Seres Rastejantes (2006)


O filme foi pouco divulgado, ficou em cartaz nos cinemas em poucas salas e horários (estreou em 16/06/06). É uma produção de horror com elementos de ficção científica, repleta de podreiras, sangue em profusão, gosmas asquerosas, alienígenas nojentos e rastejantes, humor negro, homenagens ao gênero, citações... É um filme super divertido, indicado especialmente para quem aprecia cinema bagaceiro. O diretor e roteirista é James Gunn, formado pela cultuada produtora de filmes trash “Troma” e que escreveu a história de “Madrugada dos Mortos” (Dawn of the Dead, 2004). Estamos falando de “Seres Rastejantes” (Slither, 2006), co-produção entre Canadá e Estados Unidos, mostrando aquele típico argumento de uma cidadezinha do interior invadida por uma criatura alienígena que veio com a queda de um meteoro, e que utiliza os seres humanos como hospedeiros, espalhando morte e sangue para todos os lados.
No elenco, vale citar a presença do canastrão Michael Rooker (único nome mais conhecido, no papel de Grant), da bela Elizabeth Banks (como Starla, sua esposa), e de Nathan Fillion (como o xerife Bill Pardy, o herói da história). A sinopse é tão simples que no parágrafo acima já foram reveladas as informações necessárias para um entendimento básico da trama. No mais, temos diversão em estado puro e absoluto, com todos aqueles clichês do gênero, vistos numa infinidade de filmes similares. E mesmo com todas essas características que poderiam depreciar um filme (a falta de novidades, o elenco desconhecido, a escassez de recursos...), “Seres Rastejantes” merece uma citação favorável justamente por ser um filme totalmente despretensioso que tem como único objetivo homenagear o gênero e divertir os fãs, onde podemos encontrar citações que vão desde o clássico “B” “A Bolha” (The Blob, 1958), passando pelos filmes de zumbis do mestre George Romero e o excelente “Calafrios” (Shivers / They Came From Within, 1975), de David Cronenberg, até “Noite dos Arrepios” (Night of the Creeps), divertidíssima tranqueira de 1986, entre outras.
E o diretor James Gunn, no melhor estilo do consagrado Alfred Hitchcock, apareceu numa ponta rápida no filme como um professor nerd que troca algumas palavras com a gostosa Starla, que também é professora na mesma escola.
Uma curiosidade e confissão: particularmente, eu prefiro o menor número possível de pessoas vendo um filme na mesma sala de cinema que eu. Digo isso porque é extremamente irritante assistir um filme num local cheio de gente, com barulhos “extras” adicionais que somente colaboram para estragar seu programa. Por sorte, vi “Seres Rastejantes” numa sala que tinha apenas mais três pessoas, e uma vez sabendo antecipadamente que tinha uma cena extra no final dos créditos, fiquei esperando pacientemente por vários longos minutos sozinho até os letreiros terminarem. Mas, valeu o esforço, pois antes dos funcionários do Cinemark me expulsarem da sala, vi a tal cena que é bastante rápida, porém, de importância estratégica para uma interpretação correta dos fatos.

(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

A cena após os créditos mostra um pequeno gato intrometido e curioso se envolvendo inocentemente com um pedaço do alienígena que explodiu, pensando que poderia ser uma refeição. Mas, aconteceu o contrário, com o felino tornando-se o novo hospedeiro da parasita que veio do espaço.
Enfim, um filme simples, honesto, feito de fã para fã com o único propósito de entretenimento sem compromisso, e por isso mesmo altamente recomendável para quem procura diversão num filme de horror com muitas citações, sangue, vômitos esverdeados, líquidos gosmentos e “seres rastejantes”...

“Seres Rastejantes” (Slither, Canadá / Estados Unidos, 2006) # 387 – data: 25/06/06 – avaliação: 8,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 26/06/06)

Poseidon (2006)


Uma das coisas mais subjetivas e polêmicas quando o assunto é cinema é a opinião dos fãs sobre o resultado final de uma refilmagem. Existe todo tipo de situação, desde a mais comum que considera a refilmagem uma heresia em relação ao original, passando pela opinião onde ambos os filmes podem se equivaler de alguma forma, ou até casos mais raros onde a refilmagem supera a obra em que se inspirou. E existem ainda outras possibilidades que colocam mais “lenha na fogueira”, como o fato da refilmagem ser fiel aos eventos do original ou quando, ao contrário, ocorre um exagero na liberdade de criação artística, alterando significativamente os fatos já conhecidos anteriormente.
Por exemplo, eu gostei da refilmagem de “A Profecia” (The Omen, 2006), que ao seu modo é um filme bastante interessante e que consegue contribuir e agregar valor para o universo ficcional da franquia que fala da vinda do Anticristo para a Terra, e que se iniciou com o clássico homônimo de 1976. Porém, já no caso de “Poseidon” (Poseidon, 2006), dirigido pelo alemão Wolfgang Petersen (de produções milionárias como “Tróia” e “Mar Em Fúria”) e que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 23/06/06, eu achei que o excesso de liberdade modificando eventos (principalmente o final), além do elenco inferior, contribuiu para um resultado muito abaixo do filme original, “O Destino do Poseidon” (The Poseidon Adventure, 1972), dirigido por Ronald Neame e produzido pelo mestre Irwin Allen (1916/1991), criador das nostálgicas séries de TV dos anos 60 “Viagem ao Fundo Mar”, “Perdidos no Espaço”, “Túnel do Tempo” e “Terra de Gigantes”. Curiosamente, foi produzida uma continuação em 1979 chamada “Dramático Reencontro no Poseidon” (Beyond the Poseidon Adventure), dessa vez dirigida pelo próprio Irwin Allen, e que foi um fracasso por causa de um roteiro ruim e produção pobre, apesar do bom elenco formado por nomes como Michael Caine, Telly Savalas, Peter Boyle, Sally Field, Karl Malden e Jack Warden. E em 2005 tivemos uma outra refilmagem, especialmente para a TV, com o mesmo nome do original “The Poseidon Adventure”, com Rutger Hauer e Adam Baldwin.

A história, baseado no livro de Paul Gallico, é sobre o imenso navio de luxo “Poseidon”, que numa viagem rumo aos Estados Unidos levando centenas de passageiros, foi surpreendido por uma onda gigante que virou a embarcação de cabeça para baixo, obrigando os sobreviventes (que comemoravam a passagem para um ano novo), a tentarem chegar ao casco para salvar suas vidas na tentativa de um resgate externo. Um grupo de pessoas se separa das demais e se reúne para tentar uma fuga do imenso túmulo em que se transformou o navio. A liderança é de um jogador profissional de cartas, Dylan Johns (Josh Lucas), que tenta salvar sua vida e de outros como o ex-prefeito de Nova Iorque, Robert Ramsey (Kurt Russell), sua filha Jennifer (Emmy Rossum) e o namorado Christian (Mike Vogel), uma jovem mãe, Maggie James (Jacinda Barrett), e seu filho pequeno Conor (Jimmy Bennett), um arquiteto solitário e homossexual, Richard Nelson (interpretado pelo veterano Richard Dreyfuss), e uma passageira clandestina, a bela Elena Gonzalez (Mía Maestro).

Entre os pontos positivos na refilmagem, destaco a seqüência de abertura, filmada com belas tomadas panorâmicas do imenso transatlântico em toda a sua extensão, tendo ao fundo a paisagem fascinante do horizonte com o sol se pondo. Existe também uma boa quantidade de cenas carregadas de tensão e agonia na luta pela sobrevivência numa tragédia de proporções colossais, além da exposição de muitas mortes de passageiros e tripulantes, vítimas de afogamentos, explosões e incêndios. Os efeitos especiais são também bem convincentes (aliás, no clássico dos anos 70 esse quesito também foi enaltecido, tanto que ganhou o cobiçado Prêmio “Oscar”), especialmente na cena da onda gigante tombando o navio, uma cortesia da moderna tecnologia à disposição do cinema para tornar os eventos cada vez mais realistas.
Porém, ao contrário, o elenco (exceto por Kurt Russell e Richard Dreyfuss), não se compara em talento ao clássico de 1972, que tinha simplesmente Gene Hackman, Ernest Borgnine, Roddy MacDowall, Shelley Winters e Leslie Nielsen, entre outros, que faziam personagens muito mais interessantes: Hackman era um padre corajoso e de personalidade forte, Borgnine era um policial metido a valentão, McDowall era um funcionário que conhecia o navio, Winters era uma mulher muito simpática, mas o fato ser obesa dificultou sua luta para sobreviver no difícil percurso até o casco, e Nielsen (ainda quando fazia papéis sérios) era o Capitão, que teve uma participação rápida. Na refilmagem, nenhum personagem despertou interesse, sendo que um deles inclusive, Lucky Larry (Kevin Dillon), é tão patético que seu trágico destino foi um benefício para a humanidade.
Esse novo “Poseidon” tem também um excesso de cenas forçadas e situações inverossímeis, principalmente no último ato que culmina com um final bem diferente do original, perdendo em charme para o filme de quase 35 anos antes, menos barulhento e mais dramático, um fator que ajudou a criar uma interação maior entre o público e os personagens, fazendo-nos torcer por eles (eu particularmente fiquei bastante desapontado com o destino do padre interpretado pelo excepcional Gene Hackman). Na refilmagem, confesso que não consegui me importar com nenhum dos personagens.
O “Poseidon” de 2006 não é um filme ruim, mas é apenas mediano quando utilizamos como referência o primeiro filme sobre o tema, produzido por Irwin Allen, e pelo menos para mim, continuarei somente com a lembrança do filme de 1972, e a refilmagem foi apenas uma diversão rápida e esquecível.

“Poseidon” (Poseidon, 2006) # 386 – data: 24/06/06 – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 24/06/06)

O Pianista (2002) + Cinzas da Guerra (2001)



O PIANISTA NA GUERRA DE CINZAS
“GUERRA”. Uma palavra simples, mas que tem um significado devastador, sinônimo de morte e dor. O mais terrível é constatar que essa atividade irracional e insana, a qual merece todo o meu repúdio, tem sido praticada com insistência pela humanidade periodicamente ao longo de toda sua história sangrenta. É inacreditável que ainda não conseguimos evoluir nessa questão, e ao contrário, grande parte do aumento de nosso conhecimento científico e tecnológico com o passar dos anos, tem sido aproveitado de forma equivocada, com objetivos militares e bélicos. Em vez de política e diplomacia, os conflitos por interesses econômicos são solucionados com violência e intolerância, enfatizando o quanto medíocre é a raça humana. Com essas palavras deixo aqui expresso o meu total desprezo aos responsáveis pela guerra.
O cinema muitas vezes tem a importante missão de retratar as atrocidades cometidas durante as diversas guerras que marcaram a história de nossa espécie, e dois filmes em especial procuraram reconstituir episódios sangrentos e reais da Segunda Guerra Mundial: “O Pianista” e “Cinzas da Guerra”.

Em 07/03/03 entrou em cartaz no Brasil o excelente “O Pianista” (The Pianist), dirigido por Roman Polanski numa co-produção entre França, Alemanha, Polônia e Inglaterra, e que ganhou de forma merecida o cobiçado Prêmio “Oscar” nas categorias de diretor, de roteiro adaptado de Ronald Harwood, baseado em livro de Wladyslaw Szpilman, e de ator para Adrien Brody.
A história baseada em fatos reais, mostra a sofrida trajetória de um jovem pianista polonês judeu, Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody), que trabalha numa rádio de Varsóvia, quando tem início uma invasão nazista à Polônia em 1939 no começo da Segunda Guerra Mundial. Ele tenta escapar da tirania alemã, vivendo com sua família num gueto criado pelos invasores, que prenderam os judeus num bairro cercado por muros altos de concreto. Separado da família, que foi enviada para a morte num campo de concentração, o pianista luta por sua sobrevivência enquanto testemunha a enorme violência e irracionalidade cometida contra o povo judeu, e tendo que se refugiar escondido nos prédios abandonados e destruídos de sua cidade, passando fome e esperando o término da guerra ou alguma ajuda dos militares inimigos dos alemães.
O ápice do absurdo dessa guerra é ver os sobreviventes famintos desviando-se de crianças abandonadas nas ruas, mortas por doenças e fome, ignorando completamente suas existências como se seus cadáveres nem estivessem ali, largados nas sarjetas. E o mais incrível, é que passados mais de 60 anos depois, a humanidade ainda insiste nos conflitos armados, desconsiderando as atrocidades cometidas no passado com suas dolorosas repercussões, e intensificando ainda mais seu grau de irracionalidade, agora novamente com outra guerra política dos americanos imperialistas no Iraque.

Também outro filme lançado nos cinemas em 04/04/03 focalizou o ambiente insano da Segunda Guerra Mundial. “Cinzas da Guerra” (The Grey Zone) foi escrito e dirigido pelo ator Tim Blake Nelson, retratando um episódio específico real acontecido em 1944 nos campos de extermínio de judeus em “Auschwitz”, na Polônia, onde alguns judeus eram escolhidos para trabalharem no processo de matança nas câmaras de gás ou nos fornos crematórios dos cadáveres (cujos ossos viravam toneladas de cinzas para serem descarregadas num rio, daí o nome do filme). Em troca pelos serviços, eles recebiam algumas mordomias e garantia de vida por mais quatro meses, quando então seriam executados também e substituídos por outras equipes.
Entre esses judeus escolhidos para trabalharem no processo de carnificina, organizando as filas de judeus para a morte ou limpando as câmaras de gás retirando os cadáveres, estava Hoffman (David Arquette, da série “Pânico” e de “Malditas Aranhas!”). Também escolhido, mas não para o trabalho braçal, estava um médico judeu, Miklos Nyiszli (Allan Corduner), que devido as suas qualidades em medicina, foi indicado pelo próprio carniceiro Josef Mengele (Henry Stram) para trabalhar como patologista em Auchswitz, sob o comando do veterano militar alemão Muhsfeldt (Harvey Keitel). No único episódio conhecido e registrado durante aquela guerra, eles se organizaram e tentaram uma revolta conseguindo destruir dois fornos crematórios, porém culminando inevitavelmente numa tentativa de rebelião fracassada.
É um filme completamente perturbador, com cenas absurdas de violência e extermínio de pessoas em situações piores ainda que gados preparados para o abate em matadouros. A seqüência dos rebeldes sobreviventes do motim deitados no chão apenas aguardando o disparo final de um projétil que estouraria suas cabeças é simplesmente inacreditável. Esse tipo de carnificina aconteceu há 60 anos atrás e para sempre fará sentirmos vergonha de nossa própria humanidade.

Sobre tudo isso, acabo lembrando-me de um filme de ficção científica chamado “O Soldado do Futuro” (Soldier, 1998), em que Kurt Russell é um super soldado treinado apenas para a guerra, a qual nunca deixou de existir para a humanidade, sempre com conflitos sangrentos entre seus povos, saindo até do ambiente interno da Terra e indo em direção a batalhas em outros planetas. Parece que o roteiro pessimista desse filme pode até mesmo representar o futuro da raça humana: estúpidas guerras eternas...

O Pianista (The Pianist / Le Pianiste, França / Alemanha / Polônia / Inglaterra, 2002). Duração: 148 minutos. Direção de Roman Polanski. Roteiro de Ronald Harwood, baseado em livro de Wladyslaw Szpilman. Produção de Robert Benmussa, Roman Polanski e Alain Sarde. Fotografia de Pawel Edelman. Música de Wojciech Kilar. Elenco: Adrien Brody (Wladyslaw Szpilman), Thomas Kretschmann (Capitão Wilm Hosenfeld), Frank Finlay (Pai), Maureen Lipman (Mãe), Emilia Fox (Dorota), Ed Stoppard (Henryk), Julia Rayner (Regina), Jessica Kate Meyer (Halina), Ruth Platt (Janina), Katarzyna Figura (Kittie), Valentine Pelka (Michal), Popeck (Rubinstein).

Cinzas da Guerra (The Grey Zone, Estados Unidos, 2001). Duração: 108 minutos. Direção de Tim Blake Nelson. Roteiro de Tim Blake Nelson, baseado em peça teatral homônima. Produção de Pamela Koffler, Tim Blake Nelson e Christine Vachon. Fotografia de Russell Lee Fine. Música de Jeff Fanna. Elenco: David Arquette (Hoffman), Steve Buscemi (Abramowics), Harvey Keitel (Muhsfeldt), Allan Corduner (Miklos Nyiszli), Mira Sorvino (Dina), Natasha Lyonne (Rosa), Daniel Benzali (Schlermer), David Chandler (Rosenthal), Lisa Benavides (Anja), Henry Stram (Josef Mengele), Kamelia Grigorova (Garota), Velizer Binev (Moll).

“O Pianista” (The Pianist / Le Pianiste, 2002) – avaliação: 8,5 (de 0 a 10)
“Cinzas da Guerra” (The Grey Zone, 2001) – avaliação: 7,0 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 20/06/06)

A Profecia (2006)


Woe to you, Oh Earth and Sea, for the Devil sends the beast with wrath, because he knows the time is short… Let him who hath understanding reckon the number of the beast for it is a human number, its number is six hundred and sixty six.” – Revelations ch. XIII, v. 18. – “Iron Maiden” (The Number of the Beast, 1982)

Na sugestiva data de 06 de Junho de 2006, uma Terça-Feira maldita, para aproveitar o mistério obscuro que envolve o diabólico número 666, os executivos da indústria do cinema utilizaram uma interessante estratégia de marketing lançando nos cinemas “A Profecia” (The Omen), refilmagem do clássico de 1976, que foi dirigido por Richard Donner, estrelado por Gregory Peck e com história baseada no livro de David Seltzer, sobre a vinda do Anticristo na Terra.
O filme originou ainda mais três continuações, mostrando além de eventos sobre a infância do filho do demônio no primeiro filme (com a idade de 5 anos), a adolescência no filme intermediário (“Damien - A Profecia II”, 78), e suas atividades na idade adulta em “Conflito Final – A Última Profecia” (The Final Conflict, 81), além ainda de “A Profecia 4” (Omen IV – The Awakening, 91), onde a protagonista passou a ser agora uma menina diabólica, numa produção especialmente para a televisão.
A nova versão de “A Profecia” é dirigida pelo irlandês John Moore (de “Atrás das Linhas Inimigas” e “O Vôo da Fênix”), o roteiro é novamente do escritor David Seltzer, e tem um elenco principal formado por Liev Schreiber (da trilogia “Pânico”), como o diplomata Robert Thorn, o embaixador americano na Inglaterra, Julia Stiles (como sua esposa Katherine Thorn), Mia Farrow, como a babá diabólica Sra. Baylock (ela que já havia sido vítima de uma conspiração satânica no clássico “O Bebê de Rosemary”, 1968, de Roman Polansky, trazendo em seu ventre o filho do demônio), Seamus Davey-Fitzpatrick (como o Anticristo Damien Thorn), David Thewlis (como o fotógrafo Keith Jennings), e os experientes Michael Gambon (como o arqueólogo Bugenhagen) e Pete Postlethwaite (como o arrependido Padre Brennan).
Na história, uma conspiração demoníaca tem por objetivo proteger o nascimento de um garoto preparado para ser o Anticristo, o representante do Mal na Terra, vindo para instaurar o caos na humanidade. Logo após o diplomata Robert Thorn saber que sua esposa Katherine perdeu o filho ao nascer e que ela teve problemas no útero impedindo de ter outros filhos, ele é persuadido a adotar em segredo uma criança que nasceu no mesmo dia e que não tinha família. Chamado de Damien, o garoto é na verdade o Anticristo e sua infância é marcada por acontecimentos misteriosos e bizarros envolvendo desde o suicídio de uma jovem babá (Amy Huck), um acidente grave com sua mãe, a chegada de outra babá mais velha e extremamente sinistra, o assassinato violento de um padre, e outros eventos não menos trágicos e incomuns. Até que o embaixador Robert Thorn, auxiliado por um fotógrafo que descobriu estranhos sinais em suas fotos, é convencido a investigar a identidade de Damien e lutar para impedir seu triunfo.
Eu li o livro de David Seltzer e assisti a trilogia de Damien já há muito tempo atrás, mas até onde pude lembrar parece que a refilmagem de 2006 procurou ser fiel tanto ao livro (o roteiro também é de Seltzer) como ao filme original de Richard Donner. A mesma idéia central e os principais eventos foram respeitados e alguns até reproduzidos de forma melhorada, e o resultado final é um filme recomendável, apesar dos clichês na tentativa de gerar sustos e a interpretação inferior dos protagonistas (em relação ao clássico dos anos 70, que tinha Gregory Peck, Lee Remick e David Warner, entre outros). Ou seja, o novo filme da franquia merece uma atenção dos fãs do cinema de horror.
O que pode ser questionado é a necessidade de uma refilmagem, onde particularmente não costumo ser favorável a essa prática, que parece demonstrar falta de criatividade dos roteiristas, ou uma certa preguiça em desenvolver novas idéias, e principalmente oportunismo dos executivos para lucrar sobre temas já consagrados, sem grandes riscos comerciais. Mas a resposta que encontrei para tentar justificar pelo menos essa refilmagem de “A Profecia” foi a de produzir um filme de uma história conhecida para as novas audiências, ou seja, para aqueles que ainda não conheciam a obra original de 1976 ou nem leram o livro.
De qualquer maneira, já que a decisão foi fazer um novo filme trinta anos depois do original, aproveitando-se da sugestiva data demoníaca de 06/06/06, pelo menos o resultado não foi comprometedor e novamente o tema de “A Profecia” veio à tona, denunciando de forma assustadora a chegada do Anticristo na Terra.

“A Profecia” (The Omen, 2006) # 385 – data: 17/06/06 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 18/06/06)

A Paixão de Cristo (2004)


A Paixão de Cristo”, dirigido por Mel Gibson (que é mais conhecido como ator), é um filme muito bem produzido com algumas seqüências perturbadoras, que muito filme de horror não consegue reproduzir ou alcançar um resultado similar, como por exemplo o início com a participação tentadora do demônio em forma de uma misteriosa mulher, e o incrível flagelo extremamente sangrento contra Jesus Cristo (interpretado por James Caviezel), com violentas chicotadas que arrancavam pedaços de sua carne. Isso sem contar toda a longa e torturante seqüência de crucificação. É um filme perturbador e que inevitavelmente faz com que o espectador saia do cinema pensativo e com várias cenas gravadas na mente por muito tempo. E tem a presença da sempre bela atriz Monica Bellucci, nesse caso no papel de Madalena.

“A Paixão de Cristo” (The Passion of the Christ, 2004) – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Tróia (2004)



Tróia” (Troy, 2004), de Wolfgang Petersen, é uma super produção que procurou recriar alguns dos constantes conflitos por poder que mancharam de sangue a história da humanidade, com guerras violentas decididas na lâmina das espadas.
O ator Brad Pitt, apesar de ser um profissional competente, ficou meio deslocado no papel do imponente guerreiro grego Aquiles, principalmente por sua característica de galã. Talvez o papel ficasse melhor nas mãos de Russell Crowe, que já foi um temível líder guerreiro no cinema, ao estrelar “Gladiador” em 2000.
“Tróia” é um filme recomendável, seja pela grandeza das cenas de batalhas campais, ou seja por tentar retratar momentos conturbados e violentos do passado sangrento de nossa espécie, abordando a irracionalidade do ser humano.

“Tróia” (Troy, 2004) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Hellboy (2004)


Em 30/07/04 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros mais um filme inspirado num personagem de quadrinhos. “Hellboy” (Hellboy) é um anti-herói vindo do inferno num ritual de magia negra e que tornou-se um defensor da humanidade contra monstros e criaturas bizarras.
O filme é exagerado em fantasia, e como não sou fã de super heróis dos quadrinhos (nesse tipo de mídia eu prefiro mais as histórias de horror), não apreciei “Hellboy” o quanto poderia, sendo um filme para ser conferido tranqüilamente apenas no lançamento em DVD, não sendo necessário um investimento maior com um ingresso de cinema.
Ao seu favor o filme possui belos efeitos especiais, monstros convincentes e principalmente uma atuação competente de Ron Perlman como o protagonista “Hellboy”, porém o roteiro é pouco atrativo e fantasioso demais. De qualquer forma, é uma interessante recomendação para os fãs do personagem e de quadrinhos, sendo que uma continuação já foi até anunciada, graças ao sucesso comercial obtido com a boa receptividade do público.

“Hellboy” (Hellboy, 2004) – avaliação: 6,0 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Kill Bill - Volume 2 (2004)


O cineasta Quentin Tarantino nos presenteou com mais uma obra prima de sua brilhante carreira que já possui na galeria filmes como “Pulp Fiction”, “Cães de Aluguel” e “Jackie Brown”.
Em 08/10/04 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros “Kill Bill – Volume 2”, com um elenco de nomes famosos como Uma Thurman, David Carradine, Daryl Hannah e Michael Madsen, sem contar a presença rápida e sempre significativa de Samuel L. Jackson (numa ponta que serve mais como homenagem ao ator).
A violência é menor que no filme anterior, mas ainda assim intensa, e agora temos também uma atenção mais especial à história com a revelação de uma série de eventos amarrados entre si.
Os destaques são duas cenas do mais puro horror, verdadeiro e autêntico, que muito filme do gênero não consegue atingir, como a seqüência da personagem de Uma Thurman sendo amarrada, lacrada viva num caixão de madeira, e soterrada, num sentimento perturbador de claustrofobia, além da cena onde um olho é arrancado literalmente de sua órbita com as mãos num movimento rápido de uma luta violenta entre duas mulheres assassinas (com o olho sendo posteriormente esmagado de forma humilhante pelo pé da vitoriosa).
Programa altamente recomendável e que teve a primeira parte lançada no ano anterior, “Kill Bill – Volume 1”.

“Kill Bill – Volume 2” (Kill Bill – Volume 2, 2004) – avaliação: 8,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Kill Bill - Volume 1 (2003)


Kill Bill – Volume 1”, de Quentin Tarantino, esteve em cartaz nos cinemas brasileiros no primeiro semestre de 2004. O filme é extremamente violento, uma característica da filmografia de Tarantino, com destaque para uma longa seqüência envolvendo uma luta de espadas entre a protagonista (interpretada pela bela Uma Thurman, de “Pulp Fiction”), e um grupo de 88 samurais, com excesso de sangue derramado para todos os lados, cabeças e membros decepados e muita carne dilacerada pela ação destruidora da lâmina cortante das espadas. O diretor Tarantino até optou por filmar boa parte dessa cena em fotografia preto e branco, talvez para diminuir um pouco o impacto do vermelho vivo do sangue. Programa altamente recomendável e que teve uma continuação no ano seguinte, “Kill Bill – Volume 2”.

“Kill Bill – Volume 1” (Kill Bill – Volume 1, 2003) – avaliação: 9,0 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Medo em Cherry Falls (2000)


Em 04/05/01 entrou em cartaz nos cinemas “Medo em Cherry Falls” (Cherry Falls), trazendo no elenco atores menos conhecidos como Brittany Murphy e Gabriel Man, e a experiência de Michael Biehn (de “O Exterminador do Futuro”, “Aliens II” e “A Rocha”).

(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

É mais um típico filme de horror com adolescentes sendo assassinados por um psicopata, que dessa vez é exigente e escolhe suas vítimas procurando apenas jovens virgens, criando com isso o óbvio pretexto para as moças e garotos iniciarem suas vidas sexuais. Como já é um clichê nesses filmes, tanto o início quanto o fim são marcados por violência na atuação do psicopata que começa e termina a história matando adolescentes. Aliás, o assassino mostrou-se um grande incompetente no final quando é atingido por uma rajada de balas de uma policial banhando com seu sangue vários jovens assustados que nem crianças desesperadas e indefesas.
Esse filme consegue a incrível façanha de trazer personagens adolescentes ainda mais idiotas que os dos anos 80 em filmes como “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo”. Se os jovens americanos forem tão estúpidos quanto os desse filme, é compreensível entender a atitude de alguns rebeldes que de vez em quando sacam de poderosas armas e massacram alguns deles nas escolas de lá.
Mas também há algumas poucas qualidades que podem até garantir uma diversão discreta, com um suspense morno, além da oportuna cena final mostrando pequenas cataratas que tornam-se vermelhas de sangue, numa referência ao título do filme “Cherry Falls”.

“Medo em Cherry Falls” (Cherry Falls, 2000) – avaliação: 3,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Evolução (2001)


Na sexta-feira 13 de julho de 2001 (combinação de data rara), estreou nos cinemas a ficção científica com elementos de humor “Evolução” (Evolution), dirigida por Ivan Reitman e estrelada pelo ator televisivo David Duchovny (mais conhecido como o agente do FBI Fox Mulder, de Arquivo X).
Fala da queda de um meteoro espacial num deserto dos Estados Unidos, trazendo consigo uma forma de vida alienígena cuja composição química se transforma rapidamente, num crescimento assustador (a “evolução” do título). Duchovny interpreta um professor universitário de biologia que primeiro entrou em contato com o meteoro e as estranhas formas de vida que se transformaram em monstros voadores e gosmentas criaturas, as quais são depois eliminadas em contato com o selênio de xampus anti caspas de cabelo.
É uma paródia de ficção científica com todos os elementos e clichês característicos do gênero, não faltando cientistas meio loucos, militares arrogantes paranóicos e alienígenas repugnantes, tudo recheado com bom humor. Participam ainda do elenco Julianne Moore (de Hannibal) como uma cientista desastrada, o experiente Dan Aykroyd como um governador de Estado e típico político oportunista, Orlando Jones como o engraçado companheiro de Duchovny, e Seann William Scott como um jovem e incompetente aprendiz de bombeiro e candidato à idiota.
O filme é mediano, despretensioso e com muitos efeitos especiais de primeira qualidade, principalmente na concepção dos monstros e criaturas espaciais, como no gigantesco ser criado pelo efeito do calor de bombas napalm, lembrando uma imensa “bolha assassina” e que é eliminada através da injeção do tal xampu de selênio pela seu suposto “ânus”. Pode-se obter um bom entretenimento sem muita exigência, além de algumas boas risadas.

“Evolução” (Evolution, 2001) – avaliação: 6,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Eu, Robô (2004)


Em 06/08/04 estreou no Brasil o thriller de Ficção Científica “Eu, Robô” (I, Robot), com o astro popular Will Smith (de “Homens de Preto”) numa história de ação futurista baseada em obra literária de Isaac Asimov, um dos maiores escritores de FC de todos os tempos.
Para quem aprecia cinema de orçamento milionário, com uma imensa legião de interessantes robôs, e muitas cenas de ação em efeitos especiais bem produzidos, “Eu, Robô” certamente é uma garantia de duas horas de entretenimento, apesar da presença de Will Smith e suas tradicionais piadas dispensáveis, além de algumas situações inverossímeis e exageradas demais no roteiro.

“Eu, Robô” (I, Robot, 2004) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/06/06)

Drácula 2000 (2000)


Em 30/03/01 entrou em cartaz a mais nova (e enésima) versão do famoso conde vampiro criado por Bram Stoker, “Drácula 2000”, com produção do experiente Wes Craven, criador do psicopata Freddy Krueger de “A Hora do Pesadelo” e da série “Pânico”.
Isso não foi o suficiente para um bom resultado, pois o filme tropeça num roteiro muito ruim e forçado culminando numa ligação direta entre Drácula e Judas Iscariotes, o traidor de Cristo (!). Para mim, qualquer produção sobre o famoso conde vampiro deve ser ambientada na época em que esse personagem real da história viveu, como fez Francis Ford Coppola em 1992 com seu “Drácula de Bram Stoker” (claro que aqui o filme contou com a presença de bons atores como Anthony Hopkins, Winona Rider e Gary Oldman, ao contrário da versão produzida por Craven, composta por um elenco desconhecido e inexperiente).
Existem filmes que não acrescentam nada ao Horror, e este “Drácula 2000” é um deles.

“Drácula 2000” (Dracula 2000, 2000) – avaliação: 3 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/06/06)

O Dom da Premonição (2000)


Em 31 de agosto de 2001 estreou nos cinemas o suspense com elementos sobrenaturais “O Dom da Premonição” (The Gift), dirigido pelo grande Sam Raimi (criador de “The Evil Dead”, 1982, um dos maiores filmes de horror de todos os tempos, e responsável também pelo excelente “Um Plano Simples”, de 1998). Além dessa ótima credencial, ainda tem no elenco a talentosa atriz Cate Blanchett e os conhecidos Keanu Reeves e Giovanni Ribisi.
Annie Wilson (Blanchett) é uma viúva e mãe de três filhos pequenos que possui desde sua infância um dom de premonição, através de imagens em sonhos e na leitura de cartas mediúnicas. Para completar o orçamento familiar, ela trabalha como cartomante em sua pequena cidadezinha e sua rotina começa a se complicar quando é ameaçada pelo marido violento (Reeves) de uma de suas clientes, para quem aconselha se separar devido aos constantes maus tratos, e quando se envolve na denúncia através de suas visões, do assassinato de uma jovem (Katie Holmes), filha de um rico empresário local. Sua situação ainda piora quando também tenta ajudar um jovem maníaco (Ribisi), perturbado mentalmente por ter sido molestado sexualmente pelo pai na infância.
O roteiro é bem interessante, co-escrito pelo ator Billy Bob Thornton, com várias alternativas e situações, misturando elementos sobrenaturais como visões e imagens do além, numa história de suspense com direito a um final no estilo “Além da Imaginação”, além da presença de cenas noturnas bem fantasmagóricas em meio a uma floresta com um lago sinistro e árvores mais parecendo criaturas macabras.

“O Dom da Premonição” (The Gift, 2000) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/06/06)

Dia de Treinamento (2001)


Filmes policiais que mostram o ambiente selvagem das ruas despertam um interesse especial por se tratar de um tema comum a todos nós, a violência urbana que está ao nosso redor e nos atinge impondo um estado de horror real. Dentro desse contexto, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 15/03/02 o filme “Dia de Treinamento” (Training Day), com um excelente elenco principal formado por Denzel Washington e Ethan Hawke, e ainda com coadjuvantes do calibre de Scott Glenn e Tom Berenger.
Washington é o policial Alonzo Harris, da perigosa divisão de narcóticos de Los Angeles, que está recebendo um novo recruta para sua equipe, o jovem Jake Hoyt (Hawke), que para ser aceito por Harris tem que passar um “dia de treinamento” nas ruas com ele, enfrentando todo tipo de violência comum às cidades com investigações sobre tráfico de drogas, tiroteios e pancadaria em geral. Ele tem que para isso enfrentar dois decisivos desafios. O primeiro desafio do inexperiente Hoyt é compreender o temperamento incomum e atitudes estranhas de seu novo superior (que entre outras coisas o obriga a fumar uma droga pesada que o deixa meio “relaxado”), e cujas ações acabam revelando sua verdadeira face como corrupção e envolvimento com situações ilícitas. Numa delas, uma briga com morte em Las Vegas resultou em sua cabeça à prêmio pela máfia russa local. E para escapar da morte, ele tinha que conseguir um milhão de dólares urgente, utilizando para isso todos os seus recursos e influências. O segundo desafio do policial Hoyt é conseguir sobreviver em seu “dia de treinamento” e optar finalmente para qual lado seguir.
Tem ainda as participações rápidas de Scott Glenn como um traficante de drogas e Tom Berenger como um corrupto da polícia. O que realmente impressiona é o ambiente hostil das ruas, no submundo das drogas e ação de gangues, retratando a violência real que domina as cidades e está por todos os lados, independente de país ou situação econômica, seja nos Estados Unidos, Brasil ou qualquer lugar do planeta.
“Dia de Treinamento” é um filme interessante que mantém a atenção do espectador em sua história de violência urbana e corrupção e principalmente por tratar de um tema real em nossos dias.

“Dia de Treinamento” (Training Day, 2001) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/06/06)

O Dia do Terror (2001)


Em 08/06/01 estreou nos cinemas “O Dia do Terror” (Valentine), aproveitando o momento oportuno da semana do dia dos namorados. É mais um thriller de horror adolescente na mesma linha de “Pânico”, criado por Wes Craven em 1996, só que desta vez trazendo a história de um garoto tímido e esquisito, um típico “nerd” que é ridicularizado e maltratado num baile colegial de sua escola quando tenta convidar as belas meninas para dançar (lembra um episódio semelhante em “Carrie, a Estranha”, 1976). Treze anos depois, como um psicopata violento que usa uma máscara, ele passa a matar por vingança seus ex-colegas, na época do dia dos namorados.
No elenco, vale destacar a beleza de Denise Richards (“Tropas Estelares” / “Garotas Selvagens”) e a presença do ator televisivo David Boreanaz, da série “Angel”. No mais, é outro filme com roteiro óbvio, que utiliza um tema já extremamente explorado, repleto de clichês convencionais do gênero, com atores jovens e bonitos, mas que também traz alguns momentos de diversão nas cenas de suspense e mortes. Na verdade, os filmes desse estilo são todos bem parecidos entre si, independentemente de suas épocas de produção, como por exemplo “Dia dos Namorados Macabro” (My Bloody Valentine, 1981), com temática igual e que difere deste “O Dia do Terror” por ser 20 anos mais velho, pelas cenas de mortes mais violentas, por apresentar pequenas mudanças no roteiro (o psicopata tinha outras motivações para sua vingança, usava uma picareta e uma máscara de exploração de minas subterrâneas), e pelos efeitos especiais inferiores e datados, mas ainda assim bastante sangrentos.

“O Dia do Terror” (Valentine, 2001) – avaliação: 5,0 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/06/06)

A Casa de Vidro (2001)


A Casa de Vidro” (The Glass House) é um filme de suspense psicológico que estreou nos cinemas brasileiros em 22/02/02 e que conta a história de um casal de irmãos vividos pela bela adolescente de 16 anos Ruby Baker (Leelee Sobieski, de “Perseguição”) e pelo jovem de 11 anos Rhett (Trevor Morgan), viciado em videogame. Eles repentinamente ficam órfãos num acidente de carro que vitimou seus pais e vão morar com seus novos tutores, um casal de ex-vizinhos, numa bela casa à beira de uma praia em Malibu, toda repleta e decorada de vidros (daí a origem do nome do filme).
Iniciando a adaptação à nova vida, Ruby começa a perceber atitudes estranhas de seus tutores, o misterioso empresário Terry Glass (Stellan Skarsgård), proprietário de uma locadora de carros de luxo e envolvido em negócios obscuros, e sua esposa médica Erin (Diane Lane), viciada em remédios perigosos. Aos poucos, a jovem vai descobrindo uma conspiração envolvendo a morte de seus pais e a herança deixada por eles, tendo que enfrentar a trama criminosa praticamente sozinha, contando apenas com a ajuda pouca produtiva do velho advogado da família, interpretado pelo experiente ator Bruce Dern.
Um filme com produção menor e sem grandes atrativos, num roteiro com muitos clichês e situações comuns, tendo como destaque a paranóia psicótica do personagem Terry Glass, que tem sua mente perturbada pela ameaça mortal de seus credores. Vale conhecer também principalmente pela beleza da jovem atriz Leelee Sobieski.

Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 08/12/04, pela TV Globo, às 22:00 horas na sessão “Cinema Especial”, que acontece às quartas-feiras em ocasiões especiais, quando não há a exibição de algum jogo de futebol.

“A Casa de Vidro” (The Glass House, 2001) – avaliação: 5,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/06/06)

Todo Mundo em Pânico 4 (2006)


Por mais esforço que eu faça, confesso que tenho dificuldade em achar engraçado essas produções que procuram satirizar outros filmes, como por exemplo a franquia “Todo Mundo em Pânico” (Scary Movie), cuja parte 4 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 02/06/06. Mas eu devo fazer parte de uma minoria, pois o sucesso popular alcançado tem incentivado os produtores a continuarem investindo nessa série de filmes, tanto que o capítulo quatro chegou e sua boa receptividade junto ao público já acenou para a produção de um próximo.
Dessa vez a base do roteiro é parodiar principalmente filmes como “Jogos Mortais” (Saw), “Guerra dos Mundos” (War of the Worlds), “O Grito” (The Grudge) e “A Vila” (The Village), se bem que falar em roteiro nesse caso não é exatamente apropriado, pois história é uma coisa que não existe quando o assunto é “Todo Mundo em Pânico”, onde pouca coisa faz sentido e o objetivo é apenas fazer piada de tudo. Mas, acho que é justamente nesse ponto que identifico uma falha grave nessa série e em todos os filmes similares, pois acredito que fazer um filme sem história não parece uma tarefa difícil, assim como transformar em piada várias situações já conhecidas pelo público que acompanha cinema. Porém, acho que o desafio mesmo é conseguir contar uma história com um mínimo de coerência e também conseguir ao mesmo tempo a façanha de tornar os eventos escolhidos de outros filmes em situações de humor sem banalização das idéias.
A história é algo mais ou menos assim: Cindy Campbell é uma jovem atrapalhada (Anna Faris, que esteve em todos os filmes da série), que vai visitar um amigo, Tom Logan (Charlie Sheen). Ele sofre um acidente fatal, mas antes, porém, havia indicado para Cindy um emprego para cuidar de idosos. A “vítima” da jovem é uma senhora doente (Cloris Leachman) que mora numa casa amaldiçoada pelo “grito”, ou melhor, espírito perturbado de um garoto. Ela conhece também o vizinho, Tom Ryan (Craig Bierko), um pai em constante conflito com os dois filhos adolescentes. Quando eles tentam começar um romance, todos são surpreendidos por uma invasão alienígena, uma “guerra dos mundos” com enormes máquinas que andam sobre tentáculos destruindo tudo pela frente. Paralelamente, Cindy reencontra sua amiga acéfala Brenda (Regina Hall, que também participou de todos os filmes da franquia), e juntas tentam descobrir o segredo da maldição da casa e uma forma de salvar o mundo dos alienígenas, encontrando pelo caminho uma misteriosa “vila” com hábitos bem estranhos e desatualizados. E no meio disso tudo, ainda existe um psicopata que gosta de brincar com as pessoas através de “jogos mortais”.
É plenamente possível rir de algumas cenas que aparecem no filme como o drama inusitado enfrentado por Tom Logan (num paralelo com o personagem de Bill Pullman em “O Grito”), ao ingerir acidentalmente uma grande quantidade de remédios para estimular a ereção, ou ainda o equívoco desconcertante da personagem cega (feita por Carmen Electra) satirizando “A Vila”, quando ela entra no meio da sessão de um tribunal pensando que estava no banheiro de sua casa, e procura aliviar de forma barulhenta toda a tensão de uma prisão de ventre. Mas, por outro lado, existem várias tentativas de humor que não funcionam e que nem valem a pena citar, senão eu teria que contar o filme inteiro. Ou seja, o resultado final não é o suficiente para ganhar tanto destaque nas bilheterias, e não acho que vale o valor do ingresso pago, aliás, questiono até a exibição nos cinemas, podendo tranqüilamente ser lançado apenas diretamente no mercado de vídeo.
Uma curiosidade é a presença de alguns atores experientes em participações rápidas como Michael Madsen (num segmento satirizando “Guerra dos Mundos”), Cloris Leachman (numa seqüência fazendo piada de “O Grito”), e James Earl Jones (numa narração final), além de outros como Leslie Nielsen (fazendo novamente um Presidente dos Estados Unidos patético) e Bill Pullman, que apesar de ambos emprestarem seus talentos, eles não conseguem impedir que o filme deixe de ser apenas mais um produto que se esquece facilmente... aliás, de que filme estou falando mesmo?...

“Todo Mundo em Pânico 4” (Scary Movie 4, 2006) # 384 – data: 13/06/06 – avaliação: 4,0 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 15/06/06)

Caminho Sem Volta (2000)


O despretensioso filme policial “Caminho Sem Volta” (The Yards) entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 22/06/01, trazendo uma trama típica “noir” envolvendo corrupção no sistema metroviário de New York, através de licitação para manutenção dos trens. A situação fica complicada quando ocorre um assassinato de um vigia num momento de sabotagem em um trem de uma das empresas em sua concorrente, e um jovem rapaz ex-presidiário com intenção de viver honestamente na sociedade é envolvido ingenuamente.
É um drama policial bem construído e atrativo, principalmente pela participação de um ótimo elenco formado pelos experientes James Caan, Ellen Burstyn e Faye Dunaway, além dos jovens Mark Wahlberg (da refilmagem de “Planeta dos Macacos”, 2001), Joaquin Phoenix (novamente como vilão, a exemplo de “Gladiador”) e a beleza de Charlize Theron.

“Caminho Sem Volta” (The Yards, 2000) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 12/06/06)

Animal (2001)


No dia 15/11/01 estreou nos cinemas brasileiros a comédia com elementos de ficção científica “Animal” (The Animal), com o comediante Rob Schneider interpretando um desajeitado arquivista administrativo da polícia que tenta várias vezes passar nos testes para se tornar um policial de verdade. Quando numa emergência ele tenta interceptar um assalto a um restaurante, sofre um grave acidente com seu carro, que despenca de um enorme precipício.
Um “cientista louco” aparece e o salva realizando uma experiência genética implantando órgãos de diversos animais como macaco, cachorro, boi, cavalo, bode e outros, transformando-o num misto de homem com instintos e atitudes animais. Isso faz com que tenha um olfato super aguçado conseguindo o cargo de “policial farejador” após o sucesso ao encontrar drogas num aeroporto, escondidas no ânus de um traficante. Aos poucos ele percebe sua nova situação e tenta conviver, juntamente com uma bela ecologista protetora dos animais (Colleen Haskell), na sociedade dos complicados homens.
Comédia dirigida por Luke Greenfield, com apenas uma vaga idéia central de ficção científica e muito humor em algumas boas cenas como na briga do atrapalhado policial com um engraçado orangotango ou no salvamento de uma criança num lago, imitando um golfinho. Porém, nada além de um passatempo barato, num filme mediano que se esquece rapidamente.
Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 18/10/04, pela TV Globo, na sessão “Tela Quente”.

“Animal” (The Animal, 2001) – avaliação: 5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 12/06/06)

Ameaça Virtual (2001)


(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

Em 27 de abril de 2001 estreou nos cinemas brasileiros “Ameaça Virtual” (AntiTrust), trazendo Tim Robbins como o magnata da informática Gary Winston, dono da NURV, uma espécie de clone de Bill Gates e sua Microsoft, que domina o mercado mundial digital dos softwares utilizando-se de meios ilegais para isso, roubando as idéias dos programadores de “garagem” (os chamados “geeks”) e eliminando-os eventualmente.
Para lançar um novo sistema de telecomunicações via satélite chamado Synapse, o empresário recruta um jovem e inteligente programador (Ryan Phillippe), que ao investigar a morte suspeita de um amigo também programador, acaba descobrindo toda a conspiração criminosa de corrupção onde estão envolvidos membros de todos os lugares, até do Ministério da Justiça. Ajudado por outros amigos, ele consegue desmascarar a farsa em rede nacional ao vivo.
É uma crítica social ao monopólio da informática insinuando o ambiente sem escrúpulos das megas corporações que dominam esse mundo virtual. Um thriller com elementos de ficção científica e clichês convencionais.

“Ameaça Virtual” (AntiTrust, 2001) – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 12/06/06)

Alien Vs. Predador (Alien Vs. Predator, 2004)


Confirmando a tendência de misturar personagens de filmes diferentes numa mesma história, num estilo parecido com o que aconteceu com “Freddy vs. Jason”, lançado em 2003, tivemos agora mais um crossover do gênero fantástico, dessa vez envolvendo duas das mais temíveis criaturas alienígenas do cinema: “Alien Vs. Predador” (Alien Vs. Predator, 2004), que chegou ao Brasil em 03/09/04.
É o oitavo filme da franquia, que já tem quatro produções no universo ficcional de “Alien”, monstros horrendos que babam gosmas nojentas, e outros três filmes sobre o “Predador” (incluindo "Predadores"), um alienígena caçador que possui uma tecnologia muito superior à humanidade, com capacidade de invisibilidade e belas e imensas naves espaciais para viajar pelas estrelas.
Com direção do especialista no gênero Paul W. S. Anderson, o mesmo de filmes como “O Enigma do Horizonte”, “O Soldado do Futuro”, “A Visão / Visões” e “Resident Evil – O Hóspede Maldito”, o filme que reúne essas famosas criaturas conta a história de uma imensa pirâmide encontrada na Antártida, soterrada 600 metros solo abaixo. A antiga construção foi descoberta pelos satélites especiais de um industrial bilionário, Charles Bishop Weyland (o sempre presente Lance Henriksen, ator extremamente produtivo), que convoca uma expedição de reconhecimento liderada por Alexa Woods (Sanaa Lathan). Uma vez lá, eles descobrem também que na verdade foram atraídos ao local para servirem de hospedeiros, estando no meio de uma guerra histórica entre duas raças alienígenas monstruosas.
“Alien Vs. Predador” é carregado de belos efeitos especiais e muita ação e violência, com elementos que lembram outros filmes como “A Múmia” (1999), devido ao clima de aventura arqueológica. Mas inevitavelmente existem muitas cenas exageradas, principalmente envolvendo a protagonista heroína, numa tentativa forçada de relembrar a Tenente Ripley de “Alien”, com um resultado infinitamente inferior. Apesar do excesso de ação e barulho, e horror de menos, o filme ainda assim vale o ingresso do cinema e provavelmente a saga ainda terá continuidade graças ao enorme gancho no final para mais sequências.

“Alien Vs. Predador” (Alien Vs. Predator, 2004) – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 08/06/06)

2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)


Alguns filmes de ficção científica são imortais, clássicos que jamais serão esquecidos e sempre que possível serão reverenciados. “2001: Uma Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey), filmado em 1968 pelo genial e já falecido cineasta Stanley Kubrick, certamente é um deles, pois tornou-se uma referência dentro do gênero.
Ao conhecê-lo pela primeira vez, a sensação é estranha, o filme é grandioso, repleto de belos efeitos especiais, trilha sonora com música clássica, enormes naves espaciais, poucos diálogos e história de complexa interpretação, sendo necessário uma atenção especial para compreendê-lo.
Mas, após conhecê-lo melhor é inevitável o impacto impressionante de suas imagens e a transmissão de sua idéia central, através de um artefato descoberto na nossa Lua pela humanidade, deixado como uma sonda automática por uma raça alienígena super inteligente num passado longínquo, com o objetivo de monitorar a evolução da raça humana e ser informada quando estivesse conquistando as estrelas.
O ano de 2001 acabou tornando-se uma marca para as gerações que acompanharam o filme, como uma referência de um futuro onde o Homem estaria realizando a tão esperada odisséia no espaço, o que de forma frustrante não se verificou na realidade, apesar dos notáveis avanços científicos, visto que esse futuro já chegou, logo vai passar e estamos ainda muito longe das viagens interestelares tripuladas, para a conquista do espaço e contato com outras raças inteligentes. Ou seja, continuamos ainda no campo da ficção científica, porém o filme continuará sendo sempre um grande momento de entretenimento.

“2001: Uma Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey, 1968) – avaliação: 10 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 07/06/06)

Vôo Noturno (Red Eye, 2005)


O diretor Wes Craven já foi um cineasta que despertava a admiração dos fãs do cinema fantástico, principalmente por filmes como “Aniversário Macabro” (72) e “Quadrilha de Sádicos” (77), além de criar a franquia de sucesso “A Hora do Pesadelo” (84), apresentando Freddy Krueger como um dos mais populares psicopatas do cinema moderno, e a série “Pânico” (96), impulsionando uma onda de filmes de horror adolescente com a temática de psicopata mascarado. Mas, atualmente ele é um exemplo de uma completa e total decepção, um diretor sem inspiração e com a imagem associada a filmes ruins e descartáveis como “Amaldiçoados” (Cursed), que chegou ao Brasil em 15/07/05, e agora com “Vôo Noturno” (Red Eye), que entrou em cartaz em nossos cinemas quase dois meses depois, em 09/09.

Na história, a gerente de um hotel em Miami, Lisa Reisert (Rachel McAdams), que possui uma rotina de vida agitada e tem medo de viagens aéreas, está em Dallas e segue caminho num vôo noturno de volta para casa, sendo aguardada por seu pai divorciado, interpretado por Brian Cox. Ainda no saguão do aeroporto, ela conhece um jovem educado e simpático, Jackson Rippner (Cillian Murphy, de “Extermínio” e “Batman Begins”), que fica sentado na poltrona ao seu lado durante o vôo. Após uma conversa inicial amigável, o homem acaba revelando seus reais objetivos, apresentando-se como um terrorista que exige dela uma intervenção no hotel para a transferência de quarto de um importante hóspede membro do governo americano, o Secretário da Segurança Nacional William Keefe (Jack Scalia), que estaria juntamente com a família sendo alvo de um atentado, e caso a moça não colaborasse seu pai seria assassinado.

“Vôo Noturno” é um thriller tão trivial que chega a ser irritante. É apenas mais um filme igual a centenas de outros com a mesma temática e com histórias tão previsíveis que a única forma de não se saber muito antecipadamente o que irá acontecer é dormir durante a projeção. Enquanto a ação se passa no interior de um avião durante um incômodo e turbulento vôo noturno, o filme até que consegue agradar e prender a atenção do espectador, através de um interessante jogo psicológico travado entre o vilão frio e calculista e a mocinha vítima de seu plano terrorista. Mas, depois que o avião aterrissa no aeroporto de Miami, sucede-se uma série de perseguições, correrias e eventos patéticos previsíveis até culminar num desfecho extremamente óbvio, onde no final a verdadeira vítima é o espectador que esperava algo diferente, fora do convencional e principalmente mais ousado por parte do diretor Wes Craven, que deveria no mínimo tentar honrar seu passado no cinema de horror e respeitar o público que admira seu trabalho dentro do gênero. Porém, ocorre o contrário, pois aquele vilão estrategista e ameaçador de antes, tornou-se um completo incompetente onde até uma menina adolescente de onze anos (aliás, um personagem totalmente dispensável na história), consegue fazê-lo de idiota, ainda no corredor do avião em sua chegada ao aeroporto.
Em meus comentários sobre filmes em geral, nunca tive a menor intenção de influenciar alguém a ver ou não um filme, pois acredito que opinião pessoal é algo subjetivo e todo e qualquer filme deve ser visto para que o espectador tenha a sua própria avaliação. E por isso mesmo sugiro sempre a todos que vejam o filme que quiserem, independente se as análises críticas são favoráveis ou não. A única coisa que gostaria de registrar é que após sair da sala de cinema e com esse “Vôo Noturno” se somando a já imensa lista de filmes que assisti na vida, surgiu uma desconfortável sensação de perda de um precioso tempo que poderia ser melhor aplicado em outras atividades, além de um prejuízo financeiro.

Entre as curiosidades temos a presença do veterano ator Robert Pine, como um cliente do hotel, exageradamente exigente e cuja impertinência conseguiu até irritar a gerente Lisa numa piadinha detestável no final do filme. Ele que foi o chefe dos guardas rodoviários, Sargento Joseph Getraer, na série de TV “Chips” (1977/83), exibida exaustivamente na televisão brasileira na década de 80. Outro detalhe curioso é a participação de Wes Craven e do roteirista Carl Ellsworth como passageiros do avião.

Os responsáveis pela escolha dos nomes nacionais dos filmes que chegam por aqui dificultaram ainda mais a tarefa de catalogação e pesquisa da imensa quantidade de filmes que são exibidos no Brasil, pois o nome “Vôo Noturno” já pertencia a um filme de 1998, que curiosamente é inspirado na obra literária de Stephen King. Com o nome original “The Night Flier”, a direção é de Mark Pavia e o elenco é liderado por Miguel Ferrer, sendo uma adaptação da história “O Piloto Noturno”, do livro de contos “Pesadelos e Paisagens Noturnas” (Nightmares & Dreamscapes, 93).

“Vôo Noturno” (Red Eye, 2005) # 336 – data: 10/09/05 – avaliação: 3 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 04/06/06)

A Visão (2000)


Um serial killer assassinou 8 vítimas. Para salvar a 9ª, Michael Lewis precisa fazer contato com as únicas testemunhas – as vítimas mortas.

Com o lançamento em 1999 do filme “O Sexto Sentido” (The Sixth Sense), estrelado por Bruce Willis e o garoto Haley Joel Osment, uma interessante temática do cinema de horror tornou-se alvo para os roteiristas: a comunicação com os mortos. A famosa frase “Eu vejo pessoas mortas”, eternizada em “O Sexto Sentido”, passou a servir de base para argumentos em uma grande quantidade de filmes posteriores como por exemplo “A Visão” (The Sight, 2000), uma co-produção entre Estados Unidos e Inglaterra especialmente feita para a televisão, dirigida, escrita e produzida por um especialista em cinema fantástico dos últimos anos, o inglês Paul W. S. Anderson, o mesmo cineasta por trás de “O Enigma do Horizonte” (97), “O Soldado do Futuro” (98) e “Resident Evil – O Hóspede Maldito” (2002), entre outros, e que está dirigindo também o crossover “Alien x Predator”, com previsão de lançamento no final de 2004.

“A Visão” apresenta uma atraente história de suspense envolvendo manifestações de fantasmas e interligação entre os mundos dos vivos e mortos. Um arquiteto americano, Michael Lewis (Andrew McCarthy), recebe uma proposta de trabalho para restaurar um antigo hotel em Londres, Inglaterra. O prédio esconde segredos e mistérios entre suas paredes, principalmente num quarto secreto mantido fechado pelo proprietário. Enquanto isso, o arquiteto começa a enfrentar uma série de eventos estranhos como visões de espíritos e sonhos assustadores, vindo a descobrir que ele é uma pessoa com poderes especiais capazes de se comunicar com os mortos. A partir daí, ele recebe uma missão para tentar auxiliar um grupo de crianças mortas que foram assassinadas brutalmente por um serial killer, e que por isso se encontravam no limbo, uma região transitória entre a terra e o céu que as impedia de descansar em paz, precisando primeiro livrar-se do tormento da morte violenta.
Uma vez aceitando o desafio, Lewis entra em contato com uma investigadora da polícia, Detetive Pryce (Amanda Redman), e juntos eles tentam descobrir a identidade do assassino de crianças, o qual está imitando os mesmos passos de um antigo psicopata que matou várias crianças no passado. O novo maníaco já matou oito inocentes vítimas e conforme indica a tagline promocional do filme (reproduzida no início desse texto), para evitar a morte da nona criança, o arquiteto americano precisará da ajuda dos mortos.

Em “A Visão” encontramos todos aqueles elementos característicos de filmes de fantasmas, explorando com uma história interessante e repleta de detalhes que se complementam, a idéia de comunicação com os mortos, uma virtude reservada apenas para poucos. O roteiro é cheio de reviravoltas, pequenas surpresas, momentos de tensão e sustos com a aparição de espíritos perturbados, e apresenta um final instigante e de grande impacto e reflexão. Entre os destaques memoráveis temos as cenas revelando a libertação dos espíritos dos mortos de sua vida na Terra, ao subirem uma escada circular rumo ao descanso nos céus. Para quem aprecia um filme curto, com menos de uma hora e meia de duração, numa interessante história de fantasmas com elementos de horror e thriller policial, “A Visão” é um ótimo programa de entretenimento.

O filme recebeu o nome nacional de “A Visão” quando exibido na televisão, que é coerente com a história, sendo corretamente a tradução literal do original “The Sight”. Aliás, curiosamente, na distribuição na Inglaterra em 1999 o filme recebeu o nome alternativo de “Shadows”, que traduzindo significa “Sombras”. E ao ser lançado no mercado de vídeo VHS e DVD no Brasil, em Junho de 2004, o nome escolhido foi “Visões”.
Outra curiosidade foi uma seqüência de pesadelo do personagem principal, o arquiteto Michael Lewis, onde ele se vê caminhando pelas ruínas de uma New York semi destruída, num cenário pós-apocalíptico. Entre a destruição da cidade, pode-se visualizar vários prédios e monumentos famosos afetados tragicamente, como a “Estátua da Liberdade” e as duas torres gêmeas do “World Trade Center”, que na época da produção do filme ainda existiam, tornando-se um fato de bizarra curiosidade após os atentados terroristas de 11/09/2001 que dizimaram milhares de pessoas e derrubaram as torres ao chão. Por coincidência, “A Visão” foi exibido na TV Globo em 29/05/04, na sessão “Supercine”, um dia após o lançamento mundial do filme catástrofe “O Dia Depois de Amanhã” (The Day After Tomorrow), um “blockbuster” que mostra os efeitos destrutivos da reação da natureza contra o planeta, devido a uma série de agressões que a humanidade historicamente tem feito ao meio ambiente da Terra, e que entre outras tragédias, mostra a cidade de New York sendo destruída por um imenso maremoto seguido de uma forte e longa tormenta de neve, instaurando uma nova era glacial.

“A Visão / Visões” (The Sight, 2000) # 257 – data: 30/05/04 – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 04/06/06)

Vidocq - O Mito (2001)


Uma das mais antigas lendas do Quartier du Temple, O Alquimista seria ao mesmo tempo sábio e assassino. Para os moradores, toda morte não resolvida é cometida por ele. Para alguns, ele não tem rosto; para outros, ele tem todos os rostos. Para outros, ainda, seu rosto é um espelho que aspira as almas. Aquele a quem a máscara refletir perderá sua alma.

Quem teve o desprazer de assistir “Mulher-Gato”, que foi exibido nos cinemas brasileiros em 2004, um dos filmes mais intragáveis dos últimos tempos, não imaginaria que seu diretor, Pitof, antes de cometer essa atrocidade fazendo um filme americano, tinha sido o responsável alguns anos antes por um thriller francês muito interessante. Trata-se de “Vidocq – O Mito” (Vidocq, 2001), com o ótimo ator Gerard Depardieu liderando o elenco, e que foi lançado no mercado nacional de vídeo no final de 2004, pela “Europa Filmes”.

A história é ambientada em 1830 em Paris, onde o popular detetive Vidocq (Gerard Depardieu), um ex-presidiário que se juntou à polícia, está caçando um assassino misterioso pelas ruas da capital francesa. Conhecido como “O Alquimista”, o criminoso utiliza uma máscara em forma de espelho, que segundo uma lenda serve para aprisionar as almas de suas vítimas, dando-lhe imortalidade e poderes fora do comum como extrema agilidade nas performances de lutas corporais.
Após muito tempo investigando o rastro do assassino, Vidocq o encontra nos subterrâneos de uma fábrica de espelhos e na luta decisiva, o detetive desaparece deixando a polícia e a população apreensiva com o alquimista solto nas ruas. Logo após o sumiço de Vidocq, surge um jovem, Etienne Boisset (Guillaume Canet), procurando o sócio do detetive, Nimier (Moussa Maaskri), se identificando como um jornalista e biógrafo oficial dele. Sua intenção é concluir o livro sobre a vida do famoso detetive, além de continuar a busca pelo assassino como forma de vingança.
A princípio relutante, depois Nimier conta ao jovem biógrafo o início da caçada de Vidocq ao alquimista, onde o policial foi contratado por um antigo chefe, o arrogante político Lautrennes (André Dussolier), para investigar um caso misterioso conhecido através dos jornais como “A Conspiração do Raio”, e que poderia ter motivação política. Dois empresários ricos e bem sucedidos, o fabricante de armas Louis Belmont (Jean-Pol Dubois) e o químico Simon Veraldi (André Penvern), haviam sido assassinados por um raio vindo do céu que os incinerou de forma fulminante. Juntamente com o médico e dono de um hotel Ernest Laffite (Giles Arbona), também morto em circunstâncias misteriosas, os três formavam um grupo de “dandis” pervertidos que veneravam suas próprias imagens, cultuando a aparência, a estética e a elegância como obra de arte, obcecados para não envelhecerem.
A investigação de Etienne o leva também a conhecer várias outras pessoas com envolvimentos no caso como a bela dançarina Préah (Inés Sastre), o jornalista Froissard (François Chattot) e a esposa de Laffite, uma mulher constantemente drogada viciada em ópio, Marine (Isabelle Renauld). Além de cruzar constantemente seu caminho com um outro policial que também investiga o desaparecimento de Vidocq e as ações do alquimista, o Sr. Tauzet (Jean-Pierre Gos), que tenta encontrar algum indício de conspiração política nos eventos envolvendo as mortes dos ricaços.

O filme é um thriller que prende a atenção do espectador durante toda a projeção, ao contar a investigação tanto de Vidocq (em cenas de flashback), quanto do jovem Etienne, nas busca por informações que levem ao assassino sobrenatural conhecido como “O Alquimista”. Em meio a tudo isso, alguns elementos importantes para a trama vão sendo acrescentados como a utilização com objetivos sinistros de jovens mulheres virgens pelo criminoso, as quais eram recrutadas oferecendo dinheiro para famílias pobres liberarem suas filhas. E é claro que algumas revelações são apresentadas ao longo do filme, na condução e elucidação paulatina da investigação, assim como o desfecho também reserva uma surpresa interessante.
“Vidocq – O Mito” tem um subtítulo nacional totalmente desnecessário, em mais um equívoco dos responsáveis na escolha dos nomes brasileiros dos filmes que chegam por aqui. Porém, trata-se de um thriller divertido, bem sutil em termos de violência e sangue, mas com uma história atraente e a presença do grande ator Gérard Depardieu, constituindo-se num bom exemplo do cinema fantástico francês desse início de século 21, abordando temas como uma lenda sobrenatural, investigação policial e conspiração política, ao lado de outros filmes igualmente interessantes como “Pacto dos Lobos” (Le Pacte Des Loups, 2001), de Christophe Gans e com Mark Dacascos, Vincent Cassel e a belíssima Monica Bellucci.

“Vidocq – O Mito” (Vidocq, 2001) # 316 – data: 28/05/05 – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
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Vidocq – O Mito (Vidocq, França, 2001). Duração: 95 minutos. Direção de Pitof. Roteiro de Pitof e Jean-Christophe Grangé. Elenco: Gérard Depardieu (Vidocq), Guillaume Canet (Etienne Boisset), Inés Sastre (Préah), André Dussollier (Lautrennes), Edith Scob (Sylvia), Moussa Maaskri (Nimier), Jean-Pierre Gos (Tauzet), Isabelle Renauld (Marine Laffite), Jean-Pol Dubois (Louis Belmont), André Penvern (Simon Veraldi), Gilles Arbona (Ernest Laffite), Jean-Marc Thibault (Leviner), François Chattot (Froissard).

Vanilla Sky (2001)


Em mais um aniversário da grande cidade de São Paulo em 25 de janeiro de 2002, entrou em cartaz nos cinemas o suspense psicológico com elementos de ficção científica “Vanilla Sky” (Vanilla Sky, 2001), trazendo no elenco Tom Cruise, Penélope Cruz e Cameron Diaz, num triângulo amoroso de graves conseqüências.
Cruise interpreta o jovem David Aames, filho de um rico empresário proprietário de uma grande editora que faleceu e deixou a empresa em suas mãos com a maioria das ações, dividindo o poder com uma diretoria formada por um grupo de sete executivos. David tem um caso amoroso com Julie Gianni (Cameron Diaz) e na festa de seu aniversário conhece e se apaixona por Sofia Serrano (Penélope Cruz), uma jovem espanhola apresentada a ele por seu melhor amigo. As coisas começam a se complicar quando sua amante Julie furiosa e com ciúmes decide se suicidar jogando seu carro por um viaduto e com a companhia de David. Ela morre e ele sobrevive, porém com o rosto desfigurado e o braço direito destruído. A partir daí fatos estranhos surgem ao redor do jovem empresário, que é preso acusado de assassinato e já não consegue mais distinguir o que é sonho (ou pesadelo) e realidade.
Anunciado como uma história de suspense, na verdade “Vanilla Sky” (o nome vem de um quadro valioso de Monet) é um thriller de ficção científica de menor impacto porém nos mesmos moldes dos similares “Matrix”, “O 13o Andar” ou “ExistenZ”, onde uma linha muito tênue separa os mundos dos sonhos e da realidade, envolvendo experiências de criogenia em seres humanos e eventos no futuro. Tom Cruise está bem no papel de um jovem confuso com o mundo ao seu redor, vindo somente mais tarde a saber a verdade dos fatos, tendo como conselheiro na prisão o psicólogo Dr. McCabe, interpretado por Kurt Russell (é interessante vê-lo num papel mais dramático, saindo um pouco dos seus habituais filmes de ação), e tendo como amantes as belíssimas Penélope Cruz (Cruise iniciou um romance com a atriz fora das telas após sua separação com Nicole Kidman) e Cameron Diaz (uma das agentes da refilmagem de “As Três Panteras”).
O roteiro é muito interessante, no melhor estilo “Arquivo X”, onde constantemente se tem a impressão de uma conspiração na vida de David, que poderia ser manipulada pela diretoria da empresa que quer destituí-lo do poder, e sempre levantando questões sobre o que é ou não realidade. O filme é uma refilmagem do espanhol “Abre los Ojos” (Preso na Escuridão) de 1997, dirigido por Alejandro Amenábar, o mesmo diretor talentoso do drama de horror “Os Outros”, e funciona muito bem como uma trama sombria envolvendo os pesadelos reais ou imaginários de um jovem transtornado em busca da verdade.

“Vanilla Sky” (Vanilla Sky, 2001) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
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Vampiros do Deserto (2001)


No dia 07/12/01 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros o horror “Vampiros do Deserto” (The Forsaken), mais um “road movie” de vampiros no mesmo estilo de “Quando Chega a Escuridão” (Near Dark, 1987).

(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

Um jovem montador de trailers de filmes de horror “B”, Sean (Kerr Smith) pega emprestado um carro e viaja pelas belas estradas dos Estados Unidos rumo à Miami para o casamento de sua irmã. No caminho ele acaba dando carona a um outro rapaz (Brendan Fehr), vindo a descobrir mais tarde que na verdade ele é um “caçador de vampiros”. Numa das paradas numa lanchonete de beira de estrada eles encontram uma garota (Izabella Miko) que havia sido mordida por um vampiro (Johnathon Schaech) e seu sangue infectado por um vírus que algum tempo depois também a transformaria numa criatura da noite, a não ser que o vampiro responsável pelo ataque fosse destruído antes em solo sagrado. O próprio caçador de vampiros também fora infectado há um ano e conseguia prolongar sua vida como um humano normal através de antídotos temporários, procurando por seu agressor viajando pelo interior do país, assim como o próprio Sean também fora mordido involuntariamente pela garota e também passara a procurar por sua cura.
“Vampiros do Deserto” é mais um das centenas de filmes sobre os famosos sugadores de sangue, e nesse caso o filme introduz uma nova variação ao tema explicando a origem do vampirismo através de uma guerra bárbara na Europa de alguns séculos atrás, onde numa batalha mortal entre turcos e franceses, esses últimos num grupo de duzentos soldados foram massacrados restando apenas nove sobreviventes. A lenda dizia que o demônio Abaddom sempre aparecia após as batalhas para aprisionar as almas dos soldados mortos e o grupo de sobreviventes da carnificina fez um pacto com o demônio, menos um dos soldados, que por isso foi assassinado pelos companheiros e teve seu sangue bebido por eles (explicação para a necessidade de sangue para o vampiro). Mais tarde, arrependidos do que fizeram o grupo de oito homens escondeu-se por muito tempo em cavernas sombrias (explicação para a oposição à luz) tomando depois cada um seu rumo diferente pelo mundo ao longo dos séculos sendo chamados de “os abandonados” ou “the forsaken” do título original. Um deles foi destruído pela Inquisição Espanhola, três foram mortos de outras formas, e quatro ainda vagavam pelo planeta, com um na África, um no leste da Europa e dois nos Estados Unidos.
A partir daí, Sean e seu novo amigo passam a caçar o vampiro mestre pelas estradas desertas americanas, seguindo seu enorme rastro de mortes pelas pequenas cidades do caminho, as quais acabavam sempre sendo noticiadas como consequências de assaltos ou obras de “serial killers”, nunca despertando a atenção da polícia para um ato de vampiro.
No final, como já era de se esperar, os jovens conseguem destruir um dos “abandonados” libertando a influência vampírica de Sean e da garota, porém não ainda a do caçador que na verdade fora infectado pelo outro vampiro que vaga pelo país, e eles partem então novamente pelas estradas em busca da outra criatura da noite, propiciando claramente a possibilidade de uma continuação caso seja o desejo dos produtores.
Uma cena forte de grande violência foi quando um guarda rodoviário pára o carro que levava de dia o vampiro escondido no porta malas (ele possui um “escravo” para dirigir durante a luz do sol) e ao abrí-lo é surpreendido com um disparo de espingarda que o arremessa vários metros contra seu próprio carro e ainda agonizando em cima do capô da viatura, o motorista do vampiro incendeia com gasolina o policial que se debate desesperado em meio às chamas.
No mais, é mais um filme mediano de vampiros, com vários clichês do gênero, atores convencionais e alguns absurdos (na maioria dos filmes o vampiro é sempre morto pela exposição à luz solar e é incrível como o confronto final com seus algozes sempre coincide com os últimos momentos da noite e início do amanhecer com o sol aparecendo numa velocidade espantosa e bem conveniente). Porém, tem também seu interesse com algumas boas cenas noturnas de perseguição pelas estradas e a introdução de novas idéias para o surgimento do vampirismo.

“Vampiros do Deserto” (The Forsaken, 2001) – avaliação: 6 (de 0 a 10)
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A Última Viagem (2001)


O famoso “Triângulo das Bermudas”, localizado na região do Caribe, é um local misterioso conhecido pelo desaparecimento de aviões e navios repentinamente quando invadiam seus domínios. O cinema fantástico tem explorado com bastante intensidade esse argumento fascinante levantando uma série de questões sobre o estranho fenômeno, sendo uma delas a existência de um portal de acesso a uma outra dimensão desconhecida por nós, e que poderia esconder perigos inimagináveis. Dentro dessa idéia foi lançado em 2001 mais um filme abordando o tema, uma produção especial para a televisão chamada aqui no Brasil de “A Última Viagem” (Lost Voyage), dirigida pelo estreante Christian McIntire e com elenco formado por Judd Nelson e o sempre presente Lance Henriksen.

Um luxuoso navio de turismo chamado “Corona Queen”, que fez sua viagem inaugural em 1968, desapareceu quatro anos depois enquanto navegava pelas águas do “Triângulo das Bermudas”. Considerado como mais um mistério sem solução, ele é esquecido, porém reaparece 25 anos depois no Oceano Atlântico e desperta a atenção de uma equipe de resgate de embarcações perdidas em alto mar, que quer chegar ao navio antes da guarda costeira. A equipe é liderada por um funcionário da empresa proprietária do navio, David Shaw (Lance Henriksen), e mais dois ajudantes, Dazinger (Jeff Kober) e Fields (Mark Sheppard). Eles são recrutados também para levar de helicóptero uma equipe de jornalistas de um programa insólito de televisão chamado “Diário do Inexplicável”, que juntamente com um parapsicólogo pretendem fazer uma matéria diretamente no navio que estava desaparecido. O grupo é formado pelas repórteres rivais Dana Elway (Janet Gunn, de “Carnossauro 3”, 96) e Julie Largo (Scarlett Chorvat), pelo cinegrafista Randall Banks (Richard Gunn), e por Aaron Roberts (Judd Nelson, de “Hospício Maldito”, 2001), estudioso de fenômenos paranormais e que teve seu pai e madrasta desaparecidos no “Corona Queen” nos anos 70.
As sete pessoas são então deixadas no navio numa noite de tempestade e mar agitado, e encontram a enorme embarcação totalmente vazia. A partir daí, eles passam a enfrentar uma série de eventos misteriosos à bordo, permanecendo ainda nas imediações do “Triângulo das Bermudas”, uma região envolvida em lendas obscuras, e entre as quais uma que revela a existência de um portal dimensional que se abre para as profundezas do inferno. Ao voltar do limbo, o navio trouxe alguma entidade maligna com ele, a qual procura explorar os medos e fraquezas de cada um dos invasores, que agora terão que enfrentar a fúria de algo desconhecido e lutarem por suas vidas.

“A Última Viagem” é mais um filme sobre ambientes assombrados, sendo nesse caso um navio que ficou desaparecido por longos anos e ressurge trazendo algo de outro mundo para a nossa dimensão e realidade. É uma produção típica para a TV, com poucos sustos e moderadas cenas de mortes, sangue e violência (apesar de termos cadáveres por eletrocussão e por esmagamento de pesadas correntes, entre outras coisas), investindo mais numa história de mistério com um clima de suspense mediano. Não tem nada de novo ou marcante, apenas apresenta os velhos clichês de filmes similares. Na verdade, as histórias de fantasmas possuem sempre as mesmas características, sejam elas ambientadas numa mansão assombrada, ou um navio amaldiçoado, ou uma nave estelar perdida na imensidão do espaço sideral. Porém, o tema é sempre interessante e pode garantir alguns momentos de diversão rápida sem muita exigência. E para isso, basta relaxar e tentar entrar no clima de mistério que envolve o navio e sua viagem de volta do além. Alguns filmes recentes que exploraram igualmente o tema e que vem rapidamente à memória após assistir “A Última Viagem” são “Enigma do Horizonte” (97), que é anterior e é passado no espaço com uma nave à deriva, e “Navio Fantasma” (2002), que foi produzido depois e também é ambientado no mar, com um enorme navio reaparecendo após muitos anos desaparecido.
Algumas curiosidades interessantes são a presença do ator Robert Pine, que aparece em algumas cenas como um chefe de televisão, Mike Kaplan. Ele nasceu em 1941 e é um rosto conhecido por sua participação no elenco fixo da nostálgica série de TV “Chips” (1977/83), no papel do Sargento Joseph Getraer. A série mostrava a rotina de trabalho de dois policiais rodoviários em suas imponentes motocicletas Harley Davidson, em meio a problemas com acidentes de trânsito e perseguições de ladrões. O diretor Christian McIntire é mais conhecido como técnico de montagem e edição, e “A Última Viagem” é seu filme de estréia. No momento ele está envolvido no projeto de outro filme de Horror e FC para a TV, “Phantom Force”. Aliás, o nome nacional do filme seria mais apropriado como “Viagem Perdida”, numa tradução literal do original “Lost Voyage”, mas o título escolhido também não foi ruim, pois para o “Corona Queen” foi realmente “a última viagem”. O ator Lance Henriksen é uma figura carimbada no gênero fantástico, com uma carreira com quase 100 filmes e muitos deles dentro do Horror e FC. Nascido em 1940, seu rosto é bem conhecido pela série de TV de Chris Carter “Millennium” (96/99), no papel do policial Frank Black. Um de seus próximos projetos no gênero é o esperado crossover “Alien Vs. Predator”, com lançamento para o segundo semestre de 2004. Em determinado momento de “A Última Viagem”, quando o assunto é o desaparecimento de navios na região do “Triângulo das Bermudas”, é citado o famoso caso do navio “Mary Celeste”, uma das origens das lendas sobre navios fantasmas. Segundo informações históricas, “Mary Celeste” foi uma embarcação real que partiu dos Estados Unidos em 1872 com destino à Europa, e foi encontrada várias semanas depois vagando errante na imensidão azul do mar, sem avarias significativas, com a carga quase intacta e sem tripulação, que desapareceu inexplicavelmente num grande mistério até hoje.

“A Última Viagem” (Lost Voyage, 2001) # 240 – data: 19/04/04 – avaliação: 5 (de 0 a 10)
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A Última Profecia (2002)


Nos últimos anos tem surgido muitos filmes explorando a temática de premonições ou profecias, como por exemplo “A Premonição” (In Dreams), com Annete Benning, “O Dom da Premonição” (The Gift), dirigido por Sam Raimi ou “O Mistério da Libélula” (Dragonfly), estrelado por Kevin Costner, citando apenas três deles. Aumentando ainda mais essa lista, entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 04/10/02 o thriller com elementos sobrenaturais “A Última Profecia” (The Mothman Prophecies), dirigido por Mark Pellington (do drama de terrorismo “O Suspeito da Rua Arlington”), e com elenco liderado por Richard Gere ao lado da bela Laura Linney.
A história é baseada em fatos reais narrados em livro do jornalista John A. Keel, que descreveu a ocorrência de estranhos e misteriosos fenômenos que estavam relacionados à premonição de uma grave tragédia com muitas vítimas fatais, numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. No filme, Gere interpreta um famoso repórter do jornal “Washington Post”, John Klein, casado com Mary (Debra Messing), e ambos estão à procura de uma casa para morar. Eles a encontram, porém antes de poderem desfrutar o novo lar, ocorre um acidente de carro e a mulher fica ferida. No hospital, descobre-se que ela tem um grave e raro tumor cerebral e antes de morrer ela fez vários desenhos estranhos envolvendo uma visão que teve no momento do acidente com a rápida aparição de uma criatura obscura, algo similar a um “anjo da morte”.
Passados dois anos, o jornalista precisa fazer uma viagem de trabalho e de forma involuntária ele misteriosamente se desvia do caminho e acaba indo parar na pequena cidade de Point Pleasant, em West Virginia, distante centenas de quilômetros do destino original. Lá ele entra em contato com moradores como Gordon Smallwood (Will Patton), que teve visões semelhantes as de sua esposa antes de morrer. Ele passa a receber também estranhos telefonemas anunciando a ocorrência prévia de tragédias, como premonições de desastres envolvendo a morte de muitas pessoas. Tentando entender melhor o que estava se passando, Klein procura um escritor de livros sobre premonições, o veterano Alexander Leek (Alan Bates), que lhe fornece importantes informações sobre o mistério das alucinações com a bizarra criatura sobrenatural. Klein decide então investigar o caso das “profecias do homem mariposa” do título original, auxiliado por uma policial local, Connie Parker (Laura Linney).
“A Última Profecia” é um suspense psicológico intrigante explorando um tema que sempre desperta uma inevitável atração, a existência de fenômenos sobrenaturais envolvendo misteriosas visões. E uma vez utilizando em sua trama uma adaptação de eventos reais acontecidos na década de 1960 na pequena cidade de Point Pleasant, o interesse na história torna-se ainda maior. O filme não tem sangue ou cenas fortes de horror, pois investe em elementos de suspense e tensão crescente, procurando dar forma às aparições de um misterioso ser, o homem mariposa, que aparece antes da ocorrência de grandes tragédias. E o roteiro consegue criar uma interação entre o espectador e o drama enfrentado pelo personagem John Klein, um jornalista bem sucedido cuja vida repentinamente desaba com a morte da esposa e depois com a sucessão de eventos de difícil compreensão que questionam sua própria sanidade. Sem grandes efeitos especiais e contando com uma história inteligente e intrigante cheia de reviravoltas e detalhes que se complementam, “A Última Profecia” estranhamente não foi bem nas bilheterias americanas, mas certamente é um grande entretenimento e um filme interessante que não desapontará os fãs do estilo.

Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 07/08/05 (Domingo), pela TV Record, às 20:30 horas.

“A Última Profecia” (The Mothman Prophecies, 2002) – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
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Todo Mundo em Pânico 2 (2001)


Em 14/09/01 estreou nos cinemas brasileiros a paródia de horror “Todo Mundo em Pânico 2” (Scary Movie 2), sequência do original de 2000, que retorna com o mesmo elenco e a exemplo de seu antecessor também satiriza vários outros filmes, principalmente de horror.
No primeiro episódio, o tema central era brincar com a série “Pânico” de Wes Craven (iniciada em 1996) e citar com muito humor outros filmes similares. Dessa vez, a história foi centrada no filme “A Casa Amaldiçoada” (1999) e várias cenas lembravam sátiras aos filmes “O Exorcista” (cuja versão do diretor foi lançada na mesma época), “O Homem Sem Sombra”, “Hannibal” (na famosa sequência do “cérebro”), “Premonição”, “Revelação”, e até de filmes fora do gênero fantástico como a nova versão da aventura policial de “As Panteras”, “O Tigre e o Dragão” com suas lutas coreografadas, e a catástrofe dos furacões de “Twister” (numa cena onde uma vaca fantasma voa dentro de um tornado), entre outras referências.

(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

O primeiro filme foi um grande sucesso e seguindo uma já histórica tendência do cinema, essa sequência é bem inferior, com algumas poucas passagens realmente engraçadas, que são na verdade as do prólogo do filme onde o alvo é satirizar o clássico “O Exorcista”. Para quem conhece o clássico original, é quase impossível não rir de cenas como a da menina urinando em profusão no tapete da sala na frente dos convidados de uma festa de sua mãe; ou quando um dos padres (o sósia do Padre Karras do original) inicia o ritual exorcista e é provocado pelo demônio que diz que sua mãe estava com eles, e uma velha senhora de repente sai debaixo dos lençóis ao lado da menina possuída; ou quando o outro padre (cópia do Padre Merrin, interpretado com muito humor por James Woods) está sentado numa privada e reza com veemência para obter sucesso na tentativa de defecar, e consegue seu intento com grande estardalhaço; ou ainda quando o mesmo padre fica atraído sexualmente pela garota possuída que faz gestos obscenos com a língua e vocifera para o padre “comê-la” e ele tenta seguir à risca o pedido dela; ou na melhor das sequências, quando os dois padres exorcistas e a garota possuída travam uma verdadeira batalha de vômitos esverdeados que jorram por todos os lados em enormes banhos gosmentos. O restante de “Todo Mundo em Pânico 2” esbarra nos habituais clichês já característicos dessas paródias de filmes de horror e afins, com vários momentos até ridículos. Mas no final o filme vale uma rápida conferida, principalmente pelas sequências satirizando “O Exorcista”.

“Todo Mundo em Pânico 2” (Scary Movie 2, 2001) – avaliação: 5,5 (de 0 a 10)
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