Com o fim da Segunda Guerra Mundial em meados dos anos 40 do
século passado e o início da guerra fria entre os Estados Unidos e a antiga
União Soviética, as mentes criativas (ou não) dos roteirista começaram a
trabalhar em incontáveis filmes baratos de ficção científica explorando a
conturbada tensão política daquele período e a paranoia de uma guerra nuclear
com bombas atômicas que ameaçavam a “liberdade” das nações. “Project Moon
Base” (EUA, 1953) tem fotografia em preto e branco, duração curta de apenas
63 minutos, direção de Richard Talmadge e roteiro do conceituado escritor
Robert A. Heinlein (autor de “Tropas Estelares”).
Disponível no “Youtube” com legendas em português, a história é
ambientada no futuro ano de 1970 para a época da produção, instigando a
imaginação das plateias daquele período, e que curiosamente já é um passado distante
para a nossa época atual. Conforme a narração no início do filme e transcrita
mais acima, a preocupação com uma ameaça da segurança pelos inimigos da
liberdade fez com que os Estados Unidos colocassem em prática um projeto de
instalação de uma base na Lua para colonização e que serviria para
monitoramento das atividades hostis de seus inimigos.
O projeto é liderado pelo General Greene (Hayden Rorke) e inclui
uma estação espacial próxima da Lua para servir de apoio aos foguetes. Uma
equipe é então enviada à estação, composta por uma dupla de pilotos, a Coronel
Briteis (Donna Martell) e o Major Bill Moore (Ross Ford), além do cientista Dr.
Wernher (Larry Johns), responsável por fotografar a missão e realizar experiências
científicas.
Porém, uma conspiração inimiga liderada pelo Sr. Roundtree (Herb
Jacobs), planeja uma sabotagem com o objetivo de destruir a estação espacial, conseguindo
enviar na missão um substituto parecido fisicamente com o Dr. Wernher.
Apesar da autoria de Robert A. Heinlein, o roteiro de “Project
Moon Base” é bem raso, com personagens fúteis, desinteressantes e mal
desenvolvidos, com uma relação amorosa problemática entre o casal de pilotos
banalizando bastante a história e desviando o foco da missão do projeto de
estudos para estabelecer uma base na Lua. A Coronel Briteis é tratada pelo
roteiro como uma mulher insegura e incapaz, contrariando a ideia de que ela seria
diferenciada e responsável pelo primeiro voo em órbita da Terra (conforme
revelado na narração do início). Tem também uma personagem totalmente
desnecessária que não acrescenta para a história, a exagerada jornalista Polly
Prattles (Barbara Morrison), com perguntas descartáveis para o General Greene numa
conferência de imprensa preliminar sobre o projeto da base lunar, se
beneficiando de privilégios pela proximidade com a Presidente dos Estados
Unidos (Ernestine Barrier), que por sua vez tem apenas uma pequena participação
no desfecho e igualmente desnecessária.
Porém, são os efeitos práticos que realmente importam para quem
aprecia os antigos filmes bagaceiros de ficção científica, geralmente o maior
motivo da diversão. Alguns bem executados, apesar do baixo orçamento, alguns
nem tanto, mas ainda assim despertando grande interesse pelas dificuldades numa
época sem o auxílio da computação gráfica. Com miniaturas de foguetes decolando,
viajando pelo espaço e atracando numa base espacial ou pousando na Lua. Tem
também os painéis com telas enormes, repletos de botões, interruptores,
instrumentos analógicos, luzes piscando e todos aqueles elementos tradicionais de
incontáveis filmes similares, além dos cenários da superfície lunar, com a
utilização de imagens retroprojetadas.
Curiosamente, a ideia inicial dos produtores era um piloto para
uma série de TV que se chamaria “Ring Around the Moon”, mas que não foi efetivada,
e os realizadores acrescentaram cenas adicionais suficientes para torna-lo um
filme com metragem maior. Outra curiosidade é que o ator Hayden Rorke, que
interpretou o General Greene, é um rosto facilmente reconhecido principalmente
como o Dr. Bellows na cultuada série de comédia com elementos de fantasia “Jeannie
é um Gênio” (I Dream of Jeannie, 1965/1970).
(RR – 22/06/25)