Códigos de Guerra (2002)


A Segunda Guerra Mundial (1939-45) foi um dos episódios mais sangrentos na história da humanidade, e tema largamente explorado pelo cinema, responsável por dezenas de ótimas produções que procuraram retratar o ambiente insano da guerra. Mais recentemente, filmes extraordinários como “Além da Linha Vermelha”, “O Resgate do Soldado Ryan” e “Círculo de Fogo”, mostraram situações dramáticas e sequências de destruição com um realismo impressionante remetendo-nos diretamente a uma reflexão sobre a irracionalidade da guerra.
Em 25/10/02 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros “Códigos de Guerra” (Windtalkers), dirigido pelo especialista em filmes de ação John Woo (de “A Outra Face”), outra fita abordando a avassaladora Segunda Guerra Mundial, nesse caso reproduzindo mais especificamente a estratégia de comunicação secreta entre batalhões do exército americano. Os Estados Unidos entraram na guerra logo após o ataque surpresa do Japão em Pearl Harbor, no Havaí, em 07/12/1941, iniciando em seguida uma longa disputa de anos com os japoneses pela posse de várias ilhas no Oceano Pacífico, de importância estratégica para a guerra. A história de “Códigos de Guerra” é justamente ambientada na sangrenta batalha pela ilha de Saipan em 1944, onde os americanos utilizavam soldados índios de tribos “navajos” para a transmissão secreta de informações entre os diversos pelotões, pois era a única linguagem indecifrável pelos inimigos japoneses. Na trama, o sargento americano Joe Enders (o grande Nicolas Cage) é ferido numa violenta batalha na ilha de Solomon em 1943, onde teve o tímpano do ouvido esquerdo estourado ficando em recuperação num hospital e sendo acompanhado pela bela enfermeira Rita Swelton (Frances O’Connor). Após conseguir permissão para retornar à guerra, ele recebe a dura missão de escoltar e proteger um soldado “navajo”, Ben Yahzee (Adam Beach), que era o responsável pela transmissão por rádio de códigos fundamentais de posicionamento de tropas. Eles fazem parte de um pelotão de fuzileiros composto ainda pelo sargento Peter “Ox” Henderson (Christian Slater), que escoltava o índio “navajo” Charles Whitehorse (Roger Willie), sargento Eric “Gunny” Hjelmstad (Peter Stormare), e os recrutas Charles “Chick” Rogers (Noah Emmerich), Pappas (Mark Ruffalo), Harrigan (Brian Van Holt) e Nellie (Martin Henderson), entre outros. Tanto Enders quanto Henderson foram ordenados para proteger o “código” a qualquer custo, o que significaria a árdua tarefa de manter o soldado índio vivo no campo de batalha ou matá-lo em caso de captura pelos inimigos.
Com um orçamento em torno de US$ 100 milhões, numa produção caprichada da “Metro-Goldwyn-Mayer” em 134 minutos de projeção, e contando com o talento do expressivo ator Nicolas Cage, “Códigos de Guerra” é mais um filme retratando cenas de batalhas grandiosas, de um realismo fascinante, numa verdadeira porrada no estômago do espectador, mostrando a selvageria irracional que impera nos confrontos insanos entre nações inimigas, com explosões, tiroteios, fogo, homens aos ares, mutilações e muito sangue. Porém, o roteiro esbarra em inúmeros clichês exaustivamente já explorados em outros filmes similares, e falha com a tentativa equivocada de sempre enaltecer o arrogante heroísmo americano, transformando os inimigos japoneses nos grandes vilões, morrendo em número muito superior, se bem que até houve uma sutil crítica ao imperialismo americano sobre outras nações numa frase dita pelo soldado “Chick”, num raro momento de reflexão em meio à insanidade da guerra. Apesar dos clichês, o trabalho de toda a produção de “Códigos de Guerra” deve ser reconhecido por seu importante valor através das violentas cenas reproduzindo o caos das batalhas, servindo como mais um alerta para a irracionalidade dos confrontos armados.

“Códigos de Guerra” (Windtalkers, 2002) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 06/05/06)