"Uma
história arrepiante de vingança do além-túmulo.”
Ao longo da década de 1970 a
rede de TV americana “ABC” lançou um programa com filmes de várias temáticas, e
o horror, mistério e suspense tiveram seus representantes. Com o nome “ABC
Movie of the Week”, toda semana apresentava um filme com metragem mais curta
para juntar com os comerciais e totalizar o tempo padrão de uma hora e meia.
Nesse programa tivemos filmes como “Encurralado” (1971) e “A Força do Mal” (1972),
ambos do posteriormente consagrado Steven Spielberg, “Escravos da Noite” (1970),
“Pânico e Morte na Cidade” (1972), “A Noite do Lobo” (1972), “Os Demônios dos
Seis Séculos” (1972), “The Devil´s
Daughter” (1973), “The Six Million Dollar Man” (1973), “Satan´s School for
Girls” (1973), “Abelhas Assassinas” (1974), “A Casa dos Horrores Mortais” (1974),
“All the Kind Strangers” (1974), “O Triângulo do Diabo” (1975), entre outros.
“A Fazenda Crowhaven” (Crowhaven
Farm, 1974) tem direção de Walter Grauman, roteiro de John McGreevey e produção
executiva do especialista na telinha Aaron Spelling, de séries como “As Panteras”,
“Casal 20” e “Dinastia”, além de participação pequena, mas sempre bem-vinda, do
lendário ator com nome associado ao Horror, John Carradine. O filme faz parte dessa
série de produções para a TV, sendo um “folk horror” sutil sobre bruxaria e que
está disponível no “Youtube” com a opção de legendas em português.
Maggie Carey Porter (Hope
Lange) herda uma antiga fazenda do século XVII chamada Crowhaven, localizada em
Lowell, no Estado de Massachusetts, após a morte misteriosa do primo Henry
Pearson (Pitt Herbert), que seria o herdeiro antes dela. Maggie e seu marido, o
artista pintor de quadros Ben Porter (Paul Burke), estão passando por uma crise
no casamento e após se mudarem para a fazenda, numa nova tentativa de
estabilidade, começa a ocorrer mortes suspeitas e fatos sobrenaturais relacionados
com o passado obscuro do local e a conexão com uma antiga comunidade envolvida
com satanismo em busca de vingança.
No caminho de Maggie surgem
várias pessoas como Kevin Pierce (Lloyd Bochner), responsável por gerar ciúmes
em seu marido e o idoso Harold Dane (Cyril Delevanti), que tenta mostrar as
origens de sua família na fazenda. E também aparecem outras bem estranhas como Nate
Cheever (John Carradine, sempre sinistro), um ajudante geral que faz qualquer
tipo de reforma e limpeza na fazenda, o médico Dr. Terminer (Milton Selzer),
além de Felicia (Patricia Barry), Mercy Lewis (Virginia Gregg) e principalmente
a misteriosa órfã adolescente Jennifer (Cindy Eibacher), entre outros, que
contribuem para criar uma paranoia em Maggie com alucinações e confusão mental
envolvendo bruxaria do passado.
Como o filme é “made for TV”, as cenas com
violência ou sangue são bem discretas e sempre fora da tela, com um ritmo mais
cadenciado e atmosférico tentando privilegiar a história de “folk horror”,
mesmo sendo um clichê muito explorado com seus temas de conspiração de bruxaria
e satanismo, algo que foi mais impulsionado no cinema após o sucesso de “O Bebê
de Rosemary” (1968).
Uma cena memorável e grande destaque
certamente é a execução através de esmagamento com o peso de grandes pedras
numa porta de madeira apoiada sobre o corpo da vítima. Uma forma de tortura
física e dor com alto grau de crueldade, típico da história manchada de sangue
do período medieval, e que não podemos deixar de reconhecer a criatividade de
seus inventores.
Curiosamente, o ator William Smith, um
rosto conhecido na televisão como na série de western “Laredo” (1965/1967), faz
uma ponta na última cena do filme.
(RR
– 30/09/24)