Um dos maiores monstros sagrados do cinema de horror, Vincent Price é lembrado por vários de seus personagens ao longo de sua carreira, mas nada tão marcante quanto sua interpretação como o psicopata Dr. Anton Phibes. Assim como imortalizamos ao longo da história o monstro de Frankenstein a Boris Karloff e o Conde Drácula a Bela Lugosi (anos 1930 e 40) e Christopher Lee (décadas de 1950, 60 e 70), ou ainda Freddy Krueger a Robert Englund (anos 1980 e 90 - este, é claro, infinitamente inferior aos mitos anteriores), Price ficou associado ao Dr. Phibes, único personagem em sua carreira a ter uma sequência de filmes.
Dirigido em 1971 por Robert Fuest e com produção inglesa da “American International Pictures”, “O Abominável Dr. Phibes”, é um típico exemplo do estilo “camp”, com visual e cenários muito coloridos e estética brega, porém um clássico absoluto do humor negro em sua essência.
O Dr. Phibes, deformado em um acidente e dado como morto, planeja uma maquiavélica vingança contra a equipe de cirurgiões que ele acusa de falharem em salvar a sua esposa Victoria (Caroline Munro), na mesa de operações. Auxiliado por uma bela, misteriosa e silenciosa jovem, Vulnavia (Virginia North), ele executa todos com muita arte e engenhosidade, inspirando-se nas históricas dez pragas de Deus contra um faraó egípcio. Os assassinatos calculados despertaram a atenção da polícia que em vão fica em seu encalço tentando impedi-lo.
Desfigurado pelo acidente, Dr. Phibes transformou-se numa criatura hedionda que utilizava uma máscara com suas antigas feições e falava através de um gramofone plugado a sua garganta que alterava seu tom de voz para algo bem gutural. E é através desse orifício que ele também ingeria seus alimentos.
Apesar dos brutais e inventivos assassinatos, Dr. Phibes mantinha uma atmosfera romântica em torno de sua vingança, onde possuía até uma orquestra de bonecos mecânicos em seu esconderijo, que tocavam para ele e sua assistente dançarem comemorando cada crime cometido. Além disso, ele mantinha também um órgão no estilo “O Fantasma da Ópera”, onde tocava suas melodias fúnebres, enquanto derretia a face de bonecos de cera com fogo após o sucesso de mais assassinatos.
Após dizimar com maestria a equipe de médicos incompetentes, Dr. Phibes voltou novamente em 1972 na sequência “A Câmara de Horrores do Abominável Dr. Phibes”, que também se chamou no Brasil “A Vingança do Dr. Phibes”, com mesma direção e produção do filme original. Agora ele parte para o Egito buscando um rio perdido e oculto nas pirâmides (“O Rio da Vida”), onde supostamente se alcançava a imortalidade. Leva então consigo sua esposa Victoria embalsamada, na esperança de ressuscitá-la e obter a vida eterna para os dois. Em seu rastro segue também um grupo de arqueólogos com o mesmo objetivo, obrigando o Dr. Phibes a liquidá-los.
A sequência de assassinatos artísticos continua com a mesma intensidade, talvez um pouco mais gratuitos agora, porém cada vez mais engenhosos e divertidos, o que inspirou outro filme de Vincent Price no ano seguinte, “As Sete Máscaras da Morte” / “Teatro da Morte” (Theatre of Blood), onde interpretou um ator shakespereano que simula suicídio e se vinga ferozmente de seus críticos, inspirando-se em textos de Shakespeare. Curiosamente, o ícone do horror Peter Cushing faz uma ponta como o capitão de um navio.
O Dr. Phibes foi um típico “serial killer” do cinema, porém ele chacinava suas vítimas com classe e genialidade, arquitetando cuidadosamente seus métodos e maneiras de matar, como um verdadeiro cavalheiro, combinando com a personalidade aristocrática de Vincent Price. Bem diferente das dezenas de filmes posteriores onde os assassinos em série como os psicopatas famosos, porém pouco inteligentes, Jason Voorhees (“Sexta-Feira 13”) e Michael Myers (“Halloween”), interpretados por atores inexpressivos, sempre mancharam as telas de sangue ao exagero e com pouca inventividade em seus crimes, variando apenas no uso das armas (de machados a serras elétricas), ou nos métodos brutais (mutilações diversas).
Mas o horror é fascinante por tudo isso, por abranger um infindável universo onde há espaço para todas as manifestações e estilos e onde tudo tem características próprias e sua importância na consolidação do gênero como arte de entretenimento.
“O Abominável Dr. Phibes” (The Abominable Dr. Phibes, 1971) – avaliação: 9 (de 0 a 10)
“A Câmara de Horrores do Abominável Dr. Phibes” (Dr. Phibes Rises Again, 1972) – avaliação: 9 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 25/11/05)
O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr. Phibes, Inglaterra / EUA, 1971). 90 minutos. Direção de Robert Fuest. Produção de Louis M. Heyward e Ron Dunas. Roteiro de James Whiton e William Goldstein. Música de Basil Kirchin. Fotografia de Norman Warwick. Efeitos Especiais de George Blackwell. Maquiagem de Trevor Cole-Rees. Elenco: Vincent Price, Joseph Cotten, Peter Jeffrey, Hugh Griffith, Terry-Thomas, Virginia North, Caroline Munro, Aubrey Woods, Susan Travers.
A CÂMARA DE HORRORES DO ABOMINÁVEL DR. PHIBES / A VINGANÇA DO DR. PHIBES (Dr. Phibes Rises Again, Inglaterra / EUA, 1972). 90 minutos. Direção de Robert Fuest. Produção de Louis M. Heyward. Roteiro de Robert Fuest e Robert Blees. Música de John Gale. Elenco: Vincent Price, Robert Quarry, Peter Jeffrey, Valli Kemp, Fiona Lewis, Peter Cushing, Berry Reid, Caroline Munro.
Dirigido em 1971 por Robert Fuest e com produção inglesa da “American International Pictures”, “O Abominável Dr. Phibes”, é um típico exemplo do estilo “camp”, com visual e cenários muito coloridos e estética brega, porém um clássico absoluto do humor negro em sua essência.
O Dr. Phibes, deformado em um acidente e dado como morto, planeja uma maquiavélica vingança contra a equipe de cirurgiões que ele acusa de falharem em salvar a sua esposa Victoria (Caroline Munro), na mesa de operações. Auxiliado por uma bela, misteriosa e silenciosa jovem, Vulnavia (Virginia North), ele executa todos com muita arte e engenhosidade, inspirando-se nas históricas dez pragas de Deus contra um faraó egípcio. Os assassinatos calculados despertaram a atenção da polícia que em vão fica em seu encalço tentando impedi-lo.
Desfigurado pelo acidente, Dr. Phibes transformou-se numa criatura hedionda que utilizava uma máscara com suas antigas feições e falava através de um gramofone plugado a sua garganta que alterava seu tom de voz para algo bem gutural. E é através desse orifício que ele também ingeria seus alimentos.
Apesar dos brutais e inventivos assassinatos, Dr. Phibes mantinha uma atmosfera romântica em torno de sua vingança, onde possuía até uma orquestra de bonecos mecânicos em seu esconderijo, que tocavam para ele e sua assistente dançarem comemorando cada crime cometido. Além disso, ele mantinha também um órgão no estilo “O Fantasma da Ópera”, onde tocava suas melodias fúnebres, enquanto derretia a face de bonecos de cera com fogo após o sucesso de mais assassinatos.
Após dizimar com maestria a equipe de médicos incompetentes, Dr. Phibes voltou novamente em 1972 na sequência “A Câmara de Horrores do Abominável Dr. Phibes”, que também se chamou no Brasil “A Vingança do Dr. Phibes”, com mesma direção e produção do filme original. Agora ele parte para o Egito buscando um rio perdido e oculto nas pirâmides (“O Rio da Vida”), onde supostamente se alcançava a imortalidade. Leva então consigo sua esposa Victoria embalsamada, na esperança de ressuscitá-la e obter a vida eterna para os dois. Em seu rastro segue também um grupo de arqueólogos com o mesmo objetivo, obrigando o Dr. Phibes a liquidá-los.
A sequência de assassinatos artísticos continua com a mesma intensidade, talvez um pouco mais gratuitos agora, porém cada vez mais engenhosos e divertidos, o que inspirou outro filme de Vincent Price no ano seguinte, “As Sete Máscaras da Morte” / “Teatro da Morte” (Theatre of Blood), onde interpretou um ator shakespereano que simula suicídio e se vinga ferozmente de seus críticos, inspirando-se em textos de Shakespeare. Curiosamente, o ícone do horror Peter Cushing faz uma ponta como o capitão de um navio.
O Dr. Phibes foi um típico “serial killer” do cinema, porém ele chacinava suas vítimas com classe e genialidade, arquitetando cuidadosamente seus métodos e maneiras de matar, como um verdadeiro cavalheiro, combinando com a personalidade aristocrática de Vincent Price. Bem diferente das dezenas de filmes posteriores onde os assassinos em série como os psicopatas famosos, porém pouco inteligentes, Jason Voorhees (“Sexta-Feira 13”) e Michael Myers (“Halloween”), interpretados por atores inexpressivos, sempre mancharam as telas de sangue ao exagero e com pouca inventividade em seus crimes, variando apenas no uso das armas (de machados a serras elétricas), ou nos métodos brutais (mutilações diversas).
Mas o horror é fascinante por tudo isso, por abranger um infindável universo onde há espaço para todas as manifestações e estilos e onde tudo tem características próprias e sua importância na consolidação do gênero como arte de entretenimento.
“O Abominável Dr. Phibes” (The Abominable Dr. Phibes, 1971) – avaliação: 9 (de 0 a 10)
“A Câmara de Horrores do Abominável Dr. Phibes” (Dr. Phibes Rises Again, 1972) – avaliação: 9 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 25/11/05)
O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr. Phibes, Inglaterra / EUA, 1971). 90 minutos. Direção de Robert Fuest. Produção de Louis M. Heyward e Ron Dunas. Roteiro de James Whiton e William Goldstein. Música de Basil Kirchin. Fotografia de Norman Warwick. Efeitos Especiais de George Blackwell. Maquiagem de Trevor Cole-Rees. Elenco: Vincent Price, Joseph Cotten, Peter Jeffrey, Hugh Griffith, Terry-Thomas, Virginia North, Caroline Munro, Aubrey Woods, Susan Travers.
A CÂMARA DE HORRORES DO ABOMINÁVEL DR. PHIBES / A VINGANÇA DO DR. PHIBES (Dr. Phibes Rises Again, Inglaterra / EUA, 1972). 90 minutos. Direção de Robert Fuest. Produção de Louis M. Heyward. Roteiro de Robert Fuest e Robert Blees. Música de John Gale. Elenco: Vincent Price, Robert Quarry, Peter Jeffrey, Valli Kemp, Fiona Lewis, Peter Cushing, Berry Reid, Caroline Munro.