“Não
somos os únicos que sabemos que a Lua pode ser alcançada. Não somos os únicos
que planejamos ir para lá. A corrida começou - e é melhor vencê-la, porque não
há absolutamente nenhuma maneira de impedir um ataque vindo do espaço sideral.
O primeiro país que puder usar a Lua para o lançamento de mísseis... controlará
a Terra. Este, senhores, é o fato militar mais importante deste século.” –
General americano Thayer
Antigamente, especialmente nos anos 80 do século passado, muitos
filmes divertidos de ficção científica com elementos de aventura e fantasia
eram exibidos na televisão aberta, como na nostálgica “Sessão da Tarde” da TV
Globo. “Destino à Lua” (Destination Moon, EUA, 1950) é um desses filmes
de entretenimento garantido, dirigido por Irving Pichel e com produção
caprichada do especialista húngaro George Pal, o mesmo responsável por outras
preciosidades como “O Fim do Mundo” (When Worlds Collide, 1951), “A Guerra dos
Mundos” (War of the Worlds, 1953), “A Conquista do Espaço” (Conquest of Space,
1955) e “A Máquina do Tempo” (The Time Machine, 1960).
Com fotografia original em cores, sendo diferencial para a época
da produção onde a maioria dos filmes similares eram em preto e branco; e com
história inspirada em “The Man Who Sold the Moon”, do escritor Robert A.
Heinlein (autor de “Tropas Estelares”), que também foi um dos roteiristas, o
filme está disponível no “Youtube” com opção de legendas em português.
Um foguete experimental explode no lançamento, fracassando um
projeto de alto custo liderado pelo cientista Dr. Charles Cargraves (Warner
Anderson). Considerando a possibilidade de sabotagem em tempos de guerra fria
entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, surge a ideia de continuar
o projeto espacial, com o apoio do General Thayer (Tom Powers), num objetivo
ainda maior com uma viagem tripulada com destino à Lua.
Numa época de corrida espacial entre as grandes potências mundiais
após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, quem chegasse primeiro na Lua
teria grande vantagem militar (conforme as palavras do General Thayer,
reproduzidas no início desse texto).
Com a ajuda do empresário do ramo de aviação Jim Barnes (John
Archer) para convencer outros grandes investidores privados para apoiar o
projeto, eles constroem um foguete com propulsão a jato chamado “Luna” e partem
numa viagem ao nosso satélite natural, numa expedição formada pelo cientista
Dr. Cargraves, o General Thayer, Jim Barnes como o capitão da nave e o jovem
especialista em comunicação por rádios Joe Sweeney (Dick Wesson), que ficaria
também com o papel de alívio cômico com tentativas de descontração na atmosfera
tensa que envolve a missão.
Sendo um projeto mantido com investimentos privados e pelo perigo
do uso da energia atômica, o governo americano tentou proibir o lançamento do
foguete, obrigando os tripulantes a iniciarem a viagem antes mesmo dos testes
finais. Apesar de inevitáveis problemas durante o voo pelo espaço, com direito
a uma necessária manutenção externa na nave, eles conseguem pousar em segurança
na Lua. Porém, com um gasto excessivo de combustível nas manobras de
aterrissagem, a tripulação foi obrigada a eliminar o peso extra de equipamentos
para conseguir retornar à Terra, podendo colocar em risco até a própria garantia
se todos poderiam permanecer a bordo no regresso.
Apesar da história sempre interessante de corrida espacial e a
curiosidade da humanidade em conhecer os mistérios da Lua (algo que na vida
real só foi acontecer bem depois em 1969), os destaques do filme são os efeitos
práticos com o foguete, tanto nas cenas externas no espaço sideral repleto de
estrelas quanto nos interiores com seus painéis de controle com botões,
interruptores, mostradores analógicos, manípulos e luzes coloridas. Além dos
belíssimos efeitos com “matte painting” do artista especialista em astronomia
Chesley Bonestell, com incríveis pinturas simulando a superfície lunar com suas
montanhas e crateras de um ambiente desolado.
O filme tem aproximadamente 90 minutos de duração e a primeira
metade é reservada para as ações envolvendo a complexa construção do foguete e
as discussões e planejamento sobre a viagem à Lua, e apenas na segunda metade é
que a aventura atinge seu ápice com a viagem pelo espaço, os problemas surgidos
durante o percurso e a chegada ao destino, com o posterior retorno à Terra em
segurança.
Entre as curiosidades, tem uma sequência em desenho animado com o
famoso personagem “Pica Pau” (Woody Woodpecker)
interagindo com um narrador que está explicando detalhes de como seria a viagem
de foguete para a Lua e os meios de propulsão, entre outras coisas
interessantes sobre o assunto.
E teve outro filme no mesmo ano de 1950 com temática parecida, “Da
Terra à Lua” (Rocketship X-M), dirigido por Kurt Neumann (de “A Mosca da Cabeça
Branca”) e com fotografia em preto e branco, sendo uma produção de baixo
orçamento que utilizou uma estratégia comercial de ter sido lançado poucos
meses antes do mais famoso e badalado “Destino à Lua”.
(RR – 03/09/24)