A Visão (2000)


Um serial killer assassinou 8 vítimas. Para salvar a 9ª, Michael Lewis precisa fazer contato com as únicas testemunhas – as vítimas mortas.

Com o lançamento em 1999 do filme “O Sexto Sentido” (The Sixth Sense), estrelado por Bruce Willis e o garoto Haley Joel Osment, uma interessante temática do cinema de horror tornou-se alvo para os roteiristas: a comunicação com os mortos. A famosa frase “Eu vejo pessoas mortas”, eternizada em “O Sexto Sentido”, passou a servir de base para argumentos em uma grande quantidade de filmes posteriores como por exemplo “A Visão” (The Sight, 2000), uma co-produção entre Estados Unidos e Inglaterra especialmente feita para a televisão, dirigida, escrita e produzida por um especialista em cinema fantástico dos últimos anos, o inglês Paul W. S. Anderson, o mesmo cineasta por trás de “O Enigma do Horizonte” (97), “O Soldado do Futuro” (98) e “Resident Evil – O Hóspede Maldito” (2002), entre outros, e que está dirigindo também o crossover “Alien x Predator”, com previsão de lançamento no final de 2004.

“A Visão” apresenta uma atraente história de suspense envolvendo manifestações de fantasmas e interligação entre os mundos dos vivos e mortos. Um arquiteto americano, Michael Lewis (Andrew McCarthy), recebe uma proposta de trabalho para restaurar um antigo hotel em Londres, Inglaterra. O prédio esconde segredos e mistérios entre suas paredes, principalmente num quarto secreto mantido fechado pelo proprietário. Enquanto isso, o arquiteto começa a enfrentar uma série de eventos estranhos como visões de espíritos e sonhos assustadores, vindo a descobrir que ele é uma pessoa com poderes especiais capazes de se comunicar com os mortos. A partir daí, ele recebe uma missão para tentar auxiliar um grupo de crianças mortas que foram assassinadas brutalmente por um serial killer, e que por isso se encontravam no limbo, uma região transitória entre a terra e o céu que as impedia de descansar em paz, precisando primeiro livrar-se do tormento da morte violenta.
Uma vez aceitando o desafio, Lewis entra em contato com uma investigadora da polícia, Detetive Pryce (Amanda Redman), e juntos eles tentam descobrir a identidade do assassino de crianças, o qual está imitando os mesmos passos de um antigo psicopata que matou várias crianças no passado. O novo maníaco já matou oito inocentes vítimas e conforme indica a tagline promocional do filme (reproduzida no início desse texto), para evitar a morte da nona criança, o arquiteto americano precisará da ajuda dos mortos.

Em “A Visão” encontramos todos aqueles elementos característicos de filmes de fantasmas, explorando com uma história interessante e repleta de detalhes que se complementam, a idéia de comunicação com os mortos, uma virtude reservada apenas para poucos. O roteiro é cheio de reviravoltas, pequenas surpresas, momentos de tensão e sustos com a aparição de espíritos perturbados, e apresenta um final instigante e de grande impacto e reflexão. Entre os destaques memoráveis temos as cenas revelando a libertação dos espíritos dos mortos de sua vida na Terra, ao subirem uma escada circular rumo ao descanso nos céus. Para quem aprecia um filme curto, com menos de uma hora e meia de duração, numa interessante história de fantasmas com elementos de horror e thriller policial, “A Visão” é um ótimo programa de entretenimento.

O filme recebeu o nome nacional de “A Visão” quando exibido na televisão, que é coerente com a história, sendo corretamente a tradução literal do original “The Sight”. Aliás, curiosamente, na distribuição na Inglaterra em 1999 o filme recebeu o nome alternativo de “Shadows”, que traduzindo significa “Sombras”. E ao ser lançado no mercado de vídeo VHS e DVD no Brasil, em Junho de 2004, o nome escolhido foi “Visões”.
Outra curiosidade foi uma seqüência de pesadelo do personagem principal, o arquiteto Michael Lewis, onde ele se vê caminhando pelas ruínas de uma New York semi destruída, num cenário pós-apocalíptico. Entre a destruição da cidade, pode-se visualizar vários prédios e monumentos famosos afetados tragicamente, como a “Estátua da Liberdade” e as duas torres gêmeas do “World Trade Center”, que na época da produção do filme ainda existiam, tornando-se um fato de bizarra curiosidade após os atentados terroristas de 11/09/2001 que dizimaram milhares de pessoas e derrubaram as torres ao chão. Por coincidência, “A Visão” foi exibido na TV Globo em 29/05/04, na sessão “Supercine”, um dia após o lançamento mundial do filme catástrofe “O Dia Depois de Amanhã” (The Day After Tomorrow), um “blockbuster” que mostra os efeitos destrutivos da reação da natureza contra o planeta, devido a uma série de agressões que a humanidade historicamente tem feito ao meio ambiente da Terra, e que entre outras tragédias, mostra a cidade de New York sendo destruída por um imenso maremoto seguido de uma forte e longa tormenta de neve, instaurando uma nova era glacial.

“A Visão / Visões” (The Sight, 2000) # 257 – data: 30/05/04 – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 04/06/06)