A Casa de Cera (House of Wax, EUA / Austrália, 2005)


A produtora especializada em filmes de horror “Dark Castle”, de Joel Silver e Robert Zemeckis, que já lançou “A Casa da Colina” (House on Haunted Hill, 99), “Treze Fantasmas” (13 Ghosts, 2001), “Navio Fantasma” (Ghost Ship, 2002) e “Na Companhia do Medo” (Gothika, 2003), retornou agora em 2005 com “A Casa de Cera” (House of Wax), que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 03/06/05, com a direção de Jaume Collet-Serra em seu primeiro filme e trazendo a burguesinha Paris Hilton no elenco.

Um grupo de seis jovens viaja em dois carros com destino a uma grande cidade para assistirem um jogo de futebol americano. O grupo é formado por dois casais de namorados, Wade (Jared Padalecki) e a bela Carly Jones (Elisha Cuthbert), e Blake (Robert Richard) e Paige Edwards (Paris Hilton, de “Nove Vidas”, tranqueira lançada por aqui em DVD), além de Nick Jones (Chad Michael Murray), o irmão folgado e encrenqueiro de Carly, e Dalton Chapman (Jon Abrahams), seu amigo e o “mala” da turma, sempre invadindo a privacidade dos outros com sua câmera de vídeo.
Eles decidem passar a noite na estrada, acampando numa floresta, e são forçados a se separarem por causa de uma correia quebrada no motor do carro de Wade. Formando três grupos de dois, cada par toma um rumo diferente. O casal Wade e Carly pega uma carona com um homem sinistro (interpretado por Damon Harriman), cuja função é recolher as carcaças de animais atropelados na estrada juntando-os num cemitério exposto em céu aberto. Chegando numa pequena e estranha cidade deserta, conhecida como “Ambrose” (e que nem se encontra no mapa), eles conhecem apenas o misterioso dono do posto de gasolina, Bo (Brian Van Holt), e entram em contato como uma curiosa “Casa de Cera”, um museu literalmente construído em cera e que abriga em seu interior modelos de várias pessoas moldadas de forma bastante convincente com cera.
Após o misterioso desaparecimento inicial de Wade, sua namorada Carly juntamente com os outros amigos que também chegam à cidade, passam a lutar por suas vidas, sendo perseguidos por um assassino mascarado chamado Vincent (também Brian Van Holt), que teve uma infância perturbada, com a mãe, outrora uma famosa escultura, morrendo por causa de uma grave doença, e o pai, um cirurgião não convencional, se suicidando de desgosto.

Depois de ver “A Casa de Cera”, a maioria dos fãs de cinema de horror terá provavelmente uma opinião muito parecida sobre duas comprovações a respeito do roteiro do filme. Primeiro, como ponto negativo, temos a presença daqueles tradicionais personagens ridículos e banais que merecem morrer de forma dolorosa o mais rápido possível, sendo nesse caso um grupo de jovens tão patéticos e desinteressantes que é impossível para o espectador se importar com seus destinos trágicos, além da tentativa incrivelmente ruim de se criar situações de tensão e suspense com sustos forçados e descartáveis que não conseguem cumprir seu objetivo (aquelas cenas previsíveis com aumento repentino de som). Segundo, agora como ponto positivo (e justamente por isso o filme merece uma nota 7), temos uma generosa dose de violência com um horror gráfico ousado (foi adotada a censura de 18 anos nos cinemas brasileiros) para os padrões dos filmes americanos convencionais que são produzidos aos montes todos os anos, em várias cenas de mortes sangrentas com direito a cabeça degolada, crânio estourado com pancadas de taco de baseball, entre outras atrocidades. Em especial, vale destacar uma cena onde um dos personagens torna-se vítima de um doloroso e angustiante processo de transformação de seu corpo num modelo coberto de cera, e o pior ainda estava por vir quando um dos seus amigos o descobre vivo por baixo da casca de cera e tenta ajudá-lo.
O filme é anunciado pelos produtores como uma refilmagem do clássico “Museu de Cera” (53), dirigido por André de Toth e estrelado pelo ícone Vincent Price, porém as histórias de ambos são completamente diferentes (apesar do crédito do roteiro indicar uma base na história de Charles Belden, a mesma que originou o filme da década de 50). A única coisa em comum, além do nome original “House of Wax”, é justamente a idéia de um museu de cera cujos modelos possuem uma estranha autenticidade com pessoas de verdade. No mais, esse filme de 2005 apresenta um roteiro que abusa da liberdade de criação artística, explorando uma história totalmente diferente. Aliás, alguns elementos do filme possuem grande similaridade com “Pânico na Floresta” (Wrong Turn, 2004), principalmente na idéia de um lugar “perdido” no meio da floresta, sem o conhecimento das autoridades policiais, cuja imensa incompetência não permite descobrir o rastro de uma infinidade de ocorrências estranhas na região, com o desaparecimento misterioso de pessoas. Outra similaridade está no famoso “caminho errado” escolhido pelo grupo de jovens, levando-os diretamente para um lugar sinistro onde terão que lutar por sua sobrevivência (facilitando também o trabalho sem criatividade dos roteiristas).

Três curiosidades que merecem registro são a presença de Paris Hilton, que é muito bonita, mas péssima atriz (apesar que seu personagem também é ridículo, dificultando o trabalho para qualquer ator tentar torná-lo interessante), sendo que para promover o filme os produtores lançaram camisas com uma frase convidando o público a ver a atriz morrer no filme. Além da homenagem ao lendário ator Vincent Price com a escolha do nome Vincent para o assassino, e o fato do cinema da cidade fantasma estar exibindo trechos do terror psicológico “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” (What Ever Happened to Baby Jane?, 62), de Robert Aldrich e com Betty Davis, Joan Crawford e Victor Buono.
Apesar do nome nacional escolhido ser uma tradução literal do original “House of Wax”, uma vez que a idéia dos produtores é a de uma refilmagem (mesmo com história completamente diferente do clássico de 53), o mais correto seria adotar o título brasileiro como sendo o mesmo da obra dos anos 50, “Museu de Cera”. Ao chamar o filme por aqui de “A Casa de Cera”, a “Warner” apenas trouxe mais burocracia para um trabalho de pesquisa e catalogação dos filmes de horror que chegam ao Brasil.

Nota: O filme foi lançado no mercado brasileiro de DVD pela “Warner” em 19/10/05, trazendo como materiais extras comentários do elenco, o documentário “Com Brilho”, o “making of” da produção “Casa Feita de Cera”, erros de gravação, o início alternativo (“Jennifer é morta”), e trailer de cinema.

“A Casa de Cera” (House of Wax, 2005) – # 318 – data: 08/06/05 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 18/11/05)

A Casa de Cera (House of Wax, Estados Unidos / Austrália, 2005). Dark Castle / Warner. Duração: 105 minutos. Direção de Jaume Collet-Serra. Roteiro de Chad Hayes e Carey W. Hayes, baseados em história de Charles Belden. Produção de Joel Silver, Robert Zemeckis, Susan Levin e Richard Mirisch. Produção Executiva de Bruce Berman, Polly Cohen, Herb Gains e Steve Richards. Fotografia de Stephen F. Windon. Música de John Ottman. Desenho de Produção de Grahan “Grace” Walker. Edição de Joel Negron. Direção de Arte de Brian Edmonds e Nicholas McCallum. Elenco: Elisha Cuthbert (Carly Jones), Chad Michael Murray (Nick Jones), Brian Van Holt (Bo / Vincent), Paris Hilton (Paige Edwards), Jared Padalecki (Wade), Jon Abrahams (Dalton Chapman), Robert Richard (Blake), Dragitsa Debert (Trudy Sinclair), Thomas Adamson (Jovem Bo), Murray Smith (Dr. Sinclair), Sam Harkess (Jovem Vincent), Damon Herriman (Motorista), Andy Anderson (Xerife).

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