A Relíquia (1997)


Algumas coisas são melhores se não forem descobertas

Muitos filmes de horror apresentam suas histórias referenciando-se na imensa e misteriosa Amazônia, com citações ao Brasil. Pois até hoje ela é considerada uma região intrigante e que pode esconder segredos desconhecidos pela humanidade em seu território de proporções continentais e áreas ainda inexploradas. Filmes importantes como “Delírio de um Sábio” (Dr. Cyclops, 1940), “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature From the Black Lagoon, 54) e “O Mundo Perdido” (The Lost World, 60) foram alguns que utilizaram a Amazônia como tema de suas histórias. E mais recentemente tivemos um outro exemplo, “A Relíquia” (The Relic, 97), dirigido por Peter Hyams, cineasta nascido em 1943 e com algumas participações no cinema fantástico como em “Outland – Comando Titânio” (81), um western espacial com Sean Connery, “2010 – O Ano em que Faremos Contato” (84), e “Fim dos Dias” (99), com Arnold Schwarzenegger. “A Relíquia” foi escrito num trabalho em conjunto de quatro roteiristas, Amy Holden Jones, John Raffo, Rick Jaffa e Amanda Silver, os quais se basearam no livro homônimo de Douglas Preston e Lincoln Child.

O filme começa com um antropólogo americano, John Whitney (Lewis Van Berger), realizando pesquisas na selva amazônica brasileira, estudando tribos indígenas e antigos rituais para o Museu de História Nacional de Chicago, em Illinois. Quando ele retorna para os Estados Unidos num navio brasileiro levando algumas descobertas em containers, uma série de eventos misteriosos começam a surgir. Primeiramente, o navio chega ao seu destino em Chicago com todos os tripulantes mortos e o pesquisador desaparecido. Depois que os engradados são levados ao museu, começam a ocorrer violentos assassinatos no local, com a primeira vítima sendo um guarda, Frederick Ford (Jophery C. Brown), que tem sua cabeça decapitada e o cérebro extraído do crânio.
As mortes chamam a atenção da polícia e o supersticioso Tenente da Divisão de Homicídios Vincent D´Agosta (Tom Sizemore, de “O Apanhador de Sonhos”) é o encarregado das investigações, recebendo o auxílio de informações da Dra. Margo Green (Penelope Ann Miller, de “Lua Mortal”), uma bióloga evolucionista interessada nas pesquisas de John Whitney, e contando também com a parceria do detetive Hollingsworth (Clayton Rohner). Porém, os responsáveis pela administração do museu estavam organizando uma importante exposição com o tema “Superstição”, e por interesses comerciais eles ignoraram o mistério do assassinato do guarda e não adiaram o evento. Como consequência, todos os visitantes, entre eles o ilustre prefeito da cidade Owen (Robert Lesser), foram aprisionados no museu, sendo impiedosamente caçados por uma enorme criatura monstruosa e mutante, uma mistura de homem e animal, de extrema agilidade e agressividade, com dentes imensos e afiados, e cuja maior característica é decepar as cabeças de suas vítimas.

O filme é mais um entre a infinidade de produções similares que evidenciam um velho clichê do gênero, um grupo de pessoas sendo perseguidas por um monstro feroz, assassino e violento em busca de suas carnes macias. Não faltam as tradicionais cenas de mortes sangrentas, muitas decapitações, correrias desenfreadas, histeria em massa, perseguições desesperadas nos subterrâneos escuros do museu, uma dupla de protagonistas principais metidos a heróis, formada pelo policial D´Agosta e pela bióloga Green, um perturbador clima de claustrofobia pelo fato das pessoas estarem presas num ambiente sem saída e com suas vidas sendo ameaçadas com uma morte violenta por um monstro bizarro, e finalmente aquele conhecido e já manjado desfecho previsível. “A Relíquia” diverte, mas não empolga tanto, principalmente por não apresentar nada novo e apenas reciclar uma história já explorada à exaustão pelo cinema fantástico.
Um destaque é a presença ilustre do veterano ator James Withmore, nascido em 1921 e com uma extensa filmografia tendo o clássico do gênero “big bug” “O Mundo em Perigo” (54) entre seus filmes mais importantes. Em “A Relíquia”, ele faz o papel de um cientista paraplégico, Dr. Albert Frock, numa participação rápida mas significativa. Outro destaque são as cenas de mortes sangrentas proporcionadas pela criatura faminta, conhecida como “Kothoga”, e a própria caracterização convincente do monstro, num trabalho bem produzido pelo especialista e premiado Stan Winston, que recentemente criou os canibais deformados de “Pânico na Floresta” (Wrong Turn, 2003).

“A Relíquia” (The Relic, Estados Unidos, 1997) # 236 – data: 05/04/04 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 07/04/06)