O Dia Em Que o Mundo Acabou (2001)


Algumas vezes pequenos garotos quietos possuem segredos aterrorizantes

Existem muitos filmes de horror e ficção científica que são produzidos especialmente para a televisão, contando com recursos menores, e que apresentam histórias interessantes e despretensiosas, mais parecendo versões estendidas de episódios de séries cultuadas como as clássicas “Além da Imaginação” e “Quinta Dimensão”, ou a mais recente “Arquivo X”. O resultado muitas vezes é traduzido em filmes simples e divertidos como “O Dia Em Que o Mundo Acabou” (The Day the World Ended, 2001), dirigido pelo desconhecido Terence Gross e com dois nomes famosos entre os produtores, o veterano e especialista no gênero Samuel Z. Arkoff (que fez parceria com o igualmente lendário James H. Nicholson no nostálgico estúdio dos anos 1960 “American International Pictures”), e Stan Winston, mais conhecido por seus trabalhos de alto nível na área da maquiagem e efeitos especiais.
O nome do filme, corretamente adotado no Brasil como a tradução literal do original, é uma homenagem ao clássico homônimo produzido e dirigido em 1956 por Roger Corman, o “Rei dos Filmes B”, uma preciosidade do cinema fantástico de meio século atrás protagonizada por Richard Denning, e que estava sendo exibida na televisão para a audiência de um garoto fanático por filmes, livros e revistas em quadrinhos sobre alienígenas, e que por isso era considerado “estranho”, tendo um comportamento diferenciado, além também de possuir um passado obscuro envolto em segredos sombrios. Outro fato que o distanciava das pessoas ditas “normais”, causando-lhes medo e temor, era apresentar características misteriosas como mover objetos, quebrar vidraças e até sangrar o nariz de um garoto rival, utilizando apenas o poder da mente.

Em “O Dia Em Que o Mundo Acabou” uma psicóloga de New York, Dra. Jennifer Stillman (a bela alemã Nastassja Kinski), está se mudando para uma pequena e inexpressiva cidade do interior dos Estados Unidos chamada “Sierra Vista”, para trabalhar com as crianças da escola local. Ela entra em contato com alguns dos habitantes da pacata cidade como o excêntrico diretor Ed Turner (Stephen Tobolowsky) e a inconveniente enfermeira Della Divelbuss (Debra Christofferson), onde ambos também trabalham na mesma escola, além do xerife (Harry Groener), que faz questão de ficar em seu encalço. A forasteira também é mal recebida e instigada a ir embora por outros moradores como o intransigente dono de uma lanchonete, Harlan (Lee de Broux), a irritante garçonete Carlita (Kate Fuglei) e um veterano ex-juiz (Neil Vipond), em atitudes suspeitas que parecem esconder um terrível segredo do passado.
Ao conhecer o garoto Benjamin James McCann (Bobby Edner), considerado por todos como estranho e desajustado, sempre apanhando dos colegas e temido por seu comportamento anormal, sem contar o fato de ser um fã incondicional de monstros alienígenas e filmes bagaceiros de ficção científica, a psicóloga Dra. Stillman se interessa em realizar uma terapia e estudo do perfil do menino na tentativa de entender sua personalidade e ajudá-lo a tornar-se mais social e com maior aceitação por parte de todos da cidade. Uma vez descobrindo que o menino teve sua mãe morta cinco anos antes em condições misteriosas e trágicas, e que foi adotado pelo médico local, Dr. Michael McCann (Randy Quaid), a psicóloga recém-chegada à Sierra Vista percebe a existência de um terrível segredo envolvendo o passado do garoto e alguns dos habitantes, numa trama diabólica de vingança através das ações assassinas e violentas de um monstro alienígena repleto de tentáculos e garras afiadas prontas para dilacerar a carne dos humanos.

O filme é uma divertida produção de pequeno orçamento para a televisão, apresentando um roteiro típico das tradicionais séries de Horror e FC, abordando nesse caso o tema de uma pequena cidade que esconde um terrível segredo com a presença misteriosa de um monstro assassino efetivando um plano de vingança. Tem pouco sangue e mortes violentas, e os efeitos especiais da criatura são bastante risíveis, mas tem a presença de um elenco consistente, formado principalmente pelo par central com Nastassja Kinski e Randy Quaid, além da atuação de um garoto como protagonista dos acontecimentos, num fato que tem se tornado bastante comum nos filmes do gênero produzidos nos últimos anos, principalmente depois do sucesso de “O Sexto Sentido” (99), de M. Night Shyamalan, com elenco liderado por Bruce Willis e pelo famoso garoto que “vê pessoas mortas”, interpretado por Haley Joel Osment.
A atriz Nastassja Kinski nasceu em 1959 em Berlin, Alemanha, e dentre sua extensa filmografia com mais de 60 trabalhos, vale a pena mencionar “Uma Filha Para o Diabo” (76, com Christopher Lee e Richard Widmark) e “A Marca da Pantera” (82, com Malcolm McDowell). Já o americano Randy Quaid nasceu em 1950, e já interpretou o monstro de Frankenstein num filme homônimo inglês produzido para a televisão em 1993, além de ter participado também do elenco do blockbuster de FC “Independence Day” (96), dirigido por Roland Emmerich, e do interessante thriller “A Aparição” (86).
Entre as curiosidades estão a presença de uma revista em quadrinhos chamada “Mundos Alienígenas” (Alien Worlds) e de um livro do famoso escritor Clifford D. Simak entre o acervo de leitura do garoto Ben, fascinado por ficção científica, além de várias cenas reproduzidas na TV de um filme bagaceiro em preto e branco de 1956 com o mesmo nome.

A chave para o segredo sombrio e horroroso da cidade encontra-se na mente de um pequeno garoto

“O Dia Em Que o Mundo Acabou” (The Day the World Ended, 2001) # 261 – data: 23/06/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 02/02/06)

“O Dia Em Que o Mundo Acabou” (The Day the World Ended, Estados Unidos, 2001). Columbia. Duração: 91 minutos. Direção de Terence Gross. Roteiro de Max Enscoe e Annie De Young, a partir de história de Brian King. Produção de Lou Arkoff, Colleen Camp, Stan Winston, Shane Mahan, David S. Greathouse e Brian J. Gilbert. Produção Executiva de Samuel Z. Arkoff, Buddy Epstein e Robyn Rosenfeld. Fotografia de Mark Vargo. Música de Charles Bernstein. Edição de Stephen Mark. Direção de Arte de Peter Borck. Desenho de Produção de Jerry Fleming. Elenco: Randy Quaid (Dr. Michael McCann), Nastassja Kinski (Dra. Jennifer Stillman), Bobby Edner (Benjamin James McCann), Harry Groener (Xerife), Lee de Broux (Harlan), Stephen Tobolowsky (Ed Turner), Debra Christofferson (Della Divelbuss), Kate Fuglei (Carlita), Neil Vipond (Juiz), Brian Steele, Brandon de Paul, Nik Dressbach, David Getz, Kathryn Fiore, David Doty, Robert Hill, Alexander Gould, Olivia Marlow.