Na sexta-feira 12/11/04 chegou ao Brasil o suspense “Celular – Um Grito de Socorro” (Cellular), entrando em cartaz em nossos cinemas com distribuição da “PlayArte”, dirigido por David R. Ellis (de “Premonição 2”), roteiro escrito a partir de uma história de Larry Cohen (de “Por Um Fio”) e com produção de Dean Devlin (de “Malditas Aranhas!).
Uma mulher, a professora de Biologia Jessica Martin (Kim Basinger, de “A Filha da Luz”), é sequestrada e mantida presa num cativeiro, com sua vida ameaçada pelo líder dos criminosos, Ethan Greer (o inglês Jason Statham, de “Fantasmas de Marte”). Porém, ela consegue ainda fazer uma última ligação com os restos de um telefone destruído pelos bandidos que a raptaram. Discando para um número aleatório, ela acaba entrando em contato com um jovem, Ryan (Chris Evans), através de seu telefone celular. Inicialmente, ele acredita que a ligação é uma brincadeira por causa da solicitação desesperada de Jessica em pedir socorro, mas depois o jovem se convence da seriedade do caso quando ouve de fundo a voz ameaçadora do sequestrador intimidando a mulher.
A partir daí, Chris tenta ajudá-la de todas as formas possíveis, procurando pistas sobre seu cativeiro e tentando evitar os sequestros também de seu filho pequeno, Ricky (Adam Taylor Gordon), e do marido corretor de imóveis Craig (Richard Burgi), além principalmente de manter ativa a todo custo a ligação do celular que é o único elo de comunicação com Jessica. Para isso, ele enfrenta inúmeros problemas como o fim da carga da bateria do aparelho, que o obriga a cometer uma série de infrações na cidade, como acidentes de trânsito, roubo de carros (especialmente um valioso Porsche azul de um advogado arrogante e responsável por várias cenas engraçadas), além de ameaças públicas com um revólver, despertando a atenção da polícia através do Sargento Bob Mooney (William H. Macy, de “A Vida em Preto e Branco”), que estava cansado da rotina burocrática de seu trabalho há longos vinte e sete anos, prestes a se aposentar da corporação, e nem imaginaria a confusão em que iria se meter ao investigar o misterioso sequestro da Sra. Jessica Martin.
O subtítulo do filme, “Um Grito de Socorro”, poderia ser talvez melhor aplicado como o desejo do espectador para ser resgatado da sala de cinema em reação e protesto contra a infinidade de furos e situações forçadas do roteiro (típicas do fantasioso “mundo do cinema”), em vez de representar a agonia da personagem Jessica Martin pedindo auxílio para se livrar dos sequestradores que ameaçam sua vida num cativeiro. Brincadeiras à parte, “Celular” até que consegue divertir um pouco em sua hora e meia de projeção desde que não sejamos exigentes com as várias cenas absurdas da história, que já parte de uma premissa altamente inverossímil, ou seja, a possibilidade de uma simples mulher em estado de desespero conseguir fazer uma chamada telefônica com os restos destruídos de um aparelho, entrando em contato com uma pessoa qualquer, que por sua vez, passa de um patético jovem mais interessado em ver mulheres em trajes de banho no Cais Santa Monica, em Los Angeles, para alguém com uma repentina e notória coragem e habilidades especiais para enfrentar uma situação completamente fora do comum, cometendo uma série de incidentes na cidade para alcançar seu objetivo, fazendo da polícia uma instituição desnecessária e incompetente.
Mas, independente disso, e procurando apenas se envolver com a história e o drama enfrentado pela mulher sequestrada e pelo jovem que tenta ajudá-la com um celular no ouvido o tempo todo, o filme tem alguns bons momentos de ação e suspense com intensas perseguições de carro, tiroteios e correrias desenfreadas, incitando o público a tentar descobrir o real mistério por trás do sequestro, acompanhando o desafio de Ryan em evitar a queda da ligação do celular e sua tentativa de salvar a vida da família de Jessica das mãos dos perigosos bandidos.
Entre as curiosidades, vale mencionar uma referência à popular saga “O Senhor dos Anéis”, através da bolsa de escola do garoto Ricky Martin, um dos diversos produtos de merchandise da franquia, além de uma cena onde na casa dos raptores podemos ver na televisão um trecho rápido da sequência do grave acidente rodoviário de “Premonição 2” (Final Destination 2, 2003), filme do mesmo estúdio “New Line Cinema” e também dirigido por David R. Ellis.
O cineasta e escritor Larry Cohen é bem conhecido no gênero fantástico, tendo participação em muitos filmes “B” de horror e suspense, seja na direção ou roteiro, como é o caso do divertido “A Coisa” (85) e as franquias “Nasce Um Monstro” (iniciada nos anos 70) e “Maniac Cop” (do final da década de 80). Curiosamente ele também é o autor de “Por Um Fio” (Phone Booth, 2002), cuja história é muito similar à de “Celular – Um Grito de Socorro”, com a diferença que no primeiro filme um homem (Colin Farrell) é mantido preso numa cabine telefônica pública sob a mira de um franco atirador (Kiefer Sutherland), recebendo a ajuda e orientação de um policial (Forest Whitaker). Já no segundo filme, uma mulher é sequestrada e pede ajuda para um homem através de um celular, e este tenta socorrê-la ficando grudado no telefone móvel o tempo todo, com a vantagem de poder se locomover à vontade, permitindo com isso cometer vários distúrbios urbanos e chamando a atenção para a investigação de um policial.
“Celular – Um Grito de Socorro” tem como um dos personagens principais um celular, que é o centro das atenções e o objeto que interliga todas as ações e elementos do filme, explorando como tema básico esse aparelho cada vez mais popular e um dos maiores representantes da atual modernidade tecnológica, assim como a internet que tanto já foi utilizada como tema de uma enorme quantidade de filmes de todos os gêneros, muitos deles dentro do horror.
A responsável pela distribuição de “Celular – Um Grito de Socorro” no Brasil é a “PlayArte”, conhecida por escolher muito mal o nome dos filmes que chegam por aqui. Novamente errou ao colocar um desnecessário subtítulo (Um Grito de Socorro), sendo muito mais fácil apenas traduzir o original para “Celular”. Outros equívocos grotescos da distribuidora são por exemplo os nomes nacionais de “Wrong Turn” para o manjado “Pânico na Floresta” ou o road movie de horror “Highwaymen” para o oportunista “Velozes e Mortais”.
“Celular – Um Grito de Socorro” (Cellular, 2004) # 283 – data: 15/11/04 – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 31/01/06)
Celular – Um Grito de Socorro (Cellular, Estados Unidos, 2004). Duração: 94 minutos. New Line Cinema / PlayArte. Direção de David R. Ellis. Roteiro de Chris Morgan, baseado em história de Larry Cohen (roteiro reescrito por Eric Bress e J. MacKye Gruber e não creditados). Produção de Dean Devlin, Lauren Lloyd e Marc Roskin. Produção Executiva de Douglas Curtis e Keith Goldberg. Fotografia de Gary Capo. Música de John Ottman. Edição de Eric A. Sears. Desenho de Produção de Jaymes Hinkle. Direção de Arte de Domenic Silvestri. Elenco: Kim Basinger (Jessica Martin), Chris Evans (Ryan), William H. Macy (Sargento Bob Mooney), Eric Christian Olsen (Chad), Jessica Biel (Chloe), Jason Statham (Ethan Greer), Richard Burgi (Craig Martin), Eddie Driscoll (Ronnie), Eric Etebari (Dimitri), Adam Taylor Gordon (Ricky Martin), Noah Emmerich (Jack Tanner).
Uma mulher, a professora de Biologia Jessica Martin (Kim Basinger, de “A Filha da Luz”), é sequestrada e mantida presa num cativeiro, com sua vida ameaçada pelo líder dos criminosos, Ethan Greer (o inglês Jason Statham, de “Fantasmas de Marte”). Porém, ela consegue ainda fazer uma última ligação com os restos de um telefone destruído pelos bandidos que a raptaram. Discando para um número aleatório, ela acaba entrando em contato com um jovem, Ryan (Chris Evans), através de seu telefone celular. Inicialmente, ele acredita que a ligação é uma brincadeira por causa da solicitação desesperada de Jessica em pedir socorro, mas depois o jovem se convence da seriedade do caso quando ouve de fundo a voz ameaçadora do sequestrador intimidando a mulher.
A partir daí, Chris tenta ajudá-la de todas as formas possíveis, procurando pistas sobre seu cativeiro e tentando evitar os sequestros também de seu filho pequeno, Ricky (Adam Taylor Gordon), e do marido corretor de imóveis Craig (Richard Burgi), além principalmente de manter ativa a todo custo a ligação do celular que é o único elo de comunicação com Jessica. Para isso, ele enfrenta inúmeros problemas como o fim da carga da bateria do aparelho, que o obriga a cometer uma série de infrações na cidade, como acidentes de trânsito, roubo de carros (especialmente um valioso Porsche azul de um advogado arrogante e responsável por várias cenas engraçadas), além de ameaças públicas com um revólver, despertando a atenção da polícia através do Sargento Bob Mooney (William H. Macy, de “A Vida em Preto e Branco”), que estava cansado da rotina burocrática de seu trabalho há longos vinte e sete anos, prestes a se aposentar da corporação, e nem imaginaria a confusão em que iria se meter ao investigar o misterioso sequestro da Sra. Jessica Martin.
O subtítulo do filme, “Um Grito de Socorro”, poderia ser talvez melhor aplicado como o desejo do espectador para ser resgatado da sala de cinema em reação e protesto contra a infinidade de furos e situações forçadas do roteiro (típicas do fantasioso “mundo do cinema”), em vez de representar a agonia da personagem Jessica Martin pedindo auxílio para se livrar dos sequestradores que ameaçam sua vida num cativeiro. Brincadeiras à parte, “Celular” até que consegue divertir um pouco em sua hora e meia de projeção desde que não sejamos exigentes com as várias cenas absurdas da história, que já parte de uma premissa altamente inverossímil, ou seja, a possibilidade de uma simples mulher em estado de desespero conseguir fazer uma chamada telefônica com os restos destruídos de um aparelho, entrando em contato com uma pessoa qualquer, que por sua vez, passa de um patético jovem mais interessado em ver mulheres em trajes de banho no Cais Santa Monica, em Los Angeles, para alguém com uma repentina e notória coragem e habilidades especiais para enfrentar uma situação completamente fora do comum, cometendo uma série de incidentes na cidade para alcançar seu objetivo, fazendo da polícia uma instituição desnecessária e incompetente.
Mas, independente disso, e procurando apenas se envolver com a história e o drama enfrentado pela mulher sequestrada e pelo jovem que tenta ajudá-la com um celular no ouvido o tempo todo, o filme tem alguns bons momentos de ação e suspense com intensas perseguições de carro, tiroteios e correrias desenfreadas, incitando o público a tentar descobrir o real mistério por trás do sequestro, acompanhando o desafio de Ryan em evitar a queda da ligação do celular e sua tentativa de salvar a vida da família de Jessica das mãos dos perigosos bandidos.
Entre as curiosidades, vale mencionar uma referência à popular saga “O Senhor dos Anéis”, através da bolsa de escola do garoto Ricky Martin, um dos diversos produtos de merchandise da franquia, além de uma cena onde na casa dos raptores podemos ver na televisão um trecho rápido da sequência do grave acidente rodoviário de “Premonição 2” (Final Destination 2, 2003), filme do mesmo estúdio “New Line Cinema” e também dirigido por David R. Ellis.
O cineasta e escritor Larry Cohen é bem conhecido no gênero fantástico, tendo participação em muitos filmes “B” de horror e suspense, seja na direção ou roteiro, como é o caso do divertido “A Coisa” (85) e as franquias “Nasce Um Monstro” (iniciada nos anos 70) e “Maniac Cop” (do final da década de 80). Curiosamente ele também é o autor de “Por Um Fio” (Phone Booth, 2002), cuja história é muito similar à de “Celular – Um Grito de Socorro”, com a diferença que no primeiro filme um homem (Colin Farrell) é mantido preso numa cabine telefônica pública sob a mira de um franco atirador (Kiefer Sutherland), recebendo a ajuda e orientação de um policial (Forest Whitaker). Já no segundo filme, uma mulher é sequestrada e pede ajuda para um homem através de um celular, e este tenta socorrê-la ficando grudado no telefone móvel o tempo todo, com a vantagem de poder se locomover à vontade, permitindo com isso cometer vários distúrbios urbanos e chamando a atenção para a investigação de um policial.
“Celular – Um Grito de Socorro” tem como um dos personagens principais um celular, que é o centro das atenções e o objeto que interliga todas as ações e elementos do filme, explorando como tema básico esse aparelho cada vez mais popular e um dos maiores representantes da atual modernidade tecnológica, assim como a internet que tanto já foi utilizada como tema de uma enorme quantidade de filmes de todos os gêneros, muitos deles dentro do horror.
A responsável pela distribuição de “Celular – Um Grito de Socorro” no Brasil é a “PlayArte”, conhecida por escolher muito mal o nome dos filmes que chegam por aqui. Novamente errou ao colocar um desnecessário subtítulo (Um Grito de Socorro), sendo muito mais fácil apenas traduzir o original para “Celular”. Outros equívocos grotescos da distribuidora são por exemplo os nomes nacionais de “Wrong Turn” para o manjado “Pânico na Floresta” ou o road movie de horror “Highwaymen” para o oportunista “Velozes e Mortais”.
“Celular – Um Grito de Socorro” (Cellular, 2004) # 283 – data: 15/11/04 – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 31/01/06)
Celular – Um Grito de Socorro (Cellular, Estados Unidos, 2004). Duração: 94 minutos. New Line Cinema / PlayArte. Direção de David R. Ellis. Roteiro de Chris Morgan, baseado em história de Larry Cohen (roteiro reescrito por Eric Bress e J. MacKye Gruber e não creditados). Produção de Dean Devlin, Lauren Lloyd e Marc Roskin. Produção Executiva de Douglas Curtis e Keith Goldberg. Fotografia de Gary Capo. Música de John Ottman. Edição de Eric A. Sears. Desenho de Produção de Jaymes Hinkle. Direção de Arte de Domenic Silvestri. Elenco: Kim Basinger (Jessica Martin), Chris Evans (Ryan), William H. Macy (Sargento Bob Mooney), Eric Christian Olsen (Chad), Jessica Biel (Chloe), Jason Statham (Ethan Greer), Richard Burgi (Craig Martin), Eddie Driscoll (Ronnie), Eric Etebari (Dimitri), Adam Taylor Gordon (Ricky Martin), Noah Emmerich (Jack Tanner).