“Maldito é o chão onde as forças negras vivem. E aquele que se intrometer será destruído.”
– do livro “Culto das Forças do Além”.
O mínimo que se pode esperar de um filme de horror com o lendário ator Boris Karloff e com história baseada no igualmente imortal escritor Howard Phillips Lovecraft, é puro entretenimento. “Morte Para Um Monstro” (Die, Monster, Die!, nos Estados Unidos, e “Monster of Terror”, na Inglaterra), produzido em 1965 pela “American International Pictures” e lançado no Brasil em vídeo VHS pela LK-Tel, é um filme apenas mediano, sem grande originalidade, porém todos os elementos necessários para se fazer uma boa obra de horror podem ser encontrados nessa fita, com uma atmosfera mórbida de um suspense oculto em meio à névoa espessa de uma floresta fantasmagórica e que esconde uma mansão macabra e terrivelmente afetada por forças malignas vindas do espaço sideral. É um típico filme dos anos 60, ingênuo se comparado às podreiras do cinema moderno, com a profusão de sangue jorrando sobre o público, mas com um horror sutil que explora o sentimento de medo que está à espreita, o mal escondido e tentando nos envolver em seus domínios.
(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)
O cientista americano Stephen Reinhart (Nick Adams) chega de trem à Arkham, um pequeno vilarejo inglês, para visitar sua noiva Susan Witley (Suzan Farmer), com quem havia estudado ciências na faculdade nos Estados Unidos. Ele é mal recebido na cidade, que lhe nega qualquer informação e assistência para chegar até a casa dos Witley’s, estranhamente muito temida por todos. Ele então decide caminhar até lá, em uma estrada deserta e assustadora e sente que está sendo observado. Ao chegar na mansão, é friamente recebido pelo pai de Susan, Nahum Witley (Boris Karloff), que tenta encorajá-lo a ir embora sem ver sua noiva, utilizando de uma inesperada arrogância. Por fim, o jovem consegue se reunir com Susan e sua mãe, Letitia Witley (Freda Jackson), que está terrivelmente doente e que esconde seu rosto sob um véu pesado e negro. Ela suplica à Stephen que leve sua filha embora o mais rápido possível sem no entanto esclarecer os motivos. O jovem americano começa a se convencer que algo misterioso e maligno envolve a casa e seus ocupantes, principalmente após a morte suspeita do mordomo da família, Merwyn (Terence DeMarney).
A mãe de Susan havia piorado e se tornado uma criatura mutante desfigurada e insana que tenta atacar sua filha e o noivo, e que após um breve confronto acaba se desintegrando em cinzas negras. Após uma sucessão de fatos sobrenaturais e macabros, como o surgimento da antiga e desaparecida empregada da casa, como um monstro deteriorado, e que ficava vagando pelos arredores da casa, em meio às árvores fúnebres, e a descoberta do jovem cientista da existência de bizarras e indizíveis criaturas mutantes genéticas que viviam numa estufa de plantas, chegou-se à explicação do mal que se apossava do lugar: todos os ocupantes da casa e outros seres vivos como plantas, estavam lentamente se deteriorando transformando-se em repugnantes monstros, devido à exposição de uma radioatividade alienígena vinda de um meteorito que caiu do espaço.
O velho Nahum Witley, o patriarca da família, havia descoberto a pedra misteriosa e a qual ele pensava ser a resposta de uma profecia sobrenatural de seu pai, Corbin Witley, que morreu louco e envolto em literaturas ocultas, que falavam de criaturas ancestrais, poderosas e terrivelmente malignas, que habitavam nosso planeta em eras imemoriais.
Após a radiação emitida pelo meteorito dissolver de forma impiedosa sua esposa, matar seus empregados e criar mutações horríveis em plantas, o velho Nahum decide destruir a pedra e ao quebrá-la em dois pedaços com um machado, libera “a cor que caiu do céu”, que contamina todo seu corpo, transformando-o em uma criatura mutante e insana. Ele tenta matar sua filha e o noivo e após uma perseguição e breve luta, o patriarca contaminado despenca de uma escada e se desintegra com o forte impacto no chão. Enquanto a casa se transformava em um verdadeiro holocausto, Susan e Stephen conseguem escapar em segurança (sempre o inevitável final feliz...)
Boris Karloff já estava bastante idoso na época da produção desse filme, tanto que foi um dos últimos de sua brilhante carreira, vindo a falecer apenas três anos mais tarde, em 1968, vítima de problemas respiratórios. “Morte para um monstro” (65), “A maldição do altar escarlate” (68), “Na mira da morte” (68) e outros quatro filmes mexicanos, foram alguns de seus últimos trabalhos artísticos. Tanto que em todos eles, atuava quase que totalmente em uma cadeira de rodas, devido à fragilidade de sua saúde. Mas mesmo atuando sentado, com os movimentos limitados, seu carisma como grande ator de horror é insuperável e sua participação garante bons momentos de diversão. As cenas energéticas de Nahum Witley como um mutante brilhante contaminado pela radiação do meteorito em “Morte para um monstro” foram todas encenadas por um dublê, devido à impossibilidade de Karloff representá-las.
A história de H. P. Lovecraft que inspirou o filme, “The color out of space”, é uma das mais conhecidas e importantes do autor, e foi publicada no Brasil como “A cor que caiu do céu”. Já teve algumas outras adaptações para o cinema e uma bem curiosa foi em 1982, num dos episódios da antologia “Creepshow”, onde o famoso escritor de horror, um dos mais importantes da literatura fantástica moderna, Stephen King, interpretou Nahum Witley, que se transformou numa criatura bizarra e mutante devido `a energia emitida de uma pedra vinda do céu.
O diretor Daniel Haller estreou com esse filme. Ele trabalhou com o lendário produtor Roger Corman na direção de arte em vários filmes inspirados em obras de Edgar Allan Poe. Nesse, ele demonstrou seu instinto por um horror visual, exemplificado pelas indizíveis criaturas mutantes geradas pela radiação do meteoro, ou ainda pela deterioração do casal proprietário da mansão, garantindo bons momentos de horror graças aos eficientes efeitos de maquiagem para a época.
A fotografia escura na maior parte do tempo ajudou a acentuar o clima sombrio, maléfico e sobrenatural que envolvia o lugar, onde a névoa, as árvores retorcidas e o estilo gótico da casa, nos remetia a um ambiente lúgubre e macabro.
Enfim, um filme indispensável a todo fã do horror, por ter Boris Karloff e história baseada em Lovecraft, algo quase inédito na época, pois o escritor ainda estava sendo descoberto pelo cinema, e sua literatura passaria a ser mais filmada a partir dos anos 80 e 90, com efeitos especiais modernos. E mesmo com um roteiro insípido, o filme exemplifica com qualidades o horror nos anos 60, uma época despretensiosa, com muita diversão em suas produções e que deixou-nos muitas saudades e boas lembranças de seus filmes.
“Morte Para Um Monstro” (Die, Monster, Die!, 1965) – avaliação: 6,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 08/12/05)
Morte Para Um Monstro (Die, Monster, Die! / Monster of Terror, Estados Unidos / Inglaterra, 1965). American International Pictures, filmado nos Shepperton Studios (ING), em vídeo VHS no Brasil pela LK-Tel. Duração: 75 minutos. Direção de Daniel Haller. Produção de Pat Green. Roteiro de Jerry Sohl, baseado na história “The color out of space” (A cor que caiu do céu) de H. P. Lovecraft. Fotografia de Paul Beeson. Direção de Arte de Colin Southcott. Efeitos Especiais de Les Bowie. Maquiagem de Jimmy Evans. Música de Don Banks. Edição de Alfred Cox. Elenco: Boris Karloff, Nick Adams, Suzan Farmer, Freda Jackson, Terence DeMarney, Patrick Magee, Paul Farrell, George Moon, Gretchen Franklin, Sydney Bromley, Billy Milton.
– do livro “Culto das Forças do Além”.
O mínimo que se pode esperar de um filme de horror com o lendário ator Boris Karloff e com história baseada no igualmente imortal escritor Howard Phillips Lovecraft, é puro entretenimento. “Morte Para Um Monstro” (Die, Monster, Die!, nos Estados Unidos, e “Monster of Terror”, na Inglaterra), produzido em 1965 pela “American International Pictures” e lançado no Brasil em vídeo VHS pela LK-Tel, é um filme apenas mediano, sem grande originalidade, porém todos os elementos necessários para se fazer uma boa obra de horror podem ser encontrados nessa fita, com uma atmosfera mórbida de um suspense oculto em meio à névoa espessa de uma floresta fantasmagórica e que esconde uma mansão macabra e terrivelmente afetada por forças malignas vindas do espaço sideral. É um típico filme dos anos 60, ingênuo se comparado às podreiras do cinema moderno, com a profusão de sangue jorrando sobre o público, mas com um horror sutil que explora o sentimento de medo que está à espreita, o mal escondido e tentando nos envolver em seus domínios.
(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)
O cientista americano Stephen Reinhart (Nick Adams) chega de trem à Arkham, um pequeno vilarejo inglês, para visitar sua noiva Susan Witley (Suzan Farmer), com quem havia estudado ciências na faculdade nos Estados Unidos. Ele é mal recebido na cidade, que lhe nega qualquer informação e assistência para chegar até a casa dos Witley’s, estranhamente muito temida por todos. Ele então decide caminhar até lá, em uma estrada deserta e assustadora e sente que está sendo observado. Ao chegar na mansão, é friamente recebido pelo pai de Susan, Nahum Witley (Boris Karloff), que tenta encorajá-lo a ir embora sem ver sua noiva, utilizando de uma inesperada arrogância. Por fim, o jovem consegue se reunir com Susan e sua mãe, Letitia Witley (Freda Jackson), que está terrivelmente doente e que esconde seu rosto sob um véu pesado e negro. Ela suplica à Stephen que leve sua filha embora o mais rápido possível sem no entanto esclarecer os motivos. O jovem americano começa a se convencer que algo misterioso e maligno envolve a casa e seus ocupantes, principalmente após a morte suspeita do mordomo da família, Merwyn (Terence DeMarney).
A mãe de Susan havia piorado e se tornado uma criatura mutante desfigurada e insana que tenta atacar sua filha e o noivo, e que após um breve confronto acaba se desintegrando em cinzas negras. Após uma sucessão de fatos sobrenaturais e macabros, como o surgimento da antiga e desaparecida empregada da casa, como um monstro deteriorado, e que ficava vagando pelos arredores da casa, em meio às árvores fúnebres, e a descoberta do jovem cientista da existência de bizarras e indizíveis criaturas mutantes genéticas que viviam numa estufa de plantas, chegou-se à explicação do mal que se apossava do lugar: todos os ocupantes da casa e outros seres vivos como plantas, estavam lentamente se deteriorando transformando-se em repugnantes monstros, devido à exposição de uma radioatividade alienígena vinda de um meteorito que caiu do espaço.
O velho Nahum Witley, o patriarca da família, havia descoberto a pedra misteriosa e a qual ele pensava ser a resposta de uma profecia sobrenatural de seu pai, Corbin Witley, que morreu louco e envolto em literaturas ocultas, que falavam de criaturas ancestrais, poderosas e terrivelmente malignas, que habitavam nosso planeta em eras imemoriais.
Após a radiação emitida pelo meteorito dissolver de forma impiedosa sua esposa, matar seus empregados e criar mutações horríveis em plantas, o velho Nahum decide destruir a pedra e ao quebrá-la em dois pedaços com um machado, libera “a cor que caiu do céu”, que contamina todo seu corpo, transformando-o em uma criatura mutante e insana. Ele tenta matar sua filha e o noivo e após uma perseguição e breve luta, o patriarca contaminado despenca de uma escada e se desintegra com o forte impacto no chão. Enquanto a casa se transformava em um verdadeiro holocausto, Susan e Stephen conseguem escapar em segurança (sempre o inevitável final feliz...)
Boris Karloff já estava bastante idoso na época da produção desse filme, tanto que foi um dos últimos de sua brilhante carreira, vindo a falecer apenas três anos mais tarde, em 1968, vítima de problemas respiratórios. “Morte para um monstro” (65), “A maldição do altar escarlate” (68), “Na mira da morte” (68) e outros quatro filmes mexicanos, foram alguns de seus últimos trabalhos artísticos. Tanto que em todos eles, atuava quase que totalmente em uma cadeira de rodas, devido à fragilidade de sua saúde. Mas mesmo atuando sentado, com os movimentos limitados, seu carisma como grande ator de horror é insuperável e sua participação garante bons momentos de diversão. As cenas energéticas de Nahum Witley como um mutante brilhante contaminado pela radiação do meteorito em “Morte para um monstro” foram todas encenadas por um dublê, devido à impossibilidade de Karloff representá-las.
A história de H. P. Lovecraft que inspirou o filme, “The color out of space”, é uma das mais conhecidas e importantes do autor, e foi publicada no Brasil como “A cor que caiu do céu”. Já teve algumas outras adaptações para o cinema e uma bem curiosa foi em 1982, num dos episódios da antologia “Creepshow”, onde o famoso escritor de horror, um dos mais importantes da literatura fantástica moderna, Stephen King, interpretou Nahum Witley, que se transformou numa criatura bizarra e mutante devido `a energia emitida de uma pedra vinda do céu.
O diretor Daniel Haller estreou com esse filme. Ele trabalhou com o lendário produtor Roger Corman na direção de arte em vários filmes inspirados em obras de Edgar Allan Poe. Nesse, ele demonstrou seu instinto por um horror visual, exemplificado pelas indizíveis criaturas mutantes geradas pela radiação do meteoro, ou ainda pela deterioração do casal proprietário da mansão, garantindo bons momentos de horror graças aos eficientes efeitos de maquiagem para a época.
A fotografia escura na maior parte do tempo ajudou a acentuar o clima sombrio, maléfico e sobrenatural que envolvia o lugar, onde a névoa, as árvores retorcidas e o estilo gótico da casa, nos remetia a um ambiente lúgubre e macabro.
Enfim, um filme indispensável a todo fã do horror, por ter Boris Karloff e história baseada em Lovecraft, algo quase inédito na época, pois o escritor ainda estava sendo descoberto pelo cinema, e sua literatura passaria a ser mais filmada a partir dos anos 80 e 90, com efeitos especiais modernos. E mesmo com um roteiro insípido, o filme exemplifica com qualidades o horror nos anos 60, uma época despretensiosa, com muita diversão em suas produções e que deixou-nos muitas saudades e boas lembranças de seus filmes.
“Morte Para Um Monstro” (Die, Monster, Die!, 1965) – avaliação: 6,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 08/12/05)
Morte Para Um Monstro (Die, Monster, Die! / Monster of Terror, Estados Unidos / Inglaterra, 1965). American International Pictures, filmado nos Shepperton Studios (ING), em vídeo VHS no Brasil pela LK-Tel. Duração: 75 minutos. Direção de Daniel Haller. Produção de Pat Green. Roteiro de Jerry Sohl, baseado na história “The color out of space” (A cor que caiu do céu) de H. P. Lovecraft. Fotografia de Paul Beeson. Direção de Arte de Colin Southcott. Efeitos Especiais de Les Bowie. Maquiagem de Jimmy Evans. Música de Don Banks. Edição de Alfred Cox. Elenco: Boris Karloff, Nick Adams, Suzan Farmer, Freda Jackson, Terence DeMarney, Patrick Magee, Paul Farrell, George Moon, Gretchen Franklin, Sydney Bromley, Billy Milton.