“Oh, Senhor das Trevas, Príncipe do Inferno. Ouça o apelo de teu servo. Manda do teu reino negro o poder para cumprirmos o teu desejo na Terra. Recria este pó de séculos para que, a teu serviço, os mortos possam se unir aos não mortos. Aceita este sacrifício em tua homenagem. Transforma agora este sangue fresco e quente em um corpo da tua criação, e este espírito inocente no mal” – Ritual satânico conduzido pelo Conde Karnstein
No início dos anos 1970 o estúdio inglês “Hammer” foi o responsável pela produção da “trilogia Karnstein”, formada por filmes com história baseada na obra de vampirismo “Carmilla”, do escritor irlandês J. Sheridan Le Fanu (1814 / 1873). São eles: “Camilla, a Vampira de Karnstein” (The Vampire Lovers, 70), dirigido por Roy Ward Baker e com Peter Cushing e a bela atriz polonesa Ingrid Pitt; “Luxúria de Vampiros” (Lust For a Vampire, 71, de Jimmy Sangster), com a loira Yutte Stensgaard, nascida na Dinamarca e de uma beleza impressionante; e “As Filhas de Drácula” (Twins of Evil, 71, de John Hough), com as gêmeas Madeleine e Mary Collinson e novamente o sempre presente Peter Cushing, como um caçador de bruxas.
“Luxúria de Vampiros” é ambientado na Inglaterra por volta de 1830, onde o Conde Karnstein (Mike Raven, ator com grande semelhança física com o lendário Christopher Lee, inclusive no timbre gutural de voz), juntamente com a Condessa Herritzen (Barbara Jefford), realizam um ritual de magia negra auxiliados por um servo cocheiro (Christopher Cunningham). Eles solicitam ao demônio o ressurgimento da vampira Carmilla (1688 / 1710), através do derramamento do sangue fresco de uma bela jovem virgem sacrificada, em seu cadáver apodrecido pelo tempo.
A ação volta-se para uma escola particular de moças situada próxima ao antigo Castelo da amaldiçoada família Karnstein, conhecida na região como formada por vampiros. A escola é dirigida pela Srta. Simpson (Helen Christie) e ministrada pelos professores Janet Playfair (Suzanna Leigh) e Giles Barton (Ralph Bates), este último um estudioso e simpatizante de ocultismo. Paralelamente entram em cena um famoso escritor de livros de magia negra Richard Lestrange (Michael Johnson), que apesar de céptico sobre a existência real de vampiros, chega num vilarejo próximo pretendendo visitar o Castelo Karnstein e fazer pesquisas para seu próximo livro, e que acaba conseguindo uma vaga como professor de literatura inglesa na escola. E também surge uma bela jovem, Mircalla, um anagrama de Carmilla (interpretada por Yutte Stensgaard), que vem para estudar na escola de moças.
Logo, desaparecimentos e mortes misteriosas começam a ocorrer despertando a atenção de um investigador da polícia, Inspetor Heinrich (Harvey Hall), e do pai de uma das moças desaparecidas, Raymond Pelley (David Healy), relacionando os trágicos acontecimentos às ações de um vampiro, culminando na fúria e revolta dos aldeões que incendeiam as ruínas do Castelo Karnstein.
“Luxúria de Vampiros” pertence a uma fase da “Hammer” considerada inferior representada por uma decadência que encerrou as atividades do estúdio poucos anos depois. E o filme tem como característica principal a exploração do erotismo feminino ao mostrar belas mulheres semi nuas em cenas envolvendo vampirismo e lesbianismo, situações que começaram a ser apresentadas no filme anterior da trilogia, “Carmilla, a Vampira de Karnstein”, e que passou a ser conhecido como “sexploitation”. Além também de mostrar um macabro ritual satânico com sacrifício humano, aproveitando a proliferação desse assunto na época e em diversos outros filmes como “Balada Para Satã” (71) e “Os Ritos Satânicos de Drácula” (73).
Como um típico filme da “Hammer”, em “Luxúria de Vampiros” encontramos todos aqueles clichês góticos característicos como um castelo imponente no alto de uma colina, um vilarejo próximo atormentado pelo medo, as carruagens, os túmulos, o nevoeiro rasteiro na floresta fantasmagórica à noite, e todo aquele clima de horror que imperava na Europa de alguns séculos atrás. E um detalhe que é impossível não salientar é a inverossímil presença de uma escola exclusiva para lindas moças vizinha de um amaldiçoado castelo, conhecido historicamente pela fama de seus antigos proprietários em envolvimentos com o mal e vampirismo. Mas é até compreensível para servir de base no desenvolvimento de todo o argumento do filme.
O filme foi lançado no Brasil no formato DVD em Dezembro de 2002, pela revista “Dark Side DVD” ano 1 número 4, com distribuição em bancas e um preço popular. Como material extra vieram um trailer de quase três minutos sem legendas, “radio spots” de aproximadamente dois minutos, biografias dos atores Ralph Bates e Yutte Stensgaard, além do diretor Jimmy Sangster, e uma galeria com muitas fotos interessantes. A capa do DVD nacional traz como destaque uma interessante foto do imponente Conde Karnstein, com seu visual gótico que intimida, porém seria mais adequado ainda se fosse utilizada uma foto da sensual vampira Carmilla, enfatizando a beleza de Yutte Stensgaard, com seus fascinantes olhos azuis.
Curiosamente, na cena do ritual satânico com o objetivo de ressuscitar Carmilla, numa missa negra conduzida pelo Conde Karnstein, aparece em um determinado momento um close fechado dos olhos do satanista, vermelhos de sangue reproduzindo o ódio e o mal absolutos, e na verdade essa cena foi reproduzida de “O Conde Drácula” (Scars of Dracula, 70), sendo que os olhos malignos são de Christopher Lee protagonizando o eterno vampiro Drácula. Outra curiosidade é a presença sempre muito determinada do ator Mike Raven como o Conde Karnstein e também como um falso médico, Dr. Frohein, limitando-se a dizer poucas palavras com sua voz gutural, e sempre informando falsamente a causa da morte das vítimas de Carmilla como sendo “ataque do coração”.
O veterano inglês Jimmy Sangster nasceu em 1924 e é mais conhecido com roteirista de vários filmes de fundamental importância para a consagração da “Hammer” como “O Estranho de Um Mundo Perdido” (56), “A Maldição de Frankenstein” (57), “O Vampiro da Noite” (58), “A Vingança de Frankensterin” (58), “A Múmia” (59), “Jack, o Estripador” (59), “O Homem Que Enganou a Morte” (59), “As Noivas do Vampiro” (60), “Drácula: Príncipe das Trevas” (66), “O Horror de Frankenstein” (70, este também na direção), entre outros.
O elenco de “Luxúria de Vampiros” tem como destaques Ralph Bates (1940 / 1991), ator inglês nascido em Bristol, e a bela Yutte Stensgaard, nascida na Dinamarca em 1946. Bates participou de outros filmes importantes da “Hammer” como “O Sangue de Drácula” (70), o já citado “O Horror de Frankenstein” (como o cientista Victor Frankenstein) e “O Médico e a Irmã Monstro” (71, no papel do atormentado Dr. Jekyll). Quanto à Stensgaard, ela teve uma carreira muito curta, e curiosamente não voltou a atuar mais depois de interpretar a vampira Carmilla no filme de Jimmy Sangster em 1971. Mas, sobre sua participação em “Luxúria de Vampiros”, podemos dizer que como atriz seu trabalho foi apenas razoável, mas como uma vampira sua beleza estonteante deve colocá-la como uma das mais belas mulheres da história do cinema.
“Luxúria de Vampiros” (Lust For a Vampire, 1971) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 10/12/05)
Luxúria de Vampiros (Lust For a Vampire / Love For a Vampire / To Love a Vampire, Inglaterra, 1971). Hammer. Duração: 95 minutos. Filmado em locações dos “Elstree Studios”. Direção de Jimmy Sangster. Roteiro de Tudor Gates, baseado na obra “Carmilla”, de Joseph Sheridan Le Fanu. Produção de Harry Fine e Michael Style. Música de Harry Robinson. Fotografia de David Muir. Edição de Spencer Reeve. Maquiagem de George Blackler. Elenco: Ralph Bates (Giles Barton), Barbara Jefford (Condessa Herritzen), Suzanna Leigh (Janet Playfair), Michael Johnson (Richard Lestrange), Yutte Stensgaard (Mircalla / Carmilla), Helen Christie (Srta. Simpson), Pippa Steele (Susan Pelley), David Healy (Raymond Pelley), Harvey Hall (Inspetor Heinrich), Mike Raven (Conde Karnstein), Michael Brennan, Jack Melford, Christopher Cunningham, Judy Matheson, Christopher Neame.
No início dos anos 1970 o estúdio inglês “Hammer” foi o responsável pela produção da “trilogia Karnstein”, formada por filmes com história baseada na obra de vampirismo “Carmilla”, do escritor irlandês J. Sheridan Le Fanu (1814 / 1873). São eles: “Camilla, a Vampira de Karnstein” (The Vampire Lovers, 70), dirigido por Roy Ward Baker e com Peter Cushing e a bela atriz polonesa Ingrid Pitt; “Luxúria de Vampiros” (Lust For a Vampire, 71, de Jimmy Sangster), com a loira Yutte Stensgaard, nascida na Dinamarca e de uma beleza impressionante; e “As Filhas de Drácula” (Twins of Evil, 71, de John Hough), com as gêmeas Madeleine e Mary Collinson e novamente o sempre presente Peter Cushing, como um caçador de bruxas.
“Luxúria de Vampiros” é ambientado na Inglaterra por volta de 1830, onde o Conde Karnstein (Mike Raven, ator com grande semelhança física com o lendário Christopher Lee, inclusive no timbre gutural de voz), juntamente com a Condessa Herritzen (Barbara Jefford), realizam um ritual de magia negra auxiliados por um servo cocheiro (Christopher Cunningham). Eles solicitam ao demônio o ressurgimento da vampira Carmilla (1688 / 1710), através do derramamento do sangue fresco de uma bela jovem virgem sacrificada, em seu cadáver apodrecido pelo tempo.
A ação volta-se para uma escola particular de moças situada próxima ao antigo Castelo da amaldiçoada família Karnstein, conhecida na região como formada por vampiros. A escola é dirigida pela Srta. Simpson (Helen Christie) e ministrada pelos professores Janet Playfair (Suzanna Leigh) e Giles Barton (Ralph Bates), este último um estudioso e simpatizante de ocultismo. Paralelamente entram em cena um famoso escritor de livros de magia negra Richard Lestrange (Michael Johnson), que apesar de céptico sobre a existência real de vampiros, chega num vilarejo próximo pretendendo visitar o Castelo Karnstein e fazer pesquisas para seu próximo livro, e que acaba conseguindo uma vaga como professor de literatura inglesa na escola. E também surge uma bela jovem, Mircalla, um anagrama de Carmilla (interpretada por Yutte Stensgaard), que vem para estudar na escola de moças.
Logo, desaparecimentos e mortes misteriosas começam a ocorrer despertando a atenção de um investigador da polícia, Inspetor Heinrich (Harvey Hall), e do pai de uma das moças desaparecidas, Raymond Pelley (David Healy), relacionando os trágicos acontecimentos às ações de um vampiro, culminando na fúria e revolta dos aldeões que incendeiam as ruínas do Castelo Karnstein.
“Luxúria de Vampiros” pertence a uma fase da “Hammer” considerada inferior representada por uma decadência que encerrou as atividades do estúdio poucos anos depois. E o filme tem como característica principal a exploração do erotismo feminino ao mostrar belas mulheres semi nuas em cenas envolvendo vampirismo e lesbianismo, situações que começaram a ser apresentadas no filme anterior da trilogia, “Carmilla, a Vampira de Karnstein”, e que passou a ser conhecido como “sexploitation”. Além também de mostrar um macabro ritual satânico com sacrifício humano, aproveitando a proliferação desse assunto na época e em diversos outros filmes como “Balada Para Satã” (71) e “Os Ritos Satânicos de Drácula” (73).
Como um típico filme da “Hammer”, em “Luxúria de Vampiros” encontramos todos aqueles clichês góticos característicos como um castelo imponente no alto de uma colina, um vilarejo próximo atormentado pelo medo, as carruagens, os túmulos, o nevoeiro rasteiro na floresta fantasmagórica à noite, e todo aquele clima de horror que imperava na Europa de alguns séculos atrás. E um detalhe que é impossível não salientar é a inverossímil presença de uma escola exclusiva para lindas moças vizinha de um amaldiçoado castelo, conhecido historicamente pela fama de seus antigos proprietários em envolvimentos com o mal e vampirismo. Mas é até compreensível para servir de base no desenvolvimento de todo o argumento do filme.
O filme foi lançado no Brasil no formato DVD em Dezembro de 2002, pela revista “Dark Side DVD” ano 1 número 4, com distribuição em bancas e um preço popular. Como material extra vieram um trailer de quase três minutos sem legendas, “radio spots” de aproximadamente dois minutos, biografias dos atores Ralph Bates e Yutte Stensgaard, além do diretor Jimmy Sangster, e uma galeria com muitas fotos interessantes. A capa do DVD nacional traz como destaque uma interessante foto do imponente Conde Karnstein, com seu visual gótico que intimida, porém seria mais adequado ainda se fosse utilizada uma foto da sensual vampira Carmilla, enfatizando a beleza de Yutte Stensgaard, com seus fascinantes olhos azuis.
Curiosamente, na cena do ritual satânico com o objetivo de ressuscitar Carmilla, numa missa negra conduzida pelo Conde Karnstein, aparece em um determinado momento um close fechado dos olhos do satanista, vermelhos de sangue reproduzindo o ódio e o mal absolutos, e na verdade essa cena foi reproduzida de “O Conde Drácula” (Scars of Dracula, 70), sendo que os olhos malignos são de Christopher Lee protagonizando o eterno vampiro Drácula. Outra curiosidade é a presença sempre muito determinada do ator Mike Raven como o Conde Karnstein e também como um falso médico, Dr. Frohein, limitando-se a dizer poucas palavras com sua voz gutural, e sempre informando falsamente a causa da morte das vítimas de Carmilla como sendo “ataque do coração”.
O veterano inglês Jimmy Sangster nasceu em 1924 e é mais conhecido com roteirista de vários filmes de fundamental importância para a consagração da “Hammer” como “O Estranho de Um Mundo Perdido” (56), “A Maldição de Frankenstein” (57), “O Vampiro da Noite” (58), “A Vingança de Frankensterin” (58), “A Múmia” (59), “Jack, o Estripador” (59), “O Homem Que Enganou a Morte” (59), “As Noivas do Vampiro” (60), “Drácula: Príncipe das Trevas” (66), “O Horror de Frankenstein” (70, este também na direção), entre outros.
O elenco de “Luxúria de Vampiros” tem como destaques Ralph Bates (1940 / 1991), ator inglês nascido em Bristol, e a bela Yutte Stensgaard, nascida na Dinamarca em 1946. Bates participou de outros filmes importantes da “Hammer” como “O Sangue de Drácula” (70), o já citado “O Horror de Frankenstein” (como o cientista Victor Frankenstein) e “O Médico e a Irmã Monstro” (71, no papel do atormentado Dr. Jekyll). Quanto à Stensgaard, ela teve uma carreira muito curta, e curiosamente não voltou a atuar mais depois de interpretar a vampira Carmilla no filme de Jimmy Sangster em 1971. Mas, sobre sua participação em “Luxúria de Vampiros”, podemos dizer que como atriz seu trabalho foi apenas razoável, mas como uma vampira sua beleza estonteante deve colocá-la como uma das mais belas mulheres da história do cinema.
“Luxúria de Vampiros” (Lust For a Vampire, 1971) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 10/12/05)
Luxúria de Vampiros (Lust For a Vampire / Love For a Vampire / To Love a Vampire, Inglaterra, 1971). Hammer. Duração: 95 minutos. Filmado em locações dos “Elstree Studios”. Direção de Jimmy Sangster. Roteiro de Tudor Gates, baseado na obra “Carmilla”, de Joseph Sheridan Le Fanu. Produção de Harry Fine e Michael Style. Música de Harry Robinson. Fotografia de David Muir. Edição de Spencer Reeve. Maquiagem de George Blackler. Elenco: Ralph Bates (Giles Barton), Barbara Jefford (Condessa Herritzen), Suzanna Leigh (Janet Playfair), Michael Johnson (Richard Lestrange), Yutte Stensgaard (Mircalla / Carmilla), Helen Christie (Srta. Simpson), Pippa Steele (Susan Pelley), David Healy (Raymond Pelley), Harvey Hall (Inspetor Heinrich), Mike Raven (Conde Karnstein), Michael Brennan, Jack Melford, Christopher Cunningham, Judy Matheson, Christopher Neame.