A Soma de Todos os Medos (2002)


Mais um filme de ação que retrata terrorismo e o perigo de uma guerra nuclear entrou em cartaz em nossos cinemas em 14/06/02. Trata-se de “A Soma de Todos os Medos” (The Sum of All Fears), dirigido por Phil Alden Robinson e trazendo novamente o personagem Jack Ryan, um agente da CIA criado pelo escritor Tom Clancy, interpretado agora por Ben Affleck, e que curiosamente já apareceu em outros filmes como em “A Caçada ao Outubro Vermelho” (com Alec Baldwin fazendo o papel de Ryan) e em “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato” (em ambos o agente foi interpretado por Harrison Ford).

(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

Em “A Soma de Todos os Medos”, Jack Ryan é ainda jovem em início de carreira como um historiador da CIA que é recrutado por um diretor do secreto órgão governamental, Bill Cabot (Morgan Freeman), para uma missão de acompanhamento do desarmamento do arsenal nuclear da Rússia. Ele foi escolhido por seus conhecimentos através de uma pesquisa do perfil do novo Presidente russo, Nemerov (Ciaran Hinds), que tomou o poder repentinamente após a morte por problemas de saúde de seu antecessor. Ryan tem uma namorada (Bridget Moynahan), médica do setor de emergência de um hospital em Baltimore, a quem conheceu há pouco tempo, e o convite inesperado para uma missão especial na Rússia, acabou transformando sua até então pacata vida numa sucessão agitada de novos eventos. Na Rússia, eles descobrem o desaparecimento de três cientistas envolvidos com fabricação de bombas atômicas e tomam contato com um perigosa trama internacional liderada por um simpatizante do antigo Nazismo, o rico empresário Dressler (Alan Bates), que pretendia detonar uma bomba nuclear comprada no mercado negro, a qual foi encontrada intacta num deserto próximo à queda de um avião israelense em 1973, tendo como alvo o ginásio lotado de futebol americano na cidade de Baltimore, com um espectador ilustre entre os presentes, o Presidente dos Estados Unidos (interpretado por James Cromwell).
Numa trama paralela, um incidente internacional envolvendo a Rússia e um ataque rebelde com armas químicas em uma das antigas repúblicas soviéticas, com a participação dos Estados Unidos como interessados na “paz mundial”, contribuiu para uma forte crise política entre os dois principais países do mundo. O objetivo dos terroristas ao detonarem a bomba em Baltimore era justamente provocar o confronto direto entre Estados Unidos e Rússia, tendo como resultado uma guerra nuclear. A bomba explode e varre do mapa tudo que se encontrava pelo menos num raio de 400 metros ao redor do estádio de futebol, e nesse momento de crise internacional o agente Jack Ryan tenta num esforço do típico herói americano, impedir uma guerra atômica sem proporções no planeta.
A primeira metade do longo filme de 125 minutos é bastante complicada e monótona em vários momentos e somente a partir da explosão da bomba em Baltimore, com alguns bons efeitos especiais mostrando o poder de devastação de um artefato nuclear, é que a ação se inicia realmente numa correria desenfreada do agente Ryan em tentar impedir um desastre nuclear entre as maiores potências do planeta, refletindo bem o título do filme, pois certamente “A Soma de Todos os Medos” resultaria numa guerra atômica que poderia exterminar a Terra. Dentro desse tema assustador, vale a pena registrar uma inteligente paródia produzida em preto e branco em 1964, um período bem turbulento no relacionamento entre as principais nações, “Dr. Fantástico”, dirigida por Stanley Kubrick e estrelada por Peter Sellers que interpreta vários papéis; e o filme catástrofe “O Dia Seguinte”, dirigido por Nicholas Meyer e produzido em 1983, uma época onde a guerra fria estava movimentada e havia ainda um forte medo da humanidade por uma guerra atômica, e o filme retratava justamente o dia posterior à explosão de uma poderosa arma nuclear, com uma devastação parcial imediata e os efeitos seguintes da radiação nos sobreviventes do desastre.
“A Soma de Todos os Medos” é bem mais confuso e burocrático, numa trama complexa e cheia de clichês com situações duvidosas, mas a movimentação a partir da metade final pode garantir um pouco de diversão para o público e certamente também e em doses maiores, uma somatória de medos quanto à possibilidade de uma guerra nuclear, que seria o início do fim...

“A Soma de Todos os Medos” (The Sum of All Fears, 2002) – avaliação: 6,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 01/06/06)