“O que eu levava por bondade, levarei para sempre por vingança”
Com essa maldição anunciada momentos antes de ser injustamente executada por enforcamento, Matida Dixon eternizou a lenda da “Fada dos Dentes” para aterrorizar na escuridão uma pequena cidade dos Estados Unidos.
Apresentando uma exposição apenas discreta de sangue e violência, e investindo bem mais num clima de suspense e horror psicológico, “No Cair da Noite” (Darkness Falls), dirigido por Jonathan Liebesman a partir de uma história de Joe Harris, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 28/03/03, já vindo de uma exibição de sucesso nos Estados Unidos onde chegou a figurar entre os primeiros nas bilheterias por algumas semanas.
A história é sobre uma lenda de 150 anos atrás, onde uma simpática senhora viúva, Matilda Dixon, era muito popular na pequena cidade de “Darkness Falls”, na Nova Inglaterra, por trocar os dentes de leite caídos das crianças por moedas de ouro. Esse amável hábito acabou lhe trazendo o apelido carinhoso de “Fada dos Dentes” (Tooth Fairy). Porém, repentinamente tudo começou a desmoronar quando numa noite um incêndio em sua casa queimou tragicamente seu rosto, obrigando-a a usar uma máscara de porcelana branca para esconder a deformidade de sua face e com isso passando a viver reclusa. Paralelamente, quando duas crianças desaparecem na cidade, os habitantes de “Darkness Falls” se enganam e culpam a velha, com uma multidão furiosa invadindo sua casa e condenando-a à morte por enforcamento. Antes de morrer, Matilda, agora sedenta de ódio, consegue ainda lançar uma terrível maldição dizendo que voltaria na escuridão para se vingar. Após sua execução, as crianças desaparecidas surgem novamente saudáveis na cidade, mas já é tarde demais...
A ação volta-se agora para 138 anos à frente, onde um menino de 10 anos, Kyle Walsh (Joshua Anderson), tem visões constantes com uma criatura sobrenatural que aparece na escuridão sempre quando toda criança perde seu último dente de leite. Após um encontro com sua namorada, Caitlin Greene (Emily Browning, a garotinha fantasma de “Navio Fantasma”), ele recebe a visita indesejada da “Fada dos Dentes”, vestindo uma manta negra sobre todo o corpo e uma máscara de porcelana escondendo o rosto hediondo, movimentando-se no ar com uma incrível agilidade (méritos para a equipe de efeitos especiais responsável pela concepção da criatura, liderados pelo especialista Stan Winston). O jovem Kyle escapa da fúria assassina da bruxa fantasmagórica, mas testemunha o assassinato brutal da mãe, Margaret Walsh (Rebecca McCauley).
Com a polícia não acreditando na sua história da “Fada dos Dentes” e achando que Kyle tem participação na misteriosa morte da mãe, o garoto sai de Darkness Falls e passa nove anos num hospital psiquiátrico, fazendo terapias e intensivos tratamentos contra doenças psicológicas como “terror noturno” (medo da escuridão).
Doze anos depois, Kyle (Chaney Kley), é um paranóico que vive em Las Vegas num apartamento super iluminado por lanternas e lâmpadas de todos os tipos, e passa seus dias à base de fortes medicamentos contra depressão e anti psicóticos.
Em Darkness Falls, sua antiga namorada Caitlin (Emma Caulfield) está enfrentando um grande problema com seu irmão mais novo, Michael (Lee Cormie), que está hospitalizado e não dorme há vários dias tendo um medo doentio da escuridão, alegando ter visões com a “Fada dos Dentes”, que está apenas esperando uma oportunidade para matá-lo.
Caitlin decide então procurar Kyle e pedir-lhe ajuda para seu irmão, cujos sintomas de paranóia são semelhantes aos vividos pelo antigo namorado de infância. Relutante no início, Kyle aceita ajudar, mas envolve-se numa série de encrencas locais envolvendo ex-colegas do passado como o bêbado inconveniente Ray (Mark Blackmore), o policial Andy Batten (Andrew Bayly), e o agora advogado Larry Fleishman (Grant Piro), apaixonado por Caitlin desde os tempos de infância, em encontros fatais com a “Fada dos Dentes”. Apesar dos inúmeros desaparecimentos sem solução de crianças nos últimos anos em “Darkness Falls”, a polícia não acredita na história de Kyle sobre o fantasma vingativo de Matilda Dixon, até eles próprios tornarem-se vítimas da criatura maligna, que ataca todos que a vêem na escuridão.
Quando ocorre um “blackout” providencial em Darkness Falls, a bela cidade situada à beira do mar e que tem um enorme farol para orientação dos navios, justifica seu nome e uma imensa escuridão propicia o ambiente ideal para a “Fada dos Dentes” perpetuar sua vingança histórica, culminando num confronto repleto de perseguições com Kyle e seus amigos.
“Darkness Falls” estreou nos Estados Unidos em 24/01/03 e curiosamente os posters promocionais do filme no Brasil anunciavam que entraria em cartaz nos cinemas nacionais somente em 09/05, mas sua exibição foi antecipada para 28/03, diminuindo significativamente a defasagem com seu lançamento original.
Antes da definição oficial do nome para o filme, uma série de títulos alternativos foram estudados pelos produtores, e todos obviamente relacionados com a temática da história: “The Tooth Fairy” (A Fada dos Dentes), “Don´t Peek” (Não Espie), “Fear of the Dark” (Medo do Escuro), “The Tooth Fairy: The Ghost of Matilda Dixon” (A Fada dos Dentes: O Fantasma de Matilda Dixon) e “The Tooth Fairy: Every Legend Has Its Dark Side” (A Fada dos Dentes: Toda Lenda Tem Seu Lado Sombrio). No final, “Darkness Falls” foi sem dúvida a melhor escolha, representando muito bem a proposta do roteiro.
Quanto ao nome nacional, “No Cair da Noite”, também foi bem indicado (ao contrário de uma outra infinidade de exemplos de filmes que receberam péssimos nomes no Brasil), pois tem relações diretas com a história. Porém, seria melhor ainda se fosse mantido o título americano, “Darkness Falls”, que é o nome de uma cidade (que geralmente não são traduzidos), além de soar bem ao ser pronunciado, mesmo em seu idioma original.
Devido ao sucesso que o filme alcançou em sua estréia, os produtores já anunciaram a intenção de realizar uma sequência investindo talvez numa franquia com a criatura sobrenatural “Fada dos Dentes”, que possui uma mitologia suficientemente complexa e atraente para proporcionar inúmeras idéias aos roteiristas na criação de novos filmes.
“Darkness Falls” é mais um filme de horror que traz os tradicionais clichês do gênero, com muitos sustos fáceis, correrias, um suspense psicológico que tenta manipular o público, atores jovens em início de carreira vindos de participações na televisão, além de oferecer um desfecho simples e sem impacto, quando justamente o ideal é o contrário para criar um efeito perturbador em quem assiste. Mas, que certamente também garante uma diversão curta (apenas 85 minutos) com sua história de uma lenda maldita de um fantasma vingativo que surge na ameaçadora escuridão da noite.
Na dúvida sobre a veracidade dessa lenda, o melhor é procurar pela segurança da luz mantendo-se longe do temível escuro. Pois como já dizia uma orientação do macabro escritor Dennis Weatley que apareceu no final do filme “Uma Filha Para o Diabo” (To the Devil a Daughter), co-produzido em 1976 pela saudosa “Hammer” inglesa e pela “Terra” alemã, e tendo o genial Christopher Lee liderando o elenco, ao lado de Richard Widmark e Nastassja Kinski:
“Na luz todas as coisas florescem e reproduzem... Na escuridão elas decaem e morrem. Eis porque nós devemos seguir os ensinamentos dos senhores da luz”.
Sobre isso, não posso deixar de reconhecer a sabedoria dessas palavras, mas também não posso deixar de revelar o quanto a escuridão exerce em nós, apreciadores da fantástica arte do Horror, um misterioso fascínio com suas trevas escondendo um mundo habitado por criaturas indizíveis, e um macabro universo repleto de sensações desconhecidas, aguardando apenas serem exploradas.
Com essa maldição anunciada momentos antes de ser injustamente executada por enforcamento, Matida Dixon eternizou a lenda da “Fada dos Dentes” para aterrorizar na escuridão uma pequena cidade dos Estados Unidos.
Apresentando uma exposição apenas discreta de sangue e violência, e investindo bem mais num clima de suspense e horror psicológico, “No Cair da Noite” (Darkness Falls), dirigido por Jonathan Liebesman a partir de uma história de Joe Harris, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 28/03/03, já vindo de uma exibição de sucesso nos Estados Unidos onde chegou a figurar entre os primeiros nas bilheterias por algumas semanas.
A história é sobre uma lenda de 150 anos atrás, onde uma simpática senhora viúva, Matilda Dixon, era muito popular na pequena cidade de “Darkness Falls”, na Nova Inglaterra, por trocar os dentes de leite caídos das crianças por moedas de ouro. Esse amável hábito acabou lhe trazendo o apelido carinhoso de “Fada dos Dentes” (Tooth Fairy). Porém, repentinamente tudo começou a desmoronar quando numa noite um incêndio em sua casa queimou tragicamente seu rosto, obrigando-a a usar uma máscara de porcelana branca para esconder a deformidade de sua face e com isso passando a viver reclusa. Paralelamente, quando duas crianças desaparecem na cidade, os habitantes de “Darkness Falls” se enganam e culpam a velha, com uma multidão furiosa invadindo sua casa e condenando-a à morte por enforcamento. Antes de morrer, Matilda, agora sedenta de ódio, consegue ainda lançar uma terrível maldição dizendo que voltaria na escuridão para se vingar. Após sua execução, as crianças desaparecidas surgem novamente saudáveis na cidade, mas já é tarde demais...
A ação volta-se agora para 138 anos à frente, onde um menino de 10 anos, Kyle Walsh (Joshua Anderson), tem visões constantes com uma criatura sobrenatural que aparece na escuridão sempre quando toda criança perde seu último dente de leite. Após um encontro com sua namorada, Caitlin Greene (Emily Browning, a garotinha fantasma de “Navio Fantasma”), ele recebe a visita indesejada da “Fada dos Dentes”, vestindo uma manta negra sobre todo o corpo e uma máscara de porcelana escondendo o rosto hediondo, movimentando-se no ar com uma incrível agilidade (méritos para a equipe de efeitos especiais responsável pela concepção da criatura, liderados pelo especialista Stan Winston). O jovem Kyle escapa da fúria assassina da bruxa fantasmagórica, mas testemunha o assassinato brutal da mãe, Margaret Walsh (Rebecca McCauley).
Com a polícia não acreditando na sua história da “Fada dos Dentes” e achando que Kyle tem participação na misteriosa morte da mãe, o garoto sai de Darkness Falls e passa nove anos num hospital psiquiátrico, fazendo terapias e intensivos tratamentos contra doenças psicológicas como “terror noturno” (medo da escuridão).
Doze anos depois, Kyle (Chaney Kley), é um paranóico que vive em Las Vegas num apartamento super iluminado por lanternas e lâmpadas de todos os tipos, e passa seus dias à base de fortes medicamentos contra depressão e anti psicóticos.
Em Darkness Falls, sua antiga namorada Caitlin (Emma Caulfield) está enfrentando um grande problema com seu irmão mais novo, Michael (Lee Cormie), que está hospitalizado e não dorme há vários dias tendo um medo doentio da escuridão, alegando ter visões com a “Fada dos Dentes”, que está apenas esperando uma oportunidade para matá-lo.
Caitlin decide então procurar Kyle e pedir-lhe ajuda para seu irmão, cujos sintomas de paranóia são semelhantes aos vividos pelo antigo namorado de infância. Relutante no início, Kyle aceita ajudar, mas envolve-se numa série de encrencas locais envolvendo ex-colegas do passado como o bêbado inconveniente Ray (Mark Blackmore), o policial Andy Batten (Andrew Bayly), e o agora advogado Larry Fleishman (Grant Piro), apaixonado por Caitlin desde os tempos de infância, em encontros fatais com a “Fada dos Dentes”. Apesar dos inúmeros desaparecimentos sem solução de crianças nos últimos anos em “Darkness Falls”, a polícia não acredita na história de Kyle sobre o fantasma vingativo de Matilda Dixon, até eles próprios tornarem-se vítimas da criatura maligna, que ataca todos que a vêem na escuridão.
Quando ocorre um “blackout” providencial em Darkness Falls, a bela cidade situada à beira do mar e que tem um enorme farol para orientação dos navios, justifica seu nome e uma imensa escuridão propicia o ambiente ideal para a “Fada dos Dentes” perpetuar sua vingança histórica, culminando num confronto repleto de perseguições com Kyle e seus amigos.
“Darkness Falls” estreou nos Estados Unidos em 24/01/03 e curiosamente os posters promocionais do filme no Brasil anunciavam que entraria em cartaz nos cinemas nacionais somente em 09/05, mas sua exibição foi antecipada para 28/03, diminuindo significativamente a defasagem com seu lançamento original.
Antes da definição oficial do nome para o filme, uma série de títulos alternativos foram estudados pelos produtores, e todos obviamente relacionados com a temática da história: “The Tooth Fairy” (A Fada dos Dentes), “Don´t Peek” (Não Espie), “Fear of the Dark” (Medo do Escuro), “The Tooth Fairy: The Ghost of Matilda Dixon” (A Fada dos Dentes: O Fantasma de Matilda Dixon) e “The Tooth Fairy: Every Legend Has Its Dark Side” (A Fada dos Dentes: Toda Lenda Tem Seu Lado Sombrio). No final, “Darkness Falls” foi sem dúvida a melhor escolha, representando muito bem a proposta do roteiro.
Quanto ao nome nacional, “No Cair da Noite”, também foi bem indicado (ao contrário de uma outra infinidade de exemplos de filmes que receberam péssimos nomes no Brasil), pois tem relações diretas com a história. Porém, seria melhor ainda se fosse mantido o título americano, “Darkness Falls”, que é o nome de uma cidade (que geralmente não são traduzidos), além de soar bem ao ser pronunciado, mesmo em seu idioma original.
Devido ao sucesso que o filme alcançou em sua estréia, os produtores já anunciaram a intenção de realizar uma sequência investindo talvez numa franquia com a criatura sobrenatural “Fada dos Dentes”, que possui uma mitologia suficientemente complexa e atraente para proporcionar inúmeras idéias aos roteiristas na criação de novos filmes.
“Darkness Falls” é mais um filme de horror que traz os tradicionais clichês do gênero, com muitos sustos fáceis, correrias, um suspense psicológico que tenta manipular o público, atores jovens em início de carreira vindos de participações na televisão, além de oferecer um desfecho simples e sem impacto, quando justamente o ideal é o contrário para criar um efeito perturbador em quem assiste. Mas, que certamente também garante uma diversão curta (apenas 85 minutos) com sua história de uma lenda maldita de um fantasma vingativo que surge na ameaçadora escuridão da noite.
Na dúvida sobre a veracidade dessa lenda, o melhor é procurar pela segurança da luz mantendo-se longe do temível escuro. Pois como já dizia uma orientação do macabro escritor Dennis Weatley que apareceu no final do filme “Uma Filha Para o Diabo” (To the Devil a Daughter), co-produzido em 1976 pela saudosa “Hammer” inglesa e pela “Terra” alemã, e tendo o genial Christopher Lee liderando o elenco, ao lado de Richard Widmark e Nastassja Kinski:
“Na luz todas as coisas florescem e reproduzem... Na escuridão elas decaem e morrem. Eis porque nós devemos seguir os ensinamentos dos senhores da luz”.
Sobre isso, não posso deixar de reconhecer a sabedoria dessas palavras, mas também não posso deixar de revelar o quanto a escuridão exerce em nós, apreciadores da fantástica arte do Horror, um misterioso fascínio com suas trevas escondendo um mundo habitado por criaturas indizíveis, e um macabro universo repleto de sensações desconhecidas, aguardando apenas serem exploradas.
Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 03/06/06, pela TV Globo, na sessão “Super Cine”, exibida aos Sábados às 23:00 horas.
“No Cair da Noite” (Darkness Falls, 2003) – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/02/06)
No Cair da Noite (Darkness Falls, Estados Unidos, 2003). Distant Corners / Village Roadshow / Blue Star / Columbia Pictures. Duração: 85 minutos. Direção de Jonathan Liebesman. Roteiro de Joe Harris, John Fasano e James Vanderbilt, baseado em história de Joe Harris. Produção de John Fasano, John Hegeman, William Sherak e Jason Shuman. Música de Brian Tyler. Fotografia de Dan Laustsen. Direção de Arte de Tom Nursey. Desenho de Produção de George Liddle. Edição de Timothy Alverson, Steve Mirkovich e Alan Woodruff. Efeitos Especiais de Stan Winston. Elenco: Chaney Kley (Kyle Walsh), Emma Caulfield (Caitlin Greene), Lee Cormie (Michael Greene), Andrew Bayly (Andy Batten), Grant Piro (Larry Fleishman), Emily Browning (Caitlin Greene – jovem), Joshua Anderson (Kyle Walsh – jovem), Mark Blackmore (Ray), Anthony Burrows (Fada dos Dentes), Peter Curtin (Dr. Travis), Daniel Daperis (Larry Fleishman – jovem), Jim Howes (Diretor Scott O´Malley), Rebecca McCauley (Margaret Walsh), Kestie Morassi (Enfermeira Lauren), Alannah Oliver (Kimberly), Andrew Dauchy, Aaron Gazzola, Gerard Gogley, Steve Mouzakis, Joshua Parnell, Charlotte Rees, Matt Robertson, Angus Sampson, Christian Schaeffer, Cecelia Specht, Peter Stanton, Sullivan Stapleton.