
Ao interpretar em 1931 a lendária criatura de
Frankenstein, Boris Karloff
consagrou-se como um imortal mito do cinema de horror, juntamente com Lon
Chaney e Bela Lugosi. Esses ícones do horror marcaram seus nomes na história
por suas marcantes interpretações nas décadas de 1920, 30 e 40, e somados a
Vincent Price, Peter Cushing, John Carradine e Christopher Lee (único ainda
vivo), estes a partir dos anos 50, construíram as bases do gênero as quais
permanecerão para sempre.
Apesar
de um pouco menos de um terço de seus mais de 150 filmes (entre mudos e
sonoros) serem de horror, Boris Karloff é considerado um personagem eterno do
gênero.
Nasceu em 23 de novembro de
1887, no subúrbio londrino de Camberwell. Vindo de uma família de classe média,
seu nome de batismo foi William Henry Pratt. Sua família era composta ainda por
mais sete irmãos e uma irmã e seus pais morreram ainda na sua infância.
Em maio de 1909 ele foi para o
Canadá tentar a carreira de ator. Nessa época criou seu nome artístico e tão
conhecido pelo público. Segundo ele, o nome Karloff veio dos ancestrais russos
pelo lado de sua mãe e Boris foi escolhido ao acaso.
Trabalhou em teatro e rádio até que finalmente em 1919 fez seu primeiro filme, então com 32 anos de idade, “His Majesty, the American” (United Artists), um filme mudo dirigido por Joseph Henabery, onde Karloff aparece apenas como um figurante numa história de aventura.
Trabalhou em teatro e rádio até que finalmente em 1919 fez seu primeiro filme, então com 32 anos de idade, “His Majesty, the American” (United Artists), um filme mudo dirigido por Joseph Henabery, onde Karloff aparece apenas como um figurante numa história de aventura.
A partir daí ele apareceu em outros 48 filmes mudos e 15
sonoros, até consagrar-se em 1931 atuando como o monstro do cientista louco
Frankenstein, uma criatura formada a partir de restos de cadáveres humanos, no
clássico dirigido por James Whale, “Frankenstein”. Esse filme, que inicialmente
seria dirigido por Robert Florey e estrelado por Bela Lugosi (que acabava de
atuar em “Drácula”), foi mudado na última hora e chamaram Karloff para o papel
do monstro e Florey e Lugosi acabaram fazendo “The Murders in the Rue Morgue”,
baseado em história de Edgar Allan Poe.
Contando com a ajuda importante do maquiador da Universal,
Jack Pierce, a criatura de Frankenstein tornou-se assustadora e fascinou o
público. O filme foi um grande sucesso de bilheteria e arrecadou cerca de 12
milhões de dólares, superando em muito a modesta produção de 250 mil dólares.
Nos anos seguintes Karloff foi muito requisitado,
principalmente pela “Universal”, e estrelou diversos outros clássicos como “The
Old Dark House” (1932), onde interpretou um mordomo mudo e assassino de um
casarão gótico, “A Múmia” (1933), personificando uma múmia egípcia de 3700 anos
que revive na Inglaterra, e no mesmo ano atuou em “O Zumbi” (The Ghoul),
primeiro trabalho com produção inglesa, interpretando um professor que morre e
retorna à vida como um zumbi. Foi só em 1935 que Karloff voltou ao papel do
monstro em “A Noiva de Frankenstein”, outro sucesso superando até o original de
1931, fechando a trilogia em 1939 com “O Filho de Frankenstein” (Son of
Frankenstein), e nunca mais atuando como a famosa criatura que o imortalizou.
Entre o fim da década de 30 e início dos anos 40, realizou
vários filmes pela “Columbia” interpretando “cientistas loucos” em meio as suas
macabras experiências, como podemos ver em preciosidades como “O Raio
Invisível” (The Invisible Ray, 1936), onde Karloff descobre um raio poderoso
que o transformou num assassino, “The Man They Could Not Hang” (1939), sobre um
coração mecânico, “The Man With Nine Lives” (1940), com o tema da cura do
câncer por congelamento, “Before I Hang” (1940), tratando do rejuvenescimento,
“The Devil Commands” (1940), sobre pesquisas das ondas cerebrais de pessoas
mortas, e em “The Boogie Man Will Get You” (1942), onde o ator cria uma máquina
de transformar super-homens.
Em “A Casa de Frankenstein” (House of Frankenstein, 1944),
ele interpretou um “cientista louco” (de novo!) que foge da prisão e ressuscita
Drácula (John Carradine), Lobisomem (Lon Chaney Jr.) e a criatura de
Frankenstein (Glenn Strange), mostrando um argumento no estilo “crossover” no
mínimo curioso.
Ainda na década de 40, Karloff fez uma série de filmes pela
“RKO” em parceria com o produtor Val Lewton. O resultado foi uma série de
pequenas obras-primas do Horror como “O Túmulo Vazio” (The Bodysnatcher, 1945)
com Bela Lugosi e sendo o último trabalho deles juntos, “A Ilha dos
Ressuscitados” (Isle of the Dead, 1945) e “Bedlam” (1946).
Os anos 50 foram fracos para o ator com nenhum filme
marcante. Ele fez alguns trabalhos de humor negro com a dupla de comediantes
Abbott e Costello, e em 1958 interpretou o cientista em “O Castelo de
Frankenstein” (Frankenstein 1970), com Mike Lane dessa vez no papel da
criatura.
Agora é a vez de Roger Corman e a produtora “American
International”, que a exemplo de Val Lewton nos anos 40, fez parceria com
Karloff na década de 60 e rodaram juntos vários filmes ao lado de grandes
atores como Basil Rathbone, Vincent Price, Peter Lorre e Jack Nicholson. Dessa
parceria saíram grandes jóias do humor negro como as produções de 1963 “O
Corvo” (The Raven) e “Farsa Trágica” (The Comedy of Terrors), ou ainda “Sombras
do Terror / Terror no Castelo” (The Terror), onde neste interpretou um velho
barão recluso em sua mansão macabra.
Em 1963 apresentou “Black Sabbath – As Três Máscaras do
Terror”, dirigido pelo cineasta italiano especialista em Horror Mario Bava
e dividido em 3 episódios onde Karloff também interpretou um deles como um
vampiro (“O Wurdulak”). Em 1965 fez “Morte Para Um Monstro” (Die, Monster,
Die!) baseado em história de H. P. Lovecraft. Já em 1968 estrelou “Na Mira da
Morte” (Targets), fazendo um ator de filmes de horror (seu alter-ego), dirigido
por Peter Bogdanovich e um de seus últimos filmes.
A partir daí, já bastante idoso,
o estado de saúde de Karloff declina fortemente, com graves problemas
respiratórios que o levaram à morte em 2 de fevereiro de 1969, na Inglaterra,
aos 81 anos de idade. Mesmo após a sua morte, vários filmes foram lançados entre
1970 e 1971 e que ele havia filmado em 1967 e 1968. “A Maldição do Altar
Escarlate” (The Crimson Cult, 1970) com Christopher Lee e Barbara Steele e
história baseada em H.
P. Lovecraft , e “Cauldron of Blood” (1971) foram filmados com
Karloff preso a uma cadeira de rodas, devido ao precário estado de saúde.
E em 1971 foram lançados quatro
filmes com produção mexicana, onde Karloff filmou sua participação nos Estados
Unidos com as cenas sendo montadas posteriormente no México. Dessa série de
filmes, que viraram grande raridade e objetos de culto, destaca-se “Serenata
Macabra” (House of Evil), onde interpretou um velho milionário que convoca seus
parentes para a divulgação de seu testamento. O último trabalho da carreira de
Karloff foi na série de TV “The Name of the Game”, com o episódio “The White
Birch”, em 29 de novembro de 1968.
No total foram mais de 150
filmes de vários gêneros ao longo de 50 anos de carreira, além de
aproximadamente 90 aparições em 75 programas de televisão diferentes, entre
shows e séries. Toda essa vasta filmografia e suas interpretações marcantes contribuíram
para a história do cinema fantástico ao longo do século XX, e manterão sempre
viva sua imagem de eterno imortal do Horror.
Filmografia selecionada de Boris Karloff
Observação: Os filmes lançados no Brasil em DVD estão indicados,
assim como também aqueles que já foram lançados por aqui nos tempos do vídeo
VHS.
Frankenstein (Frankenstein, 1931) (DVD)
(VHS)
The Old
Dark House (32)
A Múmia (The Mummy, 32) (DVD) (VHS)
O Zumbi (The Ghoul (33) (DVD)
O Gato Preto (The Black Cat, 34)
A Noiva de Frankenstein (The Bride of Frankenstein, 35) (DVD)
The Black
Room (35)
O Corvo (The Raven, 35)
O Raio Invisível (The Invisible Ray, 36) (VHS)
The
Walking Dead (36)
The Man
Who Lived Again (36)
Juggernaut (36)
O Filho de Frankenstein (Son of Frankenstein, 39) (DVD)
The Man
They Could Not Hang (39)
Before I
Hang
(40)
The Man
With Nine Lives (40)
The Devil
Commands (40)
The Boogie
Man Will Get You (42)
A Casa de Frankenstein (House of Frankenstein, 44) (DVD)
O Túmulo Vazio (The Bodysnatcher, 45)
A Ilha dos Ressuscitados (Isle of the Dead, 45)
Bedlam (46)
O Castelo do Pavor (The Black Castle, 52)
Monster of
the Island (53)
O Castelo de Frankenstein (Frankenstein 1970, 58)
O Corvo
(The Raven, 63) (DVD) (VHS)
Sombras
do Terror / Terror no Castelo (The Terror,
63) (DVD) (VHS)
Farsa Trágica (The Comedy of Terrors, 63) (VHS)
Black Sabbath – As Três Máscaras do
Terror (Black Sabbath – The Three Faces
of Fear, 63) (DVD)
Morte
Para Um Monstro (Die, Monster, Die!,
65) (VHS)
A Festa
do Monstro Maluco (Mad Monster Party,
67) – animação (voz) (DVD)
Na Mira
da Morte (Targets, 68) (DVD)
A
Maldição do Altar Escarlate (The Crimson
Cult, 70) (VHS)
Cauldron of Blood (71)
Serpente do Terror (The Snake People, 71)
Invasão Sinistra (The Incredible Invasion, 71) (VHS)
A
Câmara do Terror (The Fear Chamber,
71) (VHS)
Serenata
Macabra (House of Evil, 71) (VHS)
“Boris
Karloff”
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com
(postado em 06/03/06) (revisado em 28/02/12)