“Eles voltaram para o juízo final”
Em 2000 foi lançado um interessante thriller policial francês chamado “Rios Vermelhos”, estrelado por Jean Reno e Vincent Cassel como uma dupla de detetives que investigam uma série de violentos assassinatos envolvendo mistérios, segredos obscuros, conspirações e nazismo. O sucesso comercial do filme por todo o mundo inevitavelmente motivou a produção de uma continuação, trazendo novamente o excelente ator marroquino Jean Reno (de “Ronin”, “Godzilla” e “Rollerball”) no papel do comissário Pierre Niémans, só que dessa vez tendo como parceiro o jovem policial Reda (Benoît Magimel).
A sequência, intitulada “Rios Vermelhos 2: Anjos do Apocalipse” chegou aos cinemas brasileiros em 01/10/04, quase sete meses depois de seu lançamento oficial em 18/02. E nesse caso vale registrar como existe incompetência na distribuição dos filmes que chegam ao Brasil, pois a “Europa Filmes” preferiu lançar nos cinemas a continuação de um filme francês (que apesar de interessante não é muito conhecido por aqui) em vez de estrear na tela grande a refilmagem de 2003 do clássico “O Massacre da Serra Elétrica”, cuja até a segunda parte já está em produção nos Estados Unidos. Tanto que “Rios Vermelhos 2” entrou em cartaz em poucas salas de exibição e quase não recebeu atenção da mídia, sendo pouco comentado. E aproximadamente dois meses depois, no final de Dezembro de 2004, o filme foi lançado no mercado de vídeo em DVD.
A história apresenta um novo caso de violentos homicídios tendo o detetive Niémans na liderança das ações, vindo de Paris até um mosteiro na fronteira da França com a Alemanha para averiguar um assassinato fora do comum, com a vítima sendo crucificada e emparedada. Com o decorrer do desgastante trabalho de investigação, ele recebe a ajuda de Reda, um jovem parceiro e seu ex-aluno da academia da polícia, além também de uma policial especialista em assuntos religiosos, Marie (Camille Natta).
Mais mortes sangrentas acontecem com direito a olhos arrancados, crucificações e cabeças decepadas, através da ação obscura de monges com agilidade e força muito acima de qualquer ser humano normal (o filme até procura esclarecer essas questões, porém o roteiro exagera no fato dos templários serem imunes aos disparos de armas de fogo contra seus corpos). Os assassinatos envolvem assuntos delicados sobre religião, eventos históricos com o poderoso império católico do Vaticano e a temível profecia do apocalipse, com a existência de uma seita secreta liderada pelo misterioso Ministro da Cultura e Religião de Berlim, na Alemanha, Heinrich von Garten (o ícone Christopher Lee), que está caçando de forma sangrenta um grupo de fanáticos religiosos que estavam simulando Jesus e os Doze Apóstolos, inclusive exercendo na vida real as mesmas profissões que os seguidores de Cristo descritos na Bíblia.
“Rios Vermelhos 2” tem todos aqueles elementos típicos de um bom thriller policial, explorando a exaustiva condução das investigações de uma dupla de detetives sobre uma série de assassinatos com requintes de crueldade, motivada por assuntos religiosos e bíblicos sobre o juízo final. O filme está num nível muito próximo de seu antecessor produzido quatro anos antes, com uma história igualmente interessante e intensa de momentos de ação, perseguições tensas (em especial uma longa sequência envolvendo um monge assassino e o policial Reda), tiroteios pesados e mortes brutais.
Curiosamente, para manter uma relação com o filme original, o roteiro reservou um diálogo entre Niémans e Reda onde eles comentam o conhecido medo de cachorros do policial mais velho, o qual inclusive revelou que superou esse problema adotando até um “yorkshire”, que é uma raça de cães pequenos e inofensivos (nesse momento Reda ironizou a atitude de seu parceiro comparando o cachorrinho com um porquinho da índia...). Outra referência ao primeiro filme foi uma citação ao caso anterior de Niémans, que teve uma experiência turbulenta nas montanhas geladas nos Alpes...
Um dos destaques, e não poderia deixar de ser, é a presença sempre imponente do veterano astro Christopher Lee, nesse caso fazendo o papel de mais um vilão, um obscuro ministro do governo alemão e ex-combatente na Segunda Guerra Mundial. Sua presença, mesmo que pequena, é um motivo mais do que suficiente para se conhecer o filme, principalmente para os fãs do cinema de horror. Christopher Lee é o último ator ainda vivo (nasceu em 1922 na Inglaterra) de uma geração de ícones do gênero com nomes como Vincent Price, Peter Cushing e John Carradine, que juntamente com Boris Karloff e Bela Lugosi (além de vários outros como Basil Rathbone, Peter Lorre e Donald Pleasence), construíram a história do Horror no cinema. Lee será eternamente lembrado por seus papéis do vampiro Conde Drácula nos filmes ingleses da Hammer e Amicus entre o final da década de 1950 e meados dos anos 70, além dos vilões das sagas “Star Wars” e “O Senhor dos Anéis” em produções milionárias do início do século 21.
Por ser um filme europeu com um apelo comercial menor do que a infinidade de produções americanas que chegam ao Brasil, de todos os gêneros e níveis de qualidade, é curioso notar como “Rios Vermelhos 2” entrou em cartaz em nossos cinemas em vez de ir diretamente para o mercado de vídeo, como outros casos similares. Podemos dizer que foi um privilégio ver o filme na tela grande e eu não me importaria se produzissem mais uma aventura policial com o Comissário Niémans...
“Rios Vermelhos 2: Anjos do Apocalipse” (Les Rivières Pourpres 2 – Les Anges de L’Apocalypse , 2004) # 273 – data: 03/10/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/02/06)
Rios Vermelhos 2: Anjos do Apocalipse (Les Rivières Pourpres 2 – Les Anges de L’Apocalypse / The Crimson Rivers 2: Angels of the Apocalypse, França / Itália / Inglaterra, 2004). Duração: 100 minutos. Direção de Olivier Dahan. Roteiro de Luc Besson, baseado em personagens criados por Jean-Christophe Grangé. Produção de Alain Goldman e Luc Besson. Música de Colin Towns. Fotografia de Alex Lamarque. Edição de Richard Marizy. Desenho de Produção de Olivier Raoux. Elenco: Jean Reno (Comissário Pierre Niémans), Benoît Magimel (Reda); Christopher Lee (Heinrich von Garten); Camille Natta (Marie); Johnny Hallyday; Gabrielle Lazure; Augustin Legrand; Serge Riaboukine; André Penvern, Francis Renaud, David Saracino.
Em 2000 foi lançado um interessante thriller policial francês chamado “Rios Vermelhos”, estrelado por Jean Reno e Vincent Cassel como uma dupla de detetives que investigam uma série de violentos assassinatos envolvendo mistérios, segredos obscuros, conspirações e nazismo. O sucesso comercial do filme por todo o mundo inevitavelmente motivou a produção de uma continuação, trazendo novamente o excelente ator marroquino Jean Reno (de “Ronin”, “Godzilla” e “Rollerball”) no papel do comissário Pierre Niémans, só que dessa vez tendo como parceiro o jovem policial Reda (Benoît Magimel).
A sequência, intitulada “Rios Vermelhos 2: Anjos do Apocalipse” chegou aos cinemas brasileiros em 01/10/04, quase sete meses depois de seu lançamento oficial em 18/02. E nesse caso vale registrar como existe incompetência na distribuição dos filmes que chegam ao Brasil, pois a “Europa Filmes” preferiu lançar nos cinemas a continuação de um filme francês (que apesar de interessante não é muito conhecido por aqui) em vez de estrear na tela grande a refilmagem de 2003 do clássico “O Massacre da Serra Elétrica”, cuja até a segunda parte já está em produção nos Estados Unidos. Tanto que “Rios Vermelhos 2” entrou em cartaz em poucas salas de exibição e quase não recebeu atenção da mídia, sendo pouco comentado. E aproximadamente dois meses depois, no final de Dezembro de 2004, o filme foi lançado no mercado de vídeo em DVD.
A história apresenta um novo caso de violentos homicídios tendo o detetive Niémans na liderança das ações, vindo de Paris até um mosteiro na fronteira da França com a Alemanha para averiguar um assassinato fora do comum, com a vítima sendo crucificada e emparedada. Com o decorrer do desgastante trabalho de investigação, ele recebe a ajuda de Reda, um jovem parceiro e seu ex-aluno da academia da polícia, além também de uma policial especialista em assuntos religiosos, Marie (Camille Natta).
Mais mortes sangrentas acontecem com direito a olhos arrancados, crucificações e cabeças decepadas, através da ação obscura de monges com agilidade e força muito acima de qualquer ser humano normal (o filme até procura esclarecer essas questões, porém o roteiro exagera no fato dos templários serem imunes aos disparos de armas de fogo contra seus corpos). Os assassinatos envolvem assuntos delicados sobre religião, eventos históricos com o poderoso império católico do Vaticano e a temível profecia do apocalipse, com a existência de uma seita secreta liderada pelo misterioso Ministro da Cultura e Religião de Berlim, na Alemanha, Heinrich von Garten (o ícone Christopher Lee), que está caçando de forma sangrenta um grupo de fanáticos religiosos que estavam simulando Jesus e os Doze Apóstolos, inclusive exercendo na vida real as mesmas profissões que os seguidores de Cristo descritos na Bíblia.
“Rios Vermelhos 2” tem todos aqueles elementos típicos de um bom thriller policial, explorando a exaustiva condução das investigações de uma dupla de detetives sobre uma série de assassinatos com requintes de crueldade, motivada por assuntos religiosos e bíblicos sobre o juízo final. O filme está num nível muito próximo de seu antecessor produzido quatro anos antes, com uma história igualmente interessante e intensa de momentos de ação, perseguições tensas (em especial uma longa sequência envolvendo um monge assassino e o policial Reda), tiroteios pesados e mortes brutais.
Curiosamente, para manter uma relação com o filme original, o roteiro reservou um diálogo entre Niémans e Reda onde eles comentam o conhecido medo de cachorros do policial mais velho, o qual inclusive revelou que superou esse problema adotando até um “yorkshire”, que é uma raça de cães pequenos e inofensivos (nesse momento Reda ironizou a atitude de seu parceiro comparando o cachorrinho com um porquinho da índia...). Outra referência ao primeiro filme foi uma citação ao caso anterior de Niémans, que teve uma experiência turbulenta nas montanhas geladas nos Alpes...
Um dos destaques, e não poderia deixar de ser, é a presença sempre imponente do veterano astro Christopher Lee, nesse caso fazendo o papel de mais um vilão, um obscuro ministro do governo alemão e ex-combatente na Segunda Guerra Mundial. Sua presença, mesmo que pequena, é um motivo mais do que suficiente para se conhecer o filme, principalmente para os fãs do cinema de horror. Christopher Lee é o último ator ainda vivo (nasceu em 1922 na Inglaterra) de uma geração de ícones do gênero com nomes como Vincent Price, Peter Cushing e John Carradine, que juntamente com Boris Karloff e Bela Lugosi (além de vários outros como Basil Rathbone, Peter Lorre e Donald Pleasence), construíram a história do Horror no cinema. Lee será eternamente lembrado por seus papéis do vampiro Conde Drácula nos filmes ingleses da Hammer e Amicus entre o final da década de 1950 e meados dos anos 70, além dos vilões das sagas “Star Wars” e “O Senhor dos Anéis” em produções milionárias do início do século 21.
Por ser um filme europeu com um apelo comercial menor do que a infinidade de produções americanas que chegam ao Brasil, de todos os gêneros e níveis de qualidade, é curioso notar como “Rios Vermelhos 2” entrou em cartaz em nossos cinemas em vez de ir diretamente para o mercado de vídeo, como outros casos similares. Podemos dizer que foi um privilégio ver o filme na tela grande e eu não me importaria se produzissem mais uma aventura policial com o Comissário Niémans...
“Rios Vermelhos 2: Anjos do Apocalipse” (Les Rivières Pourpres 2 – Les Anges de L’Apocalypse , 2004) # 273 – data: 03/10/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/02/06)
Rios Vermelhos 2: Anjos do Apocalipse (Les Rivières Pourpres 2 – Les Anges de L’Apocalypse / The Crimson Rivers 2: Angels of the Apocalypse, França / Itália / Inglaterra, 2004). Duração: 100 minutos. Direção de Olivier Dahan. Roteiro de Luc Besson, baseado em personagens criados por Jean-Christophe Grangé. Produção de Alain Goldman e Luc Besson. Música de Colin Towns. Fotografia de Alex Lamarque. Edição de Richard Marizy. Desenho de Produção de Olivier Raoux. Elenco: Jean Reno (Comissário Pierre Niémans), Benoît Magimel (Reda); Christopher Lee (Heinrich von Garten); Camille Natta (Marie); Johnny Hallyday; Gabrielle Lazure; Augustin Legrand; Serge Riaboukine; André Penvern, Francis Renaud, David Saracino.