O Ataque dos Insetos (2003)


Com o advento da Segunda Guerra Mundial e a entrada definitiva de várias nações na era atômica, o cinema fantástico investiu suas energias numa infinidade de filmes de baixo orçamento explorando o tema de insetos mutantes que se tornaram gigantescos devido à exposição de radiação, ameaçando a humanidade. São os chamados filmes do subgênero “Big Bug”, cuja fase iniciou-se com o clássico “O Mundo em Perigo” (Them!, 1954), que apresenta formigas imensas.
O tema de insetos gigantes continuou a ser tratado no cinema nas décadas seguintes e parece que apesar de explorado à exaustão, permanecerá para sempre como base para roteiros de filmes, como novamente exemplificado com a produção canadense diretamente para a televisão “O Ataque dos Insetos” (Bugs, 2003), dirigido pelo desconhecido Joseph Conti, que trabalhou na concepção dos efeitos visuais em filmes como “Homens de Preto” e “Falcão Negro em Perigo”.

No prólogo, um policial está perseguindo um criminoso pelas ruas e ambos vão parar nas escavações do túnel de um metrô. Na escuridão do fosso, o policial é surpreendido e trucidado por um inseto enorme similar a um escorpião. Um agente do FBI, Matt Pollack (Antonio Sabato Jr.), é chamado para liderar as investigações e após encontrar vestígios no cadáver que indicavam um ataque de algum inseto misterioso, o policial solicita ajuda para sua amiga Emily Foster (Angie Everhart), uma entomologista que trabalha no Centro de Controle de Doenças.
Então, o agente e a cientista se unem a um grupo de elite da polícia, fortemente armado e liderado pelo agente Benton (Duane Murray), para uma expedição de reconhecimento no túnel com o objetivo de localizar o inseto predador e eliminá-lo para impedir que venha à superfície. Eles recebem também a ajuda de um engenheiro da equipe do metrô, David Reynolds (R. H. Thomson), que conhece profundamente os trens e as estações, além de trabalhar para um empresário ganancioso, Victor Petronovich (Karl Pruner), que mesmo sabendo da existência de algo desconhecido e mortal nas escavações de sua obra, não pretende interromper o trabalho por interesses comerciais.
A partir daí, a equipe de investigação descobre nos subterrâneos um exército de insetos enormes extremamente violentos, rápidos e mortais, que são oriundos de uma época pré-histórica, e que se libertaram após milhões de anos de hibernação, e após um acidente que bloqueou a entrada do túnel, eles terão que enfrentar as criaturas assassinas e lutar desesperadamente por suas vidas.

O título original “Bugs” não poderia ser mais comum e trivial para uma produção sobre insetos, e o nome recebido no Brasil, “O Ataque dos Insetos”, também é oportunista e totalmente sem criatividade. Quanto ao filme, distribuído pela “Universal”, apesar do tema desgastado, ainda consegue divertir um pouco, pois apresenta efeitos especiais interessantes (na concepção dos insetos pré-históricos), tem bastante ação (com perseguições, correrias e tiroteios desenfreados), e mostra uma generosa dose de violência com cenas sangrentas dos ataques dos insetos predadores nas carnes frágeis dos corpos dos humanos que invadiram seus domínios. Como um destaque que vale ser mencionado, temos uma seqüência onde um trem repleto de investidores importantes da obra é brutalmente atacado pelos insetos, alagando os corredores do veículo com um mar de sangue.
Porém, é inevitável comentarmos alguns detalhes que sempre depreciam esses filmes de insetos tornando-os muito parecidos entre si. O roteiro faz questão de investir em todos os cansativos clichês do estilo, onde não falta o casal de heróis (sempre na figura de um policial valentão e uma bela mulher, geralmente uma cientista especialista em insetos), o vilão inescrupuloso que deve ser castigado por seus atos (nesse caso, o empresário responsável pelo metrô), o funcionário que tem participação decisiva para o desencadeamento do caos e que se arrepende com alguma atitude heróica e de sacrifício (aqui quem faz esse papel é o engenheiro Reynolds), sem contar a idéia mais que manjada de colocar um grupo de pessoas num ambiente escuro e hostil envolto num sentimento perturbador de claustrofobia, enfrentando monstros que querem destroçar seus corpos, ou seja, o eterno duelo entre o Homem e a revolta da Natureza.
E, é claro, com a apresentação de todos esses elementos sempre vistos em filmes similares, o espectador um pouco mais atento já decifra com facilidade os rumos da história e toda a previsibilidade do roteiro. Por isso mesmo que a recomendação para os apreciadores do cinema de horror quando forem ver filmes como esse “O Ataque dos Insetos” é procurar relaxar, não se incomodar com a falta de originalidade e ousadia, e tentar apenas se divertir (mesmo que pouco) com os monstros, os tiroteios e as cenas de mortes sangrentas.

“O Ataque dos Insetos” (Bugs, Canadá, 2003) # 379 – data: 05/03/06 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 06/03/06)