A Profecia (2006)


Woe to you, Oh Earth and Sea, for the Devil sends the beast with wrath, because he knows the time is short… Let him who hath understanding reckon the number of the beast for it is a human number, its number is six hundred and sixty six.” – Revelations ch. XIII, v. 18. – “Iron Maiden” (The Number of the Beast, 1982)

Na sugestiva data de 06 de Junho de 2006, uma Terça-Feira maldita, para aproveitar o mistério obscuro que envolve o diabólico número 666, os executivos da indústria do cinema utilizaram uma interessante estratégia de marketing lançando nos cinemas “A Profecia” (The Omen), refilmagem do clássico de 1976, que foi dirigido por Richard Donner, estrelado por Gregory Peck e com história baseada no livro de David Seltzer, sobre a vinda do Anticristo na Terra.
O filme originou ainda mais três continuações, mostrando além de eventos sobre a infância do filho do demônio no primeiro filme (com a idade de 5 anos), a adolescência no filme intermediário (“Damien - A Profecia II”, 78), e suas atividades na idade adulta em “Conflito Final – A Última Profecia” (The Final Conflict, 81), além ainda de “A Profecia 4” (Omen IV – The Awakening, 91), onde a protagonista passou a ser agora uma menina diabólica, numa produção especialmente para a televisão.
A nova versão de “A Profecia” é dirigida pelo irlandês John Moore (de “Atrás das Linhas Inimigas” e “O Vôo da Fênix”), o roteiro é novamente do escritor David Seltzer, e tem um elenco principal formado por Liev Schreiber (da trilogia “Pânico”), como o diplomata Robert Thorn, o embaixador americano na Inglaterra, Julia Stiles (como sua esposa Katherine Thorn), Mia Farrow, como a babá diabólica Sra. Baylock (ela que já havia sido vítima de uma conspiração satânica no clássico “O Bebê de Rosemary”, 1968, de Roman Polansky, trazendo em seu ventre o filho do demônio), Seamus Davey-Fitzpatrick (como o Anticristo Damien Thorn), David Thewlis (como o fotógrafo Keith Jennings), e os experientes Michael Gambon (como o arqueólogo Bugenhagen) e Pete Postlethwaite (como o arrependido Padre Brennan).
Na história, uma conspiração demoníaca tem por objetivo proteger o nascimento de um garoto preparado para ser o Anticristo, o representante do Mal na Terra, vindo para instaurar o caos na humanidade. Logo após o diplomata Robert Thorn saber que sua esposa Katherine perdeu o filho ao nascer e que ela teve problemas no útero impedindo de ter outros filhos, ele é persuadido a adotar em segredo uma criança que nasceu no mesmo dia e que não tinha família. Chamado de Damien, o garoto é na verdade o Anticristo e sua infância é marcada por acontecimentos misteriosos e bizarros envolvendo desde o suicídio de uma jovem babá (Amy Huck), um acidente grave com sua mãe, a chegada de outra babá mais velha e extremamente sinistra, o assassinato violento de um padre, e outros eventos não menos trágicos e incomuns. Até que o embaixador Robert Thorn, auxiliado por um fotógrafo que descobriu estranhos sinais em suas fotos, é convencido a investigar a identidade de Damien e lutar para impedir seu triunfo.
Eu li o livro de David Seltzer e assisti a trilogia de Damien já há muito tempo atrás, mas até onde pude lembrar parece que a refilmagem de 2006 procurou ser fiel tanto ao livro (o roteiro também é de Seltzer) como ao filme original de Richard Donner. A mesma idéia central e os principais eventos foram respeitados e alguns até reproduzidos de forma melhorada, e o resultado final é um filme recomendável, apesar dos clichês na tentativa de gerar sustos e a interpretação inferior dos protagonistas (em relação ao clássico dos anos 70, que tinha Gregory Peck, Lee Remick e David Warner, entre outros). Ou seja, o novo filme da franquia merece uma atenção dos fãs do cinema de horror.
O que pode ser questionado é a necessidade de uma refilmagem, onde particularmente não costumo ser favorável a essa prática, que parece demonstrar falta de criatividade dos roteiristas, ou uma certa preguiça em desenvolver novas idéias, e principalmente oportunismo dos executivos para lucrar sobre temas já consagrados, sem grandes riscos comerciais. Mas a resposta que encontrei para tentar justificar pelo menos essa refilmagem de “A Profecia” foi a de produzir um filme de uma história conhecida para as novas audiências, ou seja, para aqueles que ainda não conheciam a obra original de 1976 ou nem leram o livro.
De qualquer maneira, já que a decisão foi fazer um novo filme trinta anos depois do original, aproveitando-se da sugestiva data demoníaca de 06/06/06, pelo menos o resultado não foi comprometedor e novamente o tema de “A Profecia” veio à tona, denunciando de forma assustadora a chegada do Anticristo na Terra.

“A Profecia” (The Omen, 2006) # 385 – data: 17/06/06 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 18/06/06)