Jason X (EUA, 2001)


Em 11 de janeiro de 2002 foi a vez da estréia em nossos cinemas da décima parte da famosa franquia “Sexta-Feira 13” (Friday the 13th), com o imortal assassino Jason Voorhees, que juntamente com seus parceiros Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo), Michael Myers (Halloween) e Leatherface (O Massacre da Serra Elétrica), formam um grupo de elite dos modernos psicopatas do cinema de horror cujos filmes e respectivas franquias já quase alcançam a expressiva marca de três dezenas de produções. Ainda fazem parte dessa macabra lista, entre vários outros famosos “serial killers”, o Dr. Phibes (Vincent Price) no início dos anos 1970 e o Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) , apresentado em 1991 com "O Silêncio dos Inocentes".
Com produção executiva de Sean S. Cunningham, o diretor e criador da série “Sexta-Feira 13” em 1980, e a participação novamente do ator Kane Hodder, que interpretou o psicopata na maioria dos filmes, “Jason X” começa no Centro de Pesquisas de “Crystal Lake” (a casa do assassino) onde o imortal Jason está aprisionado por correntes e cujo destino está sendo discutido por cientistas, uns querendo sua preservação para estudos sobre sua “impossibilidade” de morrer (todos os métodos já foram tentados, de fuzilamento passando por eletrocussão até enforcamento), outros querendo seu congelamento numa câmara criogênica para pelo menos assim evitar mais assassinatos. A favor da primeira hipótese está o Dr. Wimmer, que é interpretado pelo excepcional diretor canadense David Cronenberg, responsável por diversas pérolas do horror como “Scanners”, “Videodrome”, “A Mosca” e “ExistenZ”, numa participação rápida e super especial. Defendendo a segunda hipótese está a Dra. Rowan (Lexa Doig). Obviamente que Jason consegue de novo escapar deixando um enorme rastro de sangue com seu inseparável facão, mas no confronto final com a cientista Rowan ocorre um acidente e ambos são congelados e esquecidos por mais de 400 anos. Num futuro distante, em 2455, com a Terra que conhecemos destruída e impossibilitada de suportar vida, e com um outro planeta alternativo para abrigar a humanidade, um nave de exploração localiza o antigo laboratório e descobre os corpos de Jason e da cientista. Logo os resgata para a nave e conseguem trazer à vida a mulher do século XX. Quanto ao Jason, ele é levado para uma sala de autópsias e claro, também retorna à vida após o descongelamento e inicia mais um novo massacre, agora a bordo de uma nave espacial vários séculos no futuro. Para ajudá-lo ainda mais em sua “invencibilidade”, ele sofre uma mutação que o torna mais forte e sedento de sangue, afinal, após matar mais de 200 pessoas em seu invejável currículo, ficar centenas de anos sem uma carnificina desperta uma ira diretamente proporcional ao seu tempo de abstinência. Após mais de uma dezena de assassinatos bem violentos, Jason (nos outros filmes também foi assim...) é supostamente derrotado numa cena extremamente absurda onde ele e um militar responsável pela segurança da nave (que também parece sofrer de “imortalidade”, já que foi golpeado brutalmente duas vezes e sobreviveu) fazem uma viagem pelo espaço, após a explosão da nave, rumo à Terra alternativa e desintegram no contato com atmosfera, sobrando apenas a máscara de Jason que mergulha nas águas de um lago repousando em seu leito. Quem sabe a máscara guarde uma amostra do DNA do psicopata e ele possa retornar na parte 11? Mas esse é um trabalho para os roteiristas...
Eu particularmente aprecio mais os quatro primeiros filmes da série, naquele estilo “psicopata atacando adolescente idiotas em campo de férias”, os quais hoje são muito cultuados e servem como grande referência para o horror dos anos 1980 e toda uma safra de filmes de psicopatas assassinos de adolescentes. A franquia começou a se desgastar a partir do quinto filme (o protagonista na verdade nem é o Jason, que só ressuscitou na parte 6) tanto que o subtítulo da parte 4 está como “Capítulo Final” e a parte 5 como “Um Novo Começo”. Mas os produtores insistiram em continuar a série, culminando nesse mais recente “Jason X”. Todos os filmes estão repletos dos velhos clichês característicos do gênero, mas também todos tem seus momentos de diversão, principalmente quando Jason aparece e contribui significativamente com a mortandade dos jovens americanos.
Esse décimo filme tem um visual e ambientação futuristas que lembram “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979) com os seus eventuais elementos de ficção científica com belas naves espaciais e instrumentos avançados, e efeitos especiais interessantes, principalmente nas cenas das mortes que são bem feitas e muito violentas (como por exemplo o esquartejamento do piloto da nave com pedaços destroçados de seu corpo espalhados para todos os lados), cometidas por um Jason cada vez mais furioso. Porém, o filme esbarra nas inevitáveis piadas idiotas que estragam algumas cenas e no final completamente absurdo e ridículo, o que nos incita a torcer mais ainda para que Jason extermine os jovens do futuro, que continuam idiotas e insuportáveis. Mas ainda assim, “Jason X” garante bons momentos de entretenimento e mantém para os fãs a franquia “Sexta-Feira 13” com um grande sucesso ao longo desses últimos 22 anos. Já que chegou tão longe, eu não me importaria que viesse uma parte 11...

Observações:
1 – O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 20/09/05, pelo SBT, às 23:00 horas.
2 – O diretor de “Jason X”, James Isaac, também conhecido como um profissional da área de efeitos especiais, faleceu aos 51 anos em Maio de 2012.   

“Jason X” (Jason X, 2001) – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 23/05/06)