Os Filhos de Katie Elder (1965)


Alguns atores acabaram tendo suas imagens eternamente associadas a um determinado gênero do cinema. Assim como Boris Karloff ou Vincent Price possuem seus nomes ligados ao Horror (apesar de atuarem em filmes de várias outras temáticas), John Wayne é um dos grandes ícones do cinema de Western, fazendo parte significativa de sua história, através principalmente dos papéis de homens determinados, corajosos e temidos por sua bravura.
No excepcional “Os Filhos de Katie Elder” (The Sons of Katie Elder, 1965), dirigido por Henry Hathaway, o lendário John Wayne lidera o elenco tendo o privilégio de atuar ao lado de Dean Martin, outro nome expressivo, e de uma equipe de coadjuvantes ilustres formada ainda por George Kennedy e James Gregory, entre outros.

Após a morte da mãe, Katie Elder, respeitada cidadã da pequena cidade de Clearwater, no Texas, seus quatro filhos voltam a se reunir para o funeral, numa última homenagem. A família é formada por John (John Wayne), o líder mais velho e um pistoleiro famoso e destemido, seguido por Tom (Dean Martin), um exímio e trapaceiro jogador de cartas, Matt (Earl Holliman), o mais pacato e tranquilo de todos, e finalmente por Bud (Michael Anderson Jr.), o mais jovem entre eles, sendo a única esperança de uma vida melhor através dos estudos, e que idolatra a fama agressiva do irmão mais velho John.
Ao chegarem à Clearwater e após o funeral, eles decidem investigar os últimos acontecimentos envolvendo a mãe e descobrem que o pai, um eterno bêbado, havia perdido a fazenda da família num jogo de cartas para o suspeito Morgan Hastings (James Gregory), um comerciante de armas e influente latifundiário recém chegado à cidade. Continuando as investigações, os quatro irmãos descobrem também que o pai havia sido misteriosamente assassinado com um tiro nas costas e que uma das únicas pessoas amigáveis é a bela e jovem Mary Gordon (Martha Hyer), a qual acompanhou de perto os últimos anos de vida de Katie Elder.
Uma vez obtendo da cidade apenas respostas evasivas de seus moradores, comerciantes e dos representantes da lei, sobre os eventos misteriosos envolvendo o patrimônio de sua família, recebendo a antipatia do assistente Ben Latta (Jeremy Slate), e apesar dos conselhos de um antigo amigo, o velho xerife Billy Wilson (Paul Fix), os irmãos Elder partem para um confronto direto de vingança contra o desonesto Morgan Hastings e seus capangas, e entre os quais destaca-se um perigoso pistoleiro de aluguel chamado Curley (George Kennedy, numa ótima interpretação), como o típico criminoso arrogante e assassino frio e calculista.

Em “Os Filhos de Katie Elder” podemos encontrar alguns dos elementos básicos de um western divertido, como as belas paisagens naturais repletas de montanhas imponentes, uma pequena cidade atrás do desenvolvimento, com seus tradicionais comércios como o banco, armazém, igreja, bar, delegacia e estábulo para os cavalos, o eterno vilão na figura de um poderoso fazendeiro ou comerciante, que não mede esforços para ampliar seus domínios, e o pistoleiro habilidoso e temido por sua fama de encrenqueiro na região. E o papel desse último, como não poderia deixar de ser, está muito bem representado pelo eterno cowboy John Wayne, que faz um John Elder durão, de poucas palavras, mas habilidoso com o revólver, bom de briga e determinado a descobrir a verdade com justiça. O filme enaltece em suas mais de duas horas de projeção a figura do homem bravo e solitário do velho oeste americano, mas também procura mostrar um drama familiar de uma mãe que criou seus quatro filhos para seguirem independentes seus destinos no selvagem e violento Texas, e abandonando-a de forma inevitável.

John Wayne é americano de Iowa, nascido em 26/05/1907 e que faleceu vítima de câncer em 1979 em Los Angeles após uma carreira de sucesso com mais de 180 filmes, a maioria de Western e Guerra, gêneros onde mais se destacou. Em seu currículo figuram uma infinidade de filmes expressivos e clássicos como os westerns “A Grande Jornada” (The Big Trail, 1930), “No Tempo das Diligências” (Stagecoach, 1939), “O Céu Mandou Alguém” (3 Godfathers, 1948), “Rio Vermelho” (Red River, 1948), “Rastros de ódio” (The Searchers, 1956), “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo, 1959), “Os Comancheiros” (The Comancheros, 1961), “O Homem Que Matou o Facínora” (The Man Who Shot Liberty Valence, 1962), “El Dorado” (1967), “Rio Lobo” (1970) e “Big Jake” (1971). Ou ainda os dramas de guerra “A Esquadrilha Mortal” (1942), “Romance dos Sete Mares” (1944), “Fomos os Sacrificados” (1945), “O Mais Longo dos Dias” (1962) e “Os Boinas Verdes” (1968).
Em 1960, John Wayne produziu, dirigiu e atuou em “O Álamo”, uma das poucas vezes em que trabalhou também atrás das câmeras, fato que igualmente aconteceu com o drama da Guerra do Vietnã “Os Boinas Verdes”. E em 1969 o ator ganhou o cobiçado prêmio “Oscar” de melhor ator como o veterano xerife Rooster Cogburn em “Bravura Indômita” (True Grit), papel que também repetiria em 1975 num dos últimos filmes de sua consagrada carreira.
Dean Martin é o nome artístico de Dino Paul Crocelli, nascido em 07/06/1917 em Ohio e falecido no final de 1995 aos 78 anos de idade na California. Sua carreira artística começou como cantor, e no início da década de 1940 iniciaram os primeiros trabalhos como ator de cinema, chegando a uma filmografia com aproximadamente 60 títulos, muitos deles sendo do gênero comédia em parceria com o lendário ator Jerry Lewis. Entre seus filmes, destacam-se “Onde Começa o Inferno”, “Onze Homens e Um Segredo” (Ocean’s Eleven, 1960) e “Aeroporto” (1970), além de longos programas de TV que levavam seu próprio nome, entre os anos de 1965 e 1984.
O diretor Henry Hathaway nasceu na California em 1898 e morreu aos 87 anos vítima de um ataque cardíaco. Sua filmografia tem aproximadamente 60 filmes, onde destaca-se os clássicos do western “Jardim do Pecado” (Garden of Evil, 1954), com os astros Gary Cooper e Richard Widmark, e o já citado “Bravura Indômita”, com John Wayne. Vários outros atores famosos já estiveram sob sua direção como Randolph Scott, Steve McQueen, Orson Welles, Tyrone Power, Robert Wagner, Kirk Douglas e James Mason, além de belas atrizes de um nível de Marylin Monroe e Sophia Loren.
“Os Filhos de Katie Elder” foi lançado em DVD no Brasil em 2003 com distribuição em bancas através de Editora “D+T”, de São Paulo/SP, com a revista “DVD World – Western” ano I número 3. E trouxe como material extra apenas uma sinopse e breves biografias dos atores John Wayne e Dean Martin, além do diretor Henry Hathaway.

“Os Filhos de Katie Elder” (The Sons of Katie Elder, 1965) – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 08/12/05)

Os Filhos de Katie Elder (The Sons of Katie Elder, Estados Unidos, 1965). Duração: 122 minutos. Direção de Henry Hathaway. Roteiro de William H. Wright, Allan Weiss e Harry Essex, a partir de história de Talbot Jennings. Produção de Hal B. Vallis. Música de Elmer Bernstein. Fotografia de Lucien Ballard. Edição de Warren Low. Direção de Arte de Hal Pereira. Elenco: John Wayne (John Elder), Dean Martin (Tom Elder), Earl Holliman (Matt Elder), Michael Anderson Jr. (Bud Elder), George Kennedy (Curley), Martha Hyer (Mary Gordon), Jeremy Slate (Ben Latta), James Gregory (Morgan Hastings), Paul Fix (Xerife Billy Wilson), Dennis Hopper (Dave Hastings), Sheldon Allman (Juiz Harry Evers), John Litel (Ministro), John Doucette (Henry Hyselman), Strother Martin (Jeb Ross), Percy Helton (Peevey).