“A Bolha” (The Blob, EUA, 1958),
com Steve McQueen, é um filme cultuado produzido nos longínquos anos 50 do
século passado, a década dourada do cinema fantástico, e que lançou na cultura
pop dos apreciadores do cinema bagaceiro com elementos de horror e ficção
científica, um monstro gosmento vindo do espaço, parecido com uma bolha que
aumenta de tamanho conforme destrói e engole tudo em seu caminho.
O cinema italiano também contribuiu
de forma significativa com uma infinidade de preciosidades e sua resposta para
a “bolha assassina” foi “Caltiki, o
Monstro Imortal” (Caltiki il Mostro Immortale / Caltiki, the Immortal
Monster, 1959), com direção de Riccardo Freda (creditado como Robert Hamton),
que abandonou o projeto antes do término das filmagens, passando a função para
Mario Bava (não creditado). Bava mais tarde seria consagrado como um mestre do
cinema gótico de horror italiano. Com fotografia original em preto e branco e
duração de 76 minutos, o filme está disponível no “Youtube” com dublagem em
inglês e opção de legendas automáticas em português. E foi lançado em DVD no
Brasil pela “Versátil” na coleção “Clássicos Sci-Fi” Volume 4.
Ambientada no México, a
história é sobre um grupo de arqueólogos trabalhando em escavações de ruínas Maias,
liderado pelo Prof. John Fielding (o canadense John Merivale), que trouxe sua
esposa Ellen (a irlandesa Didi Sullivan) para acompanhá-lo. Faz parte ainda da
equipe seu amigo traiçoeiro Max Gunther (o alemão Gerard Haerter), que
demonstrou não ser confiável, além de rude com a namorada Linda (a italiana
Daniela Rocca).
Eles exploram uma caverna num
sítio arqueológico na cidade de Tikal (mencionada no prólogo transcrito no
início desse texto, com narração não creditada de Renzo Palmer), e encontram em
seu interior uma estátua da deusa maligna Caltiki, que exigia sacrifícios
humanos, além de um lago com vários objetos de ouro abandonados no fundo. Ao
tentarem resgatar o tesouro, eles são surpreendidos por um monstro ancestral enorme,
formado por uma massa gosmenta que devora as pessoas dissolvendo a carne e
tecidos vitais das vítimas, e que tem relações com a radioatividade de um
meteoro em aproximação da Terra e a lenda da maldição de Caltiki.
Felizmente para os
apreciadores do cinema antigo bagaceiro com monstros toscos, o filme nos presenteia
com várias cenas de ataques da bolha orgânica, ácida e carnívora (vulnerável
apenas ao fogo), que destrói tudo por onde passa e se multiplica aumentando
progressivamente de tamanho. Através de divertidos efeitos práticos (mistura de
tecidos e tripas, que cheiravam mal no set de filmagens e atraía moscas), os
quais devem ser enaltecidos pelas dificuldades óbvias da época, além dos
recursos escassos da produção, num período onde nem se imaginava os efeitos com
computação gráfica, que tornariam tudo mais artificial.
Outros destaques dentro desse
contexto de diversão com cinema de gênero (horror e FC) e baixo orçamento, são
a imensa máquina que fez a leitura da idade do monstro através de um pedaço
recuperado num confronto, cheia de luzes piscando e indicadores analógicos para
simular uma tecnologia avançada na época, e a sequência final de batalha entre
o exército e as criaturas disformes, com miniaturas de tanques lança-chamas.
Entre as curiosidades, o filme
recebeu uma versão colorizada e Caltiki foi uma invenção dos roteiristas, não
existindo realmente essa divindade na cultura Maia.
(RR – 03/07/25)