“Os deuses não virão. Seus nomes não serão insultados. Ela permanecerá só. Não entre aqui. A vingança aguarda” – inscrição numa tumba de uma múmia egípcia
A Múmia está entre os principais monstros tradicionalmente utilizados em argumentos para o cinema de horror, juntamente com o vampiro Drácula, a Criatura de Frankenstein, o Lobisomem, o Fantasma da Ópera, o Monstro da Lagoa Negra, e outros. Cada um desses personagens ficou marcado para sempre na história do gênero através de uma infinidade de filmes explorando suas imagens e toda a mitologia criada em torno de suas origens e características.
Entre os diversos filmes com múmias, um bem obscuro e pouco comentado é “A Lenda da Múmia” (The Legend of the Mummy, 1997), dirigido por Jeffrey Obrow (um cineasta com um currículo pequeno, onde destaca-se “Criação Monstruosa” / The Kindred, 86, com Kim Hunter e Rod Steiger), a partir da história “The Jewel of the Seven Stars”, do famoso escritor irlandês Bram Stoker (criador de “Drácula”).
O prólogo de “A Lenda da Múmia” é ambientado em 1947 no “Vale do Feiticeiro”, Egito, onde um menino testemunha a profanação de um túmulo numa pirâmide, despertando uma maldição lançada contra o invasor. A ação volta-se para a atualidade em Marin County, California, na mansão de Abel Trelawny (Lloyd Bochner), um famoso e rico empresário e egiptólogo que coleciona artefatos antigos recolhidos em expedições arqueológicas no Egito. Entre os objetos raros que estão expostos em sua casa, destaca-se uma tumba onde está guardada a múmia da Rainha Tera (Rachel Naples), que tem a particularidade de possuir sete dedos nas mãos e ser a responsável por uma antiga maldição envolvendo uma bela jóia vermelha de sete faces.
Ao juntar dois pedaços de uma pedra mágica com algumas inscrições misteriosas, o Sr. Trelawny desperta acidentalmente a fúria da múmia que o ataca violentamente. Ele é encontrado em estado de coma por sua filha Margaret (a bela Amy Locane), que chama seu ex-namorado Robert Wyatt (Eric Lutes), um historiador de arte, para ajudá-la a tentar desvendar o que aconteceu. Juntam-se a eles ainda o médico da família, Dr. Winchester (Aubrey Morris), o chefe de segurança das Indústrias Trelawny, Sargento Daw (Mark Lindsay Chapman), um ex-policial que inicia um trabalho de investigação, e também um velho companheiro de escavações do egiptólogo, John Corbeck (Louis Gossett Jr.), que acompanhou no passado a remoção da tumba da Rainha Tera e que tem a fama de ser um experiente “ladrão de sepulturas”.
A situação passa a ficar complicada quando o jovem casal Robert e Margaret tenta descobrir o que aconteceu com o Sr. Trelawny, e vários acidentes misteriosos começam a ocorrer envolvendo os empregados da casa e pessoas ligadas à família, entre elas a fiel governanta Sra. Gwen Grant (Mary Jo Catlett), sua jovem filha Lily (Laura Otis), o desonesto motorista Jimmy (Julian Stone), além de um amigo de Robert, o curador de uma exposição egípcia num museu, o brincalhão Brice Renard (Richard Karn).
Filmes com múmias geralmente são interessantes, apesar de não haver muitas variações em torno de sua história básica, ou seja, uma múmia que desperta depois de muitos anos e lança uma maldição aos que profanaram sua tumba. “A Lenda da Múmia” não foge a essa regra, com a mesma história de sempre, porém existe uma grande diferença em relação aos outros filmes desse subgênero como o clássico “A Múmia” (32) com Boris Karloff, ou as várias produções divertidas dos anos 60 e 70 da “Hammer”, como por exemplo “Sangue no Sarcófago da Múmia” (Blood From the Mummy´s Tomb, 71), também baseado na mesma novela de Bram Stoker), pois nesse caso “A Lenda da Múmia” é ruim demais. O elenco é desconhecido, com exceção de Louis Gossett Jr. que empresta seu nome para o poster de divulgação, com fracas interpretações de todos os atores. O roteiro não empolga em nenhum momento, com uma imensidão de furos, situações mal explicadas e clichês previsíveis. A múmia da Rainha Tera é totalmente decepcionante com um visual banal e longe de impor medo às suas vítimas. E não há suspense nem situações de tensão dificultando muito a tarefa do espectador em se envolver com a história, lutando para não dormir na frente da televisão. Até a tagline promocional do filme não tem impacto numa completa falta de criatividade: “Uma rainha antiga. Sua maldição mortal. O terror começa”. As duas últimas palavras ficariam melhor se fossem substituídas por “O sono começa”.
Uma das únicas coisas que se salvam é a beleza da atriz Amy Locane onde aparece nua em algumas cenas de sexo, sendo muito pouco para despertar o interesse pelo filme, que de uma forma geral não passa de uma pequena e questionável diversão, rápida e dispensável.
“A Lenda da Múmia” foi lançado em DVD no Brasil com distribuição nas bancas, num mesmo disco juntamente com o péssimo “Dançando Com o Mal” (Witchcraft V: Dance With the Devil, 93), encartado na revista “DVD World Special” número 24 Ano II, da Editora D+T. O lançamento foi no final de Outubro de 2004 e o DVD traz como material extra apenas uma biografia curta do veterano ator negro Louis Gossett Jr., único nome mais conhecido do elenco.
Curiosamente, o veterano ator inglês Aubrey Morris, que fez o papel do médico Dr. Winchester em “A Lenda da Múmia”, também participou do já citado “Sangue no Sarcófago da Múmia”, da “Hammer”, dirigido por Seth Holt, fazendo igualmente o papel de um médico, o Dr. Putnum.
“A Lenda da Múmia” (The Legend of the Mummy, 1997) # 282 – data: 09/11/04 – avaliação: 3 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/01/06)
A Lenda da Múmia (The Legend of the Mummy, Estados Unidos, 1997). Duração: 95 minutos. Direção de Jeffrey Obrow. Roteiro de Jeffrey Obrow, John Penney e Lars Hauglie, baseados na novela “The Jewel of the Seven Stars”, de Bram Stoker. Produção de Bill Barnett, Harel Goldstein e Tad Driscoll. Produção Executiva de Jeffrey Obrow e Robert E. Baruc. Fotografia de Antonio Soriano. Música de Rick Cox. Edição de Gary Meyers. Desenho de Produção de Ken Larson. Elenco: Louis Gossett Jr. (John Corbeck), Amy Locane (Margaret Trelawny), Eric Lutes (Robert Wyatt), Mark Lindsay Chapman (Sargento Daw), Lloyd Bochner (Abel Trelawny), Mary Jo Catlett (Sra. Gwen Grant), Aubrey Morris (Dr. Winchester), Laura Otis (Lily Grant), Julian Stone (Jimmy), Richard Karn (Brice Renard), Portia Doubleday (Jovem Margaret), Rachel Naples (Rainha Tera), Donald Monet, Kelly Perine, Kahlil G. Sabbagh, Victoria Tennant, Stayce Allison, Cher Summers, Tico Wells, John Rixey Moore.
A Múmia está entre os principais monstros tradicionalmente utilizados em argumentos para o cinema de horror, juntamente com o vampiro Drácula, a Criatura de Frankenstein, o Lobisomem, o Fantasma da Ópera, o Monstro da Lagoa Negra, e outros. Cada um desses personagens ficou marcado para sempre na história do gênero através de uma infinidade de filmes explorando suas imagens e toda a mitologia criada em torno de suas origens e características.
Entre os diversos filmes com múmias, um bem obscuro e pouco comentado é “A Lenda da Múmia” (The Legend of the Mummy, 1997), dirigido por Jeffrey Obrow (um cineasta com um currículo pequeno, onde destaca-se “Criação Monstruosa” / The Kindred, 86, com Kim Hunter e Rod Steiger), a partir da história “The Jewel of the Seven Stars”, do famoso escritor irlandês Bram Stoker (criador de “Drácula”).
O prólogo de “A Lenda da Múmia” é ambientado em 1947 no “Vale do Feiticeiro”, Egito, onde um menino testemunha a profanação de um túmulo numa pirâmide, despertando uma maldição lançada contra o invasor. A ação volta-se para a atualidade em Marin County, California, na mansão de Abel Trelawny (Lloyd Bochner), um famoso e rico empresário e egiptólogo que coleciona artefatos antigos recolhidos em expedições arqueológicas no Egito. Entre os objetos raros que estão expostos em sua casa, destaca-se uma tumba onde está guardada a múmia da Rainha Tera (Rachel Naples), que tem a particularidade de possuir sete dedos nas mãos e ser a responsável por uma antiga maldição envolvendo uma bela jóia vermelha de sete faces.
Ao juntar dois pedaços de uma pedra mágica com algumas inscrições misteriosas, o Sr. Trelawny desperta acidentalmente a fúria da múmia que o ataca violentamente. Ele é encontrado em estado de coma por sua filha Margaret (a bela Amy Locane), que chama seu ex-namorado Robert Wyatt (Eric Lutes), um historiador de arte, para ajudá-la a tentar desvendar o que aconteceu. Juntam-se a eles ainda o médico da família, Dr. Winchester (Aubrey Morris), o chefe de segurança das Indústrias Trelawny, Sargento Daw (Mark Lindsay Chapman), um ex-policial que inicia um trabalho de investigação, e também um velho companheiro de escavações do egiptólogo, John Corbeck (Louis Gossett Jr.), que acompanhou no passado a remoção da tumba da Rainha Tera e que tem a fama de ser um experiente “ladrão de sepulturas”.
A situação passa a ficar complicada quando o jovem casal Robert e Margaret tenta descobrir o que aconteceu com o Sr. Trelawny, e vários acidentes misteriosos começam a ocorrer envolvendo os empregados da casa e pessoas ligadas à família, entre elas a fiel governanta Sra. Gwen Grant (Mary Jo Catlett), sua jovem filha Lily (Laura Otis), o desonesto motorista Jimmy (Julian Stone), além de um amigo de Robert, o curador de uma exposição egípcia num museu, o brincalhão Brice Renard (Richard Karn).
Filmes com múmias geralmente são interessantes, apesar de não haver muitas variações em torno de sua história básica, ou seja, uma múmia que desperta depois de muitos anos e lança uma maldição aos que profanaram sua tumba. “A Lenda da Múmia” não foge a essa regra, com a mesma história de sempre, porém existe uma grande diferença em relação aos outros filmes desse subgênero como o clássico “A Múmia” (32) com Boris Karloff, ou as várias produções divertidas dos anos 60 e 70 da “Hammer”, como por exemplo “Sangue no Sarcófago da Múmia” (Blood From the Mummy´s Tomb, 71), também baseado na mesma novela de Bram Stoker), pois nesse caso “A Lenda da Múmia” é ruim demais. O elenco é desconhecido, com exceção de Louis Gossett Jr. que empresta seu nome para o poster de divulgação, com fracas interpretações de todos os atores. O roteiro não empolga em nenhum momento, com uma imensidão de furos, situações mal explicadas e clichês previsíveis. A múmia da Rainha Tera é totalmente decepcionante com um visual banal e longe de impor medo às suas vítimas. E não há suspense nem situações de tensão dificultando muito a tarefa do espectador em se envolver com a história, lutando para não dormir na frente da televisão. Até a tagline promocional do filme não tem impacto numa completa falta de criatividade: “Uma rainha antiga. Sua maldição mortal. O terror começa”. As duas últimas palavras ficariam melhor se fossem substituídas por “O sono começa”.
Uma das únicas coisas que se salvam é a beleza da atriz Amy Locane onde aparece nua em algumas cenas de sexo, sendo muito pouco para despertar o interesse pelo filme, que de uma forma geral não passa de uma pequena e questionável diversão, rápida e dispensável.
“A Lenda da Múmia” foi lançado em DVD no Brasil com distribuição nas bancas, num mesmo disco juntamente com o péssimo “Dançando Com o Mal” (Witchcraft V: Dance With the Devil, 93), encartado na revista “DVD World Special” número 24 Ano II, da Editora D+T. O lançamento foi no final de Outubro de 2004 e o DVD traz como material extra apenas uma biografia curta do veterano ator negro Louis Gossett Jr., único nome mais conhecido do elenco.
Curiosamente, o veterano ator inglês Aubrey Morris, que fez o papel do médico Dr. Winchester em “A Lenda da Múmia”, também participou do já citado “Sangue no Sarcófago da Múmia”, da “Hammer”, dirigido por Seth Holt, fazendo igualmente o papel de um médico, o Dr. Putnum.
“A Lenda da Múmia” (The Legend of the Mummy, 1997) # 282 – data: 09/11/04 – avaliação: 3 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/01/06)
A Lenda da Múmia (The Legend of the Mummy, Estados Unidos, 1997). Duração: 95 minutos. Direção de Jeffrey Obrow. Roteiro de Jeffrey Obrow, John Penney e Lars Hauglie, baseados na novela “The Jewel of the Seven Stars”, de Bram Stoker. Produção de Bill Barnett, Harel Goldstein e Tad Driscoll. Produção Executiva de Jeffrey Obrow e Robert E. Baruc. Fotografia de Antonio Soriano. Música de Rick Cox. Edição de Gary Meyers. Desenho de Produção de Ken Larson. Elenco: Louis Gossett Jr. (John Corbeck), Amy Locane (Margaret Trelawny), Eric Lutes (Robert Wyatt), Mark Lindsay Chapman (Sargento Daw), Lloyd Bochner (Abel Trelawny), Mary Jo Catlett (Sra. Gwen Grant), Aubrey Morris (Dr. Winchester), Laura Otis (Lily Grant), Julian Stone (Jimmy), Richard Karn (Brice Renard), Portia Doubleday (Jovem Margaret), Rachel Naples (Rainha Tera), Donald Monet, Kelly Perine, Kahlil G. Sabbagh, Victoria Tennant, Stayce Allison, Cher Summers, Tico Wells, John Rixey Moore.