Os Bárbaros Invadem a Terra (The Mysterians, Japão, 1957)

 


Um cientista descobre um pequeno planeta localizado entre Marte e Saturno e o batiza de “Mysteroid”. Em seguida, a Terra é surpreendida pelo ataque de um robô gigante acionado por controle remoto, que pertence a uma raça alienígena vinda desse planeta. Chamados de “Mysterians” (do título original em inglês), eles ocupam uma pequena área próxima ao famoso Monte Fuji, no Japão, com uma nave gigantesca parecendo uma redoma. Eles são humanoides e solicitam para que os terráqueos forneçam mulheres para miscigenação e continuidade de sua espécie em decadência, uma vez que destruíram seu planeta com um holocausto nuclear e os poucos sobreviventes se refugiaram em Marte, com seus bebês nascendo deformados por causa dos efeitos radioativos do apocalipse.

Desconfiados das reais intenções dos extraterrestres, o governo japonês, representando a humanidade, convoca o auxílio de outros países como os Estados Unidos e a antiga União Soviética, e juntos decidem atacar os invasores com canhões, mísseis, bombas, aviões e tanques de guerra, numa luta desigual com os alienígenas possuindo uma tecnologia superior e armas potentes com raios de calor.

 

Com um sonoro título nacional, “Os Bárbaros Invadem a Terra” (The Mysterians, Japão, 1957) foi dirigido pelo especialista Ishiro Honda (1911 / 1993), de inúmeros outros filmes preciosos do cinema fantástico bagaceiro como “Godzilla” (1954), “O Monstro da Bomba H” (1958) e “Matango, a Ilha da Morte” (1963). É uma divertida ficção científica lançada na nostálgica e produtiva década de 50 do século passado, um período extremamente representativo com uma infinidade de filmes de horror e FC de todos os temas, especialmente abordando questões relacionadas com a tensão permanente da guerra fria e os efeitos de uma catástrofe atômica global.

É um filme que se situa dentro do tema que aborda invasões alienígenas, apresentando batalhas com miniaturas e um robô gigante chamado “Moguera” destruindo cenários de uma cidade, simulando terremotos e incêndios, com efeitos especiais expressivos e impressionantes para a época, difíceis de serem produzidos. Um tempo no passado onde não existiam os efeitos de computação gráfica que seriam comuns dezenas de anos depois, muitas vezes tornando tudo muito artificial. O monstro mecânico gigante é hilário de tão tosco, com antenas e um nariz pontudo, além de soltar raios mortais de calor pelos olhos. O foguete dos humanos também é divertido de tão bagaceiro, num esforço militar da Terra para tentar combater os invasores do espaço sideral. A aparência dos alienígenas é patética, eles são humanoides usando capacetes de motocicletas e vestindo capas coloridas e luvas.

Podemos perceber a tentativa de uma mensagem de advertência para a humanidade, no sentido de diminuir a tensão perturbadora da guerra fria daquele período entre as principais potências do mundo, alertando para que não seja cometido o mesmo erro dos Mysterians, que quase exterminaram por completo sua raça numa guerra nuclear. E convocando países rivais como EUA e URSS para unirem forças no combate ao inimigo comum, alienígenas invadindo nosso planeta.

Curiosamente, foram produzidas duas continuações, a primeira em 1959 com o nome “Mundos em Guerra” (Battle in Outer Space), também dirigido por Ishiro Honda. E a outra em 1977, “The War in Space”, também produção japonesa com direção de Jun Fukuda.

 

 (RR – 01/12/16)