“A casa perfeita esconde o crime perfeito”
Um dos argumentos preferidos utilizados pelos roteiristas do cinema de suspense é aquele envolvendo elementos típicos como uma enorme casa que esconde um passado tenebroso e obscuro. A quantidade de filmes abordando essa temática é imensa, num trabalho difícil de catalogação, com produções representando todas as épocas da história do cinema. E a insistência nesse tema é compreensível, uma vez que geralmente atrai a atenção do público, e apesar da maioria dos filmes apresentar sempre os velhos clichês do gênero, muitos deles conseguem o maior objetivo que é o entretenimento, mesmo que passageiro.
Em 19/09/03 estreou nos cinemas americanos o thriller psicológico “Garganta do Diabo” (Cold Creek Manor), e no Brasil o filme estava anunciado para entrar em cartaz aproximadamente seis meses depois, em 26/03/04, porém a distribuidora “Buena Vista” simplesmente cancelou sem aviso prévio e informou que o filme somente seria lançado no mercado de DVD, o que ocorreu vários meses depois, numa decisão comercial estratégica que certamente decepcionou o público que aguardava a exibição na tela grande. Aliás, o filme merecia uma distribuição nos cinemas como estava previsto no início, principalmente quando em comparação com o lançamento de produções dispensáveis como “A Batalha de Riddick”, “Mulher-Gato” e outras tranqueiras, .
“Garganta do Diabo” traz um elenco que chama a atenção pelos nomes conhecidos como Dennis Quaid (“Alta Frequência” e “O Dia Depois de Amanhã”), Stephen Dorff (“Medopontocombr”), uma ponta do veterano ator canadense Christopher Plummer (“Drácula 2000”), a jovem Juliette Lewis (“Um Drink no Inferno” e “Cabo do Medo”) e Sharon Stone (“O Vingador do Futuro”, “Instinto Fatal” e “Esfera”), cuja beleza não impressiona mais tanto como quando era mais jovem.
A história apresenta uma família cansada dos problemas da vida agitada de uma grande cidade como New York. Formada pelo casal Cooper (Dennis Quaid), um documentarista historiador, e Leah Tilson (Sharon Stone), uma executiva, além dos filhos Jesse (Ryan Wilson) e Kristen (Kristen Stewart, que foi a filha de Jodie Foster no suspense “O Quarto do Pânico”), eles decidem se mudar para uma enorme e velha casa numa área rural, na pequena cidade de Bellingham. Quando eles iniciam um trabalho de reforma na nova moradia, ocorre uma série de incidentes misteriosos e eles descobrem segredos proibidos que revelam o passado obscuro da casa, que foi palco de violentos assassinatos.
Enquanto isso, um antigo morador da casa, Dale Massie (Stephen Dorff), que estava numa penitenciária por três anos, retorna à procura de trabalho, sendo contratado para ajudar a família Tilson nas reformas. Ele é um sujeito estranho, filho de um excêntrico e conhecido fazendeiro local que está doente na cama de um hospital, Sr. Theodore Massie (interpretado pelo experiente Christopher Plummer), e que namora a bela e promíscua Ruby Ferguson (Juliette Lewis), irmã da xerife local, Annie (Dana Eskelson). Sua presença no casarão cria uma instabilidade no casamento entre Cooper e Leah, além de aumentar o clima de mistério que envolve a sinistra mansão.
A partir daí, a família passa a se envolver com uma série de situações bizarras, além de enfrentar também uma incômoda tensão criada pela recepção ruim dos habitantes locais, que deixam claro sua insatisfação com a chegada dos novos vizinhos forasteiros.
“Garganta do Diabo”, ao contrário do que pode-se pensar num primeiro momento pela sinopse da história e pela apresentação do trailer, não é exatamente mais um filme sobre casa assombrada por fantasmas, apesar da presença de vários elementos característicos desse fascinante subgênero do horror, principalmente pela apresentação da mansão sinistra e repleta de cômodos e utensílios antigos. O roteiro está mais voltado para um típico thriller que mostra um psicopata aterrorizando uma família, fugindo do campo sobrenatural em direção à violenta realidade que nos cerca, independente do ambiente urbano de uma grande cidade como New York, de onde a família Tilson resolveu fugir da perigosa agitação, ou rural de uma cidadezinha do interior como Bellingham. Em vez de investir mais em apenas sustos gratuitos e cenas sangrentas, o diretor Mike Figgis e o roteirista Richard Jefferies preferiram explorar com maior intensidade as tensas relações psicológicas entre os personagens, e conseguiram contar uma história de suspense que apesar dos clichês conhecidos, mantém o interesse e garante o entretenimento do espectador.
Como curiosidade, o filme iria se chamar “The Devil’s Throat” (daí o correto título nacional de “Garganta do Diabo”), somente depois passando para o definitivo e inferior “Cold Creek Manor”, que é o nome da mansão. A propósito, a tal “garganta do diabo” seria uma fissura geológica natural, algo como um poço profundo localizado na floresta que cerca a fazenda, mas que na verdade foi criada pela equipe de produção, reservando uma importante participação na história, ocultando em seu interior elementos reveladores.
A casa utilizada nas filmagens realmente existe numa cidade canadense chamada Cambridge, nas proximidades de Toronto. Os produtores fizeram algumas alterações e acrescentaram uma piscina envolvida por um jardim assustador, um enorme portão de ferro, um cemitério particular, e uma série de artifícios para envelhecer a casa, tudo visando adaptar melhor o local para um clima sombrio e fantasmagórico. Aliás, o enorme casarão é um dos destaques do filme, numa imponência digna dos melhores ambientes tétricos para histórias de horror, ou como diz o cineasta Mike Figgis, a casa é uma protagonista da história.
Aliás, Figgis também é o autor da trilha sonora do filme e curiosamente ele revelou que seu escritório foi invadido por ladrões que roubaram os computadores com todo o trabalho editado da música, e que somente por muita sorte ele conseguiu recuperar a trilha básica através de uma cópia que tinha feito anteriormente.
O DVD lançado no Brasil tem como tagline a frase promocional interrogativa “Quais segredos habitam sua casa?”, com a capa evidenciando o rosto dos atores principais Dennis Quaid e Sharon Stone. Existe uma grande quantidade de interessante material extra, tudo devidamente legendado em português. Temos a exibição do filme com os comentários do diretor Mike Figgis, onde ele revela uma infinidade de curiosidades de bastidores e detalhes técnicos das filmagens; um documentário de sete minutos como se fosse realizado pelo personagem Cooper Tilson (Quaid), que no filme aproveita sua estadia na mansão e filma um documentário da história da fazenda e a família que ali viveu; uma seleção de regras básicas para filmes de suspense, com oito minutos de duração; sete cenas inéditas e não aproveitadas, algumas com comentários opcionais do diretor (uma delas em especial mostra uma tensa partida de bilhar entre Cooper e Dale, numa sequência de dez minutos), além de um final alternativo com revelações interessantes sobre o destino de alguns dos personagens, totalizando mais vinte e um minutos.
“O homem da marreta o fraco achará, e para apodrecer no poço o jogará. Esmaga seu crânio e sumiço dá. Sua dor é breve, o sangue escorre. O forte é poupado para procriar e multiplicar. E perto da Garganta do Diabo ele pastará.”
Um dos argumentos preferidos utilizados pelos roteiristas do cinema de suspense é aquele envolvendo elementos típicos como uma enorme casa que esconde um passado tenebroso e obscuro. A quantidade de filmes abordando essa temática é imensa, num trabalho difícil de catalogação, com produções representando todas as épocas da história do cinema. E a insistência nesse tema é compreensível, uma vez que geralmente atrai a atenção do público, e apesar da maioria dos filmes apresentar sempre os velhos clichês do gênero, muitos deles conseguem o maior objetivo que é o entretenimento, mesmo que passageiro.
Em 19/09/03 estreou nos cinemas americanos o thriller psicológico “Garganta do Diabo” (Cold Creek Manor), e no Brasil o filme estava anunciado para entrar em cartaz aproximadamente seis meses depois, em 26/03/04, porém a distribuidora “Buena Vista” simplesmente cancelou sem aviso prévio e informou que o filme somente seria lançado no mercado de DVD, o que ocorreu vários meses depois, numa decisão comercial estratégica que certamente decepcionou o público que aguardava a exibição na tela grande. Aliás, o filme merecia uma distribuição nos cinemas como estava previsto no início, principalmente quando em comparação com o lançamento de produções dispensáveis como “A Batalha de Riddick”, “Mulher-Gato” e outras tranqueiras, .
“Garganta do Diabo” traz um elenco que chama a atenção pelos nomes conhecidos como Dennis Quaid (“Alta Frequência” e “O Dia Depois de Amanhã”), Stephen Dorff (“Medopontocombr”), uma ponta do veterano ator canadense Christopher Plummer (“Drácula 2000”), a jovem Juliette Lewis (“Um Drink no Inferno” e “Cabo do Medo”) e Sharon Stone (“O Vingador do Futuro”, “Instinto Fatal” e “Esfera”), cuja beleza não impressiona mais tanto como quando era mais jovem.
A história apresenta uma família cansada dos problemas da vida agitada de uma grande cidade como New York. Formada pelo casal Cooper (Dennis Quaid), um documentarista historiador, e Leah Tilson (Sharon Stone), uma executiva, além dos filhos Jesse (Ryan Wilson) e Kristen (Kristen Stewart, que foi a filha de Jodie Foster no suspense “O Quarto do Pânico”), eles decidem se mudar para uma enorme e velha casa numa área rural, na pequena cidade de Bellingham. Quando eles iniciam um trabalho de reforma na nova moradia, ocorre uma série de incidentes misteriosos e eles descobrem segredos proibidos que revelam o passado obscuro da casa, que foi palco de violentos assassinatos.
Enquanto isso, um antigo morador da casa, Dale Massie (Stephen Dorff), que estava numa penitenciária por três anos, retorna à procura de trabalho, sendo contratado para ajudar a família Tilson nas reformas. Ele é um sujeito estranho, filho de um excêntrico e conhecido fazendeiro local que está doente na cama de um hospital, Sr. Theodore Massie (interpretado pelo experiente Christopher Plummer), e que namora a bela e promíscua Ruby Ferguson (Juliette Lewis), irmã da xerife local, Annie (Dana Eskelson). Sua presença no casarão cria uma instabilidade no casamento entre Cooper e Leah, além de aumentar o clima de mistério que envolve a sinistra mansão.
A partir daí, a família passa a se envolver com uma série de situações bizarras, além de enfrentar também uma incômoda tensão criada pela recepção ruim dos habitantes locais, que deixam claro sua insatisfação com a chegada dos novos vizinhos forasteiros.
“Garganta do Diabo”, ao contrário do que pode-se pensar num primeiro momento pela sinopse da história e pela apresentação do trailer, não é exatamente mais um filme sobre casa assombrada por fantasmas, apesar da presença de vários elementos característicos desse fascinante subgênero do horror, principalmente pela apresentação da mansão sinistra e repleta de cômodos e utensílios antigos. O roteiro está mais voltado para um típico thriller que mostra um psicopata aterrorizando uma família, fugindo do campo sobrenatural em direção à violenta realidade que nos cerca, independente do ambiente urbano de uma grande cidade como New York, de onde a família Tilson resolveu fugir da perigosa agitação, ou rural de uma cidadezinha do interior como Bellingham. Em vez de investir mais em apenas sustos gratuitos e cenas sangrentas, o diretor Mike Figgis e o roteirista Richard Jefferies preferiram explorar com maior intensidade as tensas relações psicológicas entre os personagens, e conseguiram contar uma história de suspense que apesar dos clichês conhecidos, mantém o interesse e garante o entretenimento do espectador.
Como curiosidade, o filme iria se chamar “The Devil’s Throat” (daí o correto título nacional de “Garganta do Diabo”), somente depois passando para o definitivo e inferior “Cold Creek Manor”, que é o nome da mansão. A propósito, a tal “garganta do diabo” seria uma fissura geológica natural, algo como um poço profundo localizado na floresta que cerca a fazenda, mas que na verdade foi criada pela equipe de produção, reservando uma importante participação na história, ocultando em seu interior elementos reveladores.
A casa utilizada nas filmagens realmente existe numa cidade canadense chamada Cambridge, nas proximidades de Toronto. Os produtores fizeram algumas alterações e acrescentaram uma piscina envolvida por um jardim assustador, um enorme portão de ferro, um cemitério particular, e uma série de artifícios para envelhecer a casa, tudo visando adaptar melhor o local para um clima sombrio e fantasmagórico. Aliás, o enorme casarão é um dos destaques do filme, numa imponência digna dos melhores ambientes tétricos para histórias de horror, ou como diz o cineasta Mike Figgis, a casa é uma protagonista da história.
Aliás, Figgis também é o autor da trilha sonora do filme e curiosamente ele revelou que seu escritório foi invadido por ladrões que roubaram os computadores com todo o trabalho editado da música, e que somente por muita sorte ele conseguiu recuperar a trilha básica através de uma cópia que tinha feito anteriormente.
O DVD lançado no Brasil tem como tagline a frase promocional interrogativa “Quais segredos habitam sua casa?”, com a capa evidenciando o rosto dos atores principais Dennis Quaid e Sharon Stone. Existe uma grande quantidade de interessante material extra, tudo devidamente legendado em português. Temos a exibição do filme com os comentários do diretor Mike Figgis, onde ele revela uma infinidade de curiosidades de bastidores e detalhes técnicos das filmagens; um documentário de sete minutos como se fosse realizado pelo personagem Cooper Tilson (Quaid), que no filme aproveita sua estadia na mansão e filma um documentário da história da fazenda e a família que ali viveu; uma seleção de regras básicas para filmes de suspense, com oito minutos de duração; sete cenas inéditas e não aproveitadas, algumas com comentários opcionais do diretor (uma delas em especial mostra uma tensa partida de bilhar entre Cooper e Dale, numa sequência de dez minutos), além de um final alternativo com revelações interessantes sobre o destino de alguns dos personagens, totalizando mais vinte e um minutos.
“O homem da marreta o fraco achará, e para apodrecer no poço o jogará. Esmaga seu crânio e sumiço dá. Sua dor é breve, o sangue escorre. O forte é poupado para procriar e multiplicar. E perto da Garganta do Diabo ele pastará.”
Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 13/08/07 (Segunda-Feira), pela TV Globo, na sessão “Tela Quente” às 22:00 horas.
“Garganta do Diabo” (Cold Creek Manor, 2003) # 230 – data: 17/10/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 09/02/06)
Garganta do Diabo (Cold Creek Manor, Estados Unidos / Canadá, 2003). Touchstone / Buena Vista / Touchstone. Duração: 114 minutos. Direção de Mike Figgis. Roteiro de Richard Jefferies. Produção de Mike Figgis e Annie Stewart. Produção Executiva de Richard Jefferies e Lata Ryan. Fotografia de Declan Quinn. Música de Mike Figgis. Edição de Dylan Tichenor. Desenho de Produção de Leslie Dilley. Efeitos Especiais de Laird McMurray. Elenco: Dennis Quaid (Cooper Tilson), Sharon Stone (Leah Tilson), Stephen Dorff (Dale Massie), Juliette Lewis (Ruby Ferguson), Kristen Stewart (Kristen Tilson), Ryan Wilson (Jesse Tilson), Dana Eskelson (Xerife Annie Ferguson), Christopher Plummer (Sr. Theodore Massie), Simon Reynolds (Ray Pinsky), Kathleen Duborg (Ellen Pinsky), Paula Brancati (Stephanie Pinsky), Aidan Devine (Skip Linton), Wayne Robson (Stan Holland), Jordan Pettle (Declan), Ray Paisley (Dink), Shauna Black (Janice), Peter Outerbridge (Dave Miller).
