A Rainha dos Condenados (2002)


A escritora Anne Rice, responsável pela série de livros de horror “Crônicas Vampirescas” (The Vampire Chronicles), vendeu os direitos para filmagem de sua obra para o estúdio Warner e em 1994 foi produzido o filme baseado no primeiro livro, “Entrevista com o Vampiro”, que teve direção de Neil Jordan e elenco famoso composto por Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Stephen Rea, Christian Slater e Kirsten Dunst (vista em “Homem-Aranha”), se transformando num grande sucesso.
O segundo livro da autora foi “O Vampiro Lestat” que juntamente com o terceiro romance, “A Rainha dos Condenados”, transformaram-se em mais um filme para o cinema, que também recebeu o nome de “A Rainha dos Condenados” (Queen of the Damned), entrando em cartaz nos cinemas brasileiros em 10/05/02, numa co-produção entre Austrália e Estados Unidos, e dirigido por Michael Rymer.
O filme traz novamente o vampiro Lestat, interpretado por Cruise em 1994 e agora pelo ator irlandês Stuart Townsend, explicando o seu surgimento e drama pessoal. Nos dias de hoje ele é agora um astro do rock e sua popularidade entra em conflito com todos os outros vampiros existentes, uma vez que ele admite ser um vampiro publicamente não cumprindo uma orientação onde eles devem viver nas sombras da humanidade, nunca revelando suas identidades reais. Porém, esse é justamente o seu objetivo num plano de vingança pelo que aconteceu no passado, quando foi mordido em 1788 pelo vampiro Marius (Vincent Perez), transformando-o também numa criatura sobrenatural.
A partir daí, ele passou a conviver um conflito interno com suas emoções ainda humanas dificultando a aceitação de sua nova condição de um ser amaldiçoado para sempre, condenado a vagar na escuridão e sedento por sangue. Nesse momento, ele toma conhecimento da existência da “Rainha dos Condenados”, uma vampira poderosa chamada Akasha, interpretada pela falecida cantora Aaliyah Dana Haughton, morta aos 21 anos de idade num acidente aéreo após o término das filmagens. Akasha era tão temida por sua crueldade que ela e seu rei foram transformados em estátuas de pedra, mas o jovem e iniciante vampiro Lestat acaba incitando a rainha a acordar novamente para a vida, contrariando Marius, que o abandona condenando-o a viver sozinho pelo mundo, uma vida eterna e solitária. A rainha desperta definitivamente ao beber o sangue de seu rei tornando-se ainda mais poderosa e ressurge mais de 200 anos depois, numa época onde Lestat agora é um famoso cantor de rock, líder de uma banda que leva o seu nome e espalha uma música gótica que conquista uma enorme multidão de fãs.
Porém, sua real identidade é descoberta pela jovem Jesse Reeves (Marguerite Moreau), que faz parte de um grupo secreto de estudo do vampirismo, criando entre eles uma relação mortal de sedução, e revelando mais tarde também a existência de um certo parentesco entre eles. O ápice acontece quando Lestat anuncia o seu único show ao vivo no Vale da Morte, acompanhado por milhares de fãs e por vampiros descontentes que pretendiam matá-lo, ao mesmo tempo que aparece Akasha, a rainha dos condenados, para levar Lestat como o escolhido para ser seu novo rei, onde ele tem a difícil tarefa de decidir se permanece ao lado da rainha tirana e assassina ou fica do lado dos outros vampiros e converte a jovem Jesse em sua companheira eterna.
Uma cena em destaque é quando a rainha Akasha aparece num bar londrino frequentado por vampiros e começa a destruí-los violentamente incendiando seus corpos, e numa sequência em especial arrancando o coração de um deles e devorando de forma grotesca. Outra cena é quando Lestat está sendo atacado no palco de sua banda por outros vampiros e um deles tem sua cabeça degolada cirurgicamente por um golpe preciso de uma afiada lâmina manuseada por Lestat.
Os filmes de vampiros são sempre interessantes, fato que é provado pela enorme legião de fãs do assunto no mundo inteiro, e pelas centenas de produções de todos os tipos e épocas ao longo da história do cinema. Desde o lançamento do livro “Drácula” escrito por Bram Stoker em 1897, e filmado várias vezes com destaque para o clássico homônimo de 1931 com Bela Lugosi e “O Vampiro da Noite” (1958), da produtora inglesa “Hammer” (imortalizando o brilhante ator Christopher Lee como o conde vampiro), até os dias atuais, o vampirismo continua com grande força e interesse no cinema, principalmente pela essência de seu apelo erótico e pelo seu lado sombrio e gótico.
Em “A Rainha dos Condenados”, apesar de um enorme desfile com todos os clichês característicos do gênero, o interesse por esse fascinante tema se mantém forte, auxiliado pela inclusão de elementos visuais do ambiente obscuro do rock e sua música agressiva, além do fato trágico da morte prematura da cantora Aaliyah, que fazia grande sucesso com sua música e tentava iniciar também sua carreira no cinema. Seus únicos dois filmes ficaram sendo esse “A Rainha dos Condenados” e o anterior “Romeu Deve Morrer” (Romeo Must Die, 2000), e sua atuação acabou se constituindo de um sentimento de morbidez e curiosidade.
A trilha sonora, de forte impacto no filme, está sob o comando de Richard Gibbs (ex-integrante da banda Oingo Boingo), com a participação de Jonathan Davis, vocalista da banda Korn, que empresta sua voz para o personagem Lestat em suas canções, além ainda das presenças do misterioso astro gótico Marilyn Manson e de Chester Bennington, líder da banda Linkin Park.
“A Rainha dos Condenados”, ao contrário de seu antecessor “Entrevista com o Vampiro”, tem um elenco inferior e muitos momentos exagerados de fantasia e apelos visuais, com bastante ação, correrias e violência, mas para os fãs não muito exigentes do horror, vampirismo e rock, certamente o filme é mais uma garantia de entretenimento.

Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 05/07/05, pelo SBT, na sessão “Cine Espetacular”, numa Terça-Feira às 22:30 horas.

“A Rainha dos Condenados” (Queen of the Damned, 2002) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 29/05/06)