Os Esquecidos (2004)


Todas as coisas que você viveu, todas as coisas que você sabia, nunca aconteceram

Um thriller psicológico com elementos de ficção científica, com uma idéia básica que lembra aquelas histórias cheias de mistérios e situações estranhas no estilo da famosa série de televisão dos anos 1960 “Além da Imaginação”, criada por Rod Serling. Trata-se de “Os Esquecidos” (The Forgotten), dirigido por Joseph Ruben e estrelado por Julianne Moore e Gary Sinise, que entrou em cartaz nos cinemas americanos em 24/09/04 e estreou no Brasil pouco mais de um mês depois, em 05/11.

Uma mulher, Telly Paretta (Julianne Moore, de “Hannibal” e “Evolução”), vive perturbada pelas lembranças de seu filho de nove anos, Sam (Christopher Kovaleski), que morreu há cerca de um ano antes num acidente aéreo numa viagem de férias. Uma vez tentando superar as inevitáveis dificuldades causadas pela ausência do filho, a situação fica ainda mais complicada quando ela é surpreendida pela informação de seu marido Jim (Anthony Edwards) e do psiquiatra da família Dr. Jack Munce (Gary Sinise, de “Missão: Marte” e “Impostor”), que seu filho na verdade nunca existiu, sendo apenas uma ilusão criada por ela. Não convencida dessa nova realidade e para tentar provar o contrário, Telly procura por evidências da existência do filho, como fotos, um vídeo caseiro e reportagens de jornal da época da queda do avião, mas curiosamente não encontra mais nada. E outras pessoas de seu convívio como a amiga Eliot (Jessica Hecht), também dizem que seu filho nunca existiu.
Completamente confusa e antes de perder a sanidade com a incrível reviravolta em sua vida, ela entra em contato com o pai de uma amiga de infância de Sam, Ash Correll (o inglês Dominic West), um ex-jogador de hóquei cuja filha Lauren (Kathryn Faughnan) também morreu no mesmo desastre de avião. Ele primeiramente não entende a história de Telly, não reconhecendo que teve uma filha, mas depois com a insistência da determinada mulher, Ash consegue recuperar algumas lembranças e se convence da existência de uma conspiração misteriosa para transformar seus filhos em “esquecidos”.
Então, Telly e Ash se unem para investigar o desaparecimento das crianças, buscando alguma prova da verdade que os cerca, enquanto são implacavelmente perseguidos por agentes federais da Agência Nacional de Segurança, entre eles Al Petalis (Lee Tergesen), além de uma detetive da polícia, Anne Pope (Alfre Woodard, de “K-Pax: O Caminho da Luz”), que está trabalhando no caso e tem dúvidas sobre a veracidade da história dos jovens pais, e também por um homem misterioso (o inglês Linus Roache, de “A Batalha de Riddick”) que sempre aparece por perto à espreita, seguindo e controlando todos os seus passos.

“Os Esquecidos” tem início com os créditos de abertura em meio a uma filmagem aérea de uma grande cidade, com belas casas e principalmente a visualização das coberturas de imponentes prédios, numa sequência interessante e que mais tarde a história mostraria o seu propósito numa relação muito importante com eventos do filme. A história começa como um típico thriller psicológico que prende a atenção do espectador ao acompanhar ansiosamente a condução da trama, apresentando o pesadelo de uma jovem mãe sofrendo a perda do filho num acidente aéreo, e que repentinamente não encontra mais as evidências e registros da vida da criança, sendo informada pelo marido e pelo médico que a trata numa terapia que na realidade o garoto é apenas fruto de sua imaginação e que nunca existiu, exceto em ilusões e memórias falsas criadas por sua mente. Inconformada com a revelação que nunca teve um filho, ela decide investigar o caso e suspeita de uma conspiração governamental para ocultar os fatos por algum motivo desconhecido (lembrando aquelas histórias intrigantes da série de TV “Arquivo X”, de Chris Carter). Porém, após mais da metade do filme, com a revelação de uma informação importante, a história ganha interessantes elementos de ficção científica mantendo a atração pelos acontecimentos até próximo do final, quando então perde um pouco de seu impacto com um desfecho previsível e trivial, faltando mais ousadia para se afastar daquelas tradicionais conclusões apenas comuns.
Com um orçamento significativo de US$ 42 milhões, o filme tem bons momentos de suspense e ação, com intensas perseguições de carro (uma em especial reserva um susto muito bem filmado), além de algumas piadas que até funcionam, através do personagem Ash Correll nos momentos em que está embriagado, pois antes de decidir se unir a Telly Paretta nas busca por seus filhos, ele vivia a maior parte do tempo sob o efeito de álcool. O material promocional no Brasil inclui um spot de TV e curiosamente todos os personagens vestem roupas pretas no filme inteiro, exceto nas cenas de memórias de Telly e Ash, onde o vestuário das pessoas é formado por todas as cores.

“Os Esquecidos” (The Forgotten, 2004) # 281 – data: 07/11/04 – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 06/02/05)

Os Esquecidos (The Forgotten, Estados Unidos, 2004). Duração: 91 minutos. Estúdio: Revolution. Distribuição: Sony / Columbia / Buena Vista. Direção de Joseph Ruben. Roteiro de Gerald Di Pego. Produção de Bruce Cohen, Dan Jinks e Joe Roth. Produção Executiva de Todd Garner e Steve Nicolaides. Fotografia de Anastas N. Michos. Música de James Horner. Edição de Richard Francis-Bruce. Direção de Arte de Paul D. Kelly. Desenho de Produção de Bill Groom. Elenco: Julianne Moore (Telly Paretta), Christopher Kovaleski (Sam), Anthony Edwards (Jim Paretta), Jessica Hecht (Eliot), Gary Sinise (Dr. Jack Munce), Dominic West (Ash Correll), Robert Wisdom (Carl Dayton), Tim Kang (Agente Alec Wong), Kathryn Faughnan (Lauren Correll), Alfre Woodard (Detetive Anne Pope), Susan Misner (Agente Lisa Franks), Lee Tergesen (Al Petalis), J. Tucker Smith (Xerife Howell), Matthew Pleszewicz (Sam com 5 anos), Katie Cooper, Scott Nicholson, P. J. Morrison, Linus Roache, Ann Dowd, Ken Abraham.