigos de cinema para o site “Boca do Inferno.Com”, publicou o livro “Odisséia nas Sombras” em 1998 (veja resenha em http://www.bocadoinferno.com/romepeige/lite/odisseia.html), e dirige filmes independentes de horror como “Mendigos” (2004) (http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/mendigos.html) e “Paisagens, Pesadelos e Paranóias” (2007).
Nesse último, um grupo de amigos conversa descontraidamente, fumando e bebendo cerveja numa floresta. O grupo é formado por três homens, Alex (Alexandre Benacchio), Diego (Allan Montagner Telo) e Marcos (Herik Pereira), e duas mulheres, Taís (Amanda Secco) e Claudinha (Cristiane Bernardon). Uma das garotas se afasta momentaneamente do grupo e é encontrada morta logo depois, com a polícia descobrindo e prendendo o assassino. Cinco anos depois desse episódio trágico, o grupo se reúne novamente e misteriosamente eles vão sendo assassinados, enquanto um deles é atormentado por estranhos pesadelos e paranóias.
O vídeo é uma homenagem aos filmes de suspense italianos, os chamados “giallos”, que sempre apresentavam assassinos com luvas pretas. A trilha sonora foi bem escolhida, assim como a decisão em alternar os tons da fotografia diferenciando os momentos de pesadelos premonitórios e a realidade. A performance dos “atores” é bem amadora, algo esperado num filme independente feito por um grupo de amigos sem experiência no ofício, tanto que os poucos diálogos não soam naturais, deixando claro que não passam de falas decoradas. Não há cenas fortes de violência ou sangue, uma vez que as mortes aparecem “off screen”, deixando evidente que a intenção é investir num clima de suspense e sugestão. Mas, a despeito das falhas típicas de um filme despretensioso produzido com recursos de menos e idealismo de sobra, “Paisagens, Pesadelos e Paranóias” é divertido e recomendável para aqueles que apreciam e valorizam o cinema independente nacional.
O vídeo está disponível na internet através do site “Youtube” em duas partes, a primeira em http://www.youtube.com/watch?v=9v22rJFKhII e a segunda em http://www.youtube.com/watch?v=wEjk22mbFUU

“Paisagens, Pesadelos e Paranóias” (Brasil, Ilópolis/RS, 2007) # 481 – data: 28/01/08
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O Carneador (Brasil, Porto Alegre/RS, 2007)


O Carneador” é um curta metragem de cerca de dez minutos de duração, produzido por Marcio Cannibal Strzalkowski.
Está disponível no “Youtube” pelo link: http://br.youtube.com/watch?v=oqV06wRVDD0
Feito sem orçamento, a história é sobre um assassino que contrata os serviços de uma prostituta para seduzir vítimas aleatórias nas ruas noturnas de Porto Alegre, para depois entrar em ação com sua faca e conseguir a matéria-prima para seus churrascos.

A seguir, o texto pode conter “spoilers” e é recomendável ver o filme antes de ler os comentários.

O vídeo tem seu interesse principalmente pelo início misterioso, com o assassino filmado apenas pelas costas e com uma voz gutural quase irreconhecível, ao negociar com uma mulher para que ela consiga ludibriar as vítimas, preparando-as para o abate pelo “carneador”. As cenas dos ataques do assassino são extremamente toscas, justamente pela falta de recursos, e esse fato tornou-se positivo, demonstrando um grande idealismo para se fazer um filme, independente das condições desfavoráveis. A inserção da imagem da face do assassino com uma expressão de ódio absoluto, em cortes rápidos e bruscos durante as cenas que precedem a morte da primeira vítima é também muito interessante, se encaixando perfeitamente no contexto, e lembrando situação similar no clássico “O Exorcista” (a versão estendida de 2000), com a face do demônio também surgindo em flashes rápidos em determinados momentos da história.
Na primeira versão de “O Carneador”, o diálogo entre a prostituta e sua vítima está difícil de compreender, muito baixo e às vezes inaudível, e tanto essa cena poderia ser mais objetiva, com menos conversa; assim como a seqüência final, da preparação do churrasco, que também poderia ser mais curta, uma vez que já foi claramente percebido o destino da vítima.
Já na versão final, que tem alguns minutos a mais, essas pequenas falhas foram minimizadas, com um resultado bem melhor. Tem também o acréscimo de mais mortes e uma pitada de crítica social no desfecho, com o surgimento de um delegado de polícia corrupto que incentiva a impunidade.
Ficou faltando ainda a colocação dos créditos, indicando os responsáveis pela realização do filme, como direção, roteiro, produção, edição e elenco. E, na condição de fã do vídeo, tomo a liberdade de até apresentar uma idéia de final alternativo: como a prostituta está tentando denunciar as ações do assassino, ela poderia ser descoberta e morta de forma violenta (como as demais vítimas, que inclusive foram seduzidas por ela), e o assassino triunfaria uivando vitorioso para a lua cheia, como um verdadeiro predador ensandecido por sangue e carne. Ou seja, eu retiraria a presença do delegado e a crítica social e puniria a prostituta pela traição. Fico imaginando um final assim e creio que seria bem interessante. De qualquer forma, “O Carneador” é um típico curta metragem independente produzido com idealismo e que vale uma conferida.
Curiosamente, o assassino está vestindo uma camisa da lendária banda americana de metal extremo “Death”, de Chuck Schuldiner, que faleceu em 2001, numa homenagem oportuna.

“O Carneador” (Brasil, Porto Alegre/RS, 2007) # 480 – data: 28/01/08
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Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007)


O escritor americano Richard Matheson nasceu em 1926 e em sua reconhecida carreira literária se destacam várias obras que serviram de base para o cinema fantástico em filmes como “Mortos Que Matam” (The Last Man on Earth, 64), com Vincent Price, e “A Última Esperança da Terra” (The Omega Man, 71), com Charlton Heston, cujos roteiros foram inspirados em seu livro “Eu Sou a Lenda” (I Am Legend). Ele também trabalhou como roteirista em alguns filmes baseados em contos de Edgar Allan Poe e dirigidos pelo “Rei dos Filmes B” Roger Corman, como “O Solar Maldito” (60), “A Mansão do Terror” (61), “Muralhas do Pavor” (62) e “O Corvo” (63), além de outras pérolas como “Robur, o Conquistador do Mundo” (61), “Farsa Trágica” (64), “As Bodas de Satã” (68), “Encurralado” (71), “A Casa da Noite Eterna” (73), “Drácula” (73), entre outros. Sua participação em séries de televisão é também significativa tendo colaborado para a criação de vários episódios de “Além da Imaginação” (59/64), “Jornada nas Estrelas” (66/69) e “Galeria do Terror” (70/73).
Em 2007 tivemos a produção de mais dois filmes situados no universo ficcional de sua principal obra: “Batalha dos Mortos" (I Am Omega), com Mark Dacascos, uma espécie de refilmagem do já citado “The Omega Man”, porém não creditando o roteiro como inspirado em seu livro, e “Eu Sou a Lenda” (I Am Legend), com Will Smith, e que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 18/01/08.

A história desse último mostra o cientista militar Coronel Robert Neville (Will Smith) vivendo solitariamente na cidade de Nova Iorque deserta, após uma catástrofe iniciada por causa de um vírus manipulado geneticamente em laboratório que disseminou uma praga em escala colossal, dizimando a maior parte da humanidade, e transformando os poucos sobreviventes em criaturas agressivas com características de vampirismo. Por algum motivo, o cientista ficou imune à contaminação e passa seus dias tentando encontrar uma forma de reverter o processo e curar os infectados, que por sua vez o vêem como uma ameaça e querem destruí-lo.

Numa rápida análise crítica, alguns detalhes não podem passar despercebidos. Primeiramente, temos o fato do protagonista ser o ator Will Smith, um rosto associado aos filmes de humor e ação, e que não convence como um cientista brilhante (ainda mais se considerarmos que esse papel foi interpretado por Vincent Price e Charlton Heston nas versões anteriores). Eu particularmente não sou fã do ator, principalmente depois da bomba “As Aventuras de James West”, que não honrou o valor inestimável da série de TV homônima dos anos 60. Segundo, temos um excesso de melodrama no roteiro, numa tentativa infeliz em manipular o público, com choradeiras demais (e uma cena em especial envolvendo o destino trágico de uma cadela) para situações de horror de menos. É compreensível que o sofrimento do cientista por viver sozinho numa cidade fantasma seja imenso, mas a cara de chorão de Smith é forçada demais. Terceiro, temos um excesso de efeitos especiais mirabolantes, principalmente na caracterização dos infectados, que são criaturas noturnas exageradamente distorcidas, com agilidade e ferocidade absurdas. Quarto, temos o surgimento equivocado de uma mulher, Anna (a brasileira Alice Braga) e seu filho Ethan (Charlie Tahan), que surgem do nada, num momento crucial, e realizam um ato heróico e inverossímil, numa cena nitidamente conveniente para o roteiro. E por último, temos um desfecho otimista, fantasioso e totalmente sem ousadia dos realizadores, afastando-se de uma situação apocalíptica que deveria ser mais provável mediante o caos que domina o planeta.
Se o espectador, principalmente aqueles que conhecem as duas versões anteriores, com Price e Heston, dois ícones do cinema, relevar os fatores expostos acima, e procurar apenas se divertir com as imagens (as cenas na cidade deserta realmente merecem ser enaltecidas), e não sendo exigente com o roteiro, pode até conseguir o objetivo de pouco mais de uma hora e meia de entretenimento passageiro. Mas, apenas isso. Essa nova versão cinematográfica do livro de Matheson é inferior que suas antecessoras.

“Eu Sou a Lenda” (I Am Legend, Estados Unidos, 2007) # 479 – data: 22/01/08
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Oswaldo (Brasil, Santos/SP, 2007)

Oswaldo” é um vídeo independente de curta metragem produzido em Santos/SP e disponível na internet pelo “Youtube” em duas partes através dos links:
http://www.youtube.com/watch?v=9qmheZfPvTk&feature=related
Um homem de meia idade tímido, esquisito e atrapalhado chamado Oswaldo (Zellus Machado), que ainda mora com a mãe e trabalha como preparador de cadáveres para os funerais, torna-se vítima dos colegas de trabalho, o faxineiro (Zé Carlos Gomes) e o segurança (Dino Menezes), que o convidam para uma festa. A princípio relutante, depois ele é convencido a ir. Uma vez na festa num bar, ele tenta se aproximar de um grupo de três belas garotas que estão conversando, mas é humilhado por elas, principalmente por uma que diz que não ficaria com ele nem “morta”. Porém, confirmando o ditado popular de que “quem ri por último, ri melhor”, Oswaldo terá sua vingança.
Com pouco menos de 20 minutos de duração, o filme tem direção de Nildo Ferreira e Gabriel Muglia, é bem produzido e tem uma história que merece atenção. Alguns diálogos ficaram difíceis de entender, principalmente as conversas entre o faxineiro e o segurança, com os atores falando rápido demais, e o grande destaque é a convincente performance de Zellus Machado como o personagem título, num trabalho muito bem realizado criando uma empatia com o espectador, que acaba torcendo por ele. Faltou sangue e cenas de necrofilia, mas como não era essa a proposta do filme, e sim investir num clima de sugestão, o resultado final de “Oswaldo” ficou interessante e merece ser enaltecido.

“Oswaldo” (Brasil, Santos/SP, 2007) # 478 – data: 19/01/08
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Aliens Vs. Predador 2 (Aliens Vs. Predator - Requiem, 2007)


Aliens Vs. Predador 2” é o nono filme baseado no universo ficcional criado por “Alien – O Oitavo Passageiro”, de 1979. São quatro filmes da série “Aliens”, três de “Predador” (incluindo "Predadores"), e dois sobre o “crossover” entre ambas as raças extraterrestres.
Entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 11/01/08 e tem uma história carregada de clichês: uma nave de predadores está retornando para casa quando surge um alien escondido (final do filme anterior) e tem início um novo confronto, avariando a nave que cai na Terra, próximo a uma pequena cidade americana. Na queda, o alien sobrevive e começa a se reproduzir. Em seu encalço, vem outro predador averiguar o incidente e uma nova guerra entre as espécies se inicia, com os frágeis humanos sendo massacrados no meio do confronto. Nem vale a pena gastar energia citando quem são os personagens e nem o nome dos atores.
Para quem aprecia, tem excesso de ação, tiroteios, explosões, perseguições, barulheiras, ritmo frenético, mortes violentas, corpos destroçados, tudo isso no meio de uma história banal e carregada de situações comuns. Basicamente, o filme explora o confronto mortal entre aliens e predadores, e um grupo de humanos tentando sobreviver em meio ao caos instaurado numa cidadezinha insignificante. Fica claro que a intenção dos realizadores é investir na ação sangrenta, em detrimento de uma história melhor desenvolvida. De positivo, talvez possamos registrar uma certa ousadia em mostrar crianças, bebês e pais de família sendo assassinados nas garras dos monstros, mas por outro lado, temos uma opção acomodada em escolher como herói um jovem babaca rebelde e como heroína uma combatente da guerra do Iraque, que estava, convenientemente para o roteirista, retornando para casa naquele momento. Mesmo com tanto barulho e sangue em cena, a falta de qualidade da história consegue atrair o sono no espectador. Seria inteligente se o “crossover” terminasse por aí, mas obviamente o desfecho permitiu mais um gancho para a possibilidade de seqüência.

“Aliens Vs. Predador 2” (Aliens Vs. Predator – Requiem, Estados Unidos, 2007) # 477 – data: 13/01/08
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P2 - Sem Saída (P2, 2007)


P2 – Sem Saída” (P2, 2007) foi lançado nos cinemas brasileiros em 04/01/08. Na véspera de Natal, uma mulher, Angela Bridges (Rachel Nichols), que trabalha exageradamente em detrimento de uma melhor atenção à família, sai tarde do escritório, mas fica presa no subsolo do prédio (daí o titulo “P2”, referente ao nível do estacionamento subterrâneo onde se passa a maior parte das ações). Ela é então atormentada por um guarda de segurança maníaco, Thomas (Wes Bentley), que nutre por ela uma paixão platônica.
Filmado em locações na cidade canadense de Toronto, é um filme americano com roteiro do francês Alexandre Aja (diretor dos violentos “Alta Tensão”, 2003, e “Viagem Maldita”, 2006). Basicamente, é um thriller eficiente e tenso que explora o perturbador sentimento de claustrofobia de um ambiente onde a vítima não consegue escapar, juntamente com a transformação psicológica de uma pessoa comum e pacata num ser humano violento por causa do instinto de sobrevivência, superando-se fisicamente e reagindo contra a ameaça de sua vida. Apesar de uma idéia comum já vista muitas vezes no cinema (“psicopata persegue vítima em ambiente fechado”), e pela previsibilidade do desfecho, “P2 – Sem Saída” mantém a atenção do espectador num constante estado de tensão e funciona como um bom exercício de suspense.

Arrombada - Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!! (Brasil/SC, 2007)


Uma garota (Ljana Carrion) é sequestrada por um traficante de drogas (Vinnie Bressan) a mando de um senador corrupto (Coffin Souza), que pretende realizar uma festa com a presença de um padre (PC) e um médico (Gurcius Gewdner) dementes, utilizando a garota como diversão.
Com direção e roteiro de Petter Baiestorf, da “Canibal Filmes”, veterana produtora independente de filmes bagaceiros, “Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” é um média metragem que certamente tem um título sonoro e que chama a atenção, mas a história é apenas um clichê, dessa vez explorando violência sexual, sadismo e alguns elementos repulsivos inseridos intencionalmente para causar desconforto no espectador como coprofagia e necrofilia, além de uma dose de crítica social, principalmente denunciando os péssimos políticos que dirigem nosso país e os padres aproveitadores e falsos.
Coffin Souza está bem fazendo o papel de um senador “eleito duas vezes pelo voto popular”, dizendo suas frases com clareza e até um certo exagero, mas que é necessário num filme com produção precária, para o entendimento de quem está assistindo. Porém, a bela Ljana Carrion não é uma atriz convincente, uma vez que não conseguiu expressar o real sentimento de desespero de alguém sendo vítima de violência sexual.
Sinceramente, com um título apelativo desses e toda a campanha de marketing, achei que o resultado final fosse mais perturbador. Pode ser que algumas cenas ousadas e repulsivas incomodem algumas pessoas, mas nada que não seja facilmente esquecido depois de terminada a exibição, principalmente com tantos filmes sendo produzidos atualmente explorando horror, gore, ultra violência e sexo. O DVD tem uma grande quantidade de materiais extras, num esforço que merece ser enaltecido dos realizadores em valorizar o produto, mas são materiais pouco interessantes, principalmente os curtas metragens, onde apenas um pequeno destaque pode ser conferido para “O Manjar dos Deuses”.

“Arromabada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” (Brasil, independente, 2007) # 475 – data: 09/01/08
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Destino: Espaço Sideral (Assignment: Outer Space, Itália, 1960)


No início da década de 1960, o diretor Antonio Margheriti, sob o pseudônimo de Anthony Dawson, fez dois filmes de baixo orçamento de ficção científica que são considerados as primeiras produções de “space opera” da Itália: “Destino: Espaço Sideral” (Assignment: Outer Space, 60) e “O Planeta dos Desaparecidos” (Battle of the Worlds, 61), ambos com roteiro de Ennio De Concini, utilizando o nome Vassilij Petrov.

A história é ambientada no futuro, onde em 17 de Dezembro de 2116 um foguete chamado “Bravo Zulu 88” parte da Terra com destino ao espaço sideral, mais precisamente a galáxia “M-12”. Depois de uma viagem muito longa, os tripulantes despertam em suas câmaras de criogenia. O grupo de astronautas é formado pelo Comandante George (David Montresor), a bela navegadora Lucy ou “Y13” (Gaby Farinon), o piloto Al ou “X15” (Archie Savage), o médico “King 116” (Joe Pollini), entre outros, e como “intruso”, temos um famoso e egocêntrico repórter americano, Ray Peterson (Rik Van Nutter), que recebeu a identificação “IZ41” e cuja presença foi imposta por questões políticas pelo Alto Comando na Terra, com o objetivo de acompanhar e registrar o vôo espacial. Justamente por isso, ele não é bem recebido pelo Comandante, que o considera sem qualificações para fazer parte da equipe, gerando constantes intrigas entre eles.
Mais tarde e após algumas aventuras no espaço protagonizadas pelo jornalista, incluindo passeios num pequeno veículo chamado de táxi, flutuando sozinho com os trajes espaciais, além de um acidente durante uma operação de reabastecimento de combustível, ocasionando a perda de grande quantidade do próprio e quase a morte de um dos tripulantes, é revelado para o repórter que os astronautas estão na verdade numa missão para interceptar uma outra nave, “Alfa 2”, que está desgovernada e errante pelo espaço, sendo controlada apenas por um computador, carregando grande quantidade de energia radioativa capaz de gerar calor suficiente para destruir a Terra.
Portanto, eles precisam urgentemente impedir a chegada da nave perdida ao nosso planeta para evitar uma catástrofe, e a única forma de deter a ameaça é entrar em seu interior para reprogramar os controles. Porém, existe um grande obstáculo a ser superado dificultando a chegada até “Alfa 2”: a existência de um estreito e perigoso corredor no espaço formado pela radiação oriunda da nave, tornando a missão ainda mais arriscada.

O mundo dos sentimentos humanos foi muito menos explorado que todo o Universo junto” – Comandante George

O filme é totalmente ambientado no espaço, num desfile de naves e foguetes viajando na imensidão do Universo. Não há a presença de seres alienígenas ou qualquer ameaça nesse sentido, apenas uma missão de resgate até Vênus, para impedir que uma nave sem comando possa entrar em rota de colisão com a Terra. Por ser um filme curto, com apenas 72 minutos de duração, a história não chega a cansar o espectador, mas também não empolga o suficiente. E talvez alguns monstros alienígenas bizarros pudessem resolver essa questão, trazendo mais entretenimento.
Os efeitos especiais são extremamente toscos, com maquetes simples de naves e planetas, mas até que eficientes para a época. E que divertem exatamente por causa dessas características típicas de uma produção bagaceira de FC de meio século atrás.
O filme seguinte de Antonio Margheriti, “O Planeta dos Desaparecidos”, é mais divertido por inserir no roteiro uma invasão alienígena com discos voadores hostis, uma pequena batalha espacial e pela presença de um ator mais importante e conhecido no elenco, no caso Claude Rains, que fez o papel de um cientista excessivamente brilhante que tem a solução para todos os problemas. Já em “Destino: Espaço Sideral”, a presença de um jovem e galã repórter egocêntrico numa missão espacial somente reforça uma idéia de inverossimilhança, e pior ainda é que ele é o escolhido para ser o “herói” salvador. A atuação dos atores também não contribui em nada, pois as interpretações são risíveis, principalmente a atriz italiana Gaby Farinon, que só tem a beleza como fator positivo.
Mas, resumindo, o que faz de filmes como a tranqueira abordada nesse texto, serem considerados divertidos e despertarem o interesse dos colecionadores e apreciadores do cinema fantástico, é justamente uma somatória de bizarrices que inclui desde as interpretações ruins, as falhas absurdas no roteiro, até os efeitos toscos e precários. Ficou faltando nesse caso apenas a presença de alguns monstros alienígenas hostis, naves de outros mundos e cenas de batalhas no espaço para completar uma verdadeira sessão de cinema bagaceiro.
A “Works Editora” lançou o filme em DVD por aqui, num programa duplo que também contém o já citado “O Planeta dos Desaparecidos”. Como materiais extras, temos uma sinopse curta e pequenas biografias do ator americano Rik Van Nutter (1929 / 2005) e do cineasta Antonio Margheriti (1930 / 2002), que de tão superficiais são até dispensáveis. Mas, na contra capa do DVD temos em compensação um texto curto, mas interessante e informativo sobre o filme.

“Destino: Espaço Sideral” (1960) # 474 – data: 04/01/08
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Destino: Espaço Sideral (Assignment: Outer Space / Space Men, Itália, 1960). Duração: 72 minutos. Preto e Branco / Colorido. Direção de Anthony Dawson (pseudônimo de Antonio Margheriti). Roteiro de Vassilij Petrov (pseudônimo de Ennio De Concini) e Jack Wallace. Produção de Samuel Z. Arkoff e Hugo Grimaldi. Fotografia de Marcello Masciocchi. Música de J. K. Broady (pseudônimo de Lelio Luttazzi) e Gordon Zahler. Efeitos Especiais de Caesar Peace. Elenco: Rik Van Nutter, Gaby Farinon, David Montresor, Archie Savage, Alain Dijon, Frank Fantasia, Joe Pollini, David Maran, Jose Nestor, Aldo Pini.