"
Um grupo de meninas
escravizadas por uma fera humana diabólica em uma ilha onde não há saída...”
O filme alemão “Um Homem na Rede” (1960), com direção de Fritz
Böttger, recebeu esse título no Brasil aproximado da tradução literal do
original “Ein Toter hing im Netz”. Assim como em vários filmes do período,
também recebeu uma versão americana com dublagem em inglês e um título mais
sonoro e chamativo, “Horrors of Spider Island”, com a direção utilizando o pseudônimo
Jaime Nolan.
Com uma tagline promocional exagerada, como essa na introdução do
texto, entre várias outras (aliás, um procedimento típico das produções
bagaceiras da época), o filme é extremamente ruim, mas com aquela sempre
divertida temática de “homem transformado em monstro”. O original tem
fotografia em preto e branco e existe também uma versão colorizada por
computador, sendo que ambas estão disponíveis no “Youtube” com a opção de
legendas em português.
O empresário Gary Webster (Alexander D´Arcy), auxiliado pela
secretária e namorada Georgia (Helga Franck), recruta um grupo de belas
mulheres para uma turnê de shows de dança em Cingapura. São elas: Ann (Helga Neuner), Gladys
(Dorothee Parker), May (Gerry Sammer), Nelly (Eva Schauland), Kate (Helma
Vandenberg), Linda (Elfie Wagner) e Babs (Barbara Valentin).
Porém, ocorre um acidente de avião com a queda no oceano e todos
tornam-se náufragos num pequeno barco, até que após alguns dias à deriva em
alto mar eles encontram terra firme e chegam numa ilha. Ao explorar o local
encontram uma cabana com um homem morto preso numa enorme teia de aranha,
identificado como o cientista Prof. Green (o personagem e nome do ator nem
aparecem na ficha técnica do IMDB), envolvido com pesquisas e exploração de
urânio.
Depois que Gary é picado por uma enorme aranha radioativa, ele se
transforma num monstro assassino com o rosto deformado parecendo um homem das
cavernas com presas de vampiro e enormes garras nas mãos, passando a perseguir
as mulheres com uma ânsia por estrangulamento. Enquanto chegam na ilha num
pequeno barco outros dois homens, Joe (Harald Maresch) e Robby (Rainer Brandt),
ajudantes do cientista, que encontram as mulheres e se divertem com flertes e
pequenos romances.
“Um
Homem na Rede” é uma tranqueira com apenas 76 minutos (versão americana), e que
ainda assim é entediante graças às longas e cansativas cenas com danças das
mulheres e seus relacionamentos fúteis, além de várias intrigas e conflitos
gerados pela tensão do confinamento numa ilha, exigindo muita paciência do
espectador que só está interessado nos elementos de horror e ficção científica
bagaceiros, nos efeitos práticos toscos e nos tais “horrores da ilha da aranha”.
Ou seja, as aparições do bizarro aracnídeo radioativo e as perseguições do monstro
disforme com mente distorcida à procura de suas vítimas, com mortes discretas e
fora da tela, comum nas tranqueiras daquele período.
Como
a história é óbvia demais com tudo acontecendo de forma rasa apenas para
facilitar o trabalho do roteiro, sendo um clichê exaustivamente explorado numa
infinidade de produções similares, o filme poderia ser reduzido para um curta
metragem de aproximadamente 20 minutos, apenas com as cenas da aranha mutante e
dos ataques do monstro.
(RR – 06/10/24)