Megiddo (Megiddo: The Omega Code 2, EUA, 2001)

Os temas relacionados a profecias bíblicas sobre o fim do mundo, Apocalipse, Armageddon, a batalha final entre os exércitos do Bem, amparados por Deus, e do Mal, liderados por um anticristo, sempre chamaram a atenção do grande público e foram explorados à exaustão em muitos filmes do gênero fantástico. E com a esperada virada de século e milênio e a passagem do tão misterioso e temido ano 2000, esses assuntos receberam novamente uma atenção especial dos executivos da indústria de cinema, que viram nesse momento uma oportunidade interessante para investir.

Megiddo” (Megiddo: The Omega Code 2) foi lançado em 2001, e narra eventos tanto anteriores quanto posteriores à “The Omega Code”, filme produzido em 1999. A história mostra a ascensão gradativa de um anticristo entre a humanidade, narrando momentos de sua infância, adolescência e principalmente vida adulta. O escolhido é Stone Alexander (Michael York, o único ator que esteve no filme anterior e foi agora também um dos produtores executivos), filho de um rico empresário das comunicações, Daniel Alexander (David Hedison), e que se casou com a bela italiana Gabriella (Diane Venora), filha do General Francini (Franco Nero), que dirigia uma conceituada escola militar. Auxiliado por um misterioso e obscuro guardião (o veterano Udo Kier), Stone constrói uma vida política influente, eliminando todos que se opõem aos seus planos malignos, até chegar à conquista da Presidência da União Européia. Para combater sua tirania e autonomia mundial, surge em seu caminho o irmão mais novo David (Michael Biehn), um rival que tornou-se o Presidente dos Estados Unidos da América, e que agora transformou-se em seu maior inimigo numa guerra declarada entre o Bem (amparado por Deus) e o Mal (liderado por Lúcifer) pelo destino da humanidade, uma batalha violenta a ser travada no lendário vale de Megiddo, conforme profecias reveladas na Bíblia, enquanto paralelamente o planeta está sofrendo as conseqüências devastadoras de pragas e uma infinidade de tragédias naturais.

“Megiddo” tem três desvantagens significativas. Uma é a exploração de um tema super esgotado e que não desperta mais tanto interesse nos fãs mais experientes que se cansaram de ver argumentos similares em filmes anteriores. O outro ponto desfavorável é o desfecho extremamente exagerado e previsível (eu particularmente preferiria uma solução mais intermediária para o conflito religioso, deixando em aberto o resultado final, permitindo o espectador tirar suas próprias conclusões, afinal os conceitos básicos do Bem e do Mal são bastante subjetivos. E além disso, o filme parece priorizar a ação em detrimento de mais momentos de horror sobrenatural, exemplificado em inúmeras cenas barulhentas e repletas de tiroteios. Uma em especial é digna de nota de tão forçada, num fato que certamente comprometeu significativamente a qualidade do roteiro. Um grupo de agentes do FBI tem a missão de prender o Presidente dos Estados Unidos (o homem mais poderoso e heróico do mundo, o salvador da humanidade, conforme sempre procura enfatizar o cinema americano), e invadem sua casa disparando de forma desenfreada com suas armas de fogo contra os seguranças locais, enquanto o Presidente escapa numa fuga extraordinária, típica das fantasias do mundo do cinema.
Porém, a favor do filme temos também três detalhes positivos. Um é a narrativa super dinâmica da história, que possui um ritmo acelerado mantendo a atenção do espectador, não deixando que os clichês e situações absurdas aborreçam demais ou dispersem a concentração. Outro fator é o trabalho dedicado da equipe de efeitos especiais, com direito a terremotos que destruíram monumentos históricos no Egito, passando por chuvas de meteoros que desintegraram literalmente o outrora imponente Coliseu em Roma, na Itália, e culminando com a representação de Lúcifer, uma criatura alada demoníaca e de aspecto macabro. E finalmente a qualidade do elenco escolhido, indo do par de protagonistas formado pelos rivais em cena Michael York (da versão de 1976 de “A Ilha do Dr. Moreau”) e Michael Biehn (de “O Exterminador do Futuro”, 84), passando por coadjuvantes talentosos como o alemão Udo Kier (que esteve recentemente em “Medopontocom”, 2002) e o italiano Franco Nero, além do nostálgico David Hedison (o Capitão Lee Crane da série de TV dos anos 60 “Viagem ao Fundo do Mar”, criada por Irwin Allen, e que também participou de pérolas do cinema fantástico como “A Mosca da Cabeça Branca”, 58, e “O Mundo Perdido”, 60).

A “FlashStar” fez uma parceria com a “NBO Editora” para lançar nas bancas de jornais alguns DVDs de filmes de horror menos badalados pelo público. Assim ocorreu com “Sasquatch – O Abominável” (2002) e também com “Megiddo”, que foi distribuído no final de Janeiro de 2005 encartado na revista “DVD News Home Cinema”, ano 5, número 55, Setembro de 2004, ao custo de R$ 19,90. Trazendo na capa a manjada tagline “A Batalha entre o Bem e o Mal Começou...”, o DVD tem como material extra um trailer de um minuto e meio sem legendas, sinopse (a mesma que está na contra capa), pequenos depoimentos legendados em português do produtor executivo Paul Crouch sobre “A Verdade Bíblica de Megiddo”, e de Hal Lindsey sobre “O Apocalipse: A Verdade de Megiddo”, além comentários da equipe técnica sobre a concepção dos efeitos especiais, breves biografias e filmografias do diretor inglês Brian Trenchard-Smith e dos atores Michael York, Michael Biehn e Diane Venora.

“Megiddo” (Megiddo: The Omega Code 2, EUA, 2001) # 297 – data: 01/02/05 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com.br
blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br
(postado em 25/05/06)