Apocalypse Now Redux (1979 / 2001)


Em 21 de dezembro de 2001 retornou aos cinemas o excepcional drama de guerra “Apocalypse Now Redux” (1979/2001), dirigido pelo prestigiado cineasta Francis Ford Coppola. Já considerado um clássico absoluto do gênero, enfocando nesse caso os horrores da guerra do Vietnã, essa nova versão é a fita original do final dos anos 1970 acrescida de mais 45 minutos de filmagens não aproveitadas na época. “Apocalypse Now”, juntamente com os posteriores “Platoon” (1986), “Nascido Para Matar” (1987), ambos também sobre a Guerra do Vietnã, e “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), “Além da Linha Vermelha” (1998), “Pearl Harbor” (2001) e “Círculo de Fogo” (2001), estes últimos sobre a Segunda Guerra Mundial, completam uma safra de filmes de guerra produzidos nos últimos vinte anos e que estão entre os melhores de todos os tempos, fato este ajudado pela moderna tecnologia de efeitos especiais que propiciaram uma chocante realidade da violência e horror da guerra em seu estado absoluto. Essas produções são muito importantes como um alerta sobre a irracionalidade bestial da guerra e colocam em evidência a fragilidade, mediocridade e insanidade da humanidade como uma espécie supostamente “inteligente”.
“Apocalypse Now Redux” expõe de forma crua a loucura da guerra em seus longos 197 minutos de projeção, destacando algumas das seqüências mais memoráveis da história do gênero, como o ataque de um grupo de helicópteros a uma aldeia vietnamita na costa de uma praia, comandada por um militar já “louco” pelas atrocidades do campo de batalha (interpretado por Robert Duvall) que utiliza-se de música clássica em enormes megafones presos aos helicópteros como guerra psicológica enquanto bombardeia o inimigo; ou quando o mesmo comandante, um apreciador de surfe, obriga dois de seus soldados a surfarem nas ondas da praia no meio do tiroteio e ataques com armamentos pesados; ou ainda quando ele ordena o lançamento de bombas napalm sobre as árvores da costa queimando tudo e ainda comenta que aprecia o cheiro de napalm pela manhã, parecendo um cheiro de “vitória” (nada mais insano que esta afirmação, pois o cheiro é de morte e derrota, destruindo a natureza e o ambiente em que vivemos).

(Atenção: o texto a seguir contém spoilers)

O filme conta a trajetória de um capitão do exército americano, Willard (Martin Sheen) que é convocado para uma missão especial durante a guerra do Vietnã: chegar até o Camboja por barco navegando num perigoso rio cercado de inimigos com o objetivo de encontrar e assassinar um ex-coronel, Kurtz (Marlon Brando), que havia supostamente enlouquecido e se tornado uma espécie de “deus” para uma legião de nativos pagãos, utilizando-se de métodos incomuns e violentos para manter o poder, ameaçando os interesses políticos dos Estados Unidos na guerra.
O elenco é bastante expressivo, formado por Brando, Sheen, Duvall, Dennis Hopper, Harrison Ford (numa ponta como um militar de alta patente) e Laurence Fishburne (ainda bem jovem e que viria a se destacar somente mais tarde em filmes como “Enigma do Horizonte” e a trilogia “Matrix”). Algumas cenas são grande exemplo do estado de tensão ininterrupto num ambiente de guerra como por exemplo quando o capitão Willard e um de seus soldados saem do barco para a selva à procura de mangas, frutas características das selvas tropicais do Vietnã, e são surpreendidos e quase mortos por um tigre selvagem, obrigando-os a lembrarem que devem se proteger não somente das balas do inimigo como também dos perigos naturais da floresta.
Como curiosidade, podemos notar a inscrição “Apocalypse Now” rapidamente numa parede de pedra na aldeia comandada pelo coronel Kurtz.
O final é um dos mais significativos do gênero, onde o capitão Willard completa sua missão assassinando de forma extremamente brutal o coronel Kurtz, enquanto um violento e sangrento ritual de sacrifício de um boi é realizado ao mesmo tempo pelos nativos, demonstrando de forma definitiva a insanidade e os horrores da guerra. Nada é mais marcante do que as palavras finais do coronel Kurtz agonizando em seu leito de morte: “The Horror... The Horror”.

“Apocalypse Now Redux” (Estados Unidos, 1979/2001) – avaliação: 10 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 06/04/06)