A Bolha Assassina (The Blob, 1988)



Nota do Autor: Esse texto foi publicado originalmente no fanzine “Megalon” # 3, em 1989, com o título “A Volta da Bolha”. E agora foi levemente revisado recebendo o nome “A Bolha Assassina”.

Em 1958, o cineasta Irwin S. Yeaworth dirigiu o filme “A Bolha”, um pequeno clássico de ficção científica e horror que acabou se tornando um “cult movie”. Esse antigo filme da “Paramount” foi produzido por Jack H. Harris e trazia no elenco Steve McQueen (em seu primeiro grande papel), Anneta Corseaut e Earl Rowe.
Trinta anos depois, Chuck Russell (que estreou na direção em 1987 com o filme “A Nightmare on Elm Street 3: The Dream Warriors” ou “A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros do Sonho”) resolveu fazer uma refilmagem da história original. Ele foi apoiado pelo mesmo produtor da primeira versão, Jack H. Harris (que possuía os direitos do filme) e para a satisfação dos apreciadores de Horror dos tempos mais modernos, temos essa nova versão bem mais violenta e sangrenta, sustentada por excelentes efeitos especiais.
A propósito, muitos cineastas já usaram essa fórmula em outras refilmagens de clássicos dos anos 50. Citando dois exemplos, temos a recente versão do filme “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, Fox, EUA, 1958), que trazia no elenco David Hedison, o grande Vincent Price e Patricia Owens. Esse filme de Kurt Neumann mostrava as experiências de um cientista com a desintegração da matéria. O eficiente David Cronenberg (de “Scanners” e “Videodrome”) refilmou esse clássico em 1986, com Jeff Goldblum e Geena Davis, utilizando poderosos efeitos especiais, que tornaram o filme bem mais “podre” e assustador. Outro exemplo é o clássico “O Monstro do Ártico” (The Thing, RKO, EUA, 1951), dirigido por Christian Nyby e estrelado por Robert Cornthwaite, Kenneth Tobey e Margaret Sheridan. Um monstro alienígena que é encontrado congelado no Ártico, desperta e ataca uma expedição de pesquisadores. Em 1982, John Carpenter (de “Halloween” e “Starman”) dirigiu uma nova versão com Kurt Russell e T. K. Carter, utilizando também mais violência e efeitos especiais de primeira qualidade.
Voltando à refilmagem de “A Bolha”, que recebeu agora o nome de “ A Bolha Assassina”, podemos dizer que é um dos bons e significativos filmes produzidos nos anos 80, com uma considerável dose de cenas de violência e sustos. Com um orçamento de US$ 19 milhões (mais da metade gasto só com os efeitos especiais), o filme não foi bem recebido pela crítica brasileira, porém fez grande sucesso entre o público. O competente diretor Chuck Russell (que iniciou sua carreira produzindo o filme “Back to School” e co-escrevendo a ótima FC “Dreamscape”), contou com a ajuda de Lyle Conway na criação dos efeitos da bolha e de Tony Gardner no comando dos outros efeitos especiais.
Na pequena cidade fictícia de Arborville, a pacata população é atacada por um monstro gelatinoso vindo do espaço através de um meteorito. Inicialmente de pequeno porte, a bolha aumentava seu volume progressivamente ao dissolver e engolir as pessoas que entravam em seu caminho.
A nova bolha está bem mais dinâmica que a sua antecessora original, pois podia criar tentáculos quando quisesse, ajudando muito seus ataques mortíferos. Mais tarde descobriu-se que a gosma viva era fruto de uma fracassada experiência para a guerra bacteriológica e os cientistas responsáveis isolaram a cidade para tentar capturar a criatura com vida. Enquanto muitas mortes violentas ocorrem, um casal, Kevin Dillon (de “Platoon”) e Shawnee Smith, tentavam praticamente sozinhos salvar a cidade.
Entre os destaques, temos as cenas em que um funcionário de uma lanchonete entra literalmente por um cano e para o final interessante com o fanático reverendo Meeker (Del Close, que aliás é o único ator que já participou de outro filme da bolha, a fraca sequência “Son of Blob”, de Larry Hagman, filmada em 1972 e mais voltada para o humor).
Enfim, “A Bolha Assassina” é uma refilmagem interessante, apresentando um roteiro com muita violência explícita, sangue em profusão e cenas assustadoras, mas ainda assim não chega a superar o “charme” do clássico original, que foi produzido com baixo orçamento e é um dos mais lembrados exemplos do cinema fantástico da década de 50 do século passado.

“A Bolha Assassina” (The Blob, 1988) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 05/01/06)

A Bolha Assassina (The Blob, Estados Unidos, 1988). Tri-Star Pictures. Duração: 92 minutos. Direção de Chuck Russell. Roteiro de Chuck Russell e Frank Darabont. Fotografia de Mark Irwin. Música de Michael Hoenig. Edição de Terry Stokes e Tod Feuerman. Efeitos Especiais de Tony Gardner. Efeitos da Criatura de Lyle Conway. Efeitos Visuais de “Dream Quest Images” (supervisão de Hoyt Yeatman). Produção Executiva de Andre Blay. Linha de Produção de Rupert Harvey. Produção de Jack H. Harris e Elliott Kastner. Elenco: Kevin Dillon (Brian Flagg), Shawnee Smith (Meg Penny), Donovan Leitch (Paul Taylor), Joe Seneca (Dr. Meddows), Paul McCrane (Bill Briggs), Del Close (Reverend Meeker), Jeffrey De Munn, Candy Clark, Sharon Spelman, Beau Billingslea, Rick Goldin, Art La Fleur.