Horror em Amityville (2005)


Em 1974, nos Estados Unidos, o jovem Ronald DeFeo assassinou brutalmente com uma espingarda sua família (pai, mãe e quatro irmãos), enquanto dormiam em suas camas. Sua explicação para a chacina é que ele estava agindo conforme a orientação de uma voz misteriosa que ordenava os assassinatos. Um ano depois, a imensa casa que serviu de palco para a carnificina, situada em Amityville, Long Island, recebeu novos moradores, a família Lutz, formada pelo casal George e Kathy, e os três filhos pequenos. Depois de apenas 28 dias, eles fugiram desesperados alegando a existência de entidades malignas assombrando a casa.
Ambas as histórias foram consideradas casos reais, que inspiraram o autor Jay Anson a escrever um livro muito interessante em 1977 (e que tive o privilégio de ler em 1981 numa edição de capa dura lançada pelo “Círculo do Livro”). O livro prende a atenção do leitor, narrando as terríveis experiências vividas pela família Lutz, e serviu de base para o roteiro de Sandor Stern na realização de um filme dois anos depois, chamado por aqui de “A Cidade do Horror”, dirigido por Stuart Rosenberg e estrelado por James Brolin e Margot Kidder como o casal Lutz.
Seguindo uma tendência do cinema de horror dos últimos anos com a crescente produção de refilmagens (como “A Casa da Colina”, “13 Fantasmas”, “O Massacre da Serra Elétrica”, “Madrugada dos Mortos”, “A Casa de Cera”, “A Guerra dos Mundos”, entre outros), em 19/08/05 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros “Horror em Amityville” (The Amityville Horror), uma releitura do original de 1979, dessa vez com direção de Andrew Douglas, roteiro de Scott Kosar, produção do especialista em ação Michael Bay, e elenco liderado por Ryan Reynolds e Melissa George.

George Lutz (Ryan Reynolds) é o novo marido de Kathy (Melissa George), e o padrasto de seus filhos Billy (Jesse James), Michael (Jimmy Bennett) e Chelsea (Chloe Grace Moretz). A família está procurando uma nova casa para morar e encontra uma mansão de estilo colonial holandês à venda por um preço bem inferior de seu valor real. O motivo da desvalorização é por causa um crime hediondo cometido entre suas paredes, com o jovem Ronald DeFeo (Brendan Donaldson) matando a sangue frio sua família inteira, alegando obedecer a ordem de uma voz em sua mente.
Apesar da tragédia ter ocorrido na casa, os Lutz decidem se mudar. Mas, com o passar dos dias, uma série de acontecimentos estranhos, bizarros e misteriosos, obrigou a família a fugir antes de completar um mês. Nem o padre Callaway (o veterano Philip Baker Hall) conseguiu ajudar, pois ao tentar benzer a casa ele foi ameaçado por uma voz que ordenou que ele saísse imediatamente. A família Lutz abandonou tudo para trás, alegando que a casa era possuída por algo maligno, e que estava influenciando diretamente através da deterioração gradual da personalidade de George, tornando-o progressivamente perigoso e ameaçador para a segurança de todos ao seu redor.

A nova versão de “Horror em Amityville”, com cerca de 90 minutos de duração e um orçamento médio de US$ 18 milhões, é um filme de horror que se baseia numa história real de assombração, e que se constitui numa importante contribuição para o universo ficcional da série, apresentando também sua parcela de liberdade de criação (na explicação da origem dos fenômenos malignos). A essência básica da história narrada no livro de Jay Anson foi respeitada, e como entretenimento dentro do gênero fantástico o filme atingiu as expectativas, pois não faltam boas cenas de sustos, aparições de fantasmas perturbados e momentos dignos de histórias de casas assombradas. Um destaque merecedor de registro é uma cena tensa envolvendo a babá Lisa (Rachel Nichols) e o fantasma da garotinha Jodie DeFeo (Isabel Conner), no interior de um armário.
O filme tem ainda ao seu favor um ritmo narrativo bastante intenso, não perdendo tempo com eventuais situações menos relevantes, partindo rapidamente para a apresentação do drama enfrentado pela família Lutz, vivendo numa casa que foi palco de mortes violentas e origem de manifestações paranormais assustadoras.

A franquia é muita conhecida no cinema de horror, e mais especificamente dentro do subgênero sobre casas assombradas. E é também uma das sagas que tem a maior quantidade de filmes, ao lado de outras como “Colheita Maldita”, “Halloween”, “Sexta-Feira 13”, “Grito de Horror”, “A Hora do Pesadelo”, etc. Além dessa refilmagem de 2005, a série é composta por “A Cidade do Horror” (The Amityville Horror, 79), “Terror em Amityville” (Amityville 2: The Possession, 82), “Amityville 3-D” (83), “Amityville 4: A Maldição” (Amityville 4: The Evil Escapes, 89), “Amityville 5” (The Amityville Curse, 90), “Amityville 6 – Uma Questão de Hora” (Amityville 1992: It’s About Time, 92), “Amityville 7: Uma Nova Geração” (Amityville: A New Generation, 93), “Amityville 8: A Casa Maldita” (Amityville: Dollhouse, 96), e finalmente por “Amityville 2000” (2000), que na verdade é um documentário produzido especialmente para a televisão.

“Horror em Amityville” (The Amityville Horror, Estados Unidos, 2005) # 333 – data: 21/08/05 – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 22/05/06)