Comentários de Cinema - Parte 29


Filmes abordados:

984 – Prisioneiro do Futuro (984: Prisoner of the Future / The Tomorrow Man, Canadá, 1982)
Fuga do Terror, A (Blood Bath, EUA, 1976)
Bárbaros Invadem a Terra, Os (The Mysterians, Japão, 1957)
Pânico no Lago: O Capítulo Final (Lake Placid: The Final Chapter, EUA, 2012)
Reencarnados, Os / Morta Viva, A (The Undead, EUA, 1957, PB)
Vale Proibido, O (The Valley of Gwangi, EUA, 1969)

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* 984 – Prisioneiro do Futuro (1982)
O cineasta húngaro Tibor Takacs, que foi o responsável pelo cultuado “O Portão” (The Gate, 1987) e outras tranqueiras divertidas, teve como um de seus primeiros trabalhos a ficção científica distópica “984 – O Prisioneiro do Futuro”, produzido em 1979 e lançado em 1982, e que também tem o título original alternativo “The Tomorrow Man”.
“Algum dia no futuro existirá uma prisão de segurança máxima em algum lugar na América do Norte, mantendo prisioneiro de um novo regime.”
Essa introdução já permite visualizar a ideia central do filme: um futuro distópico, com o surgimento de um novo modelo político autoritário, que pune com rigor e violência seus oponentes, sem oportunidade de defesa ou comprovação de culpa.
Um executivo bem sucedido, Tom Weston (Stephen Markle) é levado para uma prisão de segurança máxima controlada por guardas robôs e administrada por um diretor sádico (Don Francks). Acusado de fazer parte de um grupo de empresários ricos e conspiradores que querem derrubar o governo liderado pelo Dr. Braxton Fontaine (Andrew Foot), que instaurou um “mundo novo” com o regime político chamado “O Movimento”. Sem chance de se defender, ele logo recebe a identificação numérica “984” (do título do filme), e torna-se um prisioneiro que sofre interrogatórios com lavagem cerebral e espancamentos (através do guarda Jeffries, interpretado por Stan Wilson) para admitir seu suposto crime contra a humanidade. E também para servir de diversão e alívio do tédio do diretor do presídio, que vigia tudo num sistema de monitoramento com câmeras e insinua um mistério perturbador sobre o mundo exterior.
O filme é claramente datado, onde percebemos características que nos remetem ao final dos anos 70 e década de 80 do século passado. A produção é paupérrima e os robôs futuristas com os olhos vermelhos que controlam o presídio são hilariantes de tão precários, se movimentando com rodinhas nos pés. As ações se concentram no ambiente sinistro e claustrofóbico da penitenciária, com uma atmosfera sufocante imposta pelas imensas paredes de concreto, alternando para alguns momentos no mundo exterior em flashbacks do personagem Tom Weston com sua família, no trabalho e em reuniões conspiratórias.
A história básica é interessante, mesmo sendo um clichê já muito explorado, e a intenção dos realizadores era apresentar o filme como piloto para uma série de TV cujo projeto foi cancelado. Curiosamente, ele não consegue se sustentar como longa metragem, com a sensação de repetição causando um incômodo inevitável, e ainda temos um roteiro confuso com informações soltas provavelmente de forma proposital para serem melhor exploradas caso se transformasse numa série televisiva. O ideal seria a exibição num formato menor, apenas como um episódio único de cerca de meia hora de alguma outra série de TV com histórias envolvendo elementos fantásticos..
Apesar dos problemas, “984 – Prisioneiro do Futuro” é um filme obscuro com uma atmosfera sombria e que garante alguns bons momentos de entretenimento para os apreciadores do cinema bagaceiro, principalmente nas cenas com os robôs toscos e no desfecho desolador e depressivo.    
(RR – 13/11/16)
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* Os Bárbaros Invadem a Terra (1957)
Um cientista descobre um pequeno planeta localizado entre Marte e Saturno e o batiza de “Mysteroid”. Em seguida, a Terra é surpreendida pelo ataque de um robô gigante acionado por controle remoto, que pertence a uma raça alienígena vinda desse planeta. Chamados de “Mysterians” (do título original em inglês), eles ocupam uma pequena área próxima ao famoso Monte Fuji, no Japão, com uma nave gigantesca parecendo uma redoma. Eles são humanoides e solicitam para que os terráqueos forneçam mulheres para miscigenação e continuidade de sua espécie em decadência, uma vez que destruíram seu planeta com um holocausto nuclear e os poucos sobreviventes se refugiaram em Marte, com seus bebês nascendo deformados por causa dos efeitos radioativos do apocalipse.
Desconfiados das reais intenções dos extraterrestres, o governo japonês, representando a humanidade, convoca o auxílio de outros países como os Estados Unidos e a antiga União Soviética, e juntos decidem atacar os invasores com canhões, mísseis, bombas, aviões e tanques de guerra, numa luta desigual com os alienígenas possuindo uma tecnologia superior e armas potentes com raios de calor.
Com um sonoro título nacional, “Os Bárbaros Invadem a Terra” foi dirigido pelo especialista Ishiro Honda (1911 / 1993), de inúmeros outros filmes preciosos do cinema fantástico bagaceiro como “Godzilla” (1954), “O Monstro da Bomba H” (1958) e “Matango, a Ilha da Morte” (1963). É uma divertida ficção científica lançada na nostálgica e produtiva década de 50 do século passado, um período extremamente representativo com uma infinidade de filmes de horror e FC de todos os temas, especialmente abordando questões relacionadas com a tensão permanente da guerra fria e os efeitos de uma catástrofe atômica global.
É um filme que se situa dentro do tema que aborda invasões alienígenas, apresentando batalhas com miniaturas e um robô gigante chamado “Moguera” destruindo cenários de uma cidade, simulando terremotos e incêndios, com efeitos especiais expressivos e impressionantes para a época, difíceis de serem produzidos. Um tempo no passado onde não existiam os efeitos de computação gráfica que seriam comuns dezenas de anos depois, muitas vezes tornando tudo muito artificial. O monstro mecânico gigante é hilário de tão tosco, com antenas e um nariz pontudo, além de soltar raios mortais de calor pelos olhos. O foguete dos humanos também é divertido de tão bagaceiro, num esforço militar da Terra para tentar combater os invasores do espaço sideral. A aparência dos alienígenas é patética, eles são humanoides usando capacetes de motocicletas e vestindo capas coloridas e luvas.
Podemos perceber a tentativa de uma mensagem de advertência para a humanidade, no sentido de diminuir a tensão perturbadora da guerra fria daquele período entre as principais potências do mundo, alertando para que não seja cometido o mesmo erro dos Mysterians, que quase exterminaram por completo sua raça numa guerra nuclear. E convocando países rivais como EUA e URSS para unirem forças no combate ao inimigo comum, alienígenas invadindo nosso planeta.
Curiosamente, foram produzidas duas continuações, a primeira em 1959 com o nome “Mundos em Guerra” (Battle in Outer Space), também dirigido por Ishiro Honda. E a outra em 1977, “The War in Space”, também produção japonesa com direção de Jun Fukuda. 
 (RR – 01/12/16)

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* A Fuga do Terror (1976)
Lançado no Brasil na época dos saudosos vídeos VHS pela “América Vídeo”, “A Fuga do Terror” (mais um péssimo título nacional) é uma obscura antologia de contos de horror, amarrados por uma história central. A produção é bagaceira ao extremo, com um roteiro pouco inspirado, num trabalho do diretor Joel M. Reed. Ele que também foi o responsável por outras tranqueiras como “O Incrível Show de Torturas” (1976), influenciado pelos filmes “gore” de H. G. Lewis, e “Night of the Zombies” (1981).
O elenco e equipe de produção de baixo orçamento de filmes de horror discute num jantar sobre histórias assustadoras, e cada um deles apresenta um conto do gênero. São quatro histórias independentes e outra de fundo envolvendo um mistério sobrenatural com o cineasta da produtora.
Na primeira história, temos o caso de um assassino de aluguel bem sucedido que utiliza técnicas eficazes em sua profissão, mas que é surpreendido pelo próprio artefato que estava utilizando para cumprir um dos trabalhos em que foi contratado. Em seguida, um marido descontente com a esposa decide eliminá-la, mas não imaginava as consequências trágicas para obter seu intento ao se envolver com magia negra e uma moeda que permite viajar para o passado. A próxima história é sobre um agiota que se aproveita do desespero de seus clientes endividados, porém ele acidentalmente é trancado num cofre e recebe a visita do fantasma de um homem lesado por seus negócios obscuros. O último conto mostra um lutador de artes marciais que estudou no Oriente, mas não gosta de seguir os mandamentos de disciplina que foram ensinados, e utiliza meios desonestos para administrar sua academia de lutas nos Estados Unidos. Após ser confrontado por um antigo mestre do templo onde foi doutrinado, envolvendo técnicas mágicas de luta, ele encontra um desfecho perturbador.
Apesar das ideias básicas das histórias até apresentarem algum potencial razoável para serem desenvolvidas, como a produção é extremamente tosca de uma forma geral, com efeitos paupérrimos e interpretações sofríveis do elenco, além da previsibilidade do roteiro e do pouco sangue em cena, o resultado final afastou as tentativas de estabelecer uma empatia com o espectador, tornando esta antologia de contos em algo pouco inspirado e destinado ao limbo dos esquecidos.
 (RR – 10/11/16)
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* Pânico no Lago: O Capítulo Final (2012)
Assim como os tubarões, os crocodilos também são maltratados pelo cinema fantástico bagaceiro, com muitos filmes ruins que contribuem para denegrir a imagem desses répteis.
É curioso mencionar como os realizadores da indústria de cinema são oportunistas e preguiçosos, pois existem várias franquias completamente desnecessárias, com muitos filmes todos iguais e com uma ideia central clichê tão explorada que não tem mais potencial para manter o assunto. Filmes interessantes e com bons elencos como “Anaconda” (1997) “Pânico na Floresta” (Wrong Turn, 2003) e “Pânico no Lago” (Lake Placid, 1999), estes últimos com seus péssimos títulos nacionais com a palavra “pânico” (graças à preguiça e falta de criatividade das distribuidoras brasileiras), não deveriam ter sequências. Pois todas as suas infindáveis continuações não passaram de pequenas variações da mesma história, e agregaram pouco ou quase nada aos respectivos universos ficcionais.
Sendo assim, é inevitável que o interesse do espectador se perca no meio de tanta porcaria, ficando muito difícil acompanhar as enormes franquias com filmes tranqueiras, até mesmo para os apreciadores do cinema fantástico bagaceiro.
O quarto episódio de “Pânico no Lago”, agora com o subtítulo “O Capítulo Final”, lançado em 2012 com direção de Don Michael Paul, copia a mesma ideia de “Sexta-Feira 13 – Parte 4” (1984) ao utilizar o mesmo subtítulo. Sendo que ambas as intermináveis franquias também não pararam por aí como anunciavam no título.
O roteiro de David Reed (que também escreveu a parte 3) não inova e mantém todos os mesmos clichês. O lago onde vivem os imensos crocodilos assassinos comedores de gente está agora isolado por uma cerca elétrica construída por um engenheiro do exército, Loflin (Paul Nicholls). Os imensos répteis são únicos e raros e ao invés de serem eliminados, eles são preservados para estudos, mesmo que isso signifique o risco de mais mortes acidentais com humanos incautos. Os problemas novamente surgem depois que um ônibus com estudantes adolescentes e integrantes da equipe escolar de natação, entra por engano num dos portões da cerca elétrica, levando os jovens ao seu destino como comida para os crocodilos.
Para combater os monstros e tentar resgatar os estudantes, temos a xerife local, Giove (a bela alemã Elisabeth Röhm), auxiliada pela caçadora e agente do governo Reba (Yancy Butler), uma mulher metida à Rambo e sobrevivente do filme anterior, que adora portar uma arma, atirar em crocodilos e fazer piadas idiotas. Entre os adolescentes acéfalos destinados a fornecer suas carnes para a dieta dos répteis, estão a apreciadora de livros e filha da xerife, Cloe (Poppy Lee Friar), sua amiga Elaine (Caroline Ford), e o amigo e interesse romântico Drew (Daniel Black). Além de Max (Benedict Smith), filho do engenheiro responsável pela cerca e que trabalha como vigia do portão. E para complicar as ações de resgate temos um caçador inescrupuloso, Jim Bickerman (o veterano Robert Englund, eternamente associado ao vilão Freddy Krueger, da série “A Hora do Pesadelo”). Ele tem interesse no DNA dos crocodilos como forma de obter dinheiro ilegal e possui relações com a família que vivia no lago e iniciou toda a história com esses répteis carnívoros.
Nessa parte 4 de “Pânico no Lago” temos muitas mortes sangrentas, com pessoas sendo rasgadas pelos dentes afiados e fornecendo suas carnes e ossos para serem devorados pelos crocodilos famintos. Mas, os efeitos de CGI tornam tudo muito artificial, diminuindo o impacto de violência nas cenas de ataques. Os personagens são todos patéticos e o elenco é inexpressivo, exceto talvez pelo carismático Robert Englund no papel do vilão e que deve ter aceitado participar para ajudar a pagar as contas, ou talvez para se divertir um pouco em seu final de carreira. E boa parte de nossa tolerância com a sua participação se deve aos bons e nostálgicos tempos de Freddy Krueger.
Apenas como curiosidade catalográfica, a série “Pânico no Lago” tem 5 filmes. O original foi lançado em 1999 e tem um elenco expressivo com Bill Pullman, Bridget Fonda, Oliver Platt e Brendan Gleeson. Depois foram lançadas as continuações em 2007 (parte 2), 2010 (parte 3) e 2015 (parte 5), sendo que esta foi chamada de “Pânico no Lago: Projeto Anaconda” (Lake Placid vs. Anaconda), com o crossover entre o crocodilo gigante com a cobra de tamanho descomunal da série “Anaconda”. Só comprovando que os realizadores oportunistas não estão interessados em boas histórias e sim apenas em tentar obter algum lucro, mesmo que pequeno, utilizando nomes que de alguma forma já fazem parte da cultura popular.  
(RR – 15/11/16)
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* Os Reencarnados / A Morta Viva (1957)
“Olhem para mim, todos sabem quem sou. Esta é a história do meu trabalho eterno em todas as épocas, as obscuras e esquecidas, e aquelas que ainda virão. Admirem o sutil funcionamento dos meus talentos, e rezem para que eu nunca volte o meu interesse para vocês!”
Essa introdução do próprio diabo (interpretado por Richard Devon), com uma gargalhada de deboche no final, dá início ao filme bagaceiro de horror com elementos de fantasia “Os Reencarnados” / “A Morta Viva” (The Undead, 1957), produzido e dirigido por Roger Corman em início de carreira, através de sua produtora “American International Pictures” (AIP). Ele, que é conhecido pela carreira imensa com centenas de filmes, principalmente do gênero fantástico, cujas maiores características são os orçamentos reduzidos.
Com fotografia em preto e branco, curto com apenas 71 minutos de duração e filmado em apenas 6 dias, “The Undead” conta a história de um psiquiatra pesquisador, Quintus Ratcliff (Val Dufour), que desafia seu antigo professor Ulbrecht Olinger (Maurice Manson), com uma experiência arriscada de hipnose com regressão. Ele utiliza como cobaia uma bela jovem chamada Diana Love (Pamela Duncan), que encontra desocupada pelas ruas, oferecendo dinheiro para se submeter ao experimento.
Uma vez aceitando o dinheiro fácil, a garota é hipnotizada e sua mente a faz retornar no tempo em uma vida anterior durante a Idade Média, na pele de Helene (novamente Pamela Duncan), uma jovem acusada injustamente de bruxaria e condenada à morte por decapitação. Porém, ocorre uma interferência mental da moça do futuro e ela consegue fugir da prisão, iniciando uma série de ocorrências imprevistas que poderiam afetar a existência de todas as suas vidas no futuro. Através de uma trama envolvendo seu par romântico, Pendragon (Richard Garland) e a bela bruxa Livia (Allison Hayes), que tem interesse amoroso por ele e quer a morte de Helene para sair de seu caminho. Além do coveiro atrapalhado Smolkin (Mel Welles), que se diz enfeitiçado por bruxaria, fica cantando bobagens o tempo todo e alega ser meio maluco, e da bruxa velha e deformada Meg Maud (Dorothy Neumann), que quer ajudar Helene a se salvar de seus perseguidores.
Em paralelo, Satã está apenas assistindo toda a confusão como um espectador que tentará interferir no momento certo para conquistar mais almas para seu reino de caos. E o psiquiatra Quintus decide também ser hipnotizado para retornar ao passado e tentar consertar as coisas, oferecendo a solução para Helene através da escolha em aceitar a decapitação e permitir suas vidas futuras ajustando novamente a linha temporal, ou decidir fugir da condenação e viver em seu tempo, e com isso impedir a existências de suas próximas vidas.
“Você está em transe, esta é a sua escolha: a morte agora, vida depois. Ou vida agora, e morte pata todo o sempre.”
O roteiro explora o tema da reencarnação, aproveitando o lançamento do livro “The Search For Bridey Murphy”, de Morey Bernstein. A autoria é de Charles B. Griffith, que foi o responsável por outras bagaceiras da época também dirigidas por Roger Corman como “It Conquered the World”, “Not of This Earth” e “Attack of the Crab Monsters”, entre outros. A história é uma confusão completa, cheia de furos e situações absurdas, onde o resultado acaba convidando o espectador a não se importar com qualquer lógica ou coerência, e apenas aceitar os fatos na tentativa de diversão. Pois, o que realmente interessa no filme são os elementos de horror de uma época medieval onde havia muita conspiração e suposta feitiçaria, com constantes execuções violentas em público. Com uma atmosfera sinistra de um período sangrento da humanidade, em cenas filmadas simulando florestas fantasmagóricas envoltas com névoa constante.
A produção é paupérrima, com cenários toscos e efeitos tão bagaceiros que se tornam hilários, como as transformações da bruxa Livia em morcego ou uma gata preta, além da participação de um anão (Billy Barty) como um diabrete, que é uma pequena criatura sobrenatural pertencente à bruxa. Tem até uma cena de dança macabra num cemitério que é inacreditável de tão patética. Vale apenas pela curiosidade de ser um dos primeiros trabalhos do “Rei dos Filmes B” Roger Corman.
A bela atriz Allison Hayes é uma musa conhecida dos filmes bagaceiros do cinema fantástico do período, aparecendo em tranqueiras divertidas como “O Extraordinário” (The Unearthly, 1957), com o “cientista louco” John Carradine, “Os Zumbis de Mora Tau” (1957) e o cultuado “A Mulher de 15 Metros” (1958).
“Príncipe da escuridão, criador do mal, arquiinimigo do céu. Satã, seja bem vindo ao sabá das feiticeiras.”
.(RR – 23/10/16)
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* O Vale Proibido (1969)
Numa época sem CGI, os efeitos dos monstros eram obtidos pela trabalhosa técnica “stop motion”, que teve no especialista Ray Harryhausen (1920 / 2013) o grande e eterno mestre. “O Vale Proibido” (The Valley of Gwangi, 1969), dirigido por James O´Connolly, é um daqueles típicos filmes da nostálgica “Sessão da Tarde” da TV Globo, uma aventura misturando elementos de western, fantasia, horror e ficção científica. A história é ambientada na virada do século 19 para 20, num vale proibido no México, onde dinossauros esquecidos pelo tempo viviam tranquilamente, até que os homens descobrissem essa região perdida e decidissem capturar um tiranossauro para exibição num circo.
“Gwangi” (do título original) é uma palavra nativa americana que significa “lagarto”, e tem referência ao vale onde ainda vivem animais pré-históricos, e que não deveriam ser importunados para não despertar uma maldição, conforme as palavras ameaçadoras de uma velha cigana cega, Tia Zorina (Freda Jackson). O vale, cercado por montanhas em círculo, picos gigantes e abismos profundos, ainda esconde monstros de uma época remota e que estariam supostamente extintos. E, depois que um cavalo anão, apelidado de “El Diablo”, é raptado dessa região inóspita com a intenção de ser apresentado como atração bizarra de um circo, a supersticiosa cigana organiza uma ação para devolvê-lo ao local de origem.
Em paralelo, a bela T. J.  (a polonesa Gila Golan), que lidera uma equipe de artistas circenses, ao lado de Champ (Richard Carlson) e de seu par romântico, o cowboy galã Tuck Kirby (James Franciscus), reúne um grupo para tentar capturar novamente o pequeno cavalo pré-histórico, e acabam encontrando o vale. O grupo também tem a companhia de um cientista paleontólogo, o Prof. Horace Bromley (Laurence Naismith), cujo interesse é estudar os animais de 50 milhões de anos atrás. Uma vez no vale proibido, eles enfrentam os ataques mortais de um réptil voador (pteranodonte), e de um temível tiranossauro, que está faminto por suas carnes. Porém, ele é capturado como atração de circo. Sem estrutura adequada para mantê-lo preso, o monstro foge e espalha o caos, causando grande confusão na cidade e experimentando a carne humana em sua dieta.
Diversão garantida, principalmente pelos efeitos especiais de Ray Harryhausen, dando vida aos impressionantes animais do mundo perdido de um vale onde o tempo parou, com direito até a um confronto mortal entre o tiranossauro e um elefante de nossos tempos.
“O Vale Proibido” é uma refilmagem de “The Beast of Hollow Mountain” (1956) e sua história tem elementos que nos remetem a outros filmes com ideias e temáticas similares. Como “O Mundo Perdido” (nas versões de 1925 e 1960), baseado em livro de Arthur Conan Doyle e que mostra uma região perdida no Amazonas que abrigava animais pré-históricos. E também “King Kong” (1933, e que teve versões mais modernas em 1976 e 2005), utilizando a ideia de capturar o monstro para uma exibição pública, terminando inevitavelmente em tragédia.  
O ator James Franciscus é lembrado por seu papel do astronauta Brent em “De Volta ao Planeta dos Macacos” (1970), Richard Carlson é um rosto conhecido pelos divertidos filmes bagaceiros do cinema fantástico como “The Magnetic Monster” (1953), “Veio do Espaço” (1953) e “O Monstro da Lagoa Negra” (1954). Já o inglês Laurence Naismith esteve em “A Aldeia dos Amaldiçoados” (1960) e “Jasão e o Velo de Ouro” (1963), outro clássico memorável de Ray Harryhausen.
(RR – 01/11/16)

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