Locusts - O Dia da Destruição (2005)


Um dos vários subgêneros do cinema de horror e ficção científica que sempre é explorado de uma forma muito intensa é aquele que aborda a temática das catástrofes causadas por invasões de insetos. É muito fácil lembrarmos de vários filmes com a humanidade sendo ameaçada por ataques de abelhas, aranhas, lesmas, formigas, baratas, gafanhotos, sem contar a revolta de outros animais como ratos, sapos e pássaros, apenas para citar alguns exemplos. A “FlashStar” lançou no mercado brasileiro de DVD no final de 2005 mais um filme situado dentro desse contexto, “Locusts – O Dia da Destruição” (Locusts – Day of Destruction), produção americana de 2005, especialmente para a televisão, dirigida por David Jackson e estrelada por Lucy Lawless (de “O Pesadelo”). E nesse caso, o roteirista Doug Prochilo optou por escolher gafanhotos modificados geneticamente como os insetos protagonistas da destruição (como sugere o subtítulo).

A cientista chefe da divisão de insetos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Maddy Rierdon (Lucy Lawless), que também é uma agente federal, descobre que o entomologista Dr. Peter Axelrod (John Heard) está trabalhando sem autorização numa experiência genética com cruzamento de gafanhotos de espécies diferentes, e que havia criado um inseto híbrido resistente a todos os pesticidas conhecidos, além de ser mais forte, rápido, melhor reprodutor e viver mais que os gafanhotos normais. Rierdon desconfia que a experiência é um tipo de arma biológica financiada pelo Departamento de Defesa e ordena a incineração imediata dos insetos e a demissão do cientista responsável.
Porém, alguns gafanhotos conseguem escapar do laboratório para o meio ambiente e se espalham rapidamente por vários estados, reproduzindo-se numa escala descomunal formando imensos enxames que passam a destruir as plantações e até passando a usar a carne como fonte de alimento, ameaçando animais e seres humanos nos campos e cidades.
Para tentar combatê-los, Rierdon se une ao seu marido Dan Dryer (Dylan Neal), que trabalha no Departamento de Agricultura das “Nações Unidas”, e com quem estava tendo uma crise conjugal por causa do excesso de trabalho prejudicando a vida familiar, além também de unir os esforços e conhecimentos do Dr. Axelrod, agora arrependido por criar o gafanhoto híbrido que poderia causa uma tragédia de grandes proporções. Juntos, eles procuram desesperadamente uma solução para exterminar os insetos destruidores e evitar que o exército, sob o comando do General Miller (Greg Allan Williams), intervenha no caso utilizando um gás secreto altamente venenoso, desenvolvido como arma química e que poderia matar também muitas pessoas inocentes.

Primeiramente, não sei porque a distribuidora “FlashStar” optou por um título nacional misto, utilizando o original “Locusts” e traduzindo o subtítulo para nosso idioma. O melhor e mais coerente seria trocar o “Locusts” por “Gafanhotos”. Mas, independente disso, e falando especificamente do filme, podemos dizer que é apenas mais um exemplar do gênero, sem grandes atrações ou diferenciais, insistindo nos mesmos clichês e idéias repetitivas de sempre, com todos os eventos acontecendo com muita previsibilidade, justificando em parte ser uma produção para a televisão, pois a história é óbvia demais e sem ousadia. Não tem cenas de violência e mortes, os ataques dos gafanhotos são simples e inexpressivos, e as soluções para exterminar sua ameaça são artificiais e inverossímeis.
É um filme americano ao extremo, daqueles que eles gostam de fazer para eles mesmos apreciarem, deixando claro que o mundo termina em suas fronteiras. A “salvadora da pátria”, aquela que colocou em prática a solução para o problema da invasão dos gafanhotos famintos, ficou a cargo de uma mulher que só aparece próximo do final (antes teve apenas uma breve cena onde o diretor fez questão de mostrar o quanto ela é atrapalhada e “nerd” ao deixar cair um objeto durante uma importante reunião). Ela é a cientista Lorelei Wentworth (Natalia Nogulich), do Departamento de Energia. E também não faltou aquela frase já irritante de tão explorada, “diga para minha esposa e filha que eu as amo”, quando alguém está à beira da morte.
O roteiro é forçado para que todos os eventos do filme possam interagir de forma a obter aquele tradicional desfecho feliz de sempre. Da minha parte, ainda continuo torcendo para que algum dia os insetos possam triunfar sobre a raça humana (que nesse caso manipulou a natureza na criação de um gafanhoto híbrido), e aguardo um diretor e roteirista ousado o suficiente para contar uma história mais próxima de uma realidade, fugindo um pouco desse convencional mundo de fantasia do cinema.

“Locusts – O Dia da Destruição” (Locusts – Day of Destruction, Estados Unidos, 2005) # 367 – data: 30/01/06 – avaliação: 4 (de 0 a 10) – site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 30/01/06)