“E então, através
dos galhos das velhas árvores, vejo a casa novamente. Ela fica lá esperando por
mim. Silenciosa, maligna. Um lugar de horror indescritível. Não há ninguém lá
agora.” – Sheila Wayne
“Terror in the Haunted House”, também conhecido como “My
World Dies Screaming”, ambos títulos sonoros e chamativos, é uma produção
americana de baixo orçamento com apenas 77 minutos, com direção de Harold
Daniels e fotografia original em preto e branco, que também ganhou uma versão
colorizada por computador. Para a satisfação dos apreciadores de filmes antigos
de horror, ambas as versões estão disponíveis no “Youtube” com a opção de
legendas em português.
A americana Sheila Wayne (Cathy O´Donnell) vive na Suiça desde a
infância e sofre com constantes pesadelos envolvendo uma casa misteriosa. Ela
participa de sessões de terapia com o Dr. Victor Forel (Barry Bernard) na
tentativa de encontrar alívio para seu tormento. Casada há pouco tempo com
Philip Tierney (Gerald Mohr), e sem resultados positivos com o tratamento, eles
partem para os Estados Unidos, indo morar numa velha casa de campo na Flórida, grande,
isolada e onde Sheila encontra similaridades sinistras com a mesma casa de seus
pesadelos.
Lá eles encontram o amargurado zelador Jonah Snell (John Qualen),
que toma conta da casa há muitos anos, além também do proprietário, Mark Snell
(Bill Ching), que tenta convencer a atormentada moça a abandonar o local para
sua segurança, indo contra a vontade do marido, que insiste na permanência no
local, com um interesse especial pelo sótão, que parece guardar segredos
obscuros.
“Terror
in the Haunted House” possui as conhecidas características de uma produção de
baixo orçamento, com elenco reduzido formado por apenas cinco atores (mais o
cachorro Jaggard) e filmagens praticamente numa única locação, a casa
amaldiçoada do título, envolta em mistério e palco de uma tragédia sangrenta. Tem
alguns bons momentos de suspense e atmosfera de horror psicológico, mas o roteiro
de Robert C. Dennis explora os velhos clichês com um conjunto de ideias
recicladas misturando família amaldiçoada, trauma de infância, assassinatos com
violência extrema, perturbação mental, e a tradicional reviravolta que não
surpreende, pois não exige muita atenção do espectador já habituado com uma
infinidade de situações iguais.
Curiosamente,
o filme se apresenta como o primeiro com a técnica chamada “Psycho-Rama”, que
utiliza comunicação subliminar com apresentação de flashes muito rápidos ao
longo do filme mostrando imagens como o rosto de um diabo, outro com olhos
arregalados, uma caveira e frases enfatizando situações de horror. Lembrando os
filmes do diretor e produtor William Castle, que lançou muitos no mesmo período
utilizando diversas técnicas promocionais para assustar e entreter o público
com interação entre as histórias e os espectadores. Aliás, essa mesma técnica
de mensagens subliminares foi utilizada na versão do diretor William Friedkin
para “O Exorcista” (The Exorcist) em 2000, com imagens rápidas do demônio
Pazuzu ao longo do filme.
“O machado, ele
está usando o machado. Parem ele! O sangue. O sangue está em mim! Está em todo
lugar. É sangue! Estão todos mortos.” – Sheila Wayne
(RR – 29/10/24)