"70% da superfície da Terra é coberta por oceanos e sabemos menos
sobre eles do que a superfície da Lua. Todo dia nossa equipe traz alguma nova
forma de vida ou planta para ser estudada e classificada. As formas de vida no
mar são incontáveis.” – Dra. Rene Peron
Filmes de baixo orçamento com
elementos de horror e ficção científica sempre são bem-vindos e apreciados,
principalmente com uma história de invasão alienígena e efeitos práticos com
miniaturas toscas de um laboratório de pesquisas e uma nave extraterrestre
submersos no oceano, além de um monstro bagaceiro numa roupa de borracha. O
resultado, a despeito de eventuais falhas e clichês, geralmente traz diversão
como em “Viagem Rumo ao Infinito” (Destination Inner Space, EUA, 1966),
que nos remete àquela saudosa “Sessão da Tarde” da TV Globo.
A direção é de Francis D. Lyon,
que no mesmo ano também fez “O Castelo do Mal” (Castle of Evil), e o roteiro é
de Arthur C. Pierce, autor experiente com inúmeras tranqueiras preciosas no
currículo como “O Monstro da Era Atômica” (1959), “Invasion of the Animal
People” (1959), “Além da Barreira do Tempo” (1960), “A Era dos Robots” (1964),
“Mutiny in Outer Space” (1964), “Mulheres do Planeta Pré-Histórico” (1966),
“Cyborg 2087” (1966), entre outros.
O filme está disponível no “Youtube” com a opção de legendas em português. Na história, o
cientista Dr. LaSatier (Gary Merrill) comanda uma equipe civil de pesquisadores
num laboratório submerso com o objetivo de estudar formas de vida desconhecidas
no fundo dos oceanos, ou explorar o “espaço interior” sugerido no título
original. O grupo de colegas de trabalho é formado pela bióloga marinha Dra.
Rene Peron (Sheree North), o especialista em eletrônica Dr. Wilson (Biff
Elliot), o médico Dr. James (John Howard), o engenheiro mergulhador Hugh Maddox
(Mike Road) e sua namorada mergulhadora Sandra Welles (Wende Wagner), além do
cozinheiro Ho Lee (James Wong, a voz de Mr. Ping na franquia de animação “Kung
Fu Panda”), que tenta fazer algum alívio cômico com piadas.
O militar Comandante Wayne
(Scott Brady) é convocado para integrar a equipe e ajudar a investigar um
objeto misterioso não identificado no fundo do mar que está rondando a estação
de pesquisas. Devido à guerra fria entre os Estados Unidos e a antiga União
Soviética, e receosos por ser uma ameaça inimiga, mergulhadores interceptam o
objeto aquático e descobrem que é uma nave alienígena. Ao trazer uma misteriosa
cápsula cilíndrica para a estação de pesquisas para ser estudada, e após
aumentar de tamanho de forma bizarra, surge um monstro anfíbio ágil e violento,
que ataca todos a bordo, obrigando-os a lutar por suas vidas num ambiente
claustrofóbico no fundo do mar, além de tentar impedir uma invasão alienígena.
Ao contrário de fazer parte da
infinidade de filmes do mesmo período que apresentam histórias explorando o
desconhecido “espaço exterior”, os realizadores de “Viagem Rumo ao Infinito” optaram
por utilizar a mesma ideia básica de invasão por alienígenas hostis, porém direcionada
para o “espaço interior” dos nossos oceanos profundos e misteriosos.
O filme tem alguns bons
momentos de diversão principalmente nas cenas de lutas aquáticas ou no interior
do laboratório com o monstro anfíbio de outro mundo (o ator Ron Burke vestido
num traje de borracha), lembrando diversos similares que apareceram em
incontáveis filmes como “O Monstro da Lagoa Negra” (1954) e séries de TV como
“Viagem ao Fundo do Mar” (1964 / 1968).
Inevitavelmente também tem
alguns momentos arrastados com velhos clichês como as tentativas de romances
entre os homens heroicos que tentam salvar o mundo da ameaça alienígena e as
belas mulheres indefesas na estação de pesquisas, e a manjada disputa entre a
ciência (Dr. LaSatier) que prefere tentar uma comunicação com o monstro e estuda-lo,
contra a truculência militar (Comandante Wayne) que quer eliminar a ameaça
rapidamente. Ainda tem também um conveniente clima de tensão e rivalidade entre
o Comandante Wayne e o mergulhador Maddox, devido uma questão anterior num
submarino onde serviram juntos e que teve a ocorrência de um evento trágico que
gerou ressentimentos e desconfiança.
Mas, o que realmente interessa
nesses filmes bagaceiros do gênero fantástico é o ataque de um monstro tosco de
olhos esbugalhados e os efeitos práticos divertidos como uma nave aquática extraterrestre
e o laboratório submerso representado por uma miniatura hilária que não
convence.
(RR
– 10/06/25)