House of the Dead 2 (2005)


Em 2003 o cineasta alemão Uwe Boll foi o responsável por “House of the Dead”, um filme inspirado no vídeo game homônimo e que é uma das piores tranqueiras produzidas nos últimos anos, apesar de que justamente por esse fato, o diretor virou alvo de um excesso de comentários por todos os lados, de fãs e críticos, que acabaram por promovê-lo, como um cineasta medíocre, é verdade, mas isso também trouxe-lhe fama e oportunidade de fazer mais filmes não menos ruins como “Alone in the Dark” e outros.
“House of the Dead” é um daqueles filmes que se vê apenas uma vez na vida, e toda hora que se lembra dele vem aquele incômodo sentimento de arrependimento por termos desperdiçado nosso precioso tempo pensando que seriam momentos de entretenimento. Porém, ainda assim, os produtores encontraram motivos para fazer uma seqüência, que veio em 2005, lançada em DVD no Brasil como “House of the Dead: A Casa dos Mortos 2” (House of the Dead 2), só que dessa vez o filme foi dirigido por Michael Hurst (de “The Darkroom”), pois Boll estava envolvido em outro projeto.

Um cientista, o Prof. Curien (Sid Haig), está pesquisando uma solução química que tem o objetivo de reanimar os mortos. Testando sua fórmula numa jovem estudante da Universidade onde trabalha, ele consegue êxito, porém é atacado violentamente por ela, já na condição de um zumbi assassino, espalhando uma infecção por todo o campus, e instaurando um caos descontrolado entre os alunos, professores e funcionários.
O exército é obrigado a intervir para tentar controlar a situação, enviando uma equipe de militares especialmente treinados liderados pelo Sargento Dalton (Stinky Fingaz), que deve trabalhar em conjunto com uma dupla de agentes de um departamento de pesquisas científicas do governo. Os agentes são Alexandra Morgan, também conhecida pelo apelido “Nightingale” (Emmanuelle Vaugier) e o Tenente Ellis (Ed Quinn). A missão é coletar uma amostra do sangue da primeira geração de zumbis para tentar desenvolver um antídoto que impeça a propagação da infecção. Porém, além de lutar por suas vidas num combate contra uma legião de mortos-vivos que querem devorar suas carnes, eles também precisam correr contra o tempo para cumprir a missão antes de um bombardeio programado do exército, que pretende aniquilar a Universidade na tentativa de conter a epidemia.

Filmes de zumbis carnívoros que se situam dentro do mesmo contexto abordado nesse “House of the Dead 2” não conseguem mais despertar nenhum tipo de diversão, de tão saturado que está esse subgênero do cinema de horror. São muitos filmes similares (ou melhor, praticamente iguais), com os mesmos clichês de sempre, as mesmas correrias, gritarias e perseguições desenfreadas, tiroteios exagerados, zumbis cuspindo sangue e devorando tripas (de uma maneira que já se transformou em algo banalizado). Os mesmos diálogos ridículos e piadinhas idiotas (as únicas que valem a pena registrar são a sessão de treinamento de tiro ao alvo, onde sobrou para a foto de Paris Hilton, que é uma mulher linda, mas também completamente fútil, e a menção de um “zumbilongo”, um inseto com participação importante no rumo das ações). Os mesmos personagens de sempre (é claro que entre eles, tinha que ter um cara idiota que só fala bobagem, ficando o papel para o ator James Jean Parks, interpretando o arrogante soldado Bart). As mesmas situações absurdas (os zumbis somente contaminam quem interessa para os planos do roteirista), etc... Aliás, o desfecho também é bastante improvável e extremamente previsível, com um gancho óbvio para a continuação da franquia.
Quando falamos em cinema com zumbis, o que vem imediatamente à mente é a tetralogia de George Romero, recheada de críticas sociais, formada por “A Noite dos Mortos-Vivos”, “Despertar dos Mortos”, “Dia dos Mortos” e “Terra dos Mortos”, o violento “Zombie” (do italiano Lucio Fulci), o divertido “A Volta dos Mortos-Vivos” (de Dan O´Bannon, que inseriu elementos de humor negro na mitologia dos zumbis), o sangrento “Re-Animator” (de Stuart Gordon), além de filmes mais recentes como “Extermínio” (do inglês Danny Boyle), e alguns outros que merecem ser constantemente reverenciados, revisitados e eternizados. Quanto a “House of the Dead 2” e toda uma infinidade de tranqueiras similares, o destino é um impiedoso esquecimento.

“House of the Dead: A Casa dos Mortos 2” (House of the Dead 2, Estados Unidos, 2005) # 439 – data: 12/05/07 – avaliação: 3 (de 0 a 10) – site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 14/05/07)