“Em 1976, George e Kathy Lutz e suas três crianças mudaram-se para esta casa em Amityville, New York. Eles conseguiram fugir vivos! Mas um ano antes deles houve uma outra família morando nesta casa. Eles não tiveram a mesma sorte! Esta é a história de Horror em Amityville”
A tagline acima esclarece em poucas palavras a existência de eventos sinistros numa mansão assombrada em Amityville. Primeiro foi produzido o filme “A Cidade do Horror” (The Amityville Horror, 79), baseado no livro homônimo de Jay Anson, que por sua vez relatava os acontecimentos reais e misteriosos que envolveram a família Lutz depois de se mudarem para a famosa casa onde no passado havia um antigo cemitério indígena. A mesma casa amaldiçoada que também foi palco de uma chacina real anterior onde Ronald DeFeo, o filho mais velho de uma família aparentemente normal, assassinou seus pais e irmãos enquanto dormiam, utilizando uma espingarda e alegando seguir as orientações de uma voz maligna.
Em 1982, numa co-produção entre Estados Unidos e México, e com as filmagens utilizando locações em New Jersey e na Cidade do México, foi lançado o segundo filme da série, a qual transformou-se numa enorme franquia com mais oito filmes e ainda a realização de uma refilmagem do original, produzida em 2005 e que recebeu o nome “Horror em Amityville” quando estreou nos cinemas brasileiros em 19/08/05). Esse segundo filme da saga foi chamado por aqui primeiramente como “Terror em Amityville” (Amityville 2: The Possession), quando foi exibido na televisão e distribuído em VHS pela “VTI”, e agora também em formato DVD com o nome mais correto “Amityville 2”, através da revista “DVD Premium”, juntamente com a terceira parte da série, “Amityville 3-D” (83), que não possui qualquer ligação com os filmes anteriores.
Inspirado no caso real do assassinato da família DeFeo, esse “Amityville 2” inicia apresentando uma família de origem italiana se mudando para a sinistra mansão em Amityville, composta pelo rígido e ateu patriarca Anthony Montelli (Burt Young), sua esposa submissa e religiosa Dolores (Rutanya Alda), e pelos quatro filhos, um casal de pequenas crianças, Jan e Mark (curiosamente interpretados pelos irmãos Erika e Brent Katz), e um casal de adolescentes, a bela Patricia (Diane Franklin) e o estranho Sonny (Jack Magner), que não possui um bom relacionamento com o pai.
Logo após se acomodarem na nova e enorme casa, e ainda se ambientando com as instalações, a família já começa a enfrentar uma série de eventos misteriosos como objetos que são arremessados aleatoriamente; janelas que se abrem e fecham sozinhas; manifestações de ruídos, vozes, risadas e lamentos sinistros, torneira que despeja sangue em vez de água, pincéis que sozinhos fazem estranhos desenhos na parede, cama girando em torno de si, fortes batidas na porta de entrada, além de sangue escorrendo pelas paredes e brotando do chão no porão e outras situações não menos bizarras.
Preocupada com a segurança de sua família, Dolores solicita a visita de um religioso local, Padre Frank Adamski (James Olson), que trabalha numa paróquia próxima, juntamente com seu amigo Padre Tom (Andrew Prine). Ele vai até a casa para realizar um ritual de benção dos diversos cômodos e sente a presença de alguma entidade maligna habitando a mansão, principalmente depois de testemunhar uma cena grotesca envolvendo o seu aspergidor, que em vez de liberar a água benta sobre os móveis nos diversos aposentos, passou a jorrar sangue de forma tão real que despertou a atenção do padre para uma investigação sobre fenômenos paranormais na casa. Outro fato extremamente significativo foi a crescente transformação ocorrida no filho mais velho da família, que aliás estava em constante desarmonia, com crescentes discussões e brigas. Sonny estava demonstrando uma alteração de comportamento muito suspeita, começando por seduzir e praticar incesto com sua própria irmã, e depois planejar a execução dos pais e outros irmãos pequenos usando uma espingarda, numa noite de tempestade e relâmpagos (um cenário propício para uma carnificina), seguindo a orientação de uma voz obscura que estava incitando-lhe à matança.
Uma vez descobrindo que na verdade Sonny estava possuído por um demônio, o Padre Adamski solicita uma autorização à Igreja para a realização de um exorcismo, negada pelo Chanceler (interpretado por Leonardo Cimino), obrigando-o a agir por conta própria, primeiramente tentando tirar o jovem da cadeia, auxiliado pelo policial Turner (Moses Gunn), e depois tentando salvar a vida de Sonny num ritual exorcista.
“Amityville 2” é na verdade uma pré-sequência do filme original, narrando eventos anteriores aos acontecimentos do primeiro filme da franquia produzido em 1979, num recurso de certa forma precursor na época, mas que virou moda atualmente e tem sido muito utilizado no cinema de horror, principalmente nas trilogias. Assim como no original, a história desse segundo filme também tem inspiração em fatos reais, o que foi abandonado a partir do terceiro filme, e a partir da produção seguinte nem mesmo a casa continuaria sendo utilizada, com o mal se transferindo para outros lugares através de objetos originais de Amityville, como um abajur, relógio ou espelho amaldiçoados, que mudam de proprietários.
Como sugere o subtítulo original, “The Possession”, o filme é uma história de possessão demoníaca, procurando justificar a ação criminosa de um jovem ao matar friamente sua família, como sendo influenciada pelas orientações de uma entidade maligna agindo em sua mente perturbada. E que os espíritos atormentados dos que morreram tragicamente, ainda permaneceriam presos à casa gerando a fama de assombrada e aterrorizando a nova família de moradores, que fugiram de medo depois de quase um mês (tema abordado no filme original).
Em “Amityville 2” encontramos aqueles conhecidos elementos que caracterizam um filme de “mansão assombrada”, e que somados à manifestação de um demônio que se apossa de um jovem incitando-o a matar, obtemos um filme com interesses que conseguem prender a atenção do espectador até o desfecho da história. Entre os destaques, vale registrar as cenas envolvendo o rapaz possuído, com suas feições e voz distorcidas, principalmente no confronto final com o padre no ritual de exorcismo, com bons efeitos de maquiagem que garantem os momentos de tensão. Por outro lado, são tantas as referências (ou melhor, cenas copiadas) ao clássico “O Exorcista” (73) que chegam a incomodar, como por exemplo a manifestação de pedido de socorro do jovem possuído através da manjada mensagem “Salvem-me” escrita em sangue num dos braços (similar aos vergões na barriga de Regan MacNeil), ou quando o Padre Adamski ordena ao demônio que liberte o rapaz tomando o seu próprio corpo em troca (idéia copiada do Padre Damien Karras).
Mas, de uma forma geral, “Amityville 2” é um pouco inferior ao primeiro filme da série, mas é muito superior a todos os outros posteriores juntos, pois tem ao seu favor a inspiração em eventos reais, a ambientação na casa maldita, e a mistura de assombração com possessão demoníaca, num filme que a exemplo de “O Exorcista”, tem um desfecho que pode ser considerado trágico permitindo um interessante gancho que poderia ter sido melhor explorado pelos filmes seguintes.
“Amityville 2” foi lançado em DVD com distribuição nas bancas, encartado na revista “DVD Premium” número 34 (Maio de 2004), da “NBO Editora”, juntamente com o terceiro filme da série no outro lado do disco. De material extra tem apenas uma sinopse pequena e biografias curtas dos atores principais, Burt Young e James Olson. O primeiro nasceu em 1940 e é mais conhecido como o cunhado do lutador de boxe Rocky Balboa (Sylvester Stallone) no filme “Rocky, um Lutador” (76) e nas outras sequências. Já James Olson nasceu em 1930 e entre seus filmes importantes destaca-se a ficção científica “O Enigma de Andrômeda” (Andromeda Strain, 71), de Robert Wise. Como curiosidade, vale citar que o menu interativo do DVD é uma reprodução animada da sequência final do filme, o que é um fato meio estranho por revelar um importante “spoiler”.
“Amityville 2” (Amityville 2, 1982) # 254 – data: 17/05/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com.br
A tagline acima esclarece em poucas palavras a existência de eventos sinistros numa mansão assombrada em Amityville. Primeiro foi produzido o filme “A Cidade do Horror” (The Amityville Horror, 79), baseado no livro homônimo de Jay Anson, que por sua vez relatava os acontecimentos reais e misteriosos que envolveram a família Lutz depois de se mudarem para a famosa casa onde no passado havia um antigo cemitério indígena. A mesma casa amaldiçoada que também foi palco de uma chacina real anterior onde Ronald DeFeo, o filho mais velho de uma família aparentemente normal, assassinou seus pais e irmãos enquanto dormiam, utilizando uma espingarda e alegando seguir as orientações de uma voz maligna.
Em 1982, numa co-produção entre Estados Unidos e México, e com as filmagens utilizando locações em New Jersey e na Cidade do México, foi lançado o segundo filme da série, a qual transformou-se numa enorme franquia com mais oito filmes e ainda a realização de uma refilmagem do original, produzida em 2005 e que recebeu o nome “Horror em Amityville” quando estreou nos cinemas brasileiros em 19/08/05). Esse segundo filme da saga foi chamado por aqui primeiramente como “Terror em Amityville” (Amityville 2: The Possession), quando foi exibido na televisão e distribuído em VHS pela “VTI”, e agora também em formato DVD com o nome mais correto “Amityville 2”, através da revista “DVD Premium”, juntamente com a terceira parte da série, “Amityville 3-D” (83), que não possui qualquer ligação com os filmes anteriores.
Inspirado no caso real do assassinato da família DeFeo, esse “Amityville 2” inicia apresentando uma família de origem italiana se mudando para a sinistra mansão em Amityville, composta pelo rígido e ateu patriarca Anthony Montelli (Burt Young), sua esposa submissa e religiosa Dolores (Rutanya Alda), e pelos quatro filhos, um casal de pequenas crianças, Jan e Mark (curiosamente interpretados pelos irmãos Erika e Brent Katz), e um casal de adolescentes, a bela Patricia (Diane Franklin) e o estranho Sonny (Jack Magner), que não possui um bom relacionamento com o pai.
Logo após se acomodarem na nova e enorme casa, e ainda se ambientando com as instalações, a família já começa a enfrentar uma série de eventos misteriosos como objetos que são arremessados aleatoriamente; janelas que se abrem e fecham sozinhas; manifestações de ruídos, vozes, risadas e lamentos sinistros, torneira que despeja sangue em vez de água, pincéis que sozinhos fazem estranhos desenhos na parede, cama girando em torno de si, fortes batidas na porta de entrada, além de sangue escorrendo pelas paredes e brotando do chão no porão e outras situações não menos bizarras.
Preocupada com a segurança de sua família, Dolores solicita a visita de um religioso local, Padre Frank Adamski (James Olson), que trabalha numa paróquia próxima, juntamente com seu amigo Padre Tom (Andrew Prine). Ele vai até a casa para realizar um ritual de benção dos diversos cômodos e sente a presença de alguma entidade maligna habitando a mansão, principalmente depois de testemunhar uma cena grotesca envolvendo o seu aspergidor, que em vez de liberar a água benta sobre os móveis nos diversos aposentos, passou a jorrar sangue de forma tão real que despertou a atenção do padre para uma investigação sobre fenômenos paranormais na casa. Outro fato extremamente significativo foi a crescente transformação ocorrida no filho mais velho da família, que aliás estava em constante desarmonia, com crescentes discussões e brigas. Sonny estava demonstrando uma alteração de comportamento muito suspeita, começando por seduzir e praticar incesto com sua própria irmã, e depois planejar a execução dos pais e outros irmãos pequenos usando uma espingarda, numa noite de tempestade e relâmpagos (um cenário propício para uma carnificina), seguindo a orientação de uma voz obscura que estava incitando-lhe à matança.
Uma vez descobrindo que na verdade Sonny estava possuído por um demônio, o Padre Adamski solicita uma autorização à Igreja para a realização de um exorcismo, negada pelo Chanceler (interpretado por Leonardo Cimino), obrigando-o a agir por conta própria, primeiramente tentando tirar o jovem da cadeia, auxiliado pelo policial Turner (Moses Gunn), e depois tentando salvar a vida de Sonny num ritual exorcista.
“Amityville 2” é na verdade uma pré-sequência do filme original, narrando eventos anteriores aos acontecimentos do primeiro filme da franquia produzido em 1979, num recurso de certa forma precursor na época, mas que virou moda atualmente e tem sido muito utilizado no cinema de horror, principalmente nas trilogias. Assim como no original, a história desse segundo filme também tem inspiração em fatos reais, o que foi abandonado a partir do terceiro filme, e a partir da produção seguinte nem mesmo a casa continuaria sendo utilizada, com o mal se transferindo para outros lugares através de objetos originais de Amityville, como um abajur, relógio ou espelho amaldiçoados, que mudam de proprietários.
Como sugere o subtítulo original, “The Possession”, o filme é uma história de possessão demoníaca, procurando justificar a ação criminosa de um jovem ao matar friamente sua família, como sendo influenciada pelas orientações de uma entidade maligna agindo em sua mente perturbada. E que os espíritos atormentados dos que morreram tragicamente, ainda permaneceriam presos à casa gerando a fama de assombrada e aterrorizando a nova família de moradores, que fugiram de medo depois de quase um mês (tema abordado no filme original).
Em “Amityville 2” encontramos aqueles conhecidos elementos que caracterizam um filme de “mansão assombrada”, e que somados à manifestação de um demônio que se apossa de um jovem incitando-o a matar, obtemos um filme com interesses que conseguem prender a atenção do espectador até o desfecho da história. Entre os destaques, vale registrar as cenas envolvendo o rapaz possuído, com suas feições e voz distorcidas, principalmente no confronto final com o padre no ritual de exorcismo, com bons efeitos de maquiagem que garantem os momentos de tensão. Por outro lado, são tantas as referências (ou melhor, cenas copiadas) ao clássico “O Exorcista” (73) que chegam a incomodar, como por exemplo a manifestação de pedido de socorro do jovem possuído através da manjada mensagem “Salvem-me” escrita em sangue num dos braços (similar aos vergões na barriga de Regan MacNeil), ou quando o Padre Adamski ordena ao demônio que liberte o rapaz tomando o seu próprio corpo em troca (idéia copiada do Padre Damien Karras).
Mas, de uma forma geral, “Amityville 2” é um pouco inferior ao primeiro filme da série, mas é muito superior a todos os outros posteriores juntos, pois tem ao seu favor a inspiração em eventos reais, a ambientação na casa maldita, e a mistura de assombração com possessão demoníaca, num filme que a exemplo de “O Exorcista”, tem um desfecho que pode ser considerado trágico permitindo um interessante gancho que poderia ter sido melhor explorado pelos filmes seguintes.
“Amityville 2” foi lançado em DVD com distribuição nas bancas, encartado na revista “DVD Premium” número 34 (Maio de 2004), da “NBO Editora”, juntamente com o terceiro filme da série no outro lado do disco. De material extra tem apenas uma sinopse pequena e biografias curtas dos atores principais, Burt Young e James Olson. O primeiro nasceu em 1940 e é mais conhecido como o cunhado do lutador de boxe Rocky Balboa (Sylvester Stallone) no filme “Rocky, um Lutador” (76) e nas outras sequências. Já James Olson nasceu em 1930 e entre seus filmes importantes destaca-se a ficção científica “O Enigma de Andrômeda” (Andromeda Strain, 71), de Robert Wise. Como curiosidade, vale citar que o menu interativo do DVD é uma reprodução animada da sequência final do filme, o que é um fato meio estranho por revelar um importante “spoiler”.
“Amityville 2” (Amityville 2, 1982) # 254 – data: 17/05/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com.br
blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 10/12/05)
Amityville 2 (Amityville 2, Estados Unidos / México, 1982). Orion. Duração: 103 minutos. Direção de Damiano Damiani. Roteiro de Tommy Lee Wallace e Dardano Sacchetti, baseados no livro “Murder in Amityville”, de Hans Holzer. Produção de Dino De Laurentiis, Stephen R. Greenwald e Ira N. Smith. Produção Executiva de Bernard Williams. Fotografia de Franco Di Giacomo. Música de Lalo Schifrin. Edição de Sam O’Steen. Direção de Arte de Ray Recht. Desenho de Produção de Pier Luigi Basile. Maquiagem de John Caglione Jr. Elenco: James Olson (Padre Frank Adamski), Burt Young (Anthony Montelli), Rutanya Alda (Dolores Montelli), Jack Magner (Sonny Montelli), Andrew Prine (Padre Tom), Diane Franklin (Patricia Montelli), Moses Gunn (Turner), Erika Katz (Jan Montelli), Brent Katz (Mark Montelli), Leonardo Cimino (Chanceler).
Amityville 2 (Amityville 2, Estados Unidos / México, 1982). Orion. Duração: 103 minutos. Direção de Damiano Damiani. Roteiro de Tommy Lee Wallace e Dardano Sacchetti, baseados no livro “Murder in Amityville”, de Hans Holzer. Produção de Dino De Laurentiis, Stephen R. Greenwald e Ira N. Smith. Produção Executiva de Bernard Williams. Fotografia de Franco Di Giacomo. Música de Lalo Schifrin. Edição de Sam O’Steen. Direção de Arte de Ray Recht. Desenho de Produção de Pier Luigi Basile. Maquiagem de John Caglione Jr. Elenco: James Olson (Padre Frank Adamski), Burt Young (Anthony Montelli), Rutanya Alda (Dolores Montelli), Jack Magner (Sonny Montelli), Andrew Prine (Padre Tom), Diane Franklin (Patricia Montelli), Moses Gunn (Turner), Erika Katz (Jan Montelli), Brent Katz (Mark Montelli), Leonardo Cimino (Chanceler).