Hospital Maldito (Boo, 2005)


Eu não acredito em fantasmas.” – diz Allan para sua irmã Meg, que responde: “Não se preocupe, vai acreditar.

Esse diálogo entre um casal de jovens irmãos no interior de um hospital abandonado e assombrado, poderia ser modificado para algo como:
Eu não acredito que ainda existam filmes que continuam explorando os mesmos clichês com um grupo de jovens insignificantes invadindo um ambiente assombrado por fantasmas na época do Halloween.
A resposta:
Não se preocupe, vai acreditar, depois de assistir “Hospital Maldito” (Boo, 2005), que é mais um filme que aborda novamente esse mesmo tema.

Uma turma de jovens totalmente descartáveis decide fazer uma visita noturna de brincadeira num antigo hospital psiquiátrico abandonado e com fama de assombrado no terceiro andar, onde funcionava a temida ala dos loucos internados, durante as festividades do Halloween, tradicional evento americano com inspiração em elementos de horror.
O grupo é formado pelo casal de namorados Kevin (Jilon Ghai) e Jessie Holden (Trish Coren), e pelos amigos Freddy (Josh Holt) e Marie (Nicole Rayburn). Antes deles, Emmett (Happy Mahaney), já havia ido ao local para preparar algumas armadilhas de brincadeira. Paralelamente, Allan (Michael Samluk), pede a ajuda do amigo Arlo Ray Baines (Dig Wayne), um policial decadente e ator de filmes bagaceiros, para procurar no hospital abandonado sua irmã Meg (Rachel Melvin), que tinha ido com amigos explorar o lugar e desaparecera misteriosamente.
O local abriga o fantasma de um antigo zelador, Jacob (M. Steven Felty), que foi preso por molestar uma criança (a garotinha Taylor Hurley), e que tenta se livrar do fantasma da enfermeira Russell (Dee Wallace-Stone), que está sempre fiscalizando suas ações, ao mesmo tempo em que pretende retornar para o mundo dos vivos se apossando dos corpos dos jovens invasores de seu território.

O filme foi lançado em DVD no Brasil pela “Europa” em Dezembro de 2006. A direção e o roteiro são de Anthony C. Ferrante (iniciante nesse ofício, mas com experiência na área dos efeitos especiais), e o elenco é amador ao extremo, sendo que a única exceção fica por conta de Dee Wallace Stone, numa participação rápida (ela que é uma atriz veterana e participou de filmes conhecidos dos anos 80 como “E.T. – o Extraterrestre”, de Steven Spielberg e “Cujo”, baseado em obra de Stephen King).
“Hospital Maldito” é mais um exemplo dispensável de história que explora o confronto entre jovens idiotas e um fantasma assassino. É verdade que tem sangue, algumas cenas violentas, tentativas de susto, aparições sinistras de fantasmas, perseguições tensas, mas tudo dentro de um padrão convencional que já conhecemos de inúmeros outros filmes parecidos, ou seja, não tem absolutamente nada de especial. Aliás, tudo parece reciclado, desde o início com uma cena que lembra “Pânico” (1996), passando pela aparição do fantasma de uma criança (fato já exaustivamente explorado), até a forma como os fantasmas explodem quando são alvejados por tiros, num efeito exagerado.
Os personagens são estereótipos tão fúteis que o espectador acaba desejando suas mortes (também fica bastante previsível adivinhar com antecedência que irá sobreviver e quem serão as vítimas). Sem contar as várias tentativas de piadas que não funcionam, do tipo: “A última pessoa que eu vi parecida com você, eu dei um tiro na cara”, dita pelo panaca Kevin para o policial Arlo, no primeiro encontro entre eles e num momento de tensão. Ele retruca de forma igualmente ridícula: “Você atira na minha cara e eu chutarei seu traseiro”.
Um pouco de sangue e tripas espalhados e aparições de fantasmas ameaçadores não são suficientes para impedir de classificar “Hospital Maldito” como apenas mais uma bomba dispensável.

“Hospital Maldito” (Boo, Estados Unidos, 2005) # 443 – data: 30/05/07
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 31/05/07)