Todo Mundo em Pânico 4 (2006)


Por mais esforço que eu faça, confesso que tenho dificuldade em achar engraçado essas produções que procuram satirizar outros filmes, como por exemplo a franquia “Todo Mundo em Pânico” (Scary Movie), cuja parte 4 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 02/06/06. Mas eu devo fazer parte de uma minoria, pois o sucesso popular alcançado tem incentivado os produtores a continuarem investindo nessa série de filmes, tanto que o capítulo quatro chegou e sua boa receptividade junto ao público já acenou para a produção de um próximo.
Dessa vez a base do roteiro é parodiar principalmente filmes como “Jogos Mortais” (Saw), “Guerra dos Mundos” (War of the Worlds), “O Grito” (The Grudge) e “A Vila” (The Village), se bem que falar em roteiro nesse caso não é exatamente apropriado, pois história é uma coisa que não existe quando o assunto é “Todo Mundo em Pânico”, onde pouca coisa faz sentido e o objetivo é apenas fazer piada de tudo. Mas, acho que é justamente nesse ponto que identifico uma falha grave nessa série e em todos os filmes similares, pois acredito que fazer um filme sem história não parece uma tarefa difícil, assim como transformar em piada várias situações já conhecidas pelo público que acompanha cinema. Porém, acho que o desafio mesmo é conseguir contar uma história com um mínimo de coerência e também conseguir ao mesmo tempo a façanha de tornar os eventos escolhidos de outros filmes em situações de humor sem banalização das idéias.
A história é algo mais ou menos assim: Cindy Campbell é uma jovem atrapalhada (Anna Faris, que esteve em todos os filmes da série), que vai visitar um amigo, Tom Logan (Charlie Sheen). Ele sofre um acidente fatal, mas antes, porém, havia indicado para Cindy um emprego para cuidar de idosos. A “vítima” da jovem é uma senhora doente (Cloris Leachman) que mora numa casa amaldiçoada pelo “grito”, ou melhor, espírito perturbado de um garoto. Ela conhece também o vizinho, Tom Ryan (Craig Bierko), um pai em constante conflito com os dois filhos adolescentes. Quando eles tentam começar um romance, todos são surpreendidos por uma invasão alienígena, uma “guerra dos mundos” com enormes máquinas que andam sobre tentáculos destruindo tudo pela frente. Paralelamente, Cindy reencontra sua amiga acéfala Brenda (Regina Hall, que também participou de todos os filmes da franquia), e juntas tentam descobrir o segredo da maldição da casa e uma forma de salvar o mundo dos alienígenas, encontrando pelo caminho uma misteriosa “vila” com hábitos bem estranhos e desatualizados. E no meio disso tudo, ainda existe um psicopata que gosta de brincar com as pessoas através de “jogos mortais”.
É plenamente possível rir de algumas cenas que aparecem no filme como o drama inusitado enfrentado por Tom Logan (num paralelo com o personagem de Bill Pullman em “O Grito”), ao ingerir acidentalmente uma grande quantidade de remédios para estimular a ereção, ou ainda o equívoco desconcertante da personagem cega (feita por Carmen Electra) satirizando “A Vila”, quando ela entra no meio da sessão de um tribunal pensando que estava no banheiro de sua casa, e procura aliviar de forma barulhenta toda a tensão de uma prisão de ventre. Mas, por outro lado, existem várias tentativas de humor que não funcionam e que nem valem a pena citar, senão eu teria que contar o filme inteiro. Ou seja, o resultado final não é o suficiente para ganhar tanto destaque nas bilheterias, e não acho que vale o valor do ingresso pago, aliás, questiono até a exibição nos cinemas, podendo tranqüilamente ser lançado apenas diretamente no mercado de vídeo.
Uma curiosidade é a presença de alguns atores experientes em participações rápidas como Michael Madsen (num segmento satirizando “Guerra dos Mundos”), Cloris Leachman (numa seqüência fazendo piada de “O Grito”), e James Earl Jones (numa narração final), além de outros como Leslie Nielsen (fazendo novamente um Presidente dos Estados Unidos patético) e Bill Pullman, que apesar de ambos emprestarem seus talentos, eles não conseguem impedir que o filme deixe de ser apenas mais um produto que se esquece facilmente... aliás, de que filme estou falando mesmo?...

“Todo Mundo em Pânico 4” (Scary Movie 4, 2006) # 384 – data: 13/06/06 – avaliação: 4,0 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 15/06/06)