A Serpente (The Reptile, 1966)


Dentro do subgênero do cinema de horror que aborda a temática de pessoas transformadas em monstros, o nostálgico estúdio inglês “Hammer” também deixou sua importante contribuição. Aliás, a produtora possui filmes voltados para todos os tipos de argumentos explorando histórias com vampiros, lobisomens, múmias, a Criatura de Frankenstein, o Fantasma da Ópera, o Médico e o Monstro, além de zumbis, demônios, cientistas loucos, civilizações perdidas, dinossauros, e outros.
A Serpente” (The Reptile, 1966), tem direção de John Gilling (o mesmo cineasta de “A Carne e o Diabo”, “A Epidemia de Zumbis” e “O Sarcófago Maldito” / “A Mortalha da Múmia”), e o roteiro de John Elder (pseudônimo de Anthony Hinds) é baseado de forma não creditada na obra “The Lair of the White Worm”, de Bram Stoker.

O especialista em teologia Dr. Franklyn (Noel Willman), um estudioso de cultos religiosos antigos do Oriente, entra em contato com uma seita secreta de adoradores de serpentes na Malásia, e após descobrir seus segredos proibidos de magia negra a intenção é registrar a descoberta. Como reação de vingança contra o cientista, os malaios praticantes de feitiçaria seqüestram sua bela filha Anna (Jacqueline Pearce) e a submete num ritual amaldiçoado que a transforma de tempos em tempos numa criatura réptil venenosa e assassina, metade mulher, metade serpente. Tentando fugir da seita, o Dr. Franklyn e sua filha vão morar no interior da Inglaterra, mas são perseguidos e acompanhados de perto por um misterioso e sinistro malaio (o ator indiano Marne Maitland), que mantém o teólogo e a filha sob o controle da maldição, através de chantagem ao denunciar para a polícia a origem das mortes violentas que tem acontecido na região, onde as vítimas sempre apresentam sinais de terem sido mordidas no pescoço por uma serpente imensa, e que os aldeões chamam de “morte negra”.
Com a morte de Charles Edward Spalding (David Baron), vítima do monstro, seu irmão Harry George (Ray Barrett) e a esposa Valerie (Jennifer Daniel) herdam sua casa e se mudam para Cornwall, tornando-se vizinhos do castelo do Dr. Franklyn. O jovem casal é mal recebido no vilarejo, sendo tratados como estranhos, e apenas recebem as boas vindas do dono do bar local, Tom Bailey (Michael Ripper, ator visto em vários outros filmes da “Hammer” como “O Conde Drácula”, 70), e fazem também amizade com um velho conhecido como “Peter Louco” (John Laurie), que tenta avisar-lhes do perigo na região com a ameaça da morte negra.
A partir daí, o casal une forças com Tom Bailey e juntos tentam desvendar o mistério por trás das mortes violentas nos arredores e o estranho comportamento do Dr. Franklyn e sua filha Anna, enquanto lutam também por suas próprias vidas.

Tanto “A Epidemia de Zumbis” quanto “A Serpente” foram filmados na mesma época, pelo mesmo diretor John Gilling, com alguns atores em comum como Michael Ripper e Jacqueline Pearce, e utilizando as mesmas locações e cenários ambientando um vilarejo europeu do século XIX. Enquanto o primeiro filme aborda a temática dos mortos-vivos, ressuscitados por magia negra e transformados em escravos, o outro explora também o poder de cultos proibidos na criação de um horrível e assassino ser mutante parte mulher e parte serpente.
“A Serpente” é nitidamente uma produção de baixo orçamento, com uma história de poucos personagens, efeitos especiais precários (como na caracterização do monstro), mas que possui aquele clima característico da maioria dos filmes da “Hammer”, mostrando um pequeno vilarejo atormentado pela superstição e o medo provocado pela ocorrência de mortes violentas e misteriosas evidenciando a presença de alguma ameaça sempre à espreita apenas aguardando uma oportunidade para atacar.

O filme foi lançado em DVD no Brasil pelo selo “Dark Side” da “Works Editora”, trazendo a possibilidade do uso de legendas em português ou espanhol. Como material extra temos breves biografias do ator australiano Ray Barrett e do diretor inglês John Gilling, além de uma sinopse curta (a mesma que está na contra capa do estojo), um trailer original sem legendas de 2 minutos de duração, e um combo TV Spot de 1 minuto apresentando “A Serpente” juntamente com “Rasputin – O Monge Louco”, que também é de 1966 e tem o ícone Christopher Lee no elenco. Aliás, a sinopse disponível possui um erro significativo, pois a criatura mista de mulher e serpente é Anna, filha do Dr. Franklyn, e não a esposa como descrito; e também a jovem foi enfeitiçada para se transformar no monstro graças a uma maldição de um grupo secreto praticante de magia negra, que lançou uma vingança contra seu pai por ter descoberto as atividades obscuras da seita, ao invés do próprio Dr. Franklyn ser o responsável direto pela mutação de Anna, como sugere a sinopse.

Como curiosidade e até uma orientação ao fã e colecionador de filmes da “Hammer” lançados em DVD por aqui pelo selo “Dark Side”, segue uma lista dos títulos já disponíveis, por ordem de ano de produção: “Drácula, O Príncipe das Trevas” (Dracula, Prince of Darkness, 66), “A Epidemia de Zumbis” (The Plague of the Zombies, 66), “A Serpente” (The Reptile, 66), “O Sarcófago Maldito” / “A Mortalha da Múmia” (The Mummy's Shroud, 67), “Frankenstein Criou a Mulher” (Frankenstein Created Woman, 67), “Horror de Frankenstein” (Horror of Frankenstein, 70), “O Conde Drácula” (Scars of Dracula, 70), “Os Amantes Vampiros” / “Carmilla, a Vampira de Karnstein” (The Vampire Lovers, 70), “Luxúria de Vampiros” (Lust for a Vampire, 71), “As Filhas de Drácula” (Twins of Evil, 71), “A Condessa Drácula” (Countess Dracula, 71), “Sangue no Sarcófago da Múmia” (Blood From the Mummy's Tomb, 71), “O Vampiro e a Cigana” / “O Circo dos Vampiros” (Vampire Circus, 72), “Os Ritos Satânicos de Drácula” (The Satanic Rites of Dracula / Count Dracula and His Vampire Bride, 73).

Alguns outros títulos da “Hammer” também já foram lançados no Brasil em DVD por outras distribuidoras como a “Warner”, com os filmes “A Maldição de Frankenstein” (The Curse of Frankenstein, 57), “O Vampiro da Noite” (Dracula / Horror of Dracula, 58), e “Frankenstein Tem Que Ser Destruído” (Frankenstein Must Be Destroyed, 69), a “PlayArte” com “O Cão dos Baskervilles” (The Hound of the Baskervilles, 59), e a “NBO” com “As Noivas do Vampiro” (The Brides of Dracula, 60), “O Fantasma da Ópera” (The Phantom of the Opera, 62) e “O Monstro de Frankenstein” (The Evil of Frankenstein, 64).


“A Serpente” (The Reptile, 1966) # 337 – data: 11/09/05 – avaliação: 7,5 (de 0 a 10) – www.bocadoinferno.com
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 08/12/05)

A Serpente (The Reptile, Inglaterra, 1966). Hammer / Seven Arts. Duração: 90 minutos. Direção de John Gilling. Roteiro de John Elder (pseudônimo de Anthony Hinds), baseado na obra “The Lair of the White Worm”, de Bram Stoker (não creditado). Produção de Anthony Nelson-Keyes. Música de Don Banks. Fotografia de Arthur Grant. Edição de Roy Hyde. Direção de Arte de Don Mingaye. Desenho de Produção de Bernard Robinson. Maquiagem de Roy Ashton. Efeitos Especiais de Les Bowie. Elenco: Noel Willman (Dr. Franklyn), Ray Barrett (Harry George Spalding), Michael Ripper (Tom Bailey), Valerie Spalding (Jennifer Daniel), Jacqueline Pearce (Anna Franklyn), Marne Maitland (O Malaio), John Laurie (Peter Crawford ou “Peter Louco”), David Baron (Charles Edward Spalding).