Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down, 2002)



“Guerra” e “Horror” estão intimamente ligados e seus significados praticamente se confundem quando transportados para um ambiente real. Mais um filme de guerra chegou aos cinemas brasileiros com sua estréia em 08/03/02. Trata-se de “Falcão Negro em Perigo” (Black Hawk Down), cujo nome veio dos imponentes helicópteros de combate usados na história. Dirigido por Ridley Scott (responsável por clássicos como “Alien” e “Blade Runner”) e com um elenco principal formado por Sam Shepard, Josh Hartnett, Ewan McGregor, Tom Sizemore e Eric Bana, o filme é baseado em fatos reais narrados no livro do jornalista Mark Bowden, sobre uma missão militar americana na Somália com acontecimentos desastrosos de graves conseqüências. Os últimos anos foram palco de diversas produções de guerra que marcaram para sempre o gênero. Filmes como “O Resgate do Soldado Ryan”, “Além da Linha Vermelha”, “Círculo de Fogo” e “Pearl Harbor” (todos coincidentemente retratando o ambiente da Segunda Guerra Mundial) mostraram o horror real do campo de batalha. E auxiliados pela moderna tecnologia dos efeitos especiais, as cenas de guerra ganharam um realismo tão forte que impressiona e choca o espectador com a violência das ações, enfatizando claramente a bestialidade dos confrontos armados e a irracionalidade humana por insistir nesse tipo de selvageria. O cinema também enfocou outros ambientes de guerra como o Vietnã (Apocalypse Now, 1979 / Platoon, 1986) e mais recentemente a Iugoslávia (Atrás das Linhas Inimigas, 2001), e agora com “Falcão Negro em Perigo” o cenário é um país africano, a Somália, mais precisamente a capital Mogadishu, que em 1993 foi palco de uma guerra civil que levou a fome e a morte para a sua população num genocídio de grandes proporções.
O filme começa com a reprodução de uma sábia frase de Platão, “Somente os mortos podem ver o fim da guerra”, com um significado extremamente profundo e verdadeiro. A história conta a operação de um grupo de soldados de elite americanos encarregado de localizar e prender dois importantes políticos somalis aliados de um poderoso guerrilheiro local, Mohamed Farrah Aidid, líder de um exército responsável pelo caos e desordem em seu país. O problema é que apesar da missão ser detalhadamente planejada para uma ação rápida e objetiva, sob o comando de um general estrategista (Shepard), eles são surpreendidos ferozmente pelo inimigo em maior número com franco atiradores escondidos e homens armados enfurecidos, que causaram a derrubada de dois helicópteros e várias mortes de soldados americanos, tornando no final a operação desastrosa, demorando muitas horas a mais do previsto e necessitando de intervenção extra de mais soldados para resgatar os companheiros encurralados no inferno em que se tornou a capital somali.
A maior parte dos mais de 140 minutos do filme é violência pura de um ambiente de guerra, com explosões, tiroteios, destruição, mortes, mutilações, dor e muito, muito sangue derramado. Esse episódio real acontecido em outubro de 1993 não é de conhecimento da maioria da opinião pública mundial e nesse sentido o cinema presta um grande serviço com “Falcão Negro em Perigo”, reproduzindo mais um momento selvagem na história da humanidade. É claro que o filme contou a história sob o ponto de vista dos americanos, e com um propósito a mais, além do entretenimento com cenas de ação, que é registrar um acontecimento militar violento na Somália que contribuiu ainda mais para aumentar o índice de mortandade naquele país africano, tão desgastado pela fome, pobreza e guerra civil. Porém, mais uma vez, independente de qualquer coisa, vale ressaltar a equivocada política externa imperialista dos Estados Unidos.

“Falcão Negro em Perigo” (Black Hawk Down, 2002) – avaliação: 6 (de 0 a 10)
blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 18/05/06)