Alguns filmes de horror mais desconhecidos são lançados no Brasil em DVD primeiramente para as locadoras e os consumidores em geral, e para eliminar os estoques, depois de um tempo são também distribuídos em banca por um preço mais popular, encartados em alguma revista antiga de vídeo que também ficou encalhada nas editoras.
Esse é o caso de “Sasquatch – O Abominável” (The Untold / Sasquatch, Canadá, 2002), que foi distribuído nas bancas em Janeiro de 2005, junto com a revista “DVD News Home Cinema”, ano 5, número 50, Abril de 2004, da “NBO Editora”, ao custo de R$ 17,90.
O filme é da “Flashstar” e traz na capa a tagline “Eles encontraram o elo perdido... E ele é assustador”, sendo impossível resistir e não deixar de ironizar sugerindo uma alteração na frase promocional para algo como “Nós encontramos um filme obscuro... e ele é horrível de se assistir”. “Sasquatch – O Abominável” tem até um subtítulo coerente, pois é um filme abominável de tão ruim.
Deixando as brincadeiras de lado, o elenco é liderado pelo experiente Lance Henriksen, um ator super produtivo, presente numa infinidade de filmes, muitos deles do gênero fantástico como o crossover “Alien x Predador” (2004), além de ser bem conhecido pela participação fixa na série de TV “Millennium”. A história é supostamente inspirada em um caso real, especulando a existência de uma criatura enorme e peluda conhecida como “Sasquatch” ou “Pé Grande”, que já se tornou uma lenda famosa. Curiosamente, no filme são citados vários nomes com que o bicho é chamado em outros países ao redor do mundo como Austrália, China, sendo que inclusive até o nosso Brasil foi citado, identificando a criatura como “Mapinguari”.
Na história, um grupo de seis pessoas é formado para tentar encontrar um pequeno avião que caiu nas florestas ao noroeste do Pacífico, mais especificamente nos Montes Cascade, e que carregava uma carga muito valiosa. A expedição de resgate é organizada por um rico industrial, Harlan Knowles (Lance Henriksen), presidente de uma poderosa corporação, a “Bio-Comp”, que tem um interesse especial em localizar sua filha Tara (Erica Parker), que estava entre os tripulantes do avião desaparecido, e também uma revolucionária máquina protótipo de análise de DNA, indispensável para o futuro financeiro de suas empresas, num trabalho de pesquisa apelidado de “Projeto Huxley”.
O restante do time é formado pelo montanhês rastreador Clayton Tyne (Russell Ferrier), pelo escritor farsante e bêbado Winston Burg (Philip Granger), contratado para ser um dos guias, além do nerd especialista em computação Plazz (Jeremy Radick), que gosta de falar sobre a vida exótica na natureza. Completam ainda o grupo mais duas mulheres, a investigadora e analista de acidentes aéreos Nikki Simmons (Mary Mancini), e a bela e interesseira Marla Lawson (Andrea Roth), funcionária da empresa de seguros “Browning & Burrows”, responsável pelo ressarcimento dos prejuízos do avião.
Porém, durante o percurso a caminho da aeronave acidentado, e após localizá-la sem a presença dos tripulantes, ou mesmo de seus corpos, a expedição de resgate enfrenta um misterioso animal que sempre está observando-os à espreita, apenas aguardando a oportunidade de atacar, obrigando a todos a lutar de forma desesperada pela sobrevivência.
Com as filmagens ocorridas em Vancouver, no Canadá, “Sasquatch – O Abominável” é um daqueles exemplos de filmes que não acrescentam nada ao gênero, num grande e tedioso desafio para o espectador não cair no sono. O roteiro procura especular sobre a existência de uma criatura que já se tornou um grande mistério e lenda na humanidade, um ser ancestral pertencente a um elo perdido no desenvolvimento da espécie humana. Porém, o filme é um desfile de clichês com os tradicionais sustos fáceis e artificiais, perseguições fúteis na floresta, e personagens mal desenvolvidos e desprovidos de qualquer tipo de carisma (exceto talvez pelo trabalho de Lance Henriksen, graças ao seu talento natural como ator experiente com dezenas de filmes no currículo). Não há suspense ou cenas tensas, nem violência, nem sangue, e os personagens mais desonestos e com características de vilões obviamente acabam morrendo primeiro e de forma tão insignificante que não faz a menor diferença.
Sem contar a completa falta de originalidade plagiando filmes como “A Bruxa de Blair”, na cena onde a filha do empresário Knowles grava num vídeo amador sua despedida, dizendo que não sairia viva da floresta, e “Predador”, nas cenas com efeitos especiais onde o Sasquatch observa os membros da expedição. Aliás, a criatura praticamente não aparece durante todo o filme, gerando até alguns momentos interessantes quando vemos apenas sua sombra ou silhueta entre as árvores, observando escondido os candidatos a cadáveres, mas depois que ela aparece mais explicitamente na sequência final, é uma grande decepção, não convencendo como uma espécie de monstro misterioso, agressivo e assassino, que deveria ser bem mais imponente e ameaçador.
Um outro detalhe que chega a incomodar é o uso exagerado do diretor, o desconhecido e estreante Jonas Quastel (também autor do roteiro), em escurecer a tela numa determinada cena para logo em seguida apresentar um outro plano, num efeito repetido à exaustão e cansando quem está assistindo. O mais curioso é que em seus comentários falando sobre o filme e revelando detalhes de bastidores (material extra do DVD), juntamente com depoimentos dos atores Philip Granger e Jeremy Radick e do produtor Rob Clark, todos falam que gostaram do resultado final do filme e que se divertiram muito com esse trabalho abordando o tema da lenda do Sasquatch. É óbvio que eles não iriam falar mal do próprio filme, mas chega a ser meio hilário como eles se orgulham do que fizeram.
Nesses mesmos comentários, eles revelaram que o igualmente desconhecido técnico Jason Palmer, que criou os efeitos de maquiagem, ou seja, alguns poucos cadáveres decompostos e a própria criatura peluda do título, faleceu poucos meses depois de concluídas as filmagens, devido a um fulminante câncer no estômago. Eles elogiaram muito o trabalho dele e ressaltaram seu esforço na concepção dos efeitos. Mais uma outra curiosidade revelada é que o produtor Rob Clark aparece no começo do filme como um piloto do avião que caiu nas florestas onde vive o Sasquatch.
O DVD traz como material extra um trailer de dois minutos, uma pequena sinopse (reproduzida na contra capa), biografias e filmografias dos atores Lance Henriksen e Andrea Roth, além de algumas pequenas notas de produção e comentários do diretor Jonas Quastel, devidamente legendados em português. Por curiosidade, a desconhecida atriz Andrea Roth participou do projeto da refilmagem da clássica série de TV “O Túnel do Tempo” (The Time Tunnel), produzida em 1966 pelo lendário Irwin Allen. A nova produção é canadense de 2002 com apenas o filme piloto sendo filmado, e como não obteve a aceitação necessária do público e dos executivos da indústria do cinema, a nova série de TV foi cancelada.
“Sasquatch – O Abominável” (Sasquatch / The Untold, 2002) # 294 – data: 11/01/05 – avaliação: 3 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/02/06)
“Sasquatch – O Abominável” (Sasquatch / The Untold, Canadá, 2002). Duração: 86 minutos. Direção de Jonas Quastel. Roteiro de Chris Lanning e Jonas Quastel. Produção de Rob Clark, Craig Denton e Glen Reynolds. Produção Executiva de Mike Curb e Carole Curb Nemoy. Fotografia de Shaun Lawless. Música de Tal Bergman e Larry Seymour. Edição de Grace Yuen. Desenho de Produção de Piotr Polak. Elenco: Lance Henriksen (Harlan Knowles), Andrea Roth (Marla Lawson), Russell Ferrier (Clayton Tyne), Philip Granger (Winston Burg), Jeremy Radick (Plazz), Mary Mancini (Nikki Simmons), Taras Kostyuk (Sasquatch), Erica Parker (Tara Knowles), Rob Clark (Piloto do avião), Scantone Jones (Tripulante do avião).
Esse é o caso de “Sasquatch – O Abominável” (The Untold / Sasquatch, Canadá, 2002), que foi distribuído nas bancas em Janeiro de 2005, junto com a revista “DVD News Home Cinema”, ano 5, número 50, Abril de 2004, da “NBO Editora”, ao custo de R$ 17,90.
O filme é da “Flashstar” e traz na capa a tagline “Eles encontraram o elo perdido... E ele é assustador”, sendo impossível resistir e não deixar de ironizar sugerindo uma alteração na frase promocional para algo como “Nós encontramos um filme obscuro... e ele é horrível de se assistir”. “Sasquatch – O Abominável” tem até um subtítulo coerente, pois é um filme abominável de tão ruim.
Deixando as brincadeiras de lado, o elenco é liderado pelo experiente Lance Henriksen, um ator super produtivo, presente numa infinidade de filmes, muitos deles do gênero fantástico como o crossover “Alien x Predador” (2004), além de ser bem conhecido pela participação fixa na série de TV “Millennium”. A história é supostamente inspirada em um caso real, especulando a existência de uma criatura enorme e peluda conhecida como “Sasquatch” ou “Pé Grande”, que já se tornou uma lenda famosa. Curiosamente, no filme são citados vários nomes com que o bicho é chamado em outros países ao redor do mundo como Austrália, China, sendo que inclusive até o nosso Brasil foi citado, identificando a criatura como “Mapinguari”.
Na história, um grupo de seis pessoas é formado para tentar encontrar um pequeno avião que caiu nas florestas ao noroeste do Pacífico, mais especificamente nos Montes Cascade, e que carregava uma carga muito valiosa. A expedição de resgate é organizada por um rico industrial, Harlan Knowles (Lance Henriksen), presidente de uma poderosa corporação, a “Bio-Comp”, que tem um interesse especial em localizar sua filha Tara (Erica Parker), que estava entre os tripulantes do avião desaparecido, e também uma revolucionária máquina protótipo de análise de DNA, indispensável para o futuro financeiro de suas empresas, num trabalho de pesquisa apelidado de “Projeto Huxley”.
O restante do time é formado pelo montanhês rastreador Clayton Tyne (Russell Ferrier), pelo escritor farsante e bêbado Winston Burg (Philip Granger), contratado para ser um dos guias, além do nerd especialista em computação Plazz (Jeremy Radick), que gosta de falar sobre a vida exótica na natureza. Completam ainda o grupo mais duas mulheres, a investigadora e analista de acidentes aéreos Nikki Simmons (Mary Mancini), e a bela e interesseira Marla Lawson (Andrea Roth), funcionária da empresa de seguros “Browning & Burrows”, responsável pelo ressarcimento dos prejuízos do avião.
Porém, durante o percurso a caminho da aeronave acidentado, e após localizá-la sem a presença dos tripulantes, ou mesmo de seus corpos, a expedição de resgate enfrenta um misterioso animal que sempre está observando-os à espreita, apenas aguardando a oportunidade de atacar, obrigando a todos a lutar de forma desesperada pela sobrevivência.
Com as filmagens ocorridas em Vancouver, no Canadá, “Sasquatch – O Abominável” é um daqueles exemplos de filmes que não acrescentam nada ao gênero, num grande e tedioso desafio para o espectador não cair no sono. O roteiro procura especular sobre a existência de uma criatura que já se tornou um grande mistério e lenda na humanidade, um ser ancestral pertencente a um elo perdido no desenvolvimento da espécie humana. Porém, o filme é um desfile de clichês com os tradicionais sustos fáceis e artificiais, perseguições fúteis na floresta, e personagens mal desenvolvidos e desprovidos de qualquer tipo de carisma (exceto talvez pelo trabalho de Lance Henriksen, graças ao seu talento natural como ator experiente com dezenas de filmes no currículo). Não há suspense ou cenas tensas, nem violência, nem sangue, e os personagens mais desonestos e com características de vilões obviamente acabam morrendo primeiro e de forma tão insignificante que não faz a menor diferença.
Sem contar a completa falta de originalidade plagiando filmes como “A Bruxa de Blair”, na cena onde a filha do empresário Knowles grava num vídeo amador sua despedida, dizendo que não sairia viva da floresta, e “Predador”, nas cenas com efeitos especiais onde o Sasquatch observa os membros da expedição. Aliás, a criatura praticamente não aparece durante todo o filme, gerando até alguns momentos interessantes quando vemos apenas sua sombra ou silhueta entre as árvores, observando escondido os candidatos a cadáveres, mas depois que ela aparece mais explicitamente na sequência final, é uma grande decepção, não convencendo como uma espécie de monstro misterioso, agressivo e assassino, que deveria ser bem mais imponente e ameaçador.
Um outro detalhe que chega a incomodar é o uso exagerado do diretor, o desconhecido e estreante Jonas Quastel (também autor do roteiro), em escurecer a tela numa determinada cena para logo em seguida apresentar um outro plano, num efeito repetido à exaustão e cansando quem está assistindo. O mais curioso é que em seus comentários falando sobre o filme e revelando detalhes de bastidores (material extra do DVD), juntamente com depoimentos dos atores Philip Granger e Jeremy Radick e do produtor Rob Clark, todos falam que gostaram do resultado final do filme e que se divertiram muito com esse trabalho abordando o tema da lenda do Sasquatch. É óbvio que eles não iriam falar mal do próprio filme, mas chega a ser meio hilário como eles se orgulham do que fizeram.
Nesses mesmos comentários, eles revelaram que o igualmente desconhecido técnico Jason Palmer, que criou os efeitos de maquiagem, ou seja, alguns poucos cadáveres decompostos e a própria criatura peluda do título, faleceu poucos meses depois de concluídas as filmagens, devido a um fulminante câncer no estômago. Eles elogiaram muito o trabalho dele e ressaltaram seu esforço na concepção dos efeitos. Mais uma outra curiosidade revelada é que o produtor Rob Clark aparece no começo do filme como um piloto do avião que caiu nas florestas onde vive o Sasquatch.
O DVD traz como material extra um trailer de dois minutos, uma pequena sinopse (reproduzida na contra capa), biografias e filmografias dos atores Lance Henriksen e Andrea Roth, além de algumas pequenas notas de produção e comentários do diretor Jonas Quastel, devidamente legendados em português. Por curiosidade, a desconhecida atriz Andrea Roth participou do projeto da refilmagem da clássica série de TV “O Túnel do Tempo” (The Time Tunnel), produzida em 1966 pelo lendário Irwin Allen. A nova produção é canadense de 2002 com apenas o filme piloto sendo filmado, e como não obteve a aceitação necessária do público e dos executivos da indústria do cinema, a nova série de TV foi cancelada.
“Sasquatch – O Abominável” (Sasquatch / The Untold, 2002) # 294 – data: 11/01/05 – avaliação: 3 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/02/06)
“Sasquatch – O Abominável” (Sasquatch / The Untold, Canadá, 2002). Duração: 86 minutos. Direção de Jonas Quastel. Roteiro de Chris Lanning e Jonas Quastel. Produção de Rob Clark, Craig Denton e Glen Reynolds. Produção Executiva de Mike Curb e Carole Curb Nemoy. Fotografia de Shaun Lawless. Música de Tal Bergman e Larry Seymour. Edição de Grace Yuen. Desenho de Produção de Piotr Polak. Elenco: Lance Henriksen (Harlan Knowles), Andrea Roth (Marla Lawson), Russell Ferrier (Clayton Tyne), Philip Granger (Winston Burg), Jeremy Radick (Plazz), Mary Mancini (Nikki Simmons), Taras Kostyuk (Sasquatch), Erica Parker (Tara Knowles), Rob Clark (Piloto do avião), Scantone Jones (Tripulante do avião).