Em 1978, no clássico “Halloween – A Noite do Terror”, um jovem de apenas 6 anos de idade chamado Michael Myers se apossa de uma grande faca afiada e mata violentamente sua irmã de 17 anos, numa noite de “Halloween”, tradicional festa americana do “Dia das Bruxas”. Após ficar internado num hospício por 15 longos anos, ele foge deixando um rastro enorme de vítimas, à procura de sua outra irmã, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis, uma das grandes “scream queen” do cinema de Horror), e sendo perseguido pelo implacável psiquiatra Dr. Loomis (Donald Pleasence, que morreu em 1995 e considerado um dos ícones sagrados do gênero). Após uma longa série de filmes posteriores (mais cinco sequências), Michael Myers esteve de volta aos cinemas depois de 20 anos para matar sua irmã e deixar novamente seu rastro de sangue, em “Halloween H20 – 20 Anos Depois”, que estreou nos cinemas brasileiros numa data especial de Natal, em 25 de dezembro de 1998.
Criado no final da década de 70 por John Carpenter, conhecido diretor do gênero fantástico responsável por “O Enigma do Outro Mundo” (1982), “Príncipe das Sombras” (87) e “Eles Vivem” (88), entre outros, “Halloween” foi um dos precursores da onda de filmes sequenciais com psicopatas “serial killers” que invadiram os cinemas principalmente durante a década de 1980, vindo após Michael Myers, os seus rivais Jason Voorhees (“Sexta-Feira 13”, 79, com mais nove episódios) e Freddy Krueger (“A Hora do Pesadelo”, 84, com mais seis partes posteriores).
Após uma breve trégua no cinema de horror no início dos anos 90, os filmes com psicopatas, sangue e sustos reapareceram com sucesso nas telas a partir de 1996, com o lançamento de “Pânico” (Scream, de Wes Craven, o criador da saga “A Hora do Pesadelo”), que impulsionou uma safra de filmes similares como “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” (I Know What You Did Last Summer, 97) e “Lendas Urbanas” (Urban Legends, 97, com a participação do ator Robert Englund, o “Freddy Krueger” do cinema). Apesar do excesso de clichês e situações previsíveis, esses filmes até que divertem (que é o seu principal objetivo) e com a grande aceitação do público, principalmente adolescentes, as inevitáveis sequências já surgiram logo em seguida com “Pânico 2 e 3”, “Eu Ainda Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” e “Lendas Urbanas 2”, todos já exibidos em nossos cinemas. E essa onda de filmes de sustos fáceis impulsionou a produção do gênero gerando entre outros, “Halloween H20”, a refilmagem de “Psicose” (Psycho, grande clássico em preto e branco de Alfred Hitchcock, de 1960), desta vez sem Anthony Perkins (já falecido) e com Anne Heche, que estreou no Brasil em 15 de janeiro de 1999, e até outro filme (terceira sequência) com o boneco maligno Chucky em “A Noiva de Chucky”.
É pena que a falta de originalidade e criatividade dos roteiristas atuais os obriguem a refilmar clássicos do passado ou insistir com longas e cansativas séries, mas tentando apenas observar os fatos positivos, esses novos filmes trazem bons efeitos especiais e garantem algum entretenimento sem muita exigência.
Sobre “Halloween H20”, dirigido por Steve Miner, de “A Casa do Espanto” (1985) e “Sexta-Feira 13” partes II (81) e III (82), entre outros, o filme traz novamente Jamie Lee Curtis (dos dois primeiros filmes da série) atormentada pelo fantasma de seu irmão psicopata Michael Myers, cujo paradeiro ficou oculto por 20 longos anos. Só que desta vez, sem a participação do falecido ator Donald “Dr. Loomis” Pleasence, seu perseguidor implacável e grande figura do cinema de horror, com inúmeras participações no gênero e que infelizmente faz agora somente parte da galeria dos astros imortais. Mas como curiosidade, há a pequena participação de Janet Leigh (mãe de Jamie Lee Curtis na vida real), veterana atriz conhecida pela personagem que foi brutalmente assassinada por Norman Bates na famosa cena do chuveiro no clássico “Psicose”.
A história é puro clichê sem situações novas, com Curtis (como Laurie Strode / Keri Tate) quarentona e mãe de um filho adolescente mudando de nome e cidade para se esquecer de seu irmão maníaco. Assumindo a diretoria de uma escola rica, ela não consegue evitar totalmente seu trauma com frequentes alucinações envolvendo Michael Myers. Até que o psicopata reaparece novamente e com uma enorme faca (sua marca registrada) contribui significativamente para o aumento do índice de mortandade da região. Mas as vítimas não chegam a uma dezena como era em filmes similares anteriores como os inúmeros “Sexta-Feira 13”, cujos assassinatos ultrapassavam tranquilamente a marca dos 20, demonstrando a tendência desses novos filmes em apostar em sustos e mais suspense ao invés de violência gratuita e explícita demais.
Um detalhe interessante é a referência ao filme “Pânico”, quando numa cena de suspense, a televisão está ligada na exibição do filme citado, e que curiosamente o inverso havia acontecido antes, pois em “Pânico”, um grupo de jovens adolescentes que faziam uma festa assistiam ao clássico “Halloween” com Jamie Lee Curtis, enquanto eram misteriosamente assassinados um a um. Parece mesmo uma troca de cortesias e homenagens entre os produtores.
Após muita correria, gritos e eventuais mortes, Michael Myers é golpeado e supostamente morto. Mas assim como seus companheiros de ofício Jason Voorhees e Freddy Krueger, psicopatas imortais, reanima-se constantemente como se nada tivesse acontecido (nada é impossível aos roteiristas), até que finalmente é decapitado de forma violenta por sua irmã heroína na cena final do filme (não há segredo nenhum em revelar isso pois tudo é previsível com muita antecedência). E a franquia continuou em 2002 com o lançamento do oitavo filme da série: “Halloween: Ressurreição”, dirigido por Rick Rosenthal, novamente com Jamie Lee Curtis no elenco, e com Brad Loree interpretando Michael Myers.
Porém, como já mencionado antes, apesar de toda a previsibilidade, o filme tem alguns bons momentos de sustos sendo uma boa diversão sem muita exigência, e material obrigatório para os fãs em geral do Horror, principalmente para acompanhar a atual safra de produção do gênero. Se bem que a cada ano que passa, sentimos mais saudades dos velhos filmes de Vincent Price, Peter Cushing, Christopher Lee, Boris Karloff, Bela Lugosi, John Carradine, Peter Lorre, Lon Chaney Jr., ...
“Halloween H20 – 20 Anos Depois” (Halloween H20: 20 Years Later, 1998) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 23/01/06)
Halloween H20 – 20 Anos Depois (Halloween H20: 20 Years Later, EUA, 1998). Dimension Films / Nightfall Productions. Duração: 85 minutos. Direção de Steve Miner. Roteiro de Robert Zappia e Matt Greenberg, baseado em história de Robert Zappia e personagens criados por Debra Hill e John Carpenter. Produção de Paul Freeman. Fotografia de Daryn Okada. Música de John Ottman e Marco Beltrami (tema “Halloween” criado por John Carpenter). Edição de Patrick Lussier. Desenho de Produção de John Willett. Efeitos Especiais de John C. Hartigan e Paul Sokol. Elenco: Jamie Lee Curtis (Laurie Strode / Keri Tate), Josh Hartnett (John Strode / John Tate), Janet Leigh (Norma Watson), Adam Arkim (Will Brennan), Michelle Williams (Molly Cartwell), Adan Hann-Byrd (Charles Deveraux), Jodi Lynn O'Keefe (Sarah Wainthrope), LL Cool J (Ronald Jones), Joseph Gordon Levitt (Jimmy Howell), Nancy Stephens (Enfermeira Marion Chambers Whittington), Brandon Williams (Tony Allegre), Beau Billingslea (Detetive Fitzsimmons), Matt Winston (Detetive Matt Sampson), Larissa Miller (Claudia), Emmalee Thompson (Casey).
Criado no final da década de 70 por John Carpenter, conhecido diretor do gênero fantástico responsável por “O Enigma do Outro Mundo” (1982), “Príncipe das Sombras” (87) e “Eles Vivem” (88), entre outros, “Halloween” foi um dos precursores da onda de filmes sequenciais com psicopatas “serial killers” que invadiram os cinemas principalmente durante a década de 1980, vindo após Michael Myers, os seus rivais Jason Voorhees (“Sexta-Feira 13”, 79, com mais nove episódios) e Freddy Krueger (“A Hora do Pesadelo”, 84, com mais seis partes posteriores).
Após uma breve trégua no cinema de horror no início dos anos 90, os filmes com psicopatas, sangue e sustos reapareceram com sucesso nas telas a partir de 1996, com o lançamento de “Pânico” (Scream, de Wes Craven, o criador da saga “A Hora do Pesadelo”), que impulsionou uma safra de filmes similares como “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” (I Know What You Did Last Summer, 97) e “Lendas Urbanas” (Urban Legends, 97, com a participação do ator Robert Englund, o “Freddy Krueger” do cinema). Apesar do excesso de clichês e situações previsíveis, esses filmes até que divertem (que é o seu principal objetivo) e com a grande aceitação do público, principalmente adolescentes, as inevitáveis sequências já surgiram logo em seguida com “Pânico 2 e 3”, “Eu Ainda Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” e “Lendas Urbanas 2”, todos já exibidos em nossos cinemas. E essa onda de filmes de sustos fáceis impulsionou a produção do gênero gerando entre outros, “Halloween H20”, a refilmagem de “Psicose” (Psycho, grande clássico em preto e branco de Alfred Hitchcock, de 1960), desta vez sem Anthony Perkins (já falecido) e com Anne Heche, que estreou no Brasil em 15 de janeiro de 1999, e até outro filme (terceira sequência) com o boneco maligno Chucky em “A Noiva de Chucky”.
É pena que a falta de originalidade e criatividade dos roteiristas atuais os obriguem a refilmar clássicos do passado ou insistir com longas e cansativas séries, mas tentando apenas observar os fatos positivos, esses novos filmes trazem bons efeitos especiais e garantem algum entretenimento sem muita exigência.
Sobre “Halloween H20”, dirigido por Steve Miner, de “A Casa do Espanto” (1985) e “Sexta-Feira 13” partes II (81) e III (82), entre outros, o filme traz novamente Jamie Lee Curtis (dos dois primeiros filmes da série) atormentada pelo fantasma de seu irmão psicopata Michael Myers, cujo paradeiro ficou oculto por 20 longos anos. Só que desta vez, sem a participação do falecido ator Donald “Dr. Loomis” Pleasence, seu perseguidor implacável e grande figura do cinema de horror, com inúmeras participações no gênero e que infelizmente faz agora somente parte da galeria dos astros imortais. Mas como curiosidade, há a pequena participação de Janet Leigh (mãe de Jamie Lee Curtis na vida real), veterana atriz conhecida pela personagem que foi brutalmente assassinada por Norman Bates na famosa cena do chuveiro no clássico “Psicose”.
A história é puro clichê sem situações novas, com Curtis (como Laurie Strode / Keri Tate) quarentona e mãe de um filho adolescente mudando de nome e cidade para se esquecer de seu irmão maníaco. Assumindo a diretoria de uma escola rica, ela não consegue evitar totalmente seu trauma com frequentes alucinações envolvendo Michael Myers. Até que o psicopata reaparece novamente e com uma enorme faca (sua marca registrada) contribui significativamente para o aumento do índice de mortandade da região. Mas as vítimas não chegam a uma dezena como era em filmes similares anteriores como os inúmeros “Sexta-Feira 13”, cujos assassinatos ultrapassavam tranquilamente a marca dos 20, demonstrando a tendência desses novos filmes em apostar em sustos e mais suspense ao invés de violência gratuita e explícita demais.
Um detalhe interessante é a referência ao filme “Pânico”, quando numa cena de suspense, a televisão está ligada na exibição do filme citado, e que curiosamente o inverso havia acontecido antes, pois em “Pânico”, um grupo de jovens adolescentes que faziam uma festa assistiam ao clássico “Halloween” com Jamie Lee Curtis, enquanto eram misteriosamente assassinados um a um. Parece mesmo uma troca de cortesias e homenagens entre os produtores.
Após muita correria, gritos e eventuais mortes, Michael Myers é golpeado e supostamente morto. Mas assim como seus companheiros de ofício Jason Voorhees e Freddy Krueger, psicopatas imortais, reanima-se constantemente como se nada tivesse acontecido (nada é impossível aos roteiristas), até que finalmente é decapitado de forma violenta por sua irmã heroína na cena final do filme (não há segredo nenhum em revelar isso pois tudo é previsível com muita antecedência). E a franquia continuou em 2002 com o lançamento do oitavo filme da série: “Halloween: Ressurreição”, dirigido por Rick Rosenthal, novamente com Jamie Lee Curtis no elenco, e com Brad Loree interpretando Michael Myers.
Porém, como já mencionado antes, apesar de toda a previsibilidade, o filme tem alguns bons momentos de sustos sendo uma boa diversão sem muita exigência, e material obrigatório para os fãs em geral do Horror, principalmente para acompanhar a atual safra de produção do gênero. Se bem que a cada ano que passa, sentimos mais saudades dos velhos filmes de Vincent Price, Peter Cushing, Christopher Lee, Boris Karloff, Bela Lugosi, John Carradine, Peter Lorre, Lon Chaney Jr., ...
“Halloween H20 – 20 Anos Depois” (Halloween H20: 20 Years Later, 1998) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 23/01/06)
Halloween H20 – 20 Anos Depois (Halloween H20: 20 Years Later, EUA, 1998). Dimension Films / Nightfall Productions. Duração: 85 minutos. Direção de Steve Miner. Roteiro de Robert Zappia e Matt Greenberg, baseado em história de Robert Zappia e personagens criados por Debra Hill e John Carpenter. Produção de Paul Freeman. Fotografia de Daryn Okada. Música de John Ottman e Marco Beltrami (tema “Halloween” criado por John Carpenter). Edição de Patrick Lussier. Desenho de Produção de John Willett. Efeitos Especiais de John C. Hartigan e Paul Sokol. Elenco: Jamie Lee Curtis (Laurie Strode / Keri Tate), Josh Hartnett (John Strode / John Tate), Janet Leigh (Norma Watson), Adam Arkim (Will Brennan), Michelle Williams (Molly Cartwell), Adan Hann-Byrd (Charles Deveraux), Jodi Lynn O'Keefe (Sarah Wainthrope), LL Cool J (Ronald Jones), Joseph Gordon Levitt (Jimmy Howell), Nancy Stephens (Enfermeira Marion Chambers Whittington), Brandon Williams (Tony Allegre), Beau Billingslea (Detetive Fitzsimmons), Matt Winston (Detetive Matt Sampson), Larissa Miller (Claudia), Emmalee Thompson (Casey).