Os conhecidos executivos do cinema de entretenimento Joel Silver e Robert Zemeckis são os responsáveis pela produtora “Dark Castle Entertainment”, especializada em filmes de horror como “A Casa da Colina” (99), “Treze Fantasmas” (2001) e “Navio Fantasma” (2002), todos abordando fantasmas e assombrações em seus argumentos, com resultados apenas medianos. O quarto filme da produtora também não foge dessa mesma temática, e em 05/03/04 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros “Na Companhia do Medo” (Gothika), dirigido pelo francês Mathieu Kassovitz (do interessante suspense policial “Rios Vermelhos”, 2000), e com um elenco de prestígio liderado por um trio bem conhecido de atores como a bela Halle Berry, além de Penélope Cruz e Robert Downey Jr., contando ainda com o suporte de coadjuvantes como Charles S. Dutton e Bernard Hill.
No filme, a Dra. Miranda Grey (Halle Berry) é uma psiquiatra criminal bem sucedida, que trabalha na Penitenciária Woodward, uma instituição feminina para criminosas insanas, e é casada com um colega de trabalho, o chefe do asilo psiquiátrico Dr. Douglas (Charles S. Dutton). Ela está envolvida no caso de uma paciente perturbada, Chloe Sava (Penélope Cruz), que matou seu padrasto e demonstra sinais de loucura afirmando estar possuída por um espírito demoníaco.
Numa certa noite de tempestade retornando de carro para sua casa, Miranda é obrigada a pegar um atalho devido a um desmoronamento na estrada principal e testemunha um evento misterioso, o surgimento repentino no meio de uma ponte de uma estranha garota assustada e semi nua, mais tarde identificada como Rachel Parsons (Kathleen MacKey), a quem ela tenta ajudar. A garota é a filha do diretor do presídio, Phil Parsons (Bernard Hill). Porém, a partir daí ocorre uma terrível reviravolta em sua vida, com ela acordando três dias depois internada como paciente na mesma clínica em que trabalhava, e sendo informada para sua surpresa que seu marido havia sido brutalmente assassinado com golpes de machado, com todas as suspeitas e evidências demonstrando que ela foi a autora do sangrento crime.
Curiosamente, toda essa tragédia na vida da Dra. Miranda ocorreu devido a um “caminho errado” que ela pegou com seu carro, ou um “wrong turn”, o nome original de outro filme de horror chamado aqui no Brasil de “Pânico na Floresta” e que estreou nos cinemas no mesmo dia que “Na Companhia do Medo”. Em “Wrong Turn”, um grupo de jovens pega um atalho de uma estrada congestionada e encontra uma família de canibais defeituosos gerados por relações incestuosas que passa a persegui-los implacavelmente no meio da floresta em busca de suas carnes.
Não se lembrando de nada que aconteceu, Miranda recebe o auxílio de seu colega de trabalho, o Dr. Pete Graham (Robert Downey Jr.) e também é investigada pelo xerife Ryan (John Carroll Lynch), amigo pessoal de seu marido assassinado. Ela começa a ter alucinações e experiências assustadoras envolvendo um fantasma vingativo, encontrando relações entre essas visões sobrenaturais e o estranho depoimento de sua antiga paciente Chloe. Uma vez procurando entender o que está acontecendo realmente com ela, a psiquiatra tenta provar sua inocência descobrindo que também pode ter sido possuída por um espírito perturbado.
“Na Companhia do Medo” segue a mesma linha dos outros três filmes da “Dark Castle”, investindo novamente numa história de fantasmas que apesar da ausência de originalidade, ainda se constitui numa produção que consegue garantir uma diversão agradável, mas que não será lembrada como uma obra indispensável para o gênero. É mais um thriller psicológico mostrando uma história com elementos já vistos anteriormente em filmes como “Revelação”, “Ecos do Além” (similaridade no desfecho), “O Sexto Sentido”, “O Chamado” (é impossível não associar a terrível Samara Morgan com o ódio do fantasma que atormenta a Dra. Miranda), e outros. A melhor sugestão para se entrar no clima sobrenatural do filme sem se importar muito com as inverosimilhanças apresentadas é concordar com uma interessante frase da Dra. Miranda: “A lógica é superestimada”.
Por ser um trabalho que conta com um orçamento maior, um elenco mais experiente (tendo à frente a bela e competente Halle Berry), um diretor de prestígio, e uma história mais voltada para um suspense sobrenatural com estilo gótico, num roteiro que tenta apresentar uma trama elaborada de mistério, o filme parece ser o melhor trabalho da “Dark Castle” até o momento, em sua curta trajetória de pouco anos de existência.
E apesar de inevitavelmente encontrarmos no filme todos aqueles tradicionais clichês do gênero, principalmente os sustos fáceis e previsíveis que não incomodam os mais experientes, “Na Companhia do Medo” tem bons momentos de suspense passados em ambientes escuros e incômodos envolvidos em fortes tempestades, numa história de assombração que vale conhecer.
O nome nacional “Na Companhia do Medo” foi mal escolhido e nesse caso seria melhor se simplesmente fosse utilizada a simples reprodução do original “Gothika”, que tem uma boa pronúncia em nosso idioma e é um nome sonoro até mesmo para auxiliar na campanha de marketing do filme. Sem contar que está mais bem relacionado com o conteúdo da história, que lembra um clima gótico com a fotografia sempre escura demais e o ambiente ameaçador constantemente habitado por assombrações.
Como curiosidades, a banda de rock “Limp Biztik” produziu um interessante vídeo clip com a bela música “Behind Blue Eyes”, totalmente inspirado em “Na Companhia do Medo”, fazendo parte da trilha sonora do filme. No clip podemos ver claramente o nome “Gothika” entre as cenas. Outro detalhe curioso, e que serviu como uma forma de homenagear o cinema fantástico dos anos 1950, numa cena envolvendo dois guardas da penitenciária feminina, podemos ver eles assistindo na televisão o filme “O Mundo em Perigo” (Them!, 54), clássico de gênero “Big Bug” ou “Inseto Gigante”, numa cena rápida onde formigas enormes alteradas geneticamente por exposição radioativa atacavam pessoas.
“Você está com medo?” – “Não.” – “Pois deveria estar...” – diálogo entre Choe e Miranda.
“Na Companhia do Medo” (Gothika, 2003) # 228 – data: 07/03/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/02/06)
Na Companhia do Medo (Gothika, Estados Unidos, 2003). Dark Castle / Warner / Columbia. Duração: 95 minutos. Direção de Mathieu Kassovitz. Roteiro de Sebastian Gutierrez. Produção de Joel Silver, Robert Zemeckis e Susan Levin. Produção Executiva de Don Carmody, Steve Richards e Gary Ungar. Fotografia de Matthew Libatique. Música de John Ottman. Edição de Yannick Kergoat. Efeitos Especiais de Louis Craig. Elenco: Halle Berry (Miranda Grey), Penélope Cruz (Chloe Sava), Robert Downey Jr. (Pete Graham), Charles S. Dutton (Douglas Grey), Bernard Hill (Phil Parsons), John Carroll Lynch (Xerife Ryan), Kathleen MacKey (Rachel Parsons), Dorian Harewood, Bronwen Mantel, Matthew G. Taylor, Michel Perron, Andrea Sheldon.
No filme, a Dra. Miranda Grey (Halle Berry) é uma psiquiatra criminal bem sucedida, que trabalha na Penitenciária Woodward, uma instituição feminina para criminosas insanas, e é casada com um colega de trabalho, o chefe do asilo psiquiátrico Dr. Douglas (Charles S. Dutton). Ela está envolvida no caso de uma paciente perturbada, Chloe Sava (Penélope Cruz), que matou seu padrasto e demonstra sinais de loucura afirmando estar possuída por um espírito demoníaco.
Numa certa noite de tempestade retornando de carro para sua casa, Miranda é obrigada a pegar um atalho devido a um desmoronamento na estrada principal e testemunha um evento misterioso, o surgimento repentino no meio de uma ponte de uma estranha garota assustada e semi nua, mais tarde identificada como Rachel Parsons (Kathleen MacKey), a quem ela tenta ajudar. A garota é a filha do diretor do presídio, Phil Parsons (Bernard Hill). Porém, a partir daí ocorre uma terrível reviravolta em sua vida, com ela acordando três dias depois internada como paciente na mesma clínica em que trabalhava, e sendo informada para sua surpresa que seu marido havia sido brutalmente assassinado com golpes de machado, com todas as suspeitas e evidências demonstrando que ela foi a autora do sangrento crime.
Curiosamente, toda essa tragédia na vida da Dra. Miranda ocorreu devido a um “caminho errado” que ela pegou com seu carro, ou um “wrong turn”, o nome original de outro filme de horror chamado aqui no Brasil de “Pânico na Floresta” e que estreou nos cinemas no mesmo dia que “Na Companhia do Medo”. Em “Wrong Turn”, um grupo de jovens pega um atalho de uma estrada congestionada e encontra uma família de canibais defeituosos gerados por relações incestuosas que passa a persegui-los implacavelmente no meio da floresta em busca de suas carnes.
Não se lembrando de nada que aconteceu, Miranda recebe o auxílio de seu colega de trabalho, o Dr. Pete Graham (Robert Downey Jr.) e também é investigada pelo xerife Ryan (John Carroll Lynch), amigo pessoal de seu marido assassinado. Ela começa a ter alucinações e experiências assustadoras envolvendo um fantasma vingativo, encontrando relações entre essas visões sobrenaturais e o estranho depoimento de sua antiga paciente Chloe. Uma vez procurando entender o que está acontecendo realmente com ela, a psiquiatra tenta provar sua inocência descobrindo que também pode ter sido possuída por um espírito perturbado.
“Na Companhia do Medo” segue a mesma linha dos outros três filmes da “Dark Castle”, investindo novamente numa história de fantasmas que apesar da ausência de originalidade, ainda se constitui numa produção que consegue garantir uma diversão agradável, mas que não será lembrada como uma obra indispensável para o gênero. É mais um thriller psicológico mostrando uma história com elementos já vistos anteriormente em filmes como “Revelação”, “Ecos do Além” (similaridade no desfecho), “O Sexto Sentido”, “O Chamado” (é impossível não associar a terrível Samara Morgan com o ódio do fantasma que atormenta a Dra. Miranda), e outros. A melhor sugestão para se entrar no clima sobrenatural do filme sem se importar muito com as inverosimilhanças apresentadas é concordar com uma interessante frase da Dra. Miranda: “A lógica é superestimada”.
Por ser um trabalho que conta com um orçamento maior, um elenco mais experiente (tendo à frente a bela e competente Halle Berry), um diretor de prestígio, e uma história mais voltada para um suspense sobrenatural com estilo gótico, num roteiro que tenta apresentar uma trama elaborada de mistério, o filme parece ser o melhor trabalho da “Dark Castle” até o momento, em sua curta trajetória de pouco anos de existência.
E apesar de inevitavelmente encontrarmos no filme todos aqueles tradicionais clichês do gênero, principalmente os sustos fáceis e previsíveis que não incomodam os mais experientes, “Na Companhia do Medo” tem bons momentos de suspense passados em ambientes escuros e incômodos envolvidos em fortes tempestades, numa história de assombração que vale conhecer.
O nome nacional “Na Companhia do Medo” foi mal escolhido e nesse caso seria melhor se simplesmente fosse utilizada a simples reprodução do original “Gothika”, que tem uma boa pronúncia em nosso idioma e é um nome sonoro até mesmo para auxiliar na campanha de marketing do filme. Sem contar que está mais bem relacionado com o conteúdo da história, que lembra um clima gótico com a fotografia sempre escura demais e o ambiente ameaçador constantemente habitado por assombrações.
Como curiosidades, a banda de rock “Limp Biztik” produziu um interessante vídeo clip com a bela música “Behind Blue Eyes”, totalmente inspirado em “Na Companhia do Medo”, fazendo parte da trilha sonora do filme. No clip podemos ver claramente o nome “Gothika” entre as cenas. Outro detalhe curioso, e que serviu como uma forma de homenagear o cinema fantástico dos anos 1950, numa cena envolvendo dois guardas da penitenciária feminina, podemos ver eles assistindo na televisão o filme “O Mundo em Perigo” (Them!, 54), clássico de gênero “Big Bug” ou “Inseto Gigante”, numa cena rápida onde formigas enormes alteradas geneticamente por exposição radioativa atacavam pessoas.
“Você está com medo?” – “Não.” – “Pois deveria estar...” – diálogo entre Choe e Miranda.
“Na Companhia do Medo” (Gothika, 2003) # 228 – data: 07/03/04 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/02/06)
Na Companhia do Medo (Gothika, Estados Unidos, 2003). Dark Castle / Warner / Columbia. Duração: 95 minutos. Direção de Mathieu Kassovitz. Roteiro de Sebastian Gutierrez. Produção de Joel Silver, Robert Zemeckis e Susan Levin. Produção Executiva de Don Carmody, Steve Richards e Gary Ungar. Fotografia de Matthew Libatique. Música de John Ottman. Edição de Yannick Kergoat. Efeitos Especiais de Louis Craig. Elenco: Halle Berry (Miranda Grey), Penélope Cruz (Chloe Sava), Robert Downey Jr. (Pete Graham), Charles S. Dutton (Douglas Grey), Bernard Hill (Phil Parsons), John Carroll Lynch (Xerife Ryan), Kathleen MacKey (Rachel Parsons), Dorian Harewood, Bronwen Mantel, Matthew G. Taylor, Michel Perron, Andrea Sheldon.